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Investigação & Desenvolvimento

No documento Alargamento da União Europeia: (páginas 54-59)

CAPÍTULO 4. ALGUNS PONTOS DE ATRACÇÃO DA HUNGRIA,

4.3. Investigação & Desenvolvimento

Um dos pontos fortes dos Países da Europa de Leste é o esforço feito pelos governos e empresas no sentido de promover a Investigação e Desenvolvimento. Esse esforço é visível na despesa em I&D, no número de pessoas licenciadas na área de Ciências e Tecnologia, no número de registo de patentes etc. Estes são factores que facilitam a acumulação de competências tecnológicas por parte das empresas, e contribuem para o melhoramento do processo produtivo. As competências tecnológicas de uma empresa dizem respeito às qualificações e informações que, de forma eficiente, facultam ou tornam possível a utilização de equipamento e de tecnologia (Lall et al, 1993). Trata-se, então, de um processo evolucionista dependente de um esforço planeado pela própria empresa, pelo que relaciona com as técnicas institucionais que permitem uma acumulação de saberes ao longo do tempo (Nelson e Winter, 1993).

No quadro seguinte, apresenta-se a despesa de cada país em I%D.É nítido que a entrada dos 10 novos países na UE não levou a uma alteração significativa no valor deste indicador. Este valor passou de 1.98% na UE 15 para 1.93% na UE 25, em 2001.

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ISCED 4 - Educação pós-secundário, mas não de nível superior. Estes programas fazem a ligação entre os níveis 3 e 5, servindo para aprofundar conhecimentos dos estudantes com o nível 3. Tipicamente preparam os estudantes para o nível 5 ou para a entrada directa no mercado de trabalho.

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Tal demonstra que estas economias concretizam um esforço de I&D, no seu conjunto, não muito inferior ao valor estimado para UE15. Concretamente em relação aos países em estudo, apenas a Polónia apresenta um valor inferior ao português. A República Checa apresenta a percentagem de I&D mais alta. A Hungria tem feito uma aposta contínua nesta despesa.

Quadro 26: Despesa em I&D em % do PIB

1997 1998 1999 2000 2001 UE25 (25 países) 1.83 s 1.83 s 1.88 s 1.91 s 1.93 s UE15 (15 países) 1.87 s 1.88 s 1.92 s 1.95 s 1.98 s República Checa : : : 1.23 1.22 Hungria 0.72 0.68 0.69 0.80 0.95 Polónia : : 0.70 0.66 0.64 Portugal 0.61 : 0.75 r : 0.85 e

Fonte: Eurostat, indicadores estruturais – Investigação e Desenvolvimento

Legenda: s – estimação do Eurostat; r – valor revisto; e – valor estimado

A despesa em I&D divide-se em pública e privada. No quadro de despesa pública em I&D que se segue, nota-se que, apesar de a República Checa ser o país com maior percentagem do PIB nesta despesa, é a que apresenta valor mais baixo de despesa pública, apresentado em 2001 o valor de 43.68% contra 60.95% de Portugal. Tal é resultado de uma política do Estado que cedo se baseou em transferências de tecnologia e apoio de consultadoria e informação às empresas, permitindo à iniciativa privada ter hoje um papel importante. Ao nível de apoios públicos, as universidades e institutos recebem subsídios de apoio à investigação, atribuídos pelo Departamento de Fundos e acompanhados pelo Conselho de Investigação e Desenvolvimento da República Checa. A Hungria encontrava-se em 1995 pouco organizada cientificamente, nomeadamente ao nível de princípios e instituições. Coube à Academia Húngara de Ciências criar novos princípios e políticas de I&D. A lacuna da política húngara era precisamente a dificuldade de formular as estratégias necessárias, o que criou alguma instabilidade. Contudo esta economia possui pontos fortes a este nível: forte tradição educacional, força de trabalho qualificada, boa base de conhecimentos e reforma das infra-estruturas de I&D (European Comission – Science Research Development, 1999). A percentagem de despesa pública em I&D da Hungria manteve-se constantemente abaixo da de Portugal.

centralizado numa agência, a KBN, que direcciona os gastos baseado nos princípios de competição e excelência. Na Polónia a maior parte da Investigação é académica, e é para lá que se direccionam os fundos, não havendo portanto apoios significativos à investigação privada.

Quadro 27: % da despesa doméstica em I&D financiada pelo governo

1997 1998 1999 2000 2001 UE15 (15 países) 37.04 e 36.19 e 34.86 e 34.25 e 34.35 ep República Checa 30.79 36.84 42.62 44.51 43.58 Hungria 54.82 56.23 53.24 49.54 53.62 Polónia 61.67 59 58.53 63.44 64.78 Portugal 68.21 b 69.07 e 69.68 64.79 e 60.95

Fonte: Eurostat, indicadores estruturais – Investigação e Desenvolvimento

Legenda: b – quebra na série; p – valor previsto; e – valor estimado

A despesa em I&D financiada pelo exterior, apresentada em seguida, evidencia a capacidade do país de atrair investimentos que permitam melhorar o nível tecnológico. A este nível, a Hungria ultrapassa até a média da UE15, tendo atingido a percentagem mais alta em 2000 com 10.63% da despesa em I&D a ser financiada pelo exterior. A Hungria tem atraído investimentos directos estrangeiros de grande qualidade. Multinacionais têm reconhecido a força da base científica deste país. Contudo, o impacto do capital estrangeiro no progresso tecnológico levou à melhoria dos níveis tecnológicos standards de produção. O sistema de I&D é orientado para a vertente internacional, com diversos programas de mobilidade internacional de investigadores.

Apesar de o Investimento Directo Estrangeiro (IDE) na República Checa ter vindo a aumentar, em 2001 a despesa em I&D na indústria é ainda considerado demasiado baixo. Também na Polónia, o interesse do sector industrial, nomeadamente exterior, em I&D é bastante limitado (representa apenas 2,44% em 2001). Face a estes dois últimos países, Portugal apresenta uma vantagem confortável com 5.07% do financiamento de I&D a ser feito pelo exterior, mas está ainda relativamente longe da média da UE 15 (7.6% em 2001).

Quadro 28: % da despesa doméstica em I&D financiada pelo exterior

1997 1998 1999 2000 2001 UE15 (15 países) 7.23 e 7.45 e 7.30 e 7.24 e 7.65 ep República Checa 1.9 2.61 4 3.14 2.22 Hungria 4.3 4.92 5.58 10.63 9.19 Polónia 1.63 1.5 1.66 1.82 2.44 Portugal 6.13 b 5.66 e 5.34 5.19 e 5.07

Fonte: Eurostat, indicadores estruturais – Investigação e Desenvolvimento

Os países da Europa de Leste possuem grande tradição educacional, nomeadamente no sector de I&D. A Polónia é o país que alcança um maior valor deste indicador, um ponto acima do português. A República Checa apresenta neste indicador um valor de 5,6. A Hungria, provavelmente devido ao já referido período em que a política de I&D não estava tão definida, apresenta o valor de graduações em Ciência e Tecnologia mais baixo (3.7 em 2001).

Devido à diferença salarial claramente desfavorável com que os sectores de I&D remuneram o seu pessoal, face aos outros sectores, estes países têm assistido à chamada “fuga de cérebros” – esta traduz-se na perda de pessoal tecnologicamente qualificado para outros países ou indústrias. A Polónia tem perdido elevado número de jovens cientistas, o que levou o KBN a estabelecer condições mais atractivas. Na República Checa este problema não se revela tanto, havendo até uma entrada de pessoal qualificado superior às “fugas de cérebros”. Na Hungria, esta questão coloca-se com mais relevância ao nível da saída de pessoas do sector de I&D para outros sectores melhor remunerados, dentro da própria economia.

Quadro 29: Graduações em Ciência e Tecnologia - Licenciaturas em Ciência e

Tecnologia por cada 1000 habitantes entre 20 - 29 anos

1997 1998 1999 2000 2001 UE15 (15 países) : : : 9.3 : República Checa : 4.6 5.0 5.5 5.6 Hungria 5 5.0 5.1 4.5 3.7 Polónia 3.8 4.9 5.7 6.6 7.4 Portugal 4.8 : : 6.3 6.4

Fonte: Eurostat, indicadores estruturais – Investigação e Desenvolvimento

O número de patentes registadas reflecte muitas vezes até que ponto o esforço em I&D está a ser recompensado. A este respeito, os valores das economias apresentadas, inclusivé a portuguesa, são muito inferiores aos da UE 15, o que revela o longo percurso que há ainda a percorrer. Ainda assim, A Hungria regista valores significativamente mais altos que Portugal, logo desde 1997. Segue-se a República Checa (com 11.39 em 2001. A Polónia apresenta um valor inferior ao de Portugal.

Quadro 30: Número de patentes registadas no European Patent Office (EPO) 1997 1998 1999 2000 2001 UE25 (25 países) 96.34 109.18 118.33 133.61 141.96 s UE15 (15 países) 114.85 130.02 140.95 158.72 168.33 s República Checa 7.27 9.70 9.81 13.51 11.39 Hungria 11.16 13.33 13.44 18.27 20.86 Polónia 1.47 1.98 1.47 3.05 3.20 Portugal 2.65 2.38 4.65 4.01 6.53 e

Fonte: Eurostat, indicadores estruturais – Investigação e Desenvolvimento

Legenda: s – estimação do Eurostat; e – valor estimado

No pessoal afecto à I&D a Polónia apresenta valores significativamente mais altos que Portugal e as restantes economias. A Polónia tem mais pessoas ligadas à área de I&D que muitos membros da OCDE. A República Checa e a Hungria apresentam valores semelhantes aos da economia portuguesa, na ordem dos 20000, embora haja aqui alguma limitação em termos de dados.

Quadro 31: Pessoal em I&D

1997 1998 1999 2000 República Checa 23230 22740 22106 24198

Hungria 20758 22315 21329 22634

Polónia 83803 84510 82368 78925

Portugal 22217 : 28375 :

Fonte: Statistical Yearbook

Da análise comparativa apresentada, podemos concluir que a Polónia é o país que faz maiores esforços ao nível de I&D. É o país que aplica maior percentagem do PIB, sendo a maioria financiada pelo sector público e o que tem mais investigadores a tempo inteiro. Este esforço não se repercute no número de patentes que apresenta valores bastante baixos. Contudo, o elevado número de pessoas graduadas na área das ciências constitui uma vantagem comparativa importante face aos restantes países em análise, uma vez que o IDE direccionado para a Polónia poderá beneficiar deste potencial que a mão-de-obra dispõe.

A República Checa apresenta um financiamento de I&D pelo sector privado muito mais dinâmico que Portugal. Este constitui o seu ponto forte. A indústria nacional aposta nesta área, sendo que tal é muito relevante para o seu desenvolvimento futuro.

Apesar de possuir o número de graduações em Ciência e Tecnologia mais baixo, a Hungria é o país que mais atrai investimento exterior qualificado, o que permite que uma parte significativa do financiamento de I&D seja feito pelo exterior, o que atrás óptimos resultados em termos de patentes registadas face a Portugal.

Efectivamente, em Portugal há necessidade de maior atenção por parte do Estado nesta área de I&D. Seria desejável que fosse aplicada uma maior percentagem do PIB em Investigação e Desenvolvimento, direccionada no sentido de incentivar o sector privado à produção de conhecimentos. Contudo, face à Polónia e República Checa, Portugal atrai ainda IDE de maior qualidade, isto é, investimento estrangeiro qualificado, fundamental para o desenvolvimento do país.

No anexo 12 apresentam-se as prioridades de cada novo membro da UE ao nível da I&D, no sentido de promover a convergência para a média da UE 15.

No documento Alargamento da União Europeia: (páginas 54-59)