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IMPORTÂNCIA E RESPOSTAS AOS RISCOS

3 METODOLOGIA

3.5 IMPORTÂNCIA E RESPOSTAS AOS RISCOS

Conforme comentado na revisão da literatura, os produtores rurais associados a uma cooperativa estão duplamente expostos ao risco: (i) risco de perdas na sua produção devido a fatores ambientais, pragas, doenças, etc., ocasionando perdas nas vendas e menor lucratividade; e (ii) risco de perda na participação da cooperativa ocasionado pela primeira situação, uma vez que se o associado diminui sua porção de suprimento à cooperativa, a sua participação nas sobras financeiras também cai (BIALOSKORSKI NETO, 2001). Entretanto, os membros das cooperativas normalmente não têm consciência dos riscos que a cooperativa está sujeita e, conseqüentemente, os riscos de perdas financeiras que os membros estão sujeitos devido à patronagem (ZEULI, 1999).

Para avaliar qual o grau de importância atribuída por gestores de cooperativas a diversas fontes de riscos e identificar a relevância atribuída por eles a diversas respostas gerenciais ao conjunto de fontes de riscos apresentado, foi enviado um questionário às cooperativas agropecuárias constantes do cadastro de cooperativas do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (OCEPAR), o que totaliza 65 cooperativas. O questionário foi enviado via e-mail e por correio a

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todas essas cooperativas. No total houveram 14 respostas, representando uma amostra de 21,5% da população.

O questionário foi dividido em 5 partes e é apresentado no Apêndice B:

(i) Identificação e caracterização da cooperativa – baseado em Barreiros (2005);

(ii) Comportamentos gerais da cooperativa perante o risco – baseado em Heidelbach (2007);

(iii) Percepção das fontes de riscos e respostas gerenciais para gestão dos riscos das cooperativas – baseado em Patrick et al (1985), Hardwood et al (1999), Flaten et al (2005) e Pinochet-Chateau et al (2005) e entrevistas com especialistas e envolvidos nas atividades do agronegócio do Estado e nas cooperativas;

(iv) Percepção das fontes de riscos e respostas gerenciais para gestão dos riscos dos cooperados – também baseado nas mesmas referências da parte (iii) do questionário;

(v) Influência de alguns fatores na decisão em não investir ou incentivar a produção de alguns itens do agronegócio – baseado em Jerônimo, Maraschin e Silva (2006); Gimenes e Gimenes (2007) e nos cenários de portfólios eficientes gerados pela análise E-V.

A primeira parte, identificação e caracterização da cooperativa, foi composta por questões abertas a respeito das características e composição do faturamento da cooperativa. A segunda parte, comportamentos gerais da cooperativa perante o risco, foi composta por questões sobre a disposição da cooperativa a assumir riscos e/ou adotar inovações visando maior vantagem competitiva. As questões foram de múltipla escolha com uma escala Likert de 5 pontos (discordo plenamente a concordo plenamente).

Na terceira parte, percepção das fontes de riscos e respostas gerenciais para a gestão dos riscos das cooperativas, foi apresentada uma lista de fontes de riscos que a cooperativa está sujeita e algumas estratégias gerenciais que a cooperativa poderia adotar para lidar com esses riscos. As fontes de riscos foram agrupadas em riscos institucionais, riscos do cooperativismo, riscos de produção, riscos de mercado e riscos financeiros. As questões para avaliar o grau de importância atribuído a cada fonte de risco para a cooperativa, foram de múltipla escolha com uma escala Likert de 5 pontos (nada importante a muito importante). As questões para avaliar o grau de relevância do conjunto de respostas gerenciais para lidar com

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as fontes de riscos apresentadas, também foram de múltipla escolha com uma escala Likert de 5 pontos (nada relevante a muito relevante).

Na quarta parte o objetivo foi avaliar qual o grau de importância que os gestores das cooperativas atribuem aos riscos que os cooperados estão sujeitos e qual a relevância de um conjunto de respostas gerenciais que a cooperativa poderia adotar para auxiliar os cooperados na gestão de seus riscos. As fontes de riscos apresentadas foram agrupadas em riscos institucionais, riscos de produção, riscos de mercado e riscos financeiros. As questões foram de múltipla escolha com uma escala Likert de 5 pontos (nada importante a muito importante). As respostas gerenciais que a cooperativa poderia adotar para auxiliar na gestão dos riscos dos cooperados, foram a respeito dos riscos de produção, riscos de mercado e riscos financeiros. As questões também foram de múltipla escolha com escala Likert de 5 pontos (nada relevante a muito relevante).

E por fim, na quinta parte do questionário, com base nos cenários de melhoria da relação retorno-risco (identificados na análise da fronteira de eficiência), foi apresentada uma lista de motivos que poderia influenciar na decisão da cooperativa em não investir ou incentivar a produção dos itens analisados no modelo de eficiência econômica gerado. O objetivo desta parte do questionário foi avaliar, dentre algumas características particulares da doutrina cooperativista, se as cooperativas estariam dispostas a incentivar mudanças no portfólio de produção agropecuária de seus membros. Essas mudanças são relacionadas à melhoria da relação retorno-risco da produção e, conseqüentemente, a melhoria da gestão dos riscos de mercado. Uma avaliação mais profunda dos cenários gerados na análise de eficiência econômica foi feita através de entrevistas com algumas cooperativas selecionadas intencionalmente (comentado a seguir).

Para cada motivo para não investir ou incentivar a produção dos itens selecionados (desconsiderando os itens em que a cooperativa atualmente se dispõe a incentivar o aumento ou a manutenção da produção atual), foi perguntado qual o grau de influência – pouca ou muita. Os motivos foram baseados em características do cooperativismo e nos objetivos econômicos e sociais das cooperativas. Os motivos apresentados foram:

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• As opções são contrárias aos princípios doutrinários da cooperativa • Desequilíbrio entre objetivos econômico e social da cooperativa • Não promoveria o bem-estar comum

• Não promoveria progresso econômico aos cooperados • Incompatibilidade com o foco estratégico da cooperativa • Incompatibilidade com o histórico de produção da cooperativa • Possíveis resistências a mudanças por parte dos cooperados

Para avaliar a consistência e a facilidade de entendimento dos conceitos e questionamentos propostos no questionário, foi feito um pré-teste com um técnico da OCEPAR, com três especialistas do agronegócio e com quatro professores de Administração que se interessam pelos temas investigados. Para analisar as respostas foi feita uma análise descritiva dos dados. Dada a quantidade de respostas, não foi necessário nenhum tratamento estatístico mais avançado. Todas as questões foram avaliadas quanto às médias e dispersão das respostas. A análise completa é apresentada no capítulo 4, da análise e discussão dos resultados.