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O GRANDE ORIENTE DO PARANÁ – SEGUNDA FASE

No documento UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ (páginas 123-128)

PARTE III – A MAÇONARIA NO PARANÁ

3.9 O GRANDE ORIENTE DO PARANÁ – SEGUNDA FASE

A crise instaurada no interior do Grande Oriente do Brasil em decorrência da eleição para o grão-mestrado em 1973 foi apenas o estopim dos problemas estaduais que já existiam no Grande Oriente do Paraná. Anos antes, em 1964, o GOP já havia se desmembrado em uma nova potência, uma tentativa frustrada de independência em relação ao poder central do GOB. Entretanto, um episódio

marcou a questão paranaense da potência: a eleição de 1970 para o cargo de Grão-Mestre Estadual no Estado (BELINI, 2002).

Duas chapas foram apresentadas para a eleição. De um lado, Antenor da Silva Pupo – que já havia exercido o cargo, para Grão-Mestre e Melchiades Cardoso de Almeida, como Adjunto; e de outro Enoch Vieira dos Santos (Grão-Mestre) e Nicolau Balasz Barros (Adjunto). Como o Grande Oriente do Paraná era subordinado ao poder central do GOB, a apuração dos votos deveria ser realizada pelo Superior Tribunal Eleitoral Maçônico no Rio de Janeiro. Todavia, a apuração ocorreu sob a direção da Assembleia Legislativa Maçônica do GOP, sendo os vencedores Enoch Vieira dos Santos e Nicolau Balasz Barros (BELINI, 2002).

Em virtude da conduta imprópria pratica pela Assembleia Legislativa Maçônica do Paraná, o Grão-Mestre geral do GOB, Moacyr Arbex Dinamarco publica o decreto número 2.239, de 22 de junho de 1970, instaurando uma junta governativa60 no Grande Oriente do Paraná, presidida por Aristeu dos Santos Ribas e contando com Bruno Palorari e Alfredo Damasceno Ferreira Sobrinho como integrantes. O objetivo desta junta era empossar o Grão-Mestre estadual e organizar a potência no Paraná após o ocorrido em relação ao pleito (BELINI, 2002).

Após a posse de Enoch Vieira dos Santos, a cisão de 1973 era mais uma questão a ser enfrentada no GOP. Algumas lojas reivindicaram a independência do Grande Oriente do Paraná e vinte e três lojas permaneceram ligadas ao Grande Oriente do Brasil. Diante deste impasse, uma nova junta governativa foi instalada no Paraná, com integrantes se alternando ao longo dos anos, uma vez que esta se iniciou em 1973 e foi encerrada em 1979. Bellini (2002) deixa clara a existência do GOP e do GOB ao mesmo tempo, sendo na teoria uma única instituição, mas na prática dividida em duas, pois “Em conseqüência da cisão, o Grande Oriente do Brasil decretou intervenção no Grande Oriente do Paraná, não extinguindo o Grande Oriente Estadual61, intervenção esta que vai de maio de 1973 a abril de 1979”

(BELLINI, 2002, p. 68).

60 A junta governativa era uma espécie de comissão, contando com três membros, com o propósito de governar a maçonaria temporariamente em decorrência de alguma questão ainda não solucionada.

61 Neste caso um sinônimo para o GOP, uma vez que desde sua fundação em 1952 esteve ligado ao poder central do GOB, declarando a independência em 1979.

Neste período os maçons Melchiades Cardoso de Almeida (maio de 1973 a novembro de 1977), José de Vitis Silva (novembro de 1977 a dezembro de 1978) e Alderico dos Reis Petra (dezembro de 1978 a abril de 1979) presidiram a junta governativa. O objetivo era a organização das eleições de 17 de abril de 1979. O destaque deste período diz respeito a uma apresentação e sabatina dos candidatos a Grão-Mestre geral do GOB, realizada em 21 de janeiro de 1978 (BELINI, 2002).

Encerrado o período de exercício da junta governativa, o Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil, Osires Teixeira promulga o decreto número 2.638, reinstalando o Grande Oriente do Estado do Paraná (GOEPR). O GOP, portanto, se tornaria “independente”, algo que na prática, segundo a história oficial do Grande Oriente do Paraná, já havia ocorrido:

Em seu Ato de número 17/73, o Grão-Mestre do Grande Oriente do Paraná, Venerável Irmão Enoch Vieira dos Santos, declara a sua separação do Grande Oriente do Brasil. "...o Grande Oriente do Paraná não mais acatará qualquer determinação do Grande Oriente do Brasil". Em seu Ato de número 18/73, o Grão-Mestre do Grande Oriente do Paraná cria o Tribunal de Justiça Maçônico e o Egrégio Tribunal Eleitoral. As decisões citadas contribuíram para o efetivo restabelecimento da Paz e os Princípios Maçônicos que se mantiveram inalterados, independentes das divergências ocasionais de seus membros. (GRANDE ORIENTE DO PARANÁ, 2015).

Em 01 de junho de 1973, quarenta e cinco lojas já haviam proposto a Assembleia Legislativa Maçônica a criação de uma nova constituição do Grande Oriente do Paraná. , sendo esta promulgada em 08 de março de 1975. Portanto, a motivação para uma nova constituição foi o primeiro passo para que Enoch Vieira dos Santos publicasse o citado ato número 17/1973, que declarou a derradeira separação do Grande Oriente do Brasil (BELINI, 2002).

Apesar desta saída “oficializada” em 1973, o Grande Oriente do Paraná permaneceu com um caráter dúbio até 1979: de um lado, as lojas lideradas por Enoch Vieira dos Santos, já integrantes da COMAB e, desta forma, independentes;

do outro, as lojas comandadas pela junta governativa do Grande Oriente do Brasil, que receberia a confirmação oficial de suas atividades como unidade federada em 1979. Ambos os grupos seguiram com os trabalhos maçônicos, mas a separação total obteve a confirmação em 1979, com o decreto de reinstalação do GOEPR.

Até mesmo a sede entre as potências era divida. Por conta da separação, o a loja Dario Vellozo, proprietária dos andares do edifício Acácia, acionou judicialmente o Grande Oriente do Paraná, no sentido da desocupação do local. De acordo com Buzato (2009), Frederico Chalbaud Biscaia, eleito Grão-Mestre em 1980, adquiriu dois andares no edifício Helo Center, situado na Rua Comendador Macedo, 39. Esta seria a nova sede do GOP após a cisão de 1973 (BUZATO, 2009).

Figura 19. Edifício Helo Center

Fonte: BUZATO, 2009, p. 30.

As instalações do Grande Oriente do Paraná permaneceram neste local até 24 de janeiro de 1998, quando houve a transferência para um amplo edifício na Rua Antônio Martin Araújo, 391. A construção desta nova (e última sede) foi concluída em junho de 2001. As negociações para a construção de uma nova sede se iniciaram em 1995, uma vez que o Grão-Mestre do período, Lourival Pedro Kaled visualizou a necessidade de ampliar o espaço físico do GOP, pois os andares do edifício Helo Center não comportavam os múltiplos trabalhos desenvolvidos:

gabinete do Grão-Mestre, expediente administrativo, templos maçônicos e espaço para que a Assembleia Legislativa Maçônica realizasse suas sessões.

O edifício da Rua Antônio Martin Araújo conta com um templo nobre, setor administrativo, biblioteca, sete templos menores, salão de festas, estacionamento e um diferencial em relação às demais sedes das potências maçônicas do Paraná:

uma hospedaria, com capacidade para sessenta pessoas, utilizada para abrigo de maçons e parentes que visitam a capital62, além de realização de eventos (BUZATO, 2009).

Figura 20. Sede do Grande Oriente do Paraná

Foto: GRANDE ORIENTE DO PARANÁ, 2011

Enoch Vieira dos Santos seguiu como Grão-Mestre do Grande Oriente do Paraná de 1973 a 1980, quando Frederico Chalbaub Biscaia foi empossado para o período 1981-1983. Ainda assumiram o Grão-Mestrado: João Laércio Gagliardi Fernandes (1983-1985), Luiz Gastão Felizardo (1986), Areli da Silva Correia (1986-1989), Lourival Pedro Kaled (1989-1992 e 1992-1995), José Buzato (1995-1998 e 1998-2001), Ademilson José Miranda (2001-2004), João Krainski Neto (2004-2007, 2007-2010 e 2013-2017) e Celso Luiz Giradello (2010-2013). Como destacado anteriormente, as trajetórias destes Grão-Mestres serão analisadas no capítulo terceiro.

Nesta segunda fase de atividades, o Grande Oriente do Paraná se fixou em apenas dois endereços, sendo o atual (da Rua Antônio Martin Araújo) construído com o auxílio dos maçons de todo o Paraná, conforme aponta Buzato (2009).

Atualmente, o GOP possui 153 lojas filiadas63, trabalhando nos Ritos Escocês Antigo

62 A Hospedaria recebe o nome de Frederico Chalbaud Biscaia, que foi Grão-Mestre do GOP

63 Informações de agosto de 2015, do portal do GOP na internet. Disponível em: <

http://www.gop.org.br/?sec=institucional&page=lojas&tipo=2> Acesso: 15 ago 2015.

e Aceito, Francês (Moderno), Schröder, York, Trabalhos de Emulação, Adonhiramita e Brasileiro.

A administração do GOP possui três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. O Poder Executivo engloba o gabinete do Grão-Mestre e o Grão-Mestre adjunto, além de vinte e quatro Delegacias Regionais, três assessores especiais do Grão-Mestre e 21 Grandes Secretarias (análogas às Secretarias de Estado ou Ministérios), cada qual com sua especificidade, perpassando pelos assuntos ritualísticos, administrativos, tecnológicos, educação e cultura, planejamento e finanças. Constam ainda no Poder Executivo um órgão denominado “Ilustre Grande Conselho”, destinado a julgar assuntos de interesse do Grão-Mestre e interno das lojas, além de um conselho fiscal (GRANDE ORIENTE DO PARANÁ, 2015).

Já o Poder Legislativo é composto da Soberana Assembleia Legislativa Maçônica, sendo que cada loja maçônica possui um Deputado e um suplente eleitos para que realizem a representação das lojas na referida assembleia. Por fim, o Poder Judiciário é dividido em três setores: o Egrégio Tribunal de Justiça Maçônico, que avalia todos os assuntos pertinentes às lojas e maçons; A Câmara Eleitoral, que regulamenta as eleições para Deputado, Venerável Mestre e Grão-Mestre; e o Ministério Público (GRANDE ORIENTE DO PARANÁ, 2015).

3.10. O GRANDE ORIENTE DO ESTADO DO PARANÁ / GRANDE ORIENTE DO

No documento UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ (páginas 123-128)