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GESTÃO DOS RISCOS DE MERCADO NAS COOPERATIVAS

3 METODOLOGIA

3.6 GESTÃO DOS RISCOS DE MERCADO NAS COOPERATIVAS

Neste passo da pesquisa foram feitas entrevistas semi-estruturadas com gestores de cooperativas para avaliar como é feita a gestão dos riscos de mercado nas cooperativas e quais as percepções sobre as propostas de mudanças apresentadas nos cenários gerados pela análise E-V (retorno-risco). Foram feitas entrevistas com gestores de 4 cooperativas que possuem grande representatividade no agronegócio paranaense. O roteiro da entrevista é apresentado no Apêndice C.

No que tange à entrevista, técnica emprega para a coleta de dados primários, Gil (1999) a define como “a técnica em que o investigador se apresenta frente ao investigado e lhe formula perguntas, com o objetivo de obtenção dos dados que interessam à investigação. É uma forma de diálogo assimétrico, em que uma das partes busca coletar dados e a outra se apresenta como fonte de informação”. O autor também destaca que a entrevista é uma das técnicas de coleta de dados mais utilizada no âmbito das ciências sociais. “A entrevista é bastante adequada para a obtenção de informações acerca do que as pessoas sabem, crêem, esperam,

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sentem ou desejam, pretendem fazer, fazem ou fizeram, bem como acerca de suas explicações ou razões a respeito das coisas precedentes.”. No que tange às entrevistas semi-estruturadas, este tipo de entrevista é guiado por uma lista de tópicos ou áreas gerais a cobrir. Os questionamentos devem permitir explorar, de modo flexível, a conduta durante a entrevista objetivando alcançar as questões propostas pela investigação (BOGDAN; BIKLEN, 2006).

As respostas às entrevistas foram analisadas por meio da técnica de análise de conteúdo. Esta técnica consiste em um método sistematizado e objetivo de análise e estudo para medir variáveis ou realizar outros propósitos de pesquisa (KERLINGER, 1980). Segundo Bardin (1995), análise de conteúdo é definida por: “Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objectivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens.”. Neste caso, optou-se pela transcrição das respostas. A análise permitiu levantar os conceitos principais usados pelos respondentes, relacioná-los às perguntas de pesquisa e ao objetivo de avaliar a gestão dos riscos de mercado pelas cooperativas agroindustriais do Paraná.

Os respondentes foram questionados quanto a utilização de ferramentas de medição e avaliação de riscos de mercado por parte das cooperativas. Também foi avaliado qual a percepção dos gerentes a respeito do status dos riscos de mercado como ameaça ou oportunidade no plano estratégico das cooperativas. Além disso, foi avaliada a aceitação por parte das cooperativas de cenários que consideram possíveis mudanças estruturais da situação atual, visando a melhoria da eficiência econômica do agronegócio do Estado analisado. Os cenários apresentados aos respondentes foram baseados na análise da fronteira de eficiência, gerada pelo modelo E-V. Foram propostas mudanças no portfólio de produção considerando o deslocamento do ponto atual da relação retorno-risco, com base no portfólio de produção de 2006, em direção à pontos definidos sob a fronteira (portfólios eficientes). Foram apresentados dois cenários.

O cenário 1 apresenta mudanças no portfólio correspondentes a uma diminuição considerável do nível de risco (medido pela variância total) para o mesmo nível de margem bruta total alcançado em 2006. Ou seja, seria possível diminuir consideravelmente o risco mantendo-se a mesma margem bruta total. Para os itens

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com maior volatilidade histórica das margens brutas (variabilidade histórica de preços de venda e custos de produção), o cenário sugere uma diminuição considerável do nível de produção. Para os itens com menor volatilidade o cenário sugere um aumento considerável do nível de produção ou a manutenção do nível de produção alcançado em 2006.

O cenário 2 apresenta mudanças distintas do cenário 1. São apresentadas mudanças no portfólio que geram um aumento considerável da margem bruta total alcançada em 2006 para um nível de risco praticamente estável. Neste caso, para os itens que já apresentaram um nível de produção histórico mais elevado e uma média histórica positiva de margem de contribuição, o cenário sugere um aumento do nível atual de produção. Para os itens que apresentaram uma margem de contribuição histórica negativa, o cenário sugere uma diminuição da produção.

Em ambos os cenários, para cada item listado e que integra o portfólio de produção da cooperativa foi solicitada a consideração das hipóteses de viabilidade técnica e capacidade de absorção da cooperativa. As variações na produção (aumento ou diminuição) consideram as faixas denominadas de razoável (entre 5% a 15%) e de considerável (acima de 15%). O grau de aceitação da cooperativa para as alterações propostas no portfólio foram medidas por uma escala Likert de 5 pontos (nada provável a muito provável).

Depois de apresentados os cenários, os respondentes foram questionados quanto à possibilidade de inclusão de alguns itens do agronegócio em seu portfólio. Considerando as hipóteses de viabilidade técnica, capacidade de absorção da cooperativa e possibilidade de expansão geográfica (para os casos em que não há vocação regional para a cultura), os gerentes foram questionados sobre a possibilidade da cooperativa investir ou incentivar a produção dos itens que ainda não fazem parte do portfólio da cooperativa e estão apresentados nos dois cenários. Também foi perguntado o motivo para a não inclusão, quando foi o caso. Esse procedimento teve por objetivo medir a disposição das cooperativas, segundo a opinição dos respondentes, em incentivar a diversificação do portfólio com itens que melhoram a relação retorno-risco. Essa possibilidade foi medida por uma escala Likert de 5 pontos (nada provável a muito provável).

Por fim, foram apresentados alguns motivos para não investir ou incentivar a produção dos itens selecionados no modelo (desconsiderando os itens em que a cooperativa atualmente se dispõe a incentivar o aumento ou a manutenção da

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produção atual) – a descrição desta parte do questionário é a mesma já citada acima na seção anterior. Este questionamento teve por objetivo avaliar quais motivos influenciam mais na não aceitação de propostas visando o incentivo à produção dos itens do modelo. Como resultado foi possível avaliar o grau de compatibilidade entre os objetivos econômicos e sociais da cooperativa e a gestão dos riscos de mercado no agronegócio, por parte das cooperativas do Paraná.