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Fundamentação teórico-empírica

1.14 Qual o papel dos relacionamentos interpessoais para a aprendizagem dos gerentes gerais?

1.14.3 Atuar como facilitador da aprendizagem

1.14.3.2 Fornecer suporte emocional

O suporte emocional, assim como o profissional, não se mostrou, necessariamente, responsável por uma aprendizagem direta dos participantes deste estudo. Entretanto teve papel decisivo por ser, nesse tipo de apoio, vindo de colegas e familiares que os gerentes encontraram a base necessária para superar momentos cruciais da sua carreira dentro do banco.

Alberto, por exemplo, defende que o apoio emocional em momentos difíceis é um dos papéis dos líderes. Para ele, não basta estar perto para mostrar quais são as diretrizes da organização, se não se fizer presente também nos momentos de instabilidade emocional: “eu acho que a idéia da liderança é isso: é confiança pessoal, a confiabilidade que a pessoa te inspira. Essas pessoas que quando você precisa de apoio pessoal e emocional elas estão ali prontas”. Alberto menciona que ninguém está alheio a isso. Em sua opinião, todos são seres- humanos e não dá simplesmente para entrar na empresa e esquecer os problemas ou sair dela e deixá-los lá:

Todos nós precisamos, a gente não é máquina e, mesmo estando em uma organização, não conseguimos vestir e tirar a roupa da vida pessoal. Uma coisa que eu percebi em todos os meus líderes foi essa capacidade de prestar um absoluto apoio na vida profissional e no lado emocional sempre que perceberam que algo não estava adequado, procurar de forma respeitosa ajudar.

A gerente da agência Cantoária, Myrna Souto, demonstra encontrar esse apoio em um colega de trabalho. Segundo ela, esse colega é importante por ser o seu equilíbrio, uma vez que ela tem como característica marcante o fato de ser muito agitada. Nas palavras da gerente: “eu tenho o meu substituto aqui, o Auremar, ele é o meu equilíbrio. Ele é super paciente, super equilibrado, super zen e eu sou bem agitada. Então ele realmente é o meu equilíbrio e às vezes ele me chama pra uma real”. Para Miguel Lacerda, os relacionamentos são sempre importantes e é sempre possível tirar algo de proveitoso deles. Ele complementa dizendo que os colegas sempre contribuem, inclusive, com apoio emocional, e que os resultados só aparecem em virtude da aprendizagem que uns têm com outros. Falando dos momentos de

interação com seus colegas, o gerente diz: “nesses momentos, tanto eu aprendi coisas mais operacionais, como em outros, eu encontrei apoio emocional. Com certeza, o estágio de resultados que temos hoje se dá pela soma das experiências que tivemos com esses colegas”.

O depoimento fornecido por Synthia Loreto dá uma boa visão da necessidade que esses gerentes têm de um apoio emocional. Synthia começa por declarar que ser bancário estressa, uma vez que o trabalho é com dinheiro alheio e a responsabilidade por qualquer perda é grande: “o bancário é uma profissão muito estressante. A gente lida com dinheiro. O cliente, ele supera uma doença grave, mas ele não supera perder 50 mil Reais ou 60 mil Reais em uma aplicação dele, é um trauma. E você administra todo esse caos”. Com alguns exemplos que vivenciou, ela dá uma mostra do que já passou em sua vida profissional e da forma como isso afetou seu lado emocional: “na minha mesa já houve divórcio, por conta de dinheiro; já houve herdeiros que são deserdados porque mexeram na conta; pais traídos, assim do filho roubar talão de cheques. São casos que mexem muito com o emocional e que você precisa de uma estrutura para suportar”.

Além de ter de lidar com os problemas pessoais de clientes, Synthia também menciona que sofre pressões para obter resultados e que isso a angustia muito. Às vezes, ela demonstra ser difícil tomar a decisão correta:

Existem momentos em que você fica na dúvida se deveria ou não fazer determinada coisa, e isso é o maior estresse, e o gerente passa muito por isso. Quer dizer: acatar ou não acatar aquele cheque; liberar ou não liberar aquele empréstimo; avisar ou não ao cliente para tirar o dinheiro daquele fundo que tem possibilidade de cair. Aí você fica entre prejudicar o cliente ou prejudicar a Caixa; bater sua meta ou não bater; vender ou não um produto de fidelização, porque se você não vender você não bate sua meta, se você não bate sua meta você perde sua função, mas se você prejudicar o cliente você perde ele, então essas dúvidas angustiam.

Ao finalizar, Synthia confirma que às vezes precisa mesmo de apoio emocional para lidar com todas essas situações e que sempre encontrou esse suporte em sua chefia: “como gerente e como gerente geral eu sempre fui muito apoiada por meus chefes. É você saber que aquela decisão tinha de ser tomada naquele momento e só tinha você para tomar. Saber que se der lucro ou prejuízo você vai contar com o apoio daquela pessoa que lhe chefia”.

O suporte emocional pode vir não apenas dos que estão próximos do gerente no ambiente de trabalho. Às vezes, ele vem de casa. Em suas palavras, Denílson explica: “Eu reputaria a minha família, minha família mais próxima, como sendo o suporte emocional pra que você encontre as forças pra continuar em momentos difíceis”. Logo após complementa seu discurso: “Eu tanto tenho um apoio incondicional na minha família, como dentro da empresa eu sinto esse apoio [emocional] desses colegas mais próximos, da minha chefia. Então, diante das dificuldades que a gente ultrapassa, eu sinto esse apoio tanto fora quanto dentro da Caixa”.