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7 PARLAMENTO E JORNAIS: MEIOS DE PROPAGANDA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL COMO DIREITO

2.2 As bases fundantes do Estado capitalista

Foram os ventos primaveris do final do século XIX que deram novos formatos e conteúdos às respostas dadas à questão social, ampliando-se as funções sociais do Estado. Nas interpretações de Behring e Boschetti (2011), aquele tempo de resistência e luta da força de trabalho contra a exploração extenuante da mais-valia absoluta, consumindo-lhe a vida inteira, foi crucial para a mudança do Estado liberal na virada para o século XX.

Proteger as liberdades individuais necessárias à preservação da ordem nas relações sociais entre proprietários já não era suficiente frente às incertezas dos novos tempos. Como na tragédia shakespeariana, a violência do mundo e as demais consequências nefastas das relações capitalistas nascentes sinalizavam para a conhecida dúvida filosófica: “Há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia”.

As tensões sociais, a degradação das condições de vida dos trabalhadores assalariados, o crescimento do movimento operário e a complexificação das múltiplas expressões da

questão social produziram muitas incertezas, desafiando a ordem vigente, analisam Behring e Boschetti (2011).

O pensamento liberal de uma sociabilidade fundada em interesses individuais e no desejo natural da melhoria da própria existência, sob a vigilância acurada de um Estado restrito em sua dimensão de polícia – se no estágio da acumulação primitiva serviu de cimento ideológico para ordem social emergente –, em sua expansão e consolidação já não atendia aos interesses sequer da burguesia.

Registram-se, nesse tempo, as primeiras reformas sociais, que, embora tenham sido de natureza repressiva, incorporaram algumas demandas trabalhadoras, proporcionando melhorias tímidas e parciais nas condições de vidas dos trabalhadores. Behring e Boschetti (2011) reiteram a importância das legislações fabris como medidas precursoras do papel do Estado na regulação das relações sociais no modo de produção capitalista, desvelando o limitado poder autorregulatório do mercado.

Nas análises de base marxista, o advento desse novo Estado resulta, portanto, da luta de classes, constituindo-se uma resposta funcional a dois conjuntos de forças: as necessidades de ampliação do capital e os movimentos das massas na sua luta contra a exploração do trabalho. São apreciações que consideram a dimensão contraditória do Estado, contrapondo-se às abordagens unilaterais.

No ponto de vista de Gough (1982), dessas contradições emerge a relativa autonomia do Estado e sua aparente independência, ambas denunciadas no limite mesmo dos imperativos da acumulação. A anunciada separação entre economia e política – matriz ideológica clássica do Estado moderno – é relativizada na medida em que se tornam viáveis reformas, espaços de manobras, estratégias e políticas, não se constituindo, portanto, um instrumento passivo de uma só classe.

Ao discorrer sobre a origem, o desenvolvimento e as contradições do Estado de bem- estar nos países capitalistas avançados, em particular o modelo britânico, Gough (1982) identifica na ação do Estado uma inovação estratégica de resposta à questão social que modifica a reprodução da força de trabalho e controla a população ativa nas sociedades capitalistas. Por meio do poder do Estado, assegura-se a reprodução presente e futura da força de trabalho e viabiliza-se a distribuição de bens e serviços públicos aos segmentos populacionais não incluídos nos processos de trabalho: crianças, idosos, desempregados e pessoas com deficiência.

No contexto do modo de produção capitalista, assinala Gough (1982, p. 50), “el Estado moderno utiliza su poder político para modificar el juego de las fuerzas de mercado”.

Na mesma direção, a perspectiva analítica de Poulantzas (1975) enfatiza a premissa marxiana de não neutralidade do Estado, mas reconhece que o poder originário do Estado ganha materialidade nas relações de classes. Para o filósofo/sociólogo grego, no capitalismo monopolista, o papel intervencionista do Estado não se limita à criação das condições gerais para a mais-valia, mas se estende ao próprio ciclo da “reprodução ampliada do capital como relação social”, preenchendo o papel geral de fator de coesão da formação social, organizando e regulando a luta de classes, afirma o sociólogo.

Suas ideias são tecidas a partir do pressuposto de que o modo de produção capitalista comporta duas classes fundamentais: a classe operária, constituída pelos produtores imediatos – o trabalhador direto –, o qual é desprovido de seus meios de produção, cuja posse pertence ao capital, e a classe detentora da propriedade econômica – a burguesia –, que possui o poder sobre os meios de produção e os produtos, constituindo-se política e ideologicamente a classe dominante. Uma estrutura em que se condensam as contradições dos diversos níveis de uma formação; lugar onde se reflete a dominação e subalternização no processo de formação, em suas etapas e fases.

O Estado não é uma entidade instrumental intrínseca, não é uma coisa, mas a condensação de uma relação de forças. [...] a classe ou fração hegemônica, além de seus interesses econômicos imediatos, de momento e curto prazo, deve assumir o interesse político do conjunto das classes e frações que compõem o bloco no poder e, portanto, seu próprio interesse político em longo prazo, ela deve se unificar e unificar o bloco no poder sob sua direção (POULANTZAS, 2008, p. 104).

Nessa linha de pensamento – no estágio do capitalismo monopolista – o Estado é incluído no próprio cerne da reprodução do capital, não se limitando à repressão e doutrinação ideológica, mas também criando, transformando e realizando. Na sua função global de coesão, são identificadas e articuladas diferentes funções de natureza econômica, ideológica e política.

O Estado, no raciocínio desenvolvido por Poulantzas (2000), constitui-se uma força legítima na manutenção dos limites da ordem de um poder saído da sociedade, porém fora dela. Nesse ponto reside a natureza de classe do Estado, explicada a partir da sua relação com as contradições de classes, agindo no campo do equilíbrio instável do compromisso entre

dominantes e dominados. A sua presença nas relações de produção se justifica no seu papel de reprodução das relações de poder, lugar determinado pelo modo de produção capitalista que lhe impõe a função de mediação dos interesses de classes.

Mais que um aparelho burocrático, separado da sociedade civil, envolto nos seus próprios interesses, nas abordagens marxistas o Estado é produto das condições materiais da existência dos indivíduos, assumindo, portanto, a forma de uma vontade dominante, a qual estabelece uma ordem que viabilize a reprodução do seu domínio.

“Uma instituição socialmente necessária, exigida para cuidar de certas tarefas sociais necessárias para a sobrevivência da comunidade, torna-se uma instituição de classe”, afirma Carnoy (2011, p. 71).

A natureza de classe do Estado, explicitada no pensamento marxista, conforme consta na obra clássica A ideologia alemã, de Marx e Engels (2001), reside no fato de que o Estado revela-se como forma de fazer valer os interesses de uma determinada classe – a classe dominante. São interesses que se travestem da representação de interesses comuns, apresentando-se com uma aparente autonomia em relação à sociedade civil. Nessa configuração, a luta de classes deve tomar forma de luta política travada sobre o terreno do Estado, como poder geral, representante da própria sociedade civil.

Na interpretação de Carnoy (2011), todas as concepções de Estado de base marxista são desenvolvidas a partir dos três principais fundamentos desenvolvidos no pensamento de Marx. Primeiro, a base da estrutura social e da consciência humana de uma sociedade se origina nas suas condições materiais. Segundo, expressão política da estrutura social resultante da forma como se organiza a produção, o Estado está intimamente envolvido nos conflitos de classes. Terceiro, além da natureza de classe, o Estado assume também uma função repressiva a serviço da classe dominante, buscando a legitimidade do seu poder na mediação entre a classe dominante e os movimentos sociais que emergem da classe trabalhadora fragmentada em suas singularidades.

É desse inconciliável antagonismo de classes que emerge o caráter repressor do Estado na sua função de reprodução da estrutura e das relações de classes, apontam os escritos de Lenin (2010). Sob esse ponto de vista, o Estado, como organização especial da força destinada a dominar determinada classe, torna-se necessário para qualquer uma das classes que assuma a direção política.

As classes exploradoras precisam da dominação política para a manutenção da exploração no interesse egoísta de uma ínfima minoria contra a imensa maioria do povo. As classes exploradas precisam da dominação política para o completo aniquilamento de qualquer exploração, no interesse da imensa maioria do povo contra a ínfima minoria dos escravistas modernos, ou seja, os proprietários fundiários e os capitalistas (LENIN, 2010, p. 45).

Na tese leninista, o domínio do Estado pelas classes exploradas não se encerraria na mera apropriação da máquina burocrática, mas na sua transformação, expressa em um formato de direção política compartilhada e administrada por todos, o que denominou de “democracia proletária”.

Essa possibilidade de dominação da classe operária sinalizava para o alargamento das perspectivas de socialização da política. A experiência da Comuna de Paris retratava o modelo de destruição da velha máquina administrativa para construir uma nova que suprimisse gradualmente a burocracia, constituindo-se importante paradigma para os ideais democráticos que se seguiram até os dias atuais.17

Vale notar que essas contribuições, sob as lentes da luta contemporânea, remetem ao caloroso debate sobre o modo de gerir a coisa pública. Menos hierarquia, mais participação popular, simplificação nas funções administrativas do Estado, organização da vida econômica sob a direção e o controle do próprio trabalhador e instituições políticas realmente a serviço da classe trabalhadora.

Crítico ferrenho da democracia capitalista – restrita a uma minoria –, Lênin (2010) não reconhecia no desenvolvimento da sociedade capitalista mecanismos de ampliação dos princípios democráticos. Pelo contrário, todos os mecanismos e instrumentos utilizados pela democracia burguesa são restritivos, inibidores da participação mais ativa de grande maioria

17

A Comuna de Paris destruiu a máquina estatal burguesa (liquidou o exército permanente e a polícia, separou a Igreja do Estado etc.) e criou um Estado de novo tipo, que foi a primeira forma de ditadura do proletariado da história. O novo aparato do poder se organizava de acordo com os princípios democráticos: a elegibilidade, a responsabilidade e a demissibilidade de todos os funcionários e o caráter colegiado da direção. [...] Foi desmantelado o velho aparato estatal, expulsaram-se os burocratas e os altos funcionários; reduziram-se os vencimentos, e o salário dos trabalhadores do aparato da Comuna e de seus membros foram fixados proporcionalmente ao salário médio de um operário. [...] Foi eliminada a ajuda financeira do Estado à Igreja. Como governo da classe operária, a Comuna de Paris exercia seu poder em benefício do povo. Mostrou grande cuidado pelo melhoramento da situação material das grandes massas: fixou a remuneração mínima do trabalho, foram tomadas medidas de proteção do trabalho e de luta contra o desemprego, de melhoramento das condições de moradia e do abastecimento da população. A Comuna preparou a reforma escolar, fundamentada no princípio da educação geral, gratuita, obrigatória, laica e universal. Tiveram extraordinária importância os decretos da Comuna sobre a organização de cooperativas de produção nas empresas abandonadas por seus donos, a implantação do controle operário, a elegibilidade dos dirigentes de algumas empresas estatais. Na sua política exterior, a Comuna se guiou pelo empenho de estabelecer a paz e a amizade entre os povos. Disponível em: https://www.marxists.org/portugues/dicionario/verbetes. Acesso em: 23 jun. 2014.

da população. Em sua interpretação, enquanto a classe trabalhadora explorada se vê às voltas com um mundo de necessidades não satisfeitas, em situação de pobreza extrema e miséria, mantém-se afastada da vida política e social.

Nas ideias revolucionárias de Marx, mesmo que em caráter transitório, é perceptível a necessidade da norma jurídica – expressão do direito burguês – na transformação da sociedade (LÊNIN, 2010). Dessa premissa emerge a importância da democracia na qual subjaz a igualdade formal, que, não se encerrando nela mesma, constitui-se um significativo passo em direção à igualdade real, onde todos possam participar da gestão do Estado.

Nessa esteira de raciocínio, Hirsch (2010) também ressalta o caráter relacional do Estado, sendo gerado e reproduzido pelos indivíduos ativos, mesmo que em condições alheias à sua consciência imediata e ao seu controle. Compartilhando também do princípio da historicidade e da dimensão contraditória do Estado, podem-se identificar nas teses gramiscianas o estabelecimento de nexos dialéticos entre Estado, cultura, ideologia.

Gramsci distingue dois momentos da articulação do campo estatal: o Estado em sentido restrito e o Estado em sentido amplo, integral. Interpreta Buci-Glucksmann (1980, p. 128-129):

Em um sentido estreito, o Estado se identifica com o governo, com o aparelho de ditadura de classe, na medida em que ele possui funções coercitivas e econômicas. [...] O Estado integral pressupõe a tomada em consideração do conjunto dos meios de direção intelectual e moral de uma classe sobre a sociedade, a preço de “equilíbrios de compromisso” para salvaguardar seu próprio poder político, particularmente ameaçado em períodos de crise.

Nas teses de Gramsci, o Estado, para além da coerção, execução e burocracia, compreende um conjunto de organizações por meio das quais se elaboram, difundem e reproduzem as ideologias. Trata-se de um conceito ampliado de Estado, que ratifica a correlação de forças implícita no movimento da luta de classes em busca da hegemonia, expressa não somente no aparelho do governo – espaços dos poderes instituídos – mas, sobretudo, nas lutas sociais concretas da sociedade civil, em determinados contextos históricos.

Nas apreciações de Carnoy (2011), a perspectiva gramsciana de Estado reconhecido como síntese do consentimento e repressão – constituindo em unidade dialética a sociedade

civil e política – é, sem sombra de dúvida, a visão mais adequada para explicar as sociedades de capitalismo avançado.

A ideia de que a luta pela hegemonia se expressa tanto na sociedade civil como no Estado, seja por meio de aparatos institucionais criados para esse fim – no caso do Estado –, seja pelo movimento contra-hegemônico por meio da criação de contrapesos à hegemonia da classe dominante – no caso da sociedade civil –, dá outra feição nas análises sobre as políticas sociais. Nessa abordagem, alarga-se o conceito de políticas sociais, que, mais do que uma estratégia de dominação da burguesia, se coloca como possibilidade de atendimento às necessidades da classe trabalhadora.

Na interpretação de Coutinho (2012a), a concepção ampliada do Estado em Gramsci parte do reconhecimento da socialização da política no capitalismo avançado, objetivada no consenso ativo e organizado entre as classes e no interior de cada uma delas. Nas observações de Coutinho (2011), quanto mais se alarga a sociedade civil – influenciando nas decisões e ações da sociedade política –, mais se alteram as relações entre governantes e governados. Novas regras procedimentais, novos valores ético-políticos passam a coexistir com formas coercitivas da ordem social vigente, estabelecendo-se uma guerra de posição indutora de novos parâmetros de organização social e política.

Para esse destacado intérprete das construções teóricas de Gramsci no Brasil, o núcleo central das teses desenvolvidas por Marx – o caráter classista e repressivo do poder estatal – se mantêm vivos no pensamento gramsciano, que lhe acrescenta novas determinações, como elenca a seguir:

1 – A disputa pela hegemonia expressa um duplo movimento: de um lado, “a guerra de movimento”, traduzida na luta que se estabelece pela conquista e manutenção do poder político, a partir dos aparelhos burocráticos da sociedade política; de outro, “a guerra de posições”, expressa na conquista de espaços dentro e por meio de sociedade civil forte e organizada, é um elemento novo na análise, que explicita o caráter classista e contraditório do Estado.

2 – O reconhecimento do valor da batalha das ideias e da luta cultural na transformação social é uma expressão da significância atribuída por Gramsci às condições subjetivas da ação revolucionária.

3 – A designação da catarse como processo de mudança de consciência de uma classe em si em uma classe para si, elevando a consciência de classe a uma dimensão universal, constituindo-se a força motora para a conquista da hegemonia na sociedade.18

Vê-se, nas teses de Gramsci (1984), que os elementos que dão sustentação à política e à ação coletiva tanto podem ser utilizados por forças reacionárias quanto progressistas. No primeiro elemento, o fato de que toda ciência e arte da política baseiam-se na existência real de dirigentes/dirigidos, atribui-se à formação do dirigente o reforço dessa divisão ou superação do fosso existente entre os dois grupos. No segundo, o Estado – expressão de um grupo social – assume a função mediadora de interesses, por meio da qual busca a sua legitimidade fundada no consenso e nas negociações, aumentando as possibilidades de ampliação dos espaços públicos. No terceiro elemento, a certeza de que economia e política fazem parte de uma unidade dialética, agregando-se novos significados à base material. No quarto elemento, a dualidade previsão/perspectiva, que separa o homem privado – em permanente luta pela sobrevivência – do homem social e político – criativo, criador, sempre preocupado com o dever ser, resgata a dimensão singular e plural da historicidade de homens e mulheres.

Considerando todos os pontos de vista sobre o Estado capitalista até então mencionados, é importante enfatizar que as análises discorridas no próximo capítulo sobre o Estado brasileiro seguirão o preceito gramsciano de que o exame das situações de como se estabelecem os diferentes graus de correlação de forças não pode se desprender da aplicação do método sócio-histórico no estudo de movimentos orgânicos e conjunturais presentes nas sociedades.

Nessa linha, serão consideradas as relações de forças ligadas à estrutura material, onde se verificam as condições necessárias à transformação social; a relação de forças políticas, em que se avalia o grau de organização e autoconsciência (corporativa e solidária) dos vários grupos sociais; e, por fim, o momento em que se supera a dimensão corporativa para um plano social universal, sem perder de vista o poder coercitivo do Estado capitalista.

O conceito de cultura originário de Gramsci também se constitui numa importante contribuição para o estudo que se segue. É no movimento hegemonia/contra-hegemonia, inerente à luta social e econômica, que Gramsci (2001) reelabora o conceito de cultura, em

18 Hegemonia é uma categoria utilizada por Gramsci para explicar a luta permanente entre as classes para

assumir, como classe dominante, a direção intelectual e moral, promovendo o equilíbrio entre os diversos interesses dos diferentes grupos sociais (GRAMSCI, 1977).

sua análise sobre a forma como as classes subalternas estabelecem suas relações e interações sociais. Nesse processo organizam-se, tomam consciência de si e desenvolvem sua capacidade crítica em torno de valores, práticas e ideias impostas pela classe dominante, e estabelecem, por vezes, contraposições ao processo de homogeneização da denominada “alta cultura”.

Para Gramsci, a atividade cultural, ao se imbricar na luta e nas contradições da realidade social, torna-se tão importante quanto as esferas econômica e política. É a partir das experiências históricas e da consciência que elaboram dos outros e de si mesmo que homens e mulheres prescrevem suas concepções de mundo, adotam linguagens, hábitos, atitudes e saberes determinantes e determinados nas suas práticas sociais, envolvendo dimensões da vida moral e intelectual.

Os fundamentos teóricos difundidos nessa exposição deslindam o caráter sócio- histórico do tema em análise – assistência social e cultura política –, deslocando-o do campo meramente burocrático e normativo para o interior da política entendida como atividade histórica de homens e mulheres na sua tarefa de transformação social e fundação de novas culturas.

Nesse contexto, a dimensão política ganha maior centralidade, alertando para o verdadeiro sentido da democracia, que, assim como a natureza de classe do Estado, traz subjacente seu caráter contraditório. Do mesmo modo que as formas democráticas liberais podem criar a ilusão da participação das massas, não se pode rejeitar a ideia de que há no seu