• Nenhum resultado encontrado

2 GROUNDING 45.

2.4 PONTOS DE CONTATO ENTRE GROUNDING E OUTROS CONCEITOS 64.

2.4.6 Grounding e redução 73.

a ideia de possível sobredeterminação dessa verdade.

O trabalho de “tradução” de princípios de truth-making em termos de grouding é bastante extenso e complexo, não se limitando por óbvio à breve passagem aqui resenhada. Um trabalho mais abrangente e, no entanto, ainda assim não completo, foi desenvolvido por Correia (2014) a quem se remete o leitor com interesse específico pela questão.

Jack Yip (2015) assinala algumas diferenças importantes entre as duas relações. Embora partilhem algumas propriedades formais (assimetria, irreflexividade, hiperintensionalidade, factividade, boa fundação, hierarquização 45 ), sejam

impassíveis de tradução em termos modais por serem ambas hiperintensionais e ainda partilhem de táticas epistêmicas de acesso ou definição (ambas partem de exemplos da linguagem comum e ligam-se a conjunções nela utilizadas – ‘em virtude de’ ou ´porque’ - para fazerem emergir seus conceitos), diferem no sentido de que a relação de truth-making é transcategorial enquanto grounding jungiria apenas fatos, sendo certo que uma postura mais liberal no que diz respeito a esta última a tornaria incapaz de expressar aquilo que expressa a primeira.

2.4.6 Grounding e redução

Até o momento as noções que se mostraram “vizinhas” ao grounding levaram a formulações e análises em seus termos. As coisas se mostram diferentes quando tratamos da noção de redução. O senso comum do que seja redução de x a y leva- nos intuitivamente a pensar que eles se mostram ao final e ao cabo uma mesma coisa. Se x pode ser reduzido a y não há diferença efetiva entre eles e, por isso, não se mostra errôneo dizer que y pode ser reduzido a x. A reflexividade se insinua facilmente.

45 Well-foundnesse (boa fundação) tem o sentido de que todas as relações de grounding eventualmente recaem sobre uma base ontológica fundamental (entes fundamentais). Rosen (2010) não entende que

grounding seja necessariamente bem-fundado, no sentido de que não vê problemas no fato de que

haja relações de grounding que descendem infinitamente rumo a entes ou fatos ainda mais fundamentais sem jamais encontrar um “leito de pedras” (entes fundamentais non-grounded). A hierarquização pode ser de no caso de truth-making (proposições e fatos) e multinível no caso de

grounding (por exemplo fatos biológicos que se fundam em fatos químicos que se fundam em fatos

Isso já seria suficiente para que pensássemos na incompatibilidade da redução em relação ao grounding, na medida em que por ela estamos a procurar os fundamentos de um fato, o fundante do fundado. Os princípios antes expostos já mostraram, por outro lado, que se trata de uma relação assimétrica e antirreflexiva. Como seria possível assimilar-lhe os relata?

A seguinte lista de sentenças que expressam redução e grounding mostram a incompatibilidade das noções:

1. O fato de ser o caso que  (2 + 2 = 4) consiste (leia-se também reduz- se a) no fato de ser o caso que (2 + 2 =4).

2. O fato de ser o caso de João ser solteiro consiste (ou reduz-se a) no fato de ser o caso que João não é casado.

3. O fato de ser o caso que isso é uma molécula de água consiste (ou reduz-se a) no fato de que isso é uma molécula de H2O.

Ao lermos as sentenças acima resta claro que há um mesmo fato expresso de duas maneiras diferentes, que os fatos expressos nas primeira e segunda partes de cada uma das três sentenças na verdade são apenas um e mesmo fato.

O sentido que obtemos é bem diferente quando formulamos essas sentenças servindo-nos do arcabouço de grounding, que a princípio é dotado de irreflexividade, levando aquele que assere as seguintes sentenças a expressar a ideia de que o fato

ground e o fato grounded são distintos:

4. O fato de ser o caso que  (2 + 2 = 4) se funda no fato de ser o caso que (2 + 2 =4).

5. O fato de ser o caso de João ser solteiro se funda no fato de ser o caso que João não é casado.

6. O fato de ser o caso que isso é uma molécula de água se funda no fato de que isso é uma molécula de H2O.

Dadas as considerações acima, percebe-se que é incompatível que se formem pares de sentenças verdadeiras com as sentenças [1,4], [2,5] e [3,6]. Não parece haver conciliação possível, na medida em que as primeiras três sentenças levam à

conclusão de que seus termos constituintes colapsam, enquanto as três últimas pressupõem sua distinção. Anota Rosen (2010) que a conciliação das noções naquilo que batizou como o Link Grounding-Redução é possível desde que sustente-se a redução como uma relação entre fatos distintos em uma análise. Um tal modo de conceber a redução poderia aproximá-la do grounding. Mostra-se interessante aqui a transcrição do trecho:

Grounding-Reduction Link: If <p> is true and <p> ⇐ <q>, then [p] ← [q].

In words: If p’s being the case consists in q’s being the case, then p is true in virtue of the fact that q. The prima facie case for the Link comes from examples. To be a square just is to be an equilateral rectangle, let us suppose. This means that if ABCD is a square, then it is a square in virtue of being an equilateral rectangle. To be an acid just is to be a proton donor. So HCl is an acid in virtue of the fact that HCl is a proton donor. Suppose Lewis is right; suppose that for a proposition to be necessary just is for it to hold in all possible worlds. Then it is a necessary truth that whatever is green is green, and if we ask what makes this proposition necessary, the answer will be: It is necessary in virtue of the fact that it is true in every world.

These instances of the Grounding-Reduction Link have a certain ring of plausibility. We do think that correct analyses support explanatory claims, and it is natural to suppose (having come this far) that these explanations point to metaphysical grounds of the sort we have been discussing. But the Link presents us with a real puzzle. After all, if our definition of square is correct, then surely the fact that ABCD is a square and the fact that ABCD is an equilateral rectangle are not different facts: they are one and the same. But then theGrounding-Reduction Link must be mistaken, since every instance of it will amount to a violation of irreflexivity.

If we wish to retain the Link, we must insist that reduction is a relation between distinct propositions. There is some evidence that this is in fact how we conceive the matter. Thus it sounds right to say that Fred’s being a bachelor consists in (reduces to) his being an unmarried male, but slightly off to say that Fred’s being an unmarried male consists in (or reduces to) his being a bachelor. This asymmetry corresponds to an explanatory asymmetry. Fred is a bachelor because (or in virtue of the fact that) he is an unmarried man, but not vice versa. On the assumption that the explanatory relation in question is a relation between facts or true propositions, this asymmetry entails that the reduced proposition and the proposition to which it reduces must be distinct. (ROSEN, 2010, pp. 123-124).

2.5 OBJEÇÕES AO CONCEITO DE GROUNDING

Grounding também possui seus opositores. Dentre os diversos trabalhos

dedicados a apontar suas incongruências, avulta pela importância o texto de Jessica Wilson (2014), ante da discussão e respostas que suscitou. É representativo dessa relevância o artigo de Schaffer (2014). Como dito anteriormente, a discussão acerca