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Realizamos a coleta de dados em diversas fontes: nos exemplares de um jornal da própria EC; em documentos da EC ou relativos a ela; por meio de entrevistas; e, por fim, recorremos a uma pesquisa por questionário — isso porque o número de entrevistas seria limitado frente à quantidade de indivíduos eficientes, porque estávamos certos de que não conseguiríamos informações mínimas sobre a maioria deles recorrendo somente às fontes citadas e sabíamos que a empresa definitivamente não forneceria o tipo de informações que pretendíamos,

a-) Jornais. A EC possui um jornal de circulação interna, que é editado desde o início

dos anos 5084. Pesquisamos as edições desse jornal desde 1960 até 2004. As páginas dos exemplares que tinham informações pertinentes foram escaneadas e arquivadas85. A partir

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Aparentemente, o jornal nasceu de uma iniciativa de divulgar informações sobre segurança no trabalho. Independentemente disso, no decorrer do tempo ele ganhou novos formatos, passou a abranger novos assuntos e tornou-se um meio de comunicação interna que transmite informações que abrangem desde o tema segurança no trabalho até a data de aniversário dos funcionários da empresa e de seus familiares, passando por relatos de festas, comemorações, discursos de posse de diretorias, perfil de funcionários de diversos cargos e funções, de posicionamento político de funcionários e representantes de agremiações políticas internas e externas a empresa, etc.

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Cada arquivo foi nomeado da seguinte forma: as iniciais do nome do jornal, mais o número da edição, mais o mês e ano da edição e, finalmente, a página do jornal (um exemplo fictício seria: JO102SET1995P12). Depois, para possibilitar a busca das informações, cada arquivo foi aberto e seu conteúdo foi codificado em palavras- chave, ou temas que correspondiam condensadamente (em uma linha) ao seu conteúdo. Assim formamos um arquivo em uma planilha do Software Excel com pouco mais de 2650 linhas preenchidas (isso não significa que

deste material, extraímos dados sobre os indivíduos eficientes e sobre o conjunto de acontecimentos que são relevantes para a pesquisa. Devemos esclarecer que, como a EC não será identificada, adotamos a sigla JO (Jornal Organizacional) para identificá-lo, e, quando há referência a alguma de suas edições para identificar e precisar a fonte dos dados, há a citação do mês e do ano da publicação.

b-) Documentos. Antes de serem privatizadas, as empresas do SEP passaram por uma

bateria de auditorias externas, que visavam produzir dados para a avaliação e a determinação de seu preço mínimo, e também para serem disponibilizados aos interessados em comprá-las. No que tange à EC, a partir de meados de 1996 as empresas de consultoria, de várias áreas de atuação, e a própria empresa produziram relatórios de estudos sobre aspectos societários, financeiros, imobiliários, fiscais, trabalhistas, jurídicos, etc.

Esses relatórios contêm informações que vão desde a dimensão, os custos e os cargos dos funcionários no organograma da empresa, até as mudanças no estatuto do Conselho de Representantes dos Empregados, passando pelo número de aposentados e de desligados naquela data, pela avaliação de recursos humanos (idade, sexo, escolaridade, tempo de casa, etc.), pela exposição da política salarial vigente (acordo coletivo, planos de cargos e salários, benefícios, folha de pagamento, etc.), pela avaliação dos passivos trabalhistas, previdenciários, ambientais, pela exposição de previsões de mercado, de investimentos em infra-estrutura, pelos planos estratégicos, pela avaliação minuciosa das possibilidades de novos negócios, alguns em andamento (como com telecomunicação, fibra ótica, participação em TV a cabo, serviços de manutenção e aluguel de subestações e outros equipamentos, treinamento de pessoal, distribuição de gás, venda de “know how”, consultorias diversas, entre outros), etc. Enfim, trata-se de um levantamento de informações quase que exaustivo — informações descritivas e prescritivas, inclusive os detalhes do segundo projeto de temos em arquivo a mesma quantidade de páginas do jornal, pois muitas vezes uma página foi escaneada em dois arquivos).

modernização (objetivos, meios, estratégias, números e resultados esperados, vantagens, cronograma, etc.). Os relatórios tiveram como fontes a documentação da própria empresa e entrevistas e consultas junto a seus quadros. O conjunto desses dados, editados em CD-ROM, formavam os chamados “DATA ROM”, que eram apresentados e colocados à disposição dos possíveis compradores. Dessa massa de informações extraímos grande parte dos dados documentais que utilizamos.

Investigamos outras fontes também, tais como: as informações anuais enviadas pela empresa à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) de 1993 a 2004; a ficha cadastral da empresa na Junta Comercial do Estado de São Paulo, desde sua constituição; levantamos dados junto à RAIS (Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho), de 1995 a 200286; um dos “Planos de Modernização da Empresa” elaborado pelos funcionários, datado de 1995; o “Modelo de Gestão”, o “Modelo Corporativo” e o “Modelo de Organização” que uma empresa de consultoria desenhou para a reestruturação da EC, datado de 1996; fitas de vídeo que registraram a apresentação do segundo projeto de modernização aos funcionários e fitas que registraram um grande evento promovido para os engenheiros da EC onde falaram os líderes da modernização e demais agentes de fora da EC, tais como, consultores internacionais, membros da Eletrobrás, do Ministério de Minas e Energia, gerentes de empresas privadas do setor elétrico ou não, professores universitários, etc.; e em boletins do Sindicato dos Engenheiros ligado a EC, de 1998 a 2003; além de informações dispersas em sítios da Internet.

c-) Entrevistas. Realizamos entrevistas semidiretivas ou centradas (Thiollent, 1982;

Combessie, 2001) com funcionários e ex-funcionários da EC. Na prática, seguíamos um roteiro de entrevista que não era apresentado aos entrevistados. Ele foi elaborado para a primeira rodada de entrevistas exploratórias, e posteriormente foi acrescido de novos temas,

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Trata-se do número de empregos formais no SEP e SEB e a sua estratificação por faixa etária, faixa de remuneração, grau de instrução, etc.

ficando mais detalhado e preciso. Entretanto, ele serviu apenas de guia e de lembrete dos temas e dados mínimos que, dentro do possível, eram pertinentes de abordarmos e registrarmos (Anexo II). Além do roteiro, no momento das entrevistas, realizamos anotações de temas recorrentes ou novos que os entrevistados abordavam e, muitas vezes, em seguida, solicitávamos que voltassem a eles a título de aprofundamento. Dessa forma, foi possível uma orientação objetiva em direção a explorar as contribuições compartilhadas pelos entrevistados, assim como as diferenciadas (Beaud e Weber, 1998; Combessie, 2001).

Nas entrevistas, procuramos registrar a origem social e os dados sociais dos agentes (escolaridade, ocupação, etc. dos seus familiares e ano de nascimento, estado civil, etc. deles próprios), suas avaliações e expectativas quanto à escolaridade e à inserção dos filhos no mundo do trabalho e procuramos registrar o que é o cerne das entrevistas, isto é, suas trajetórias escolar e profissional, suas expectativas e planos sobre o futuro profissional e pessoal, tanto quando começou a trabalhar na EC, quanto quando saiu dela, a descrição de sua trajetória em cargos e funções na EC, sua participação na segunda modernização e/ou em outros programas de mudança/inovação organizacional como o Conselho de Representantes dos Empregados, o programa de Gestão Participativa Por Objetivo, o programa de Qualidade Total e, finalmente, sua participação em organizações políticas e profissionais dentro e fora da empresa, ao longo de sua vida.

Das 41 entrevistas que realizamos, 18 foram com os indivíduos eficientes e 23 com