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O GRANDE ORIENTE DO PARANÁ – PRIMEIRA FASE

No documento UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ (páginas 116-122)

PARTE III – A MAÇONARIA NO PARANÁ

3.7. O GRANDE ORIENTE DO PARANÁ – PRIMEIRA FASE

A história do Grande Oriente do Paraná iniciou-se antes da data de fundação, em 09 de fevereiro de 1952. Houve a fundação em 28 de agosto de 1902 do Grande Oriente e Supremo Conselho do Paraná, uma cisão do Grande Oriente do Brasil (GOB) que perdurou até 1920 – como relatado anteriormente. Esta foi uma das tentativas de fundação de uma instituição maçônica independente no Estado e pode ser considerada como o “embrião” do GOP existente nos dias de hoje, pois até o logotipo atual tem aspecto parecido com aquela organização da época.

O primeiro personagem retratado nos primórdios do futuro Grande Oriente do Paraná foi Normando Jusi. Em divergência com o poder central do Grande Oriente do Brasil e com as lojas do norte do Paraná, Jusi solicita exoneração do

cargo de Delegado do Grão-Mestrado, instaurando definitivamente um clima de animosidade entre os maçons do Estado (ZUCOLI, 2001).

Normando Jusi reuniu primeiramente os Veneráveis Mestres das lojas Dario Vellozo, Cardoso Júnior e Concórdia IV (BUZATO, 2009, p. 19) em sua residência para noticiar o ocorrido. Posteriormente, o Venerável Mestre da loja Dario Vellozo, Major Antônio Couto Pereira, convocou uma reunião a ser realizada no templo da Loja Concórdia IV, localizado na Avenida Jayme Reis, 136, na cidade de Curitiba, a fim de proceder a fundação do Grande Oriente do Paraná. Estiveram presentes além de Normando Jusi os maçons Theodorico Ferreira Martins (presidente da reunião, por ser o mais idoso) e Antonio Couto Pereira. Na mesma eleição o maçom Sylvestre de Souza foi eleito Grão-Mestre, sendo o Major Antônio Couto Pereira o adjunto.

Nesta mesma ocasião foram apresentadas às lojas as seguintes proposições, conforme consta no portal da internet57 do GOP:

1 - A consideração de que se tratava de um velho anseio das Lojas do Estado a criação do Grande Oriente do Paraná e que os acontecimentos já citados teriam precipitado a concretização daquele ideal.

2 - A Maçonaria deveria acompanhar a extraordinária evolução do Estado do Paraná, e o Grande Oriente do Paraná traria, com suas inúmeras oficinas, a necessária congregação e compensadoras vantagens de ordem moral tão necessárias à Instituição Maçônica da época.

3 - O Grande Oriente do Paraná ficaria vinculado ao Grande Oriente do Brasil e com isto reforçaria a União Maçônica que deveria existir entre todos os Irmãos, com o fortalecimento da solidariedade e dos elevados princípios da Doutrina Maçônica.

4 - E tendo considerado, à ocasião, que a união de todos era propícia à concretização do tão elevado "desideratum", foi proposta à aprovação pelos presentes. (GRANDE ORIENTE DO PARANÁ, 2015).

O timbre utilizado pelo GOP era muito parecido com o do Grande Oriente e Supremo Conselho do Paraná – o criado em 1902 e permanece praticamente inalterado até hoje:

57 Disponível em: < http://gop.org.br/index.php?sec=institucional&page=historia>. Acesso em: 11 ago 2015.

Figura 15. Timbre

do Grande

Oriente do Paraná

Fonte: ZUCOLI, 2001.

Efetuada a fundação do Grande Oriente do Paraná, em 13 de fevereiro de 1952 houve a promulgação do ato nº 03, solicitando que as lojas maçônicas integrantes do GOP realizassem eleições, visando eleger deputados para a assembleia constituinte, que ocorreria em 22 de março. Todavia, em virtude de adiamentos, a assembleia reuniu-se em 07 de setembro e 24 de outubro, aprovando a redação final da primeira constituição do Grande Oriente do Paraná, que seria promulgada em 15 de novembro de 1952. O primeiro texto constitucional caracterizava o GOP como “célula complementar da Maçonaria Brasileira e Universal, obediente ao Grande Oriente do Brasil” (BUZATO, 2009, p. 21). Nota-se, portanto, a permanência da subordinação da potência junto ao GOB

A segunda constituição do Grande Oriente do Paraná foi promulgada em 17 de maio de 1963, sendo ainda subordinado ao Grande Oriente do Brasil, mas o conceituando como “Corpo Maçônico Simbólico”, isto é, permanecendo a separação entre graus simbólicos e filosóficos, restringindo ao primeiro as ocupações e obrigações da potência. Outras três novas constituições foram elaboradas pelo GOP, mas que serão abordadas na segunda parte histórica da potência (BUZATO, 2009).

Em relação às sedes do Grande Oriente do Paraná, este foi instalado no templo da loja Concórdia IV, situado na Avenida Jayme Reis, 136. Não podemos afirmar que este endereço se constituiu enquanto sede da potência, uma vez que apenas a primeira reunião ocorreu neste local. Entretanto, conforme Buzato (2009), o primeiro número do boletim do GOP, publicado em 29 de fevereiro de 1952, indicava como sede uma sala comercial, na Praça Osório, 115 – sala 152, conforme a imagem abaixo (figura 16). Após poucos meses de funcionamento neste local (por se tratar de uma sede provisória), o Grande Oriente do Paraná se transferiu para a

Avenida Sete de Setembro, 3356, no primeiro andar do prédio destacado na imagem (figura 17). O edifício abrigou a potência te abril de 1955, quando uma nova mudança foi realizada.

Frisamos que, apesar da aparência de independência do Grande Oriente do Paraná na procura por uma sede definitiva, este ainda era subordinado ao poder central Grande Oriente do Brasil, o que condicionava as atividades da potência durante este período – o que pode auxiliar a compreender a dificuldade em manutenção de uma sede fixa e permanente do GOP.

Figura 16. Primeira sede do Grande Oriente do Paraná

Fonte: ZUCOLI, 2001.

Figura 17. Segunda sede do Grande Oriente do Paraná

Fonte: F.C.C.-Casa da Memória-NG nº 12.812

As mudanças de sede do Grande Oriente do Paraná não se encerraram. Em virtude deste caráter “nômade”, o GOP buscou a construção de uma sede própria, que relataremos adiante. Neste ínterim, a instituição esteve localizada na Avenida Visconde de Guarapuava, 2646; na Rua XV de Novembro, 556 – 3° andar, entre outubro de 1964 e abril de 1965; na Avenida Munhoz da Rocha, 624, de abril a outubro de 1965; e, por fim, de outubro de 1965 a março de 1966, na Rua Marechal Deodoro, 126 – 2° andar (Edifício do Trabalhador).

Em 1960, a loja Dario Vellozo contrata a construção de um condomínio na Praça Zacharias, no mesmo endereço em que a loja Fraternidade Paranaense possuía seu templo. A construtora responsável pela obra foi a MAPI S/A e a construção da sede foi possível a partir do processo de fusão das lojas Fraternidade Paranaense e Dario Vellozo. Segundo Buzato (2009), o:

Templo foi demolido para dar lugar à construção do edifício ACÁCIA, onde o Grande Oriente do Paraná, a Loja proprietária DARIO VELLOZO e as demais sediadas na capital terão futuramente suas instalações. (BUZATO, 2009, p. 28)

O lançamento da pedra fundamental da construção ocorreu em 24 de junho de 1961, evento este que contou com a presença de autoridades maçônicas do Paraná e localidades vizinhas58. A obra durou cinco anos e, em 23 de junho de 1966, a loja Dario Vellozo realizou a primeira sessão em novas instalações. O Grande Oriente do Paraná, da mesma forma, foi transferido para o edifício Acácia, permanecendo neste local até a cisão de 1973, fato este que será abordado na segunda etapa da história do GOP (BUZATO, 2009).

As imagens abaixo (figura 18) retratam dois momentos da história do edifício Acácia, local em que o Grande Oriente do Paraná permaneceu por maior período de tempo desde a sua fundação em 1952. À esquerda, há a fotografia do edifício

58 Maiores informações sobre o ato estão no portal da internet do Museu Maçônico Paranaense:

<http://www.museumaconicoparanaense.com/MMPRaiz/Pca_Zacharias/Lancamento_Pedra_Fund_E df_Acacia-24-06-1961.htm>. Acesso em: 13 ago 2015.

datada de 1966, oportunidade da sua inauguração; à direita59, o edifício Acácia em 2015, demonstrando que as características originais da construção se mantem praticamente inalteradas com o transcorrer do tempo.

Figura 18. Edifício Acácia

Fonte: ZUCOLI (2001) e IMG anúncios (2015)

Quanto aos Grão-Mestres que exerceram o cargo nesta primeira fase do GOP (entre 1952 e 1973), foram catalogados os dados dos seguintes maçons:

Sylvestre de Souza (1952), Major Antônio Couto Pereira (1952-1953 e 1957-1961), Normando Jusi (1953-1957), Carlos Bardelli (1961-1964), Antenor da Silva Pupo (1964-1965), Aristeu dos Santos Ribas (1965-1970), Fábio Pinheiro (1966 - interino), Enoch Vieira dos Santos (1970-1973). Por se tratar objeto desta tese, estes terão as biografias analisadas em conjunto na quinta parte, com o objetivo de realizar um detido exame sobre os mesmos.

A história do Grande Oriente do Paraná nesta primeira fase se encerrou em 1973, quando houve a cisão do Grande Oriente do Brasil (poder central), como abordado anteriormente. Desta forma, a potência optou em declarar a

59 Imagem do Edifício Acácia (2015) disponível em: <

http://imganuncios.mitula.net/otima_oportunidade_lindo_apartamento_para_venda_aluguel_40_m_1_

quarto_r_170_000_centro_curitiba_3920005431816966009.jpg>. Acesso em: 13 ago 2015

independência em relação ao GOB e, assim, o GOP seguiu uma trajetória própria, passando a integrar posteriormente a Confederação Maçônica do Brasil – esta que será abordada adiante. Ainda que o Grande Oriente do Paraná atravessasse diversas mudanças em relação às sedes de suas atividades, podemos apontar que havia o interesse de integração com o poder central do Grande Oriente do Brasil e, a característica de independência em relação ao mesmo é uma questão abordada apenas em 1973, dada a ruptura abordada anteriormente e posterior criação da COMAB.

No documento UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ (páginas 116-122)