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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.7 NORMAS E REGULAMENTOS PARA CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS

3.7.6 França

O sistema de gestão de resíduos da França teve seu marco legal nas leis de 1975, em que define resíduo como “todo resíduo de um processo de produção, de transformação ou de utilização, toda substância, material, produto ou, mais genericamente, todo bem

O material é um resíduo?

O resíduo está listado como perigoso?

RESÍDUO PERIGOSO

O resíduo contém substâncias perigosas

O residuo exibe alguma característica de periculosidade

O resíduo gera lixiviados que exibem carcaterísticas de

periculosidade

RESÍDUO NÃO PERIGOSO

O resíduo foi tratado ou removidos suas características de periculosidade e seu potencial de gerar lixiviado

perigoso? SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO NÃO SIM SIM SIM NÃO

abandonado que ou determinado um destino ao abandono (lei francesa de 15 de julho de 1975)” (Imyim, 2000). Já a lei 75-633/1975 estabeleceu a condição do produtor em relação ao rejeito gerado pelo produtor: “Os produtores ou importadores devem garantir que os rejeitos gerados pelos produtos que fabricam ou importam, em qualquer estágio, são próprios para serem eliminados nas condições determinadas no artigo 2o”. Tal legislação responsabiliza o fabricante pela eliminação dos resíduos, mesmo quando não estejam mais em suas mãos. Vários seguimentos foram surgindo (Quadro 18) e hoje são referências nacionais.

QUADRO 18: INTRUMENTOS LEGAIS DA FRANÇA SOBRE RESÍDUO

Modalidade Instrumento legal

Procedimento para tratamento de resíduos

industriais Circular 4311, de 30 de agosto de 1985 (JO 17/dez/1985) Embalagens Decreto 92-377, de 1º. de abril de 1992 (JO 03/abr/1992) Unidade de descartes Emenda 9 de setembro de 1997 (JO 02/out/1997)

Exportação e importação de resíduos

Convenção de Basiléia;

Decisão da OECD (90) 178/final de 31 de janeiro de 1991; Decisão (92) 39/final de 30 de março de 1992;

Regulamento 259/93/CEE de 1º. de fevereiro de 1993. Estudos dos resíduos Circular 92-13, de 19 de fevereiro 1992

Resíduos Últimos

Portaria ministerial de 30 de dezembro de 2002 (JO de 16/abr./2003) que modifica as resoluções: 18/dez/1992 (JO 30/mar/1993), 29/jun./1993 (JO 30/jun./1993), 18/fev./1994 (JO 26/abr./1994)

A Lei de 13 de Julho de 1992, modifica a Lei sobre resíduos de 1975 e introduz o conceito de resíduos últimos. Em adição, com a criação da lei de 13 de julho de 1995, impõe-se que, a partir de julho de 2002, somente os resíduos últimos terão autorizadas suas disposições em aterros sanitários ou centros de estocagens.

A Lei define resíduo último como “um resíduo, resultante ou não de um tratamento de resíduo, que não seja mais susceptível a mais nenhum tratamento dadas às condições técnicas e econômicas existentes no momento, especialmente para extração da parte valorizável ou para redução de suas características de poluentes ou perigosas”. Esta Lei

incentivou o desenvolvimento de tecnologias limpas de processo de

reciclagem), reduzindo de maneira significativa o potencial poluidor e os riscos para o homem e para o meio ambiente.

Os resíduos perigosos, após passarem por um processo de estabilização/solidificação, devem responder a critérios de permeabilidade, resistência mecânica e teste de lixiviação. Esses critérios, a serem analisados, têm como objetivo principal avaliar o comportamento dos resíduos a longo período de tempo.

Os critérios de admissão em um cenário de estocagem são definidos acuradamente com referência a seus lixiviados. Os valores a serem comparados são medidos, após a determinação do caráter sólido ou granular nos resíduos (norma NF X31-212), pelo teste de lixiviação analisado para curtos intervalos de tempo (NF X31-210 para resíduos granulares e NF X31-211 para os sólidos ou maciços).

Da mesma forma, é importante considerar o comportamento a longo termo do resíduo no meio ambiente (norma NF X30-407, norma européia ENV 12.920). O objetivo destas normas é formar uma metodologia para determinação do comportamento da lixiviação de um resíduo em condições específicas.

Os resíduos últimos se classificam ainda em três categorias (Quadro 19).

QUADRO 19: CLASSIFICAÇÃO DE RESÍDUOS ÚLTIMOS DA FRANÇA

Categoria Descrição

A

Resíduos de Incineração; Resíduos de metalurgia;

Resíduos de perfuração e sondagem; Resíduos minerais e de tratamento químico.

B

Resíduo resultante do tratamento de efluentes, resíduos ou solos contaminados; Resíduos de incineração;

Resíduos de tintas;

Resíduos da indústria metalúrgica;

Resíduos de reciclagem de acumuladores de bateria; Resíduos de amianto;

Refratários e outros materiais contaminados. C Embalagens contaminadas;

FONTE: Lei francesa de 13 de julho de 1992

As categorias A, B e C também definem resíduos que entram em estabilização com certo tempo. Concomitantemente, o sistema de gestão de resíduos francês prevê três categorias de aterros, sendo os resíduos aceitos nas suas respectivas categorias.

A identificação do resíduo em último e não-último passa por duas fases bem distintas, identificação da categoria em que se enquadra o resíduo, teste de lixiviação, sendo que os resíduos maciços ou solidificados passam por testes de integridade física (Figura 13 e Figura 14).

FIGURA 13: ESQUEMA DE CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO O REGULAMENTO FRANCÊS

RESÍDUOS

CATEGORIA A CATEGORIA B CATEGORIA C

Resíduos entram em estabilização no prazo de 5 anos

Resíduos entram no estado de estabilização no prazo de 2 anos

Sua aceitação está condicionada a um estudo de caso

Resíduo de incineração (Tabela A.1 - Anexo 09)

Resíduo de metalurgia (Tabela A.2 - Anexo 09) Resíduo de perfuração e

sondagem (Tabela A.3 - Anexo 09)

Resíduo mineral de tratamento químico (Tabela A.4 - Anexo 09)

Resíduo de tratamento de efluentes, solos contaminados (Tabela B.1 - Anexo 09) Resíduo de incineração (Tabela B.2 - Anexo 09) Resíduo de tintas (Tabela B.3 - Anexo 09) Resíduo de metalurgia (Tabela B.4 - Anexo 09) Resíduo de reciclagem de acúmulo baterias (Tabela B.5 - Anexo 09) Resíduo de amianto (Tabela B.6 - Anexo 09) Resíduo de outros materiais minerais (Tabela B.7 - Anexo 09) Resíduo de embalagens contaminadas (Tabela C.1 - Anexo 09) TESTE DE LIXIVIAÇÃO Cinzas e resíduos de neutralização de gases poeira de fabricação de ligas de aço, poeira resultante do procedimento de fabricação de metais escória e crosta da segunda fusão de metais por banho de "sels", lama de usinagem contendo mais de 5 para 100 de hidrocarbonetos, resíduos de perfuração de sondagem onde se emprega fluido à base de hidrocarboneto.

escória resultante da incineração de resíduos industriais

escória, crosta resultante do procedimento de fabricação de metais, com exceção de crosta resultante da segunda fusão de metais por banho de "sels". Areia de fundição

Concentração de contaminantes no lixiviante é maior que permitido e expresso

nas respectivas tabelas ?

RESÍDUO ÚLTIMO RESÍDUO NÃO

ULTIMO

AMOSTRA (fração > 10mm) > 70% teste preliminar (fração > 10mm) > 80% TESTE DE LIXIVIAÇÃO TESTE DE LIXIVIAÇÃO É possível a moldagem da amostra em corpo de prova

4x4x8 cm

moldagem de 9 corpos de prova trituração da amostra 10 < φ < 20mm

TESTE DE INTEGRIDADE ESTRUTURAL - Capacidade de Absorção de Água (CAE); - Teor de umidade;

- Resistência à compressão (Rc) ou resistência à erosão inicial (Re);

- Resistência à compressão e à erosão como amostra umidificada.. - CAE < 40% - (Fração < 10mm) < 15% - Fração solúvel < 15% - Rc > 0,1 kN/cm2 - Re > 90%

Para amostra umidificada - Rc diminui no máximo 30% - Re diminui no máximo 10% TESTE DE LIXIVIAÇÃO Sim Sim Sim TESTE DE LIXIVIAÇÃO Não Sim Não Sim Sim Não - Três corpos de prova 4x4x8cm, 3 lixiviações sucessivas conforme AFNOR X 31.210; - Agitação mecânica de 3 a 16 horas.

Análise do lixiviado e interpretação dos resultados RESÍDUO NÃO-ÚLTIMO RESÍDUO NÃO-ÚLTIMO RESÍDUO NÃO-ÚLTIMO Não Não Não

FIGURA 14: AVALIAÇÃO DOS RESÍDUOS MACIÇOS OU SOLIDIFICADOS SEGUNDO REGULAMENTO FRANCÊS

Os critérios de admissão dos lixiviados são mencionados na seção 2.1 do Anexo E da emenda de 18 de abril de 1994 e onde são exibidos os limites máximos de concentração permitidos para as diversas categorias distintamente (Anexo E).

No sistema de gestão de resíduos da França, destaca-se também a Circular Ministerial 92-13, de 19 de fevereiro de 1992, que dispõe sobre estudo dos resíduos. Ela tem como objetivos limitar a produção de resíduos, limitar a toxicidade dos resíduos, incentivar a valorização e o tratamento e limitar a descarga de resíduos últimos. Ele é feito em três fases (Quadro 20).

QUADRO 20: ESTUDO DOS RESÍDUOS SEGUNDO REGULAMENTO FRANCÊS

Fase de

estudo Especificação

Fase 01

Generalidade

Apresentação geral do lugar de disposição; Organização estabelecida em matéria de gestão. Modo de geração dos resíduos

Descrição do processo;

Ficha de identificação dos resíduos;

Caracterização física (aspecto, fase que se apresenta, número de fases, nome das fases, natureza das fases e proporção, densidade, cor e odor, porcentagem de material volátil);

Composição química (constituintes principais, substância tóxica ou aquela por causa do qual o resíduo veio a ser eliminado);

Risco específico (toxicidade, inflamabilidade, explosividade etc.); Reações possíveis que os resíduos podem apresentar;

Justificativa e representatividade dos parâmetros fornecidos; Resultado dos testes de lixiviação para resíduos sólidos. Descrição do tratamento

Ações necessárias para redução; Valorização ou reciclagem interna; Valorização ou reciclagem externa; Pré-tratamento;

Descrição dos centros de estocagens internas e externas; Transporte.

Fase 02:

Análise crítica do sistema de gestão adotado Inventário de soluções alternativas

Estudo técnico-econômico de soluções alternativas Fase 03:

Justificativa da solução atual

Escolha da solução futura devidamente justificada Restrições para descarga

O Quadro 20 demonstra que os estudos relacionados aos resíduos não podem ser feitos isoladamente conforme o fluxograma (Figura 14), outras variáveis relacionadas devem ser averiguadas para diagnosticar e dar soluções com maior grau de segurança.