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Educomunicação e educação midiática relacionam-se de maneira simbiótica. A primeira alimenta-se das práticas da educação midiática quando educa para o consumo das mídias e desen- volve a fluência e a ética no ambiente digital. E a educação midiática ampa- ra-se na educomunicação quando, por exemplo, incentiva a autoexpressão de crianças e jovens para que tenham voz e plena participação na sociedade.

O conceito de educomunicação ganhou força a partir da década de 1990, com um novo campo de pesquisa e intervenção social na América Latina, nascido da interface entre as áreas de educação e comunicação.

De certa forma, esse grupo siste- matizou práticas oriundas da comu- nicação popular. O que logo ficou claro é que o foco dos trabalhos e projetos de educomunicação não era apenas a

análise dos meios de comunicação em si, mas as possibilidades de interven- ção da comunicação como expressão de grupos ou gestão de vozes e desejos.

Assim, a educomunicação “busca transformações sociais que priorizem, desde o processo de alfabetização, o exercício da expressão”, nas palavras do professor da USP Ismar de Oliveira Soares, um dos principais nomes da área. Também são referências impor- tantes na educomunicação o colombia- no Jesús Martín-Barbero e o uruguaio Mário Kaplún.

Um exemplo clássico de prática da educomunicação é o projeto Educom. rádio, desenvolvido a partir de 2001 pelo Núcleo de Comunicação e Educação da USP com a Secretaria de Educação da Prefeitura de São Paulo para comba- ter a violência em escolas e incentivar a convivência cidadã.

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mais cedo melhor, garantem os especialistas, já que tais competências precisam ser continuamente exercitadas ao longo de toda a vida (ver pág. 37) e resultar na incorporação de novos hábitos frente às mensagens que chegam até nós pelas mais di- versas mídias. Tanto quanto um esporte ou uma segunda língua, a educação midiática demanda prática constante.

novas ferramentas para novos tempos

O EducaMídia define a educação midiática como um conjunto de habilidades para acessar, analisar, criar e participar de maneira crítica do ambiente informacional em todos os seus formatos, dos im- pressos aos digitais.

Saber acessar o ambiente informacional signi- fica buscar, filtrar e fazer curadoria das informa- ções e ferramentas adequadas a cada necessidade. Ter capacidade de analisar implica compreender as mensagens e usar o pensamento crítico para inves- tigar qualidade, veracidade, credibilidade e pontos de vista embutidos nas mensagens, considerando seus possíveis efeitos ou consequências. Criar, por sua vez, significa compor ou gerar conteúdo usan- do criatividade e confiança na autoexpressão, com consciência de propósito, público e técnicas de composição. Participar se traduz em trabalhar de forma individual e colaborativa para compartilhar conhecimento e atuar em relação a questões reais do entorno e da comunidade.

É com esses pilares que o EducaMídia trabalha para capacitar e engajar professores no processo de educação midiática dos jovens, desenvolvendo seus potenciais de comunicação nos diversos meios, por

educomunicação

e educação midiática

A educomunicação busca desenvolver e fortalecer

a capacidade de expressão de jovens e crianças,

com a convicção de que a comunicação tem o poder

de transformar e abrir canais de fala e escuta a

grupos que nem sempre detêm esse poder.

Educomunicação e educação midiática relacionam-se de maneira simbiótica. A primeira alimenta-se das práticas da educação midiática quando educa para o consumo das mídias e desen- volve a fluência e a ética no ambiente digital. E a educação midiática ampa- ra-se na educomunicação quando, por exemplo, incentiva a autoexpressão de crianças e jovens para que tenham voz e plena participação na sociedade.

O conceito de educomunicação ganhou força a partir da década de 1990, com um novo campo de pesquisa e intervenção social na América Latina, nascido da interface entre as áreas de educação e comunicação.

De certa forma, esse grupo siste- matizou práticas oriundas da comu- nicação popular. O que logo ficou claro é que o foco dos trabalhos e projetos de educomunicação não era apenas a

análise dos meios de comunicação em si, mas as possibilidades de interven- ção da comunicação como expressão de grupos ou gestão de vozes e desejos.

Assim, a educomunicação “busca transformações sociais que priorizem, desde o processo de alfabetização, o exercício da expressão”, nas palavras do professor da USP Ismar de Oliveira Soares, um dos principais nomes da área. Também são referências impor- tantes na educomunicação o colombia- no Jesús Martín-Barbero e o uruguaio Mário Kaplún.

Um exemplo clássico de prática da educomunicação é o projeto Educom. rádio, desenvolvido a partir de 2001 pelo Núcleo de Comunicação e Educação da USP com a Secretaria de Educação da Prefeitura de São Paulo para comba- ter a violência em escolas e incentivar a convivência cidadã.

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meio das habilidades de interpretação crítica das informações, produção ativa de conteúdos e parti- cipação responsável na sociedade.

Ao defender a necessidade de novos instrumentos para explorar um novo mundo e nele interagir, a edu- cação midiática reforça o conceito de alfabetização expandida, visando devolver às crianças e jovens o

empoderamento que saber ler e escrever representou até o século passado.

Na visão de Renee Hobbs, esse empoderamento abrange toda a gama de competências cognitivas, emocionais e sociais que incluem uso de tecnolo- gias e textos em formatos variados; análise crítica; criatividade e prática de composição de mensagens; capacidade de desenvolver a reflexão e o pensamento ético; e colaborar ativamente por meio do trabalho em equipe. Pessoas dotadas dessas competências "re- conhecem agendas pessoais, corporativas e políticas e têm o poder de falar em nome das vozes ausentes e das perspectivas omitidas em nossas comunidades. Ao identificarem e tentarem resolver problemas, po- dem, então, fazer valer seus direitos e usar a própria voz para melhorar o mundo", conclui Hobbs.

a proposta do educamídia

Lançado em 2019, o EducaMídia é o programa do

Instituto Palavra Aberta, com apoio do Google.org, que tem o objetivo de promover a educação midiá- tica como condição essencial da cidadania plena no século 21. Com uma série de formações, recursos e ferramentas, o programa visa equipar professores e gestores com material de trabalho e de reflexão para que levem às escolas estratégias intencionais de uso de mídias. Apresentamos algumas dessas estratégias,

refletir para aprender Acessar, analisar, criar e participar. A essas competên- cias essenciais, Renee Hobbs acrescenta o verbo refletir na constelação de habilidades de comunicação e resolução de problemas. É com ele que se aplicam responsabilidade social e princípios éticos à própria identidade, experiên- cias e condutas.

Habilidades

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