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Grupo Mota-Engil

No documento Alargamento da União Europeia: (páginas 60-63)

CAPÍTULO 5. CASOS DE SUCESSO DE PENETRAÇÃO DAS EMPRESAS

5.2. Estudo de casos de empresas: Motivações, estratégias, projectos e desafios

5.2.1. Grupo Mota-Engil

Fundada em 1946, a Mota e Companhia teve sempre uma forte política de geo- diversificação. No domínio dos mercados, foi traçado um duplo caminho: internacionalizar e diversificar, ou seja, procurar novos segmentos de actividade, aproveitando sinergias, e obter uma dispersão geográfica controlada, através da identificação de oportunidades de prestação de serviços, com particular incidência na Europa Central. O processo de internacionalização, designadamente em países como a Polónia, República Checa ou a Hungria, constitui para a empresa, num cenário de abrandamento da construção nacional, uma alternativa credível. Com efeito, estes três

países representam um mercado de 60 milhões de pessoas, 400.000 km2,com fronteiras ao mercado potencial da ex-URSS, de mais de 300 milhões de pessoas.

Dada a manifesta dificuldade que tivemos em obter uma entrevista por parte da Mota-Engil, optamos pelo envio de um inquérito, que visava obter informação relativa às razões, factores de atracção e dificuldades do IDE da empresa na Hungria, Polónia e República Checa46. Como razões preponderantes para o IDE da empresa nestes países, Arnaldo Figueiredo, administrador para a área internacional do Grupo Mota-Engil, destaca o lucro; o facto de ser uma excelente oportunidade de negócio; a possibilidade de aumento da competitividade global, devido ao aproveitamento de economias de escala; a escassa capacidade interna; a dispersão do risco; a diversificação de actividades e o peso do mercado externo no volume de negócios. Como principais factores de atracção salienta: a dimensão; as facilidades de financiamento, a dispersão geográfica; o baixo risco político e a qualidade da mão-de-obra. É curioso notar que Arnaldo Figueiredo não referiu os baixos custos da mão-de-obra. Tal é justificável à luz da afirmação que o mesmo proferiu, em entrevista ao ICEP, a respeito da Hungria: “ a Hungria não deve ser encarada como um mercado em desenvolvimento, mas sim como um mercado maduro com grandes potencialidades. Assim sendo, empresas com um modelo de negócio desenvolvido, que escolham a Hungria pela sua posição estratégica, pela sua mão-de-obra qualificada e pela mais valia que possam representar para o mercado, têm a sua oportunidade. Por seu turno, empresas que insistam num modelo de mão-de-obra barata e sem acréscimos de valor, explorando modelos que já caducaram em Portugal, não encontrarão na Hungria o mercado certo!”. Em todo este processo de penetração nos mercados do Leste Europeu, as principais dificuldades prendem-se com a língua; o complexo enquadramento legal; os custos de arranque e as dificuldades de obtenção de crédito junto das instituições financeiras destes países.

O Grupo Mota-Engil lidera a facturação gerada no exterior no sector da construção (194,2 milhões de euros)47, pelo que prevê obter uma facturação de 120 milhões de euros em 2005 na República Checa, Hungria e Polónia duplicando o valor registado em 200248.

46

O inquérito realizado à Mota-Engil figura no anexo 13. 47

5.2.1.1. Polónia: Um caso de sucesso

A Polónia é o principal mercado da Europa de Leste, onde a Mota-Engil já está presente com várias empresas de direito polaco. O grupo lidera um consórcio49 ao qual foi adjudicado o maior investimento alguma vez feito na Polónia no sector do ambiente. Segundo documento oficial, publicado pela Mota-Engil, “com esta adjudicação o grupo consegue entrar na área do ambiente polaco, objectivo pelo qual vinha trabalhando há já algum tempo”. O Grupo faz parte da participada KPRD, a qual foi recentemente distinguida com uma menção especial no concurso para a melhor obra de 2002 na Polónia. O Grupo Mota-Engil tem também a Martifer, uma participada que actua na área da construção metálica e que vai realizar um forte investimento na Polónia, conforme revelou Jorge Martins, administrador da empresa, ao Jornal de Negócios em 16/06/200350. O administrador da Martifer admitiu que o aproveitamento dos incentivos ao investimento, no âmbito da adesão da Polónia à UE foi determinante na rapidez da decisão de avançar para este mercado.

5.2.1.2. Hungria: Um mercado maduro no centro da Europa

A Mota e Companhia decidiu estabelecer-se, definitivamente, na Hungria, em 1997, tendo fundado a Mota Hungaria RT, uma empresa de obras públicas vocacionada para as vias de comunicação. Segundo Arnaldo Figueiredo, "esta empresa começou por ser uma parceria entre o nosso grupo e uma empresa local, a repartição do capital era de 60% para nós e 40% para os húngaros". Mas esta situação iria sofrer alterações pois "com o desenvolvimento e crescimento da empresa foi necessário investir mais dinheiro e o nosso parceiro não podia acompanhar, pelo que resolvemos comprar os 40% que ainda não detínhamos". Foi o primeiro revés para o grupo português, mas que não os impediu de apostar na compra de uma nova empresa de obras públicas, vocacionada para a área do ambiente, a Metroepszolg.

O ambiente é uma área a que o grupo nacional tem dado sinais de estar atento, e na qual planeia intensificar a sua presença. Ganhou recentemente dois contratos,

49

O consórcio integra, para além da Mota e Companhia (que controla 80% deste consórcio), as empresas polacas Eltor e Transprojekt Gdanski

50

A previsão para a subsidiária Polaca (Martifer Polska) é que atinja um volume de negócio próximo de 10 milhões de euros em 2004 e 50 milhões no final do quarto ano de actividade.

vencendo concorrentes como o gigante francês Bouygues e a construtora húngara Vegyepeszer. O processo de reabilitação ambiental da Hungria, subsidiado pela União Europeia, está a ser bem aproveitado pela empresa, que pretende intensificar a sua presença no país, nomeadamente através da conquista de concursos a conceituadas empresas húngaras. Joaquim Pimpão, delegado do ICEP neste país da Europa Central, adiantou ao Diário Económico que o Grupo Mota Engil apresentou “uma boa proposta técnica e financeira” o que, aliado ao trabalho de “lobby” realizado no âmbito da estratégia de política económica deste instituto estatal, terá garantido a vitória em dois concursos.

No documento Alargamento da União Europeia: (páginas 60-63)