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FORMAÇÃO DAS PROFESSORAS COOPERANTES CARACTERIZAÇÃO DO CONTEXTO – O ESTUDO PILOTO

APRESENTAÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO

A. 4 Supervisoras coops e

4.6 FORMAÇÃO DAS PROFESSORAS COOPERANTES CARACTERIZAÇÃO DO CONTEXTO – O ESTUDO PILOTO

A convicção de que há necessidade de manter os professores cooperantes em permanente actualização e intervir ao nível das práticas discursivas habituais, no sentido de contribuir para uma democratização das relações entre formadores e formandos, orientou o projecto por uma metodologia de investigação-acção que parte, como vimos, de uma fase inicial de diagnóstico – o estudo piloto.

Para uma caracterização do contexto em que se pretendeu intervir definiram-se os objectivos que constam na figura 5 e, para os atingir, seguiram- se alguns procedimentos.

Numa reunião realizada em 20 de Setembro de 2000 motivámos as professoras cooperantes para participarem neste projecto, tendo conseguido o seu apoio. No final do mesmo mês, quando nos encontrámos com os alunos de 4º ano de Português/Inglês, procurámos também motivá-los, tendo-o conseguido na globalidade; apenas uma aluna se recusou a ser gravada em vídeo enquanto leccionava, colaborando contudo em todos os outros passos.

De seguida, entrevistámos todos os alunos de 4º ano desta variante, individualmente, durante o mês de Novembro (objectivo1).

Gravámos em vídeo aulas de alguns deles durante o 1º semestre, num total de 13 aulas.

Entrevistámos as quatro professoras cooperantes individualmente, tendo os registos audiogravados das suas opiniões (objectivo 2).

Gravámos também em vídeo uma sessão de reflexão com cada uma das cooperantes e respectivos grupos de estágio.

Recolhemos reflexões escritas dos alunos e analisámo-las. Reunimos em 21 de Fevereiro de 2001 com as professoras cooperantes para fazer o

feedback do trabalho até aí realizado e partilhar uma vez mais problemas

decorrentes do contexto em que todas trabalhámos. Fornecemos ainda alguns textos teóricos com o intuito de contribuir para a sua formação.

Na segunda fase, correspondente ao segundo semestre do mesmo ano lectivo, continuámos com a preocupação de atingir os objectivos inicialmente definidos e acrescentámos outro decorrente da necessidade de centrar mais o

estudo nas questões relacionadas com as reflexões orais e escritas e o desenvolvimento profissional de orientadores e estagiários. Decidimos pois, continuar com os procedimentos de gravação de aulas em vídeo, recolha de reflexões escritas e, para além disso, introduzir experiências de reflexão oral, gravando-as desta vez apenas em áudio, com o intuito de interferir o menos possível no processo habitual.

Das entrevistas realizadas a alunos e cooperantes no início do ano lectivo de 2000/2001 interessa reter que, de acordo com as opiniões expressas, as sessões de reflexão parecem ser organizadas de duas formas distintas:

1) Em interacção (P-R-R): pergunta / resposta / reacção.

2) Com a atribuição da palavra feita pela professora cooperante a cada participante em momentos distintos.

O conteúdo das reflexões prende-se com questões maioritariamente pedagógicas, algumas vezes científicas, mas raramente sistémicas, ou seja, analisadas de forma estruturante ou estruturada a partir do macro-sistema. Existe um enfoque exclusivo no micro-sistema da sala de aula, reflectindo as preocupações dominantes dos estagiários nesta fase do processo de Prática Pedagógica.

Especificamente das entrevistas às cooperantes salientamos o facto de todas acharem difícil que os estagiários coloquem questões, atribuindo as causas aos próprios estagiários. Apenas a cooperante Anabela se questiona bastante sobre esta situação, atribuindo inclusivamente a culpa a si própria e à forma como organiza as sessões de reflexão (objectivo 3).

Foi feita a análise de quatro sessões de reflexão videogravadas, sendo de realçar a ausência quase total de perguntas dos estagiários, confirmando os dados das entrevistas. Do levantamento das perguntas colocadas pelas cooperantes, concluímos que a maioria são de nível cognitivo baixo (cf. Capítulo 5) (objectivos 4 e 5).

Os conteúdos de reflexão parecem confirmar o que anteriormente dissemos e quanto à distribuição da palavra, o poder parece estar sempre do lado das cooperantes, embora numa das sessões haja indícios de uma interacção mais democrática (objectivo 5).

Analisámos ainda com pormenor algumas reflexões escritas por estagiários, tendo verificado que dos níveis de reflexão categorizados por Van Manen (1977) predomina o nível técnico, embora nos pareça existir ainda um número razoável de enunciados no nível prático. No nível crítico encontrámos apenas 1 (um). Aplicámos às reflexões escritas as quatro formas de acção definidas por Smyth (1989) e verificámos que apenas a Descrição se encontra presente (objectivo 6).

Transcrevemos duas aulas de estagiários, seleccionadas de entre as que integravam momentos de perguntas e respostas entre professores e alunos e analisámos algumas das que foram colocadas. Concluímos que a grande maioria das perguntas que ocorreram foram de organização de trabalhos e apelos à memorização de conteúdos, predominando o baixo nível cognitivo das mesmas.

Quanto aos alunos, foram registadas apenas dez perguntas, sendo cinco de organização dos trabalhos e cinco pedidos de informação.

O tipo de interacção das aulas analisadas ilustra a distribuição da palavra pelo professor, na sequência de Bellack (1966). A recolha desta informação relativa às perguntas das aulas não foi inicialmente prevista, no entanto, pareceu-nos que sendo as reflexões dos estagiários e cooperantes sobre a globalidade das aulas e fazendo as perguntas parte dessa globalidade, estas constituem um conteúdo de reflexão importante. Cooperantes e estagiários passaram assim a reflectir sobre os discursos a vários níveis, num exercício de meta-reflexão propiciador da construção de conhecimento

profissional.

Uma vez atingidos os objectivos definidos para a primeira fase do estudo, tornou-se evidente a necessidade de envolver os professores cooperantes num processo de formação estruturado.