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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.7 NORMAS E REGULAMENTOS PARA CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS

3.7.2 O.E.C.D

No âmbito mundial, a adoção de instrumentos para gerenciamento de resíduos, em especial aqueles que possam causar danos ao meio ambiente, teve início na Declaração de Estocolmo de 1972, na qual se destaca, no artigo 21, o princípio do direito internacional, que menciona: “Os Estados têm o dever de fazer com que as atividades exercidas nos limites de sua jurisdição, aplicáveis aos rejeitos perigosos, não causem danos ao meio ambiente e de outros Estados”.

Posteriormente, a OECD (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) reconheceu a necessidade de controle de movimento e gerenciamento de resíduos perigosos e o seu comércio internacional já no ano de 1974. E, entre os anos de 1982-1992, o grupo de política de gerenciamento de resíduos da OECD desenvolveu uma série de medidas para controle do movimento entre fronteira de resíduos. Este trabalho garante o desenvolvimento de um sistema de classificação para resíduos perigosos, o Código Internacional de Resíduos, e ultimamente para formação da convenção de Basiléia, uma organização internacional que regulamenta sobre importação e a exportação de resíduos entre os países pertencentes à OECD e os não pertencentes.

Muitos países se utilizam dos critérios estabelecidos pela OECD (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e da Convenção de Basiléia como referência de classificação de resíduos perigosos e não-perigosos. Como exemplo citam-se Austrália, Brasil, França Nova Zelândia entre outros que, inseridos dentro de instrumentos legais, utilizam-se desses documentos como ferramentas na determinação dos limites e classificação dos resíduos.

O mais importante desenvolvimento internacional, no que diz respeito à definição e classificação de resíduos perigosos, foi conduzido através da OECD e o Programa

Ambiental das Nações Unidas (UNEP – United Nations Environmental Programme) por meio da Convenção de Basiléia. As políticas e medidas desenvolvidas pela OECD têm, em grande parte, provido o estimulo para as iniciativas da Convenção de Basiléia através da UNEP.

Como parte do desenvolvimento de uma estrutura de controle, para o gerenciamento de movimento entre fronteira de resíduos perigosos, a OECD desenvolveu uma designação e um sistema de classificação para resíduos perigosos. Este sistema é baseado principalmente em listas de resíduos perigosos que requerem o seu controle, chamadas de Y-Lista (Quadro 14).

A Y-Lista de resíduos Perigosos comprende 17 tipos de resíduos genéricos (Y1-Y17) e 27 resíduos constituintes (Y18-Y44). Esses tipos de resíduos e constituintes são tipicamente conhecidos como perigosos e têm o potencial para causar efeitos adversos ao meio ambiente quando manuseados e dispostos de maneira inadequada. A International Waste Identification Code (IWIC) forma a base para a classificação de resíduos perigosos, para monitoramento e devida informação sob controle da OECD. O IWIC compreende seis códigos de resíduos referidos nas tabelas 1 a 6 (Quadro 14).

QUADRO 14 : ESQUEMA DE LISTAS DE RESÍSUOS DA OECD

Tabela 1 Lista uma série de fundamentos porque materiais são intencionados para a disposição (Q Lista).

Tabela 2

Lista diferentes operações de disposição, incluindo atividade a qual não cobre a possibilidade de recurso de reutilização, reciclagem e recuperação, reuso direto ou alternativas de uso (D- Lista) ou outras atividades (R-Lista).

Tabela 3 Lista os tipos de resíduos perigosos genéricos sejam na forma Líquidos (L), Sólidos (S), ou gasosos(G). (baseados na Y-lista)

Tabela 4 Lista 51 poluentes específicos (extraído da Y-lista) que são consideradas sendo particularmente perigosas (Lista de poluentes).

Tabela 5 Lista de características de periculosidade o qual pode ser exibido através resíduos perigosos (H-Lista) (Lista de resíduos perigosos).

Tabela 6 Lista atividade que tem o potencial de gerar resíduos perigosos baseados no código padrão de classificação das indústrias.

As tabelas de 1 a 6, da IWIC, são usadas para prover uma caracterização completa de resíduos perigosos com propósito de controle e monitoramento.

Em 1992, a OECD adotou uma decisão, instituindo uma forma de classificação e controle de resíduos para atividade de recuperação e reciclagem (OECD, 1992). A decisão dividiu os

resíduos dentro de três faixas, verde, âmbar e vermelho, conforme a necessidade de controle desses resíduos em termos de riscos apresentados durante o transporte e recuperação/reciclagem. Verde foi definido para os resíduos que não se encontram na tabela 5 do referido documento, resíduos com características de periculosidade, da IWIC ou da Convenção de Basiléia e foi julgado como resíduo não-perigoso. Vermelho e âmbar foram considerados para resíduos perigosos e seu mecanismo proposto para recuperação ou reciclagem. Considera-se ser uma atividade controlada.

3.7.2.1 Convenção de Basiléia sobre o controle de movimentação entre fronteira de

resíduos perigosos e sua eliminação

A Convenção Internacional de Basiléia sobre o controle de movimento entre fronteira de resíduo e suas disposições foi adotada em 1989 e entrou em vigor em 5 de maio de 1992. A Convenção foi iniciada pela UNEP (United Nations Environmental Programme), seguindo as decisões da OECD sobre o controle de resíduos perigosos.

Ela tem como objetivo colocar a disposição serviços competentes dos países em desenvolvimento, que têm manifestado sua adesão na Convenção de Basiléia. Embora seja considerado um sistema bastante genérico, ela tem sido adotada por alguns países, como Argentina, Nova Zelândia e Austrália e servida como referência para uma proposta de classificação segundo a periculosidade dos resíduos.

O artigo 1o da convenção de Basiléia define os resíduos perigosos da seguinte forma:

“Serão resíduos perigosos, a efeito do presente convênio, os seguintes resíduos que são objetos de movimentação entre fronteira:

a) Os resíduos que pertençam a qualquer das economias enumeradas no Anexo I, a menos que não possuam nenhuma das características descritas no Anexo III; e

b) Os resíduos não incluídos no item a), predefinidos e considerados perigosos pela legislação interna da parte do estado de exportação, de importação ou de trânsito“.

Os seguintes resíduos são excluídos do escopo da Convenção de Basiléia:

a) Resíduos, como os radioativos, são sujeitos a outros sistemas de controle internacional.

b) Resíduos derivados de operações normais de navegação, cujas descargas são cobertas por outros instrumentos internacionais.

• O inventário nacional de resíduos perigosos é uma etapa indispensável e prévia à formulação e aplicação de uma política nacional de seu manejo no marco da aplicação do convênio de Basiléia.

• Seu estabelecimento se baseia numa metodologia específica.

• A autoridade administrativa oficial e competente na matéria é a responsável e seu estabelecimento é designado às pessoas especializadas em meio ambiente.

• A primeira atividade consiste no acúmulo de dados, que se completam e se atualizam periodicamente. O processo de inventário se atualizará com regularidade.

• A elaboração do inventário de resíduos industriais perigosos deve basear-se em disposições jurídicas, institucionais e técnicas que cada país deve elaborar continuamente, a saber: regulamentação, estrutura institucional, infra-estrutura, política de sensibilização etc.

• O inventário nacional de resíduos perigosos se inscreve na estratégia de gestão ambiental racional de resíduos e necessita da cooperação de todas as partes interessadas.

Este documento utiliza o sistema de Classificação Indústrial Internacional Unificada (CIIU) e classifica os resíduos perigosos segundo as características descritas no Anexo A. Ela segue o seguinte esquema para classificação:

FIGURA 6: FLUXOGRAMA PARA CLASSIFICAÇÃO DE RESÍDUOS CONFORME CONVENÇÃO DE BASILÉIA

Observações:

• Os resíduos podem ser devidamente caracterizados através de provas normalizadas, sendo estas, a cargo dos respectivos Estados Membros;

• Os resíduos com características de periculosidade são devidamente codificados conforme especificado nos anexos do referido documento;

Resíduo de origem conhecida conforme Anexo I ?

Resíduo apresenta alguma característica conforme Anexo

III ?

O resíduo é considerado perigoso dentro da política do

Estado Membro ?

O resíduo pode produzir lixiviado com carcterísticas de

periculosidade descrita no Anexo III ?

Não Não Não

Sim Sim Sim Sim

Não

Resíduo Perigoso Resíduo Não-

• A Convenção de Basiléia considera a utilização do teste de lixiviação e deixa a cargo do Estado Membro a escolha do teste a ser empregado.

O manual apresenta algumas limitações importantes, podendo-se destacar (Tchobanoglous et al, 1993):

• O modelo de estimação proposto é a principal dificuldade dos setores de saúde e da indústria. Não se presta muita atenção a consumo individual, transportes (manutenção de veículos) e minerais, onde os resíduos gerados podem representar uma parte importante em termo de quantidade e grau de perigo.

• Os resultados dos modelos elaborados estão organizados por setor de atividade econômica e só permite uma estimação muito geral. Alguns setores como a indústria química (produtos orgânicos e inorgânicos) e a produção de metais acabados se integram a modelos com mesmo índice de setor de atividade econômica, aonde os tipos de produção (produtos) e as tecnologias (procedimento e equipamentos) são diferentes.

• Alguns tipos de resíduos perigosos derivados da utilização de agentes poluentes específicos e que não são diretamente vinculados à produção manufatureiria da indústria, por exemplo, o PCB e o amianto deverão ser objetos de modelos de estimação específicos.