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O trabalho universitário está assentado nos princípios da docência, pesquisa e extensão, acrescidos da gestão, que funciona como quarto princípio. A gestão se apresenta, muitas vezes, como um desafio extra, porquanto não necessariamente faça parte da formação dos docentes, ou não integre o rol de atividades de sua atuação profissional anterior. A mais, a gestão de instituições públicas envolve metas e valores que diferem, em sua natureza, de instituições da iniciativa privada, o que requer o conhecimento da especificidade dos conjuntos normativos relativos às políticas públicas e sua execução.

Dessa forma, o ingresso na carreira docente universitária, numa instituição federal de ensino superior, inclui expectativas relativas a funções de gestão, em diversos níveis de abrangência e complexidade. As aprendizagens necessárias ao exercício das funções são construídas em processo. Ou seja, aprende-se a fazer fazendo. Ao final de 2004, pouco mais de quatro meses depois de entrar em exercício como docente na UFG, tive meu nome indicado e aprovado para a subcoordenação do então Programa de Pós-Graduação em Cultura Visual, ao lado da professora Dulcimira Capisani na função de coordenadora. No mês de outubro de 2004, durante a reunião da Associação Nacional de Pesquisadores de Artes Plásticas ANPAP, em Brasília, ela também assumira a presidência daquela associação, programando a realização do encontro no ano seguinte, em 2005, na FAV/UFG. Iniciei o segundo semestre na Universidade Federal de Goiás como docente permanente no Programa de Pós-Graduação, e também como subcoordenadora. Os mesmos cortes nas riscas de bordado que desviaram percursos em outros momentos da minha trajetória pessoal e profissional, ali precipitaram circunstâncias, por caminhos trágicos envolvendo perda. Com poucos meses como coordenadora, a professora Dulcimira faleceu, e assumi não só a coordenação do Programa, bem como a realização do 14º Encontro Nacional da ANPAP, sem ainda ser, à época, parte do grupo de associados.

O Programa, a seu turno, apresentava um conjunto de desafios a serem superados, em sua etapa inicial de funcionamento. Criado em 2003, estava fechando o primeiro ciclo de defesa de mestrandos no primeiro semestre de 2005. Com nota 3 no ponto de partida, tinha a expectativa de alcançar nota 4 na sua primeira avaliação trienal, junto à CAPES. Para tanto, havia muitos ajustes a serem feitos, dentre os quais, consolidar o corpo docente, implementar a produção intelectual e artística de professores e estudantes, dentre outras providências. A avaliação do triênio 2004/2006 resultou na nota desejada, o que abriu a possibilidade de se iniciarem os trabalhos com vistas à proposição do doutorado, bem como ao estabelecimento do convênio para a criação de uma turma de Mestrado Interinstitucional, MINTER, junto á Universidade Estadual de Montes Claros, UNIMONTES.

Como parte da atuação na coordenação, passei a integrar o Conselho de Ensino, Pesquisa, Extensão e Cultura, CEPEC, representando a área de Artes pela Câmara de Pós-Graduação, da UFG, e também o Conselho Consultivo e Curatorial da Galeria da FAV.

Ao decurso dos quatro primeiros anos de funcionamento do Programa, foram realizados seminários de pesquisa, inicialmente internos, quando professores e estudantes compartilhavam relatos de suas pesquisas. Em 2007, o seminário ganhou abrangência regional, recebendo trabalhos de pesquisadores e estudantes de pós-graduação de instituições localizadas no Centro Oeste. em 2008, realizou- se o I Seminário Nacional de Pesquisa em Cultura Visual, mobilizando estudantes e pesquisadores de todo o território nacional. É importante, também, notar, que nesses quatro anos, contei com o suporte do professor José César Teatini de Souza Clímaco na vice coordenação.

Em 2008, finalizando o segundo biênio de gestão à frente do PPG em Cultura Visual, tive projeto aprovado para pós-doutoramento, junto ao Programa Avançado de Cultura Contemporânea, PACC, na UFRJ. A licença para pós-doutorado entrou em vigência em março de 2009, estendendo-se até o início de 2010. No final daquele mesmo ano, a proposta de criação de doutorado, encaminhada pela professora Irene Tourinho, então coordenadora do Programa. Em 2011, o Programa de Pesquisa em Arte e Cultura Visual, conforme passou a se chamar, iniciou suas atividades com turmas de mestrado e doutorado.

No final do primeiro semestre de 2012, fui novamente conduzida à função de coordenadora do Programa, com a missão de colaborar na consolidação daquela nova etapa, da qual o doutorado passou a tomar parte. Com a expansão das atividades, e a maior visibilidade, o Programa passou também a receber pesquisadores de pós-doutorado. Passou a contar, também, com uma bolsa regular pelo Programa Nacional de Pós-Doutorado (PNPD). Nesse período, do mesmo modo, o Seminário Nacional de Pesquisa em Arte e Cultura Visual se consolidou. No tocante ao terceiro período em que atuei na coordenação do Programa, foi encerrado em julho de 2014. No mesmo mês, assumi a editoria da Revista Visualidades. A revista, criada em 2003, contou com o trabalho da professora Rosana Horio Monteiro durante muitos anos em sua liderança. Na última avaliação, alcançara o extrato A2, de acordo com o sistema Qualis CAPES. No período quando atuei na sua editoria, concluímos a migração de todas as etapas de trabalho na plataforma digital SEER. Nesse ínterim, a revista passou a integrar o do Programa de Apoio às Publicações Periódicas Científicas PROAPUPEC, da UFG, por meio do qual pôde contar com revisão e acompanhamento técnico ao longo de todo o fluxo de trabalhos, bem como os serviços gráficos para a versão impressa. Nesse mesmo período, a revista foi contemplada pelo edital da FUNARTE destinado a apoiar publicações regulares na área de artes.

Em 2016 obtive aprovação, pela Universidade de Aveiro, para o desenvolvimento de projeto de pós-doutorado. A vigência da licença estendeu-se de março de 2017 a fevereiro de 2018. Encerrei, assim, a atuação à frente da revista. Em 2019, retomei os trabalhos, ao lado da professora Carla Luzia de Abreu e da designer Cátia Ana Balduíno, num exercício partilhado de editoria. Nesse período, a publicação migrou para a plataforma OJS, tendo passado a ser totalmente digital, sem a versão impressa. Trabalhamos nos ajustes necessários a essa migração. No entanto, o excesso de trabalho e a diversidade de demandas me obrigaram, no início de 2020, a me desligar da função.

Em 2017, como parte dos esforços com vistas à internacionalização do Programa de Pós-Graduação, o Seminário de Pesquisa em Arte e Cultura Visual ganhou versão internacional, passando a contar com a parceria com o Instituto Escuela Nacional de Bellas Artes, IENBA, da UdelaR, Montevidéu. Sua realização passou

a ser alternada, entre um e outro país: 2017 e 2019, em Montevidéu, 2018 em Goiânia. O evento previsto para 2020, a se realizar em Goiânia, foi adiado, em razão da pandemia. Integrei as comissões de organização e científica de todas as usas edições.

Nesses anos, a ênfase da minha atuação em atividades de natureza administrativa esteve na Pós-Graduação. No entanto, ações junto ao curso de Licenciatura em Artes Visuais também figuraram como prioridades. Em 2018, passei a integrar o Núcleo Docente Estruturante desse curso. Dei início à mobilização para a organização de um fórum permanente de educação e arte, envolvendo todos os cursos de licenciatura na área de artes, no Estado de Goiás, na Universidade Federal de Goiás e nos Institutos Federais Goiano e de Goiás. As três reuniões realizadas no segundo semestre de 2018 foram interrompidas pelas mudanças das políticas públicas no ensino superior, bem como pela prioridade dada à reforma curricular do curso, que urgia ser aprovada ainda em 2019, para o ingresso da nova turma em 2020. Ainda em 2018 a professora Lilian Ücker assumiu a liderança do NDE, coordenando seus trabalhos.

O ano de 2020 trouxe, dentre os quantos desafios, o trabalho realizado remotamente, fazendo-se uso das plataformas digitais. Nesse contexto, passei a integrar a Comissão de Vagas da FAV/UFG, que discute os critérios e parâmetros para a alocação de vagas para concurso para professores efetivos. Desse trabalho, resultou a criação da Comissão de Planejamento da FAV/UFG, com trabalho de longo prazo, para balizar os eixos e as prioridades dos planos de ação da gestão institucional para a unidade acadêmica.

Síntese das principais atividades no campo da gestão institucional

1. Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Cultura Visual: 2005/2006, 2007/2008

2. Coordenação do 14º Encontro Nacional da ANPAP: 2005 3. Membro do CEPEC/UFG. 2005/2008.

4. Membro do Conselho Consultivo e Curatorial da Galeria da FAV. 2005/2008. 5. Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Arte e Cultura Visual:

2012/2014

6. Editoria da Revista Visualidades: agosto/2014 a dezembro/2016: março a dezembro/2019

7. Membro do NDE/Licenciatura em Artes Visuais: 2018 a 2020. 8. Comissão de Vagas/Comissão de Planejamento (FAV/UFG): 2020.

Ainda sobre gestão, preciosas parcerias

Os relatos sobre a vida universitária, no mais das vezes, ressalta a atuação dos servidores da carreira docente. Segundo um tal viés, os servidores das carreiras técnicas e administrativas formariam tão somente o pano de fundo, as bases para a atuação de professores. O que é um equívoco, quando não um erro. Daí a necessidade de dar destaque a algumas atuações, sem as quais muito do relatado aqui não teria sido viabilizado.

Todo o processo de consolidação do Programa de Pós-Graduação em Arte e Cultura Visual teria sofrido muitas mais turbulências, não fosse a atuação contínua e competente de uma servidora da área técnica e administrativa. Alzira Prado Martins se dedica ao Programa desde 2004, antecipando-se, em alguns meses, à minha chegada. Em 2019, concedeu-me a alegria de se inscrever no processo de seleção ao mestrado. Aprovada, veio integrar-se ao meu grupo de orientandos. Contudo, antes mesmo de eu iniciar o percurso na UFG, Alzira foi estudante de graduação do curso de Design de Moda, na FAV, quando chegou a ser premiada pela execução de um vestuário.

Já nos anos 2010, Arlete Maria de Castro, reuniu-se à equipe do Programa, depois de ter atuado, dentre outros espaços, na secretaria do curso de Licenciatura em Artes Visuais. Trouxe sua discrição e disciplina exemplares. Mais recentemente, o grupo recebeu Juliana Beatriz de Sousa Leite, da área técnica educacional, com interesses que transitam entre a educação, a biologia, o meio ambiente e as visualidades. Em 2020, fazendo formação com a equipe do professor José Pacheco, iniciou os trabalhos para a formação de uma comunidade de aprendizagens, da qual passei a fazer parte. Ali, podemos compartilhar, sobretudo, esperanças e utopias.

Também ressalto o papel fundamental, junto à Revista Visualidades, cumprido pela servidora da área técnica e administrativa Cátia Ana Balduíno. Designer e artista, dedicada às narrativas das histórias em quadrinho, Cátia Ana não poupou esforços, durante muitos anos, para assegurar o fluxo de todas as etapas do trabalho, bem como a qualidade e consistência da publicação. Em 2020, foi conduzida ao cargo

de coordenadora do Núcleo Editorial da FAV. Meu encontro com ela também data de minha chegada à UFG: em 2004, ministrei a disciplina Introdução ao trabalho

de investigação para uma turma do curso de Design Gráfico, da qual ela tomava

parte, então estudante de graduação.

A convite da Juliana, Cátia também faz parte da comunidade de aprendizagens. Mesmo sem ter participado de equipe da qual eu tenha sido gestora, a atuação profissional de Renato Cirino se entrelaça à minha de diversas formas. Técnico audiovisual, com formação em comunicação, foi meu orientando no mestrado, quando se aproximou das questões das artes, da cultura visual e da educação. Desde então, passamos a atuar juntos em projetos, ações e estudos sobre cinema, arte e educação. Terminou por cursar uma segunda graduação, Licenciatura em Artes Visuais. Em seguida, ingressou no doutorado, também como meu orientando. Assina a codireção do filme “O Legado do Artífice”, comigo, além de ter respondido pela edição, tratamento de som e de imagem, dentre outras urgências à sua finalização. No primeiro semestre de 2020, ante a suspensão das atividades regulares na universidade, passou a responder pela área de comunicação da FAV, ao lado da Cátia, produzindo e veiculando material audiovisual nas páginas institucionais nas diversas plataformas digitais.

Alzira, Renato e Juliana fazem parte, como pesquisadores, do projeto de pesquisa

Educação, fronteiras, arte e seus transbordamentos, que eu coordeno, o que

possibilitou a Juliana e Renato assumirem orientação e coorientação de iniciação científica. Reitero, assim, a convicção de que as carreiras técnica e docente, na universidade, são indissociáveis. É necessário que se estimulem e promovam ações conjuntas tanto no tocante à gestão, quanto nos trabalhos voltados à pesquisa, à orientação, à produção e sistematização de conhecimento.

Devo reportar, ainda, Alcione Oliveira de Melo, já aposentada, que deixou marcas indeléveis de seu trabalho na FAV e, merecidamente, recebeu o título de Servidora Emérita em 2018. Bem como a sempre presente Márcia Veiga Bretones Garibaldi, à frente da Secretaria Administrativa da FAV. Não posso esquecer o modo afetuoso e competente com que fui recebida por ela, em 2004, quando cheguei para me submeter às provas do concurso. Essa seria sua marca, sempre.

Por intermédio da Alzira, da Arlete, da Juliana, da Cátia, do Renato, da Alcione e da Márcia, agradeço a cada uma, cada um dos trabalhadores da área administrativa da FAV, cujo empenho e maturidade têm assegurado a consolidação institucional e a qualidade das relações interpessoais no trabalho quotidiano.

Agradeço também à professora Leda Maria de Barros Guimaraes com quem pude contar, em alguns momentos, para propor ações com potencial de ampliar horizontes. Em 2010, ela coordenou a realização do Seminário Nacional de Pesquisa em Cultura Visual. Para a abertura do evento, ela aceitou a sugestão de trazermos o Sr. José Luiz Zagati, que integrara o projeto de pesquisa no pós- doutorado então recém concluído. Assim, a conferência nobre da programação, no auditório da Biblioteca Central da UFG, foi proferia por um catador de sucatas cujas paixões eram o cinema, a educação e a preservação do meio ambiente. Em 2020, em plena vigência da pandemia, mais uma vez a professora Leda acolheu a proposta de criação de um fórum coletivo, em plataformas digitais múltiplas, para a discussão sobre o desenvolvimento das pesquisas de discentes e docentes. Tendo ela implantado o curso de Licenciatura em Artes Visuais na modalidade a distância na UFG, ousou um pouco mais, transformando a ideia do fórum na própria oferta das disciplinas de pós-graduação de modo coletivo e colaborativo. Essa experiência tem propiciado encontros profícuos entre professores e estudantes, e amadurecido as discussões em processo.

Tendo em conta não ser possível alcançar qualquer objetivo de modo isolado, gostaria, ainda, de ressaltar a atuação dos gestores que assumiram papéis considerados chave na Faculdade de Artes Visuais, com cuja competência e solidariedade pude contar nessa caminhada. Em seus nomes, estendo minha gratidão a todo o corpo docente da unidade acadêmica.

Professor Raimundo Martins da Silva Filho, diretor da Faculdade de Artes Visuais em três gestões, e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Arte e Cultura Visual. Seu trabalho é marca indelével na FAV.

Professor José César Teatini de S. Clímaco, vice-diretor da Faculdade de Artes Visuais, com o professor Raimundo Martins da Silva Filho, e vice-coordenador do Programa de Pós-Graduação em Arte e Cultura Visual, comigo.

Professor Luis Edegar de Oliveira Costa, diretor da Faculdade de Artes Visuais, em dobradinha com a professora Miriam da Costa Manso Moreira de Mendonça na vice-direção.

Professora Irene Maria Fernandez Silva Tourinho, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Arte e Cultura Visual em três gestões.

Professora Rosana Horio Monteiro, editora da Revista Visualidades por longo período, e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Arte e Cultura Visual. Professoras Rita Morais de Andrade, Carla Luzia de Abreu e Glauco Ferreira, à frente da editoria da Revista Visualidades.

Professor Bráulio Vinicius Ferreira, atual diretor da Faculdade de Artes Visuais.

Professora Eliane Maria Chaud, vice-diretora da Faculdade de Artes Visuais, com o professor Bráulio Vinicius Ferreira.

Professora Leda Maria de Barros Guimaraes, atual coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Arte e Cultura Visual.