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Grupo Portugal Telecom: Investimento garantido com o parceiro certo

No documento Alargamento da União Europeia: (páginas 64-73)

CAPÍTULO 5. CASOS DE SUCESSO DE PENETRAÇÃO DAS EMPRESAS

5.2. Estudo de casos de empresas: Motivações, estratégias, projectos e desafios

5.2.3. Grupo Portugal Telecom: Investimento garantido com o parceiro certo

crescimento deste sector, especialmente nos serviços móveis, cujo número de utilizadores já ronda os 6 milhões. As perspectivas futuras são aliciantes, pois o arranque tardio do processo permite alavancar as experiências dos restantes países de forma a implementar as melhores práticas e tecnologias, que permitam a criação de um ambiente competitivo, saudável e eficaz.

A entrada da PT no mercado foi feita através da Húngaro Digitel Communications (HDT). A PT detém uma participação efectiva de 44,62% no capital social da HDT52, empresa constituída em 1991 e que desde 1994 tem como actividade principal a prestação de serviços de comunicações empresariais, oferecendo soluções de rede corporativa, aproveitando deste modo o forte potencial do mercado em consequência do fraco desenvolvimento do sector, especialmente nos serviços móveis. Para o efeito, a então Marconi associou-se a um forte parceiro local e definiu como estratégia concentrar-se na sua área de negócios, trazendo para o consórcio a sua já larga experiência. Tal actuação permitiu à HDT assumir a liderança do mercado nos últimos dois anos, ao mesmo tempo que diversificou o número e tipo de utilizadores, com especial crescimento junto de empresas multinacionais. Estes clientes, devido à sua presença nos países da região, e os grandes investidores húngaros com ambições regionais, permitem à HDT internacionalizar-se de uma forma segura e consolidada. Do ponto de vista económico, a operação da HDT apostando na qualidade dos serviços e em utilizadores de prestígio, tem correspondido às expectativas, tendo a PT razões para acreditar na sustentabilidade deste investimento e no seu crescimento, à medida que o volume de negócios dos clientes for crescendo, mercê da expansão geográfica.

O investimento da PT na Hungria reveste-se de particular importância na dimensão estratégica (como forma de explorar oportunidades que surjam na região e para colmatar a tendência para a saturação dos mercados da Europa Ocidental) e na dimensão económica (dada a robustez da economia local, traduzida pelas taxas de rentabilidade que a operação tem trazido até à data). Posto isto, conclui-se que a escolha dos parceiros é seguramente um factor determinante para o sucesso!

CONCLUSÃO

A economia portuguesa, dada a sua pequena dimensão, está fortemente dependente da dinâmica de evolução económica, política, cultural e social do organismo vivo em que está integrado: a União Europeia! O recente alargamento da UE constitui um grande desafio para a economia nacional, nomeadamente porque a maioria dos países aderentes, nomeadamente a Hungria, Polónia e República Checa, compete em sectores nos quais possuímos vantagens comparativas, tais como os têxteis, vestuário, calçado, mobiliário e sector automóvel. Cumulativamente, estas três economias apresentam uma mão-de-obra mais barata e qualificada que a portuguesa, melhores resultados em termos de I&D, para além de beneficiarem de uma posição geoestratégica privilegiada, ficando a economia portuguesa numa situação ainda mais periférica.

Posto isto existe, entre nós, a percepção de que o presente alargamento a Leste constitui uma grande ameaça à nossa economia. Esta ideia foi, de certa forma, confirmada com o famoso estudo da Comissão Europeia que sugeria que Portugal seria o principal perdedor, mercê da perda de fundos estruturais e do seu posicionamento geográfico. Sendo certo que os fundos estruturais têm sido fulcrais para o melhoramento das nossas infra-estruturas, estes, por si só, não são responsáveis pelo sucesso ou fracasso económico de um país. No caso português, os fundos perpetuaram, e por vezes acentuaram, uma cultura de subsídio-dependência. Não será este alargamento o empurrão que Portugal precisava para apostar numa forte cultura de inovação, produtividade e competitividade? Num mundo cada vez mais globalizado e competitivo, se não forem os países de Leste a competirem com mão-de-obra barata, serão os brasileiros, chineses, indianos, os sul-africanos ou outro qualquer país em desenvolvimento. Uma politica de competitividade alimentada por fundos comunitários, baixos salários e fraca produtividade está, inevitavelmente, condenada ao fracasso. Esta é uma oportunidade única para reformarmos certos sectores da nossa economia e redireccionarmos o nosso esforço de investimento. A mudança do nosso país passa pela inovação. Esta é essencial para a criação de valor e para mudar a composição do nosso produto. Temos que apostar em sectores de alto valor acrescentado, sejam os de alta ou média tecnologia. Krugman defendeu esta posição ao afirmar “a solução passará por uma aposta na adopção de novas tecnologias, na melhoria das infra-estruturas,

aumentar as exportações, na educação “ (Diário Económico, 21 Maio de 2004). Há, desde logo, oportunidades no que respeita às exportações, naturalmente nos sectores em que temos vantagens comparativas e detemos o domínio tecnológico. Também nos serviços financeiros e nas obras temos um know-how específico apreendido nas grandes obras de infra estruturação do nosso país com o apoio dos fundos comunitários.

No que concerne ao “cepticismo” gerado pela deslocalização de empresas para estes países, não podemos ter uma visão redutora e encarar o investimento com um jogo de soma nula. Com efeito, não é pelo facto de as empresas passarem a investir nos PECO que terão de deixar de investir em Portugal. O desafio passa pela nossa capacidade de criar incentivos que atraíam investidores estrangeiros. O resultado do investimento a longo prazo é um jogo de soma positiva e é esta visão que deverá nortear a actuação dos nossos empresários e governantes. Por outro lado, assiste-se a um esforço de internacionalização de grandes grupos económicos portugueses, nomeadamente os case studies referidos no nosso trabalho. Os nossos empresários começam a marcas pontos no exterior, dando sinais de optimismo à nossa economia. A deslocalização é uma oportunidade para as empresas portuguesas, nomeadamente as exportadoras para os mercados dos três países por nós analisados, que têm aqui uma oportunidade não só de defender a sua quota de mercado como até a aumentar significativamente.

Com este trabalho procuramos analisar de um ponto de vista dinâmico o enquadramento do nosso país face a estas economias e, dados os desafios e oportunidades que este alargamento coloca à economia portuguesa, atentar para o facto de que, se não forem as empresas portuguesas a explorar estas oportunidades ditas de deslocalização, outros o farão por nós e, o mais preocupante, é que o farão à custa da nossa inércia e incapacidade de responder dinâmica e eficazmente aos desafios que o mercado único mais vasto do mundo nos coloca!

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