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O GRANDE ORIENTE DO ESTADO DO PARANÁ / GRANDE ORIENTE DO BRASIL - PARANÁ BRASIL - PARANÁ

No documento UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ (páginas 128-135)

PARTE III – A MAÇONARIA NO PARANÁ

3.10. O GRANDE ORIENTE DO ESTADO DO PARANÁ / GRANDE ORIENTE DO BRASIL - PARANÁ BRASIL - PARANÁ

O Grande Oriente do Brasil atravessou a segunda (e derradeira) cisão em seu interior no ano de 1973, com os desdobramentos ocorrendo até 1979. Após a ruptura de 1941, com a fundação da Grande Loja do Paraná, o Grande Oriente do Paraná também optou pela independência em 1973 e, com isto, uma junta governativa foi instalada no Estado (ZUCOLI, 2001). E, a partir do término do período de intervenção do poder central no Paraná, o GOB optou em seguir seus trabalhos com uma seção estadual, que contasse com um Grão-Mestre estadual, mas diretamente subordinada ao poder central. Assim, o GOB possui dois Grão-Mestres: um nacional ou geral e um estadual, com os respectivos perfis estudados nesta tese.

Depois do término dos trabalhos da junta governativa, duas chapas apresentaram candidaturas para o exercício do período de governo de 1979 a 1983:

Aldérico dos Reis Petra e Nelson Gramázio (Grão-Mestre e Grão-Mestre Adjunto); e Moacir Visinoni e José Brustolim Junior (Grão-Mestre e Grão-Mestre Adjunto).

Sagraram-se vencedores os primeiros, sendo empossados em 24 de junho de 1979.

Em 1982, neste período administrativo, foi criado o Selo Maçônico do Grande Oriente do Estado do Paraná, também utilizado comercialmente pelos correios (ZUCOLI, 2001).

Entre 1983 e 1987, os maçons Aldérico dos Reis Petra e Nelson Gramázio foram reeleitos para os cargos que já vinham exercendo e destaca-se a fundação de mais cinco lojas maçônicas. No período anterior, Aldérico e Nelson auxiliaram na formação de cinco lojas, demonstrando que, em praticamente uma década, uma loja por ano foi criada no Grande Oriente do Estado do Paraná (BELINI, 2002).

A partir de 1987, o GOEPR mudou sua administração. Novamente duas chapas registraram candidaturas para Grão-Mestre e Grão-Mestre Adjunto, sendo José de Araújo Ramos / João Esteci e José Bueno Mendes / Paulo Opuszka. A eleição ocorreu em março deste ano, sendo eleitos Mendes e Opuszka. A posse ocorreu em junho. José Bueno Mendes havia exercido a função de Grande Secretário de Relações Interiores do GOEPR, desenvolvendo atividades entre as lojas maçônicas da potência. Em 08 de novembro de 1989, após adoecer, Mendes falece e seu Adjunto, Paulo Opuszka assume o mandato, que se encerraria em 1991 (BELINI, 2002).

Encerrado o mandato de José Bueno Mendes e Paulo Opuska, o período subseqüente (1991 a 1995) foi comandado por João Darcy Ruggeri e Nelson Antonio Carneiro, destacando o bom relacionamento entre as lojas maçônicas do GOEPR, conforme Bellini (2002, p. 88). Uma nova constituição foi promulgada e houve o projeto para a construção de uma sede. Vale ressaltar que o Grande Oriente Estadual do Paraná ainda mantinha suas atividades no edifício Acácia, de propriedade da loja Dario Vellozo. O prefeito de Curitiba, Jaime Lerner, cedeu o terreno para a construção da sede, localizada no bairro Uberaba II e este recebeu o convite para o assentamento da pedra fundamental da nova sede, em cerimônia com a presença de maçons do GOEPR e do Grão-Mestre João Darcy Ruggeri.

Ainda com João Darcy Ruggeri como Grão-Mestre, a potência realizou o primeiro congresso do Grande Oriente do Estado do Paraná, que ocorreu em 03 de abril de 1995, no município de Ponta Grossa. Como resultado das decisões do congresso, os maçons da instituição aprovaram uma espécie de manifesto, intitulado

“Carta de Ponta Grossa”, versando sobre dois temas básicos: a nova estrutura administrativa do GOEPR e o apoio das lojas para a construção da nova sede estadual em Curitiba (BELINI, 2002).

Apoiados por Ruggeri, Cliceu Luis Bassetti e Paulo Maia de Oliveira foram eleitos para os cargos de Grão-Mestre e Grão-Mestre Adjunto, respectivamente, para o período 1995-1999. Da mesma forma, houve a realização do segundo congresso da maçonaria paranaense também em Ponta Grossa, de 11 a 14 de abril de 1996. O GOEPR também apoiou a criação, em 28 de setembro de 1996, da Academia Maçônica de Letras, além de aprovar e adotar um manual de sistema ritualístico, ou seja, voltado para questões dos trabalhos no interior dos templos. Por fim, ainda em 1996, iniciam-se as obras da construção da nova sede do Grande Oriente do Estado do Paraná (BELINI, 2002).

No governo de Bassetti, o GOEPR sediou o 4° Encontro de Maçons do Mercosul, além de realizar o terceiro congresso de maçons da instituição – entre 24 e 26 de abril de 1998, no município de Cascavel. As atividades da potência continuaram em ritmo acelerado, com a presença do Grão-Mestre e de maçons em diversos eventos e cerimônias, como o 5° Encontro de Maçons do Mercosul em Gramado-RS, além de adesão à campanha nacional “Maçonaria contra as drogas”, com o apoio do Grão-Mestre geral em exercício do GOB, Márcio Octávio Dias dos Santos e do Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso (BELINI, 2002).

Considerando “os avanços do mandato” de Cliceu Luis Bassetti (de acordo com BELLINI, 2002, p. 106), este foi reeleito para o mandato 1999-2003, sendo o principal objetivo a inauguração da nova sede ainda em 1999. Em 1995, primeiro ano do mandato de Bassetti, o GOEPR possuía 34 lojas maçônicas e, ao término do quarto ano, a potência já contabilizava 59 lojas maçônicas, sendo criadas, portanto, 25 novas lojas.

Cliceu Luis Bassetti permaneceu à frente do Grande Oriente do Estado do Paraná como Grão-Mestre, sendo agora o Adjunto Fernando Antônio Alessi, para o

período 1999-2003. Uma das primeiras ações demonstrada pela administração diz respeito à adoção da realização do Encontro Regional de Aprendizes e Companheiros (ERAC) e, logo em seguida, há o lançamento da segunda versão do manual de práticas ritualísticas (BELINI, 2002).

Em 02 de outubro de 1999 é inaugurada oficialmente a nova sede do Grande Oriente do Estado do Paraná. Bellini aponta um breve resumo sobre o acontecimento da data:

Contando com a presença maciça de irmãos de todas as lojas jurisdicionadas, além de convidados e autoridades representativas dos segmentos da sociedade paranaense, no último dia 02 de outubro inaugurou-se festivamente e com grande entusiasmo a nova sede administrativa do Grande Oriente do Brasil no Estado do Paraná. A 1ª etapa da construção possui uma área edificada de aproximadamente 2.000 m² e deverá abrigar toda a administração, além de contar com um auditório para 200 pessoas e um salão de festa provisório designado de O TÚNEL pelo seu idealizador Ir.’. Aley, coordenador técnico da obra. A construção foi edificada pela empreiteira Cromo – Engenharia e Construções LTDA, que tem como responsável o Engenheiro Dr. Eurico Greca, que executou o projeto arquitetônico de nossa cunhada Josiane Mandalozzo Vassão.

(BELLINI, 2002, p. 116).

A nova sede do Grande Oriente do Estado do Paraná marca até hoje a última transferência de endereço da instituição, então sediada no edifício Acácia.

Após diversas mudanças de endereço, o GOEPR passa a ter uma sede própria – a exemplo das demais potências pesquisadas neste trabalho: o Grande Oriente do Paraná, situado na Rua Antônio Martim Araújo e a Grande Loja do Paraná, com o recém inaugurado Casarão dos Parolin, abrigando administrativamente a instituição.

Concluída a inauguração, a fachada da sede do Grande Oriente do Estado do Paraná (figura 21) se mantem ainda inalterada e o edifício ocupa praticamente toda a quadra no bairro Uberaba II, em Curitiba.

Figura 21. Sede do Grande Oriente do Estado do Paraná

Fonte: BELLINI, 2002, p. 121.

Ainda na administração de Bassetti, o GOEPR realizou o 2° ERAC, em 27 de maio de 2000, no município de Maringá e a terceira edição, em 2001, coordenada pela loja Dario Vellozo, na capital. Outro destaque diz respeito à nomenclatura da nova sede, denominada Francisco Murilo Pinto, Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil recentemente falecido (BELINI, 2002).

O Grande Oriente do Estado do Paraná alterou o nome em 24 de abril de 2001, passando para Grande Oriente do Brasil – Paraná, da sigla GOEPR para GOB/PR. A potência permaneceria adotando a data de fundação como 09 de fevereiro de 1952 (por sinal a mesma do Grande Oriente do Paraná) e a data de reinstalação como 24 de junho de 1979. Esta mudança foi proposta por uma emenda constitucional apresentada na Assembleia Legislativa Maçônica do então GOEPR, modificando os artigos 45, 47,50 e 65 da constituição da potência. Na época o Presidente do Poder Legislativo era o maçom Paulo Maia de Oliveira (BELINI, 2002).

Neste sentido, foi realizada em 20 de abril de 2002 uma sessão comemorativa em alusão ao cinqüentenário do Grande Oriente do Brasil – Paraná, confirmando a data comemorativa de 09 de fevereiro de 1952. Como apontamos, o marco de 1979 é apenas a reinstalação da potência e, desta forma, existem duas potências com a data de fundação sendo 09 de fevereiro de 1952: o Grande Oriente do Paraná e o Grande Oriente do Brasil – Paraná. Curioso é que ambos sustentam a mesma história até a cisão de 1973 e, com o rompimento, cada instituição passou a

trilhar seus próprios caminhos. Todavia, se investigarmos a história do GOP e do GOB/PR de 1952 a 1973, esta será a mesma (BELINI, 2002).

Em 2003, com o encerramento do mandato de Cliceu Luis Bassetti, o Grande Oriente do Brasil – Paraná possuía 71 lojas maçônicas, ampliando a presença da maçonaria no Estado e, conseqüentemente, da potência. As edições do ERAC e do congresso estadual da maçonaria do GOB/PR permaneceram, demonstrando a continuidade dos trabalhos iniciados por Bassetti (BELINI, 2002).

As administrações do GOB/PR seguiram com Paulo Maia de Oliveira (2003-2007), Dalmo Wilson Louzada (2007-2011 e 2011-2015) e Luiz Rodrigo Larson Carstens (2015-). Como notado, o Grande Oriente do Brasil – Paraná permanece com práticas demonstradas nesta seção, como a realização de edições regionalizadas do Encontro de Aprendizes e Companheiros, a Fraternidade Cruzeiro do Sul (uma organização em que as esposas de maçons realizam atividades beneficentes) e a Ordem do Mérito do Pelicano, criada em 1998 e que reconhece personalidades (maçons ou não) que colaboraram para o desenvolvimento do GOB/PR (BELINI, 2002).

Da mesma forma do Grande Oriente do Paraná, o Grande Oriente do Brasil – Paraná é composto por três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. O Poder Executivo possui, além do Grão-Mestre e seu respectivo Adjunto, 21 Grandes Secretarias (cada uma com sua especificidade), tais como finanças, administração, chefia de gabinete do Grão-Mestre, eventos, ritualística, entre outras. Ainda existem sete assessores especiais, destinados a tratar de temas pré-determinados, como questões jurídicas, assistência social, assuntos políticos, assuntos institucionais e militares. O GOB/PR mantém pastas para outros temas peculiares: ERAC, Ordem DeMolay, ação paramaçônica juvenil, maçonaria contra as drogas e a Fraternidade Cruzeiro do Sul (GRANDE ORIENTE DO BRASIL - PARANÁ, 2015).

O Poder Legislativo também possui uma câmara, denominada “Poderosa Assembleia Estadual Legislativa Maçônica”, conhecida pela sigla PAEL64. A mesa diretora respeita a estrutura dos legislativos maçônicos, contando com o Presidente,

64 Demais informações sobre as atividades deste corpo legislativo podem ser consultadas no portal da internet. Disponível em: < http://pael.gob-pr.org.br/index.php?option=com_content&view=article

&id=5&Itemid=161>. Acesso em: 15 ago 2015.

dois vigilantes (vices-presidentes), secretário e orador. São cinco as comissões permanentes: constituição e justiça, finanças, relações públicas, educação e cultura e redação. Há também um conselho fiscal da mútua maçônica, uma espécie de seguro pago aos familiares quando um maçom falece. Cada loja maçônica do GOB/PR tem um Deputado Estadual e um Deputado Federal, pois a potência é uma federação: cada Estado possui sua organização própria, porém não autônoma, uma vez que são diretamente subordinados ao Grande Oriente do Brasil. Já o Poder Judiciário é composto por um tribunal de justiça maçônico e o ministério público, em estrutura muito similar a do Grande Oriente do Paraná (GRANDE ORIENTE DO BRASIL - PARANÁ, 2015).

Esta síntese histórica da segunda fase do GOB/PR (ou da reinstalação da potência) nos apresenta uma trajetória de apenas uma transferência de sede, a dinâmica de realização de eventos e a propagação de lojas maçônicas pelo Estado, com o objetivo de fortalecimento da instituição no Paraná. Traçando um caminho próprio, o Grande Oriente do Brasil – Paraná deixou, pela primeira vez, de reintegrar potências ou de proporcionar a criação de novas potências, estabelecendo assim um período de manutenção sob a ótica do tema “cisão”.

4 RADIOGRAFIA DA INSTALAÇÃO DA MAÇONARIA NO PARANÁ: UMA

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