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Todos que participaram de formações continuadas, sejam do grupo inicial ou do final, consideraram que elas foram proveitosas, mas apenas cinco do inicial responderam o motivo de considerarem-nas proveitosas, sendo que três citaram que adquiriram conhecimentos que não possuíam, um que o projeto mostrou novas visões de como atuar dentro de sala de aula e o outro que o projeto ajudou na melhoria de suas práticas pedagógicas.

Do grupo pós-estudo, 10 responderam o motivo de considerarem-nas proveitosas, sendo que seis deles citaram que aprenderam bastantes com todas as formações continuadas, principalmente sobre temáticas as quais não teriam acesso sem participarem delas e sobre sua

região; dois que os projetos tinha tudo a ver com a realidade do Semiárido paraibano, dos professores e dos alunos; um que aprendeu a usar novos temas e metodologias em sala de aula; e um que as formações os guiaram a novas metodologias para as questões voltadas para as problemáticas do Semiárido.

Essas respostas apontam para como a formação continuada contribui para o processo de qualificação de professores, adequando-os a uma sociedade em constante transformação. Ela é uma busca constante do conhecimento, de construção de uma base que poderá se tornar continuada caso assuma um caráter de aperfeiçoamento ao longo da vida profissional no sentido de estabelecer competências, as quais podem ser entendidas como um saber fazer derivado das relações entre o conhecimento adquirido em constante diálogo com a prática e com a reflexão pedagógica (GASQUE; GONÇALVES; COSTA, 2003).

Além disso, nota-se como parte significativa citou a importância da relação da formação continuada com o Semiárido, o que demonstra que ela deve considerar a realidade histórico- social do lugar onde os professores trabalham, as suas necessidades de formação para a vida profissional/acadêmica e cotidiana e, de igual modo, a indispensável relação entre teoria e prática. Educar para a convivência com o Semiárido deve ser uma educação que busque contextualizar o ensino-aprendizagem com a cultura local, considerando as potencialidades e limitações do Semiárido, num espaço de promoção do conhecimento, de produção de novos valores e a divulgação de tecnologias apropriadas à realidade semiárida, construindo uma ética de alteridade na relação entre natureza humana e não humana (RUFFO, 2016).

No âmbito da educação no Semiárido nordestino enfatiza a necessidade da valorização do conhecimento do mundo real, centralizado na área de vivências dos professores, alunos e seus familiares, para o reconhecimento do mundo físico, ecológico e cultural regional (AB’SABER, 1999), é uma alternativa socioeducativa para que as pessoas conheçam melhor a região e, portanto, possam reaprender a conviver com suas condições socioambientais, construindo uma relação harmoniosa entre as pessoas e das pessoas com o Meio Ambiente. É uma proposta que pretende fazer com que a população conheça o Semiárido e busque criar alternativas para se adaptarem às condições naturais daquele lugar (LIMA, 2008).

É necessário valorizar os esforços dos professores que participam de projetos de formação continuada com intuito de ampliar seus conhecimentos, visto que mais da metade dos professores do Ensino Médio (51,7%) de todas as redes de ensino do Brasil não possuem nem mesmo licenciatura na disciplina que lecionam. Nos anos finais do Ensino Fundamental, essa taxa sobe para 67,2%. Estes dados provêm de levantamento feito pelo movimento "Todos

Censo Escolar da Educação Básica 2013, realizado anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) (RUFFO, 2016).

Sobre os PCN, 41,86% dos professores do grupo inicial disseram conhecê-los por completo, 11,63% disseram conhecê-los em parte, 4,65% disseram conhecê-los pouco, e os outros 41,86% não os conhecem ou não responderam, e para o pós-teste, todos os professores afirmaram conhecê-los por completo.

Dentre os iniciais que diziam conhecê-los (seja por completo, em parte ou pouco), apenas alguns listaram corretamente todos os temas transversais propostos pelos PCN, que segundo Brasil (2001), são Ética, Pluralidade Cultural, Meio Ambiente, Saúde, Orientação Sexual e Temas Locais, e uma parcela significativa dentre eles citou corretamente vários temas transversais, mas não em sua totalidade, ou citou parte deles em conjunto com temáticas que não fazem parte dos temas transversais. É necessário que se mencione que determinados professores que disseram conhecer os PCN, não conseguiram citar nenhum dos temas transversais corretamente, e suas respostas perfazem as categorias "saúde, EA, cultura e sexo", "saúde, EA, drogas e sexualidade" e "EA, sexualidade, cidadania, etnia e religião". Para o grupo final de professores, o quadro foi bem diferente, pois a maior parcela deles citou corretamente todos os temas transversais, e todos os outros apenas não citaram alguns dos temas ou trocaram por outros diferentes (Quadro 06).

Ademais, 44% dos docentes iniciais que disseram conhecer os PCN, afirmaram não se sentirem capacitados para trabalhar os temas transversais em sala de aula, 32% se acham capacitados e 24% não responderam à questão. Daqueles que afirmaram não se sentirem capazes, o maior número deles teve suas respostas inclusas na subcategoria "não tem tempo para trabalhar / estudar / pesquisar os temas transversais", enquanto dos que se sentem capazes, a subcategoria que teve mais respostas inclusas foi "desenvolve os temas transversais junto com suas aulas". Um dado interessante dos iniciais, é que na categoria "não se sente capaz de trabalhar temas transversais", foram inclusas duas categorias para englobar apenas uma resposta cada, a "capaz de trabalhar apenas EA", que não é um dos temas transversais, e a "temas transversais não são necessários" (Quadro 07). Novamente, o grupo final se diferenciou, pois todos afirmaram que se sentem capazes de trabalhar os temas transversais em sala de aula e responderam que já o fazem em conjunto com suas aulas. Contudo, nenhum deles ofereceu os motivos para se sentirem capacitados para trabalhar os temas transversais em sala de aula.

Quando perguntados se nas escolas onde lecionavam existiam momentos onde ocorrem reuniões para se conhecer e trabalhar os PCN, 45,61% dos iniciais responderam que sim e 54,39% respondeu que não. Dos finais, mais de 72% que sim e de 27% que não. Dos iniciais

que responderam sim, 57,69% mencionaram que apenas os professores de todas as disciplinas se envolvem nessas reuniões, 26,92% que professores e a direção se envolvia, e 15,38% que professores, funcionários e a direção, e dos finais, 12,5% mencionou que professores de todas as disciplinas se envolvem nessas reuniões, 75% que professores e a direção, e 12,5% que professores, funcionários e a direção.

Quadro 06 - Proporções entre respostas sobre quais são os temas transversais propostos pelos PCN, oferecidas pelos professores do município de São João do Cariri, participantes da pesquisa.

Respostas

Frequência Pré-Teste Frequência Pós-Teste

AB RE % AB RE %

Não sabe / não respondeu 2 8% - -

Ética, pluraridade cultural, Meio Ambiente, saúde, orientação sexual e

temas locais

4 16% 8 72,73%

Ética, pluraridade cultural, Meio

Ambiente, saúde e educação sexual 1 4% 1 9,09%

Ética, pluraridade cultural, Meio Ambiente, saúde, orientação social e

temas locais

1 4% - -

Ética, pluraridade cultural, Meio Ambiente, saúde, cidadania, trabalho e

consumo

3 12% - -

Ética, pluraridade cultural, Meio Ambiente, educação sexual, drogas,

trabalho e consumo

2 8% - -

Ética, pluraridade cultural, saúde, orientação sexual, temas locais, transversalidade e interdisciplinaridade

1 4% - -

Ética, Meio Ambiente, saúde, orientação

sexual, trabalho e consumo 2 8% - -

Pluraridade cultural, Meio Ambiente,

saúde, sexualidade e outros 2 8% - -

Meio ambiente, saúde, cultura e

sexualidade 1 4% - -

Meio ambiente, temas locais, trabalho e

cultura 1 4% - -

Meio ambiente e sexualidade 1 4% - -

Saúde, EA, cultura e sexo 1 4% - -

Saúde, EA, drogas e sexualidade 2 8% - -

EA, sexualidade, cidadania, etnia e

religião 1 4% - -

Ética, pluraridade cultural, Meio Ambiente, saúde, cidadania e orientação

sexual

- - 1 9,09%

Ética, pluraridade cultural, saúde,

educação sexual, drogas e EA - - 1 9,09%

TOTAL 25 100% 11 100%