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Hegel e a decisão suprema do Monarca enquanto totalidade ou indivíduo que subsume, em sua

No documento A SANÇÃO NO PROCEDIMENTO LEGISLATIVO (1) (páginas 138-141)

O B JETO D A FIL O S O FIA E D A

2.2 Hegel e a decisão suprema do Monarca enquanto totalidade ou indivíduo que subsume, em sua

unidade, a universalidade do Estado

.

Buscar delinear, em poucas páginas, a natureza da função reconhecida por Hegel ao Monarca procedimento de formação da lei em seus Princlpios da Filosofia do Direito, embora com o cuidado de não simplificar por demais

a

complexidade e riqueza do pensamento hegeliano, não é tarefa fácil. A propósito, é importante frisar que os da do Direito, de 1821, constituem o coroamento de um abrangente, complexo e coeso sistema filosófico, para a construção do qual se buscou fazer convergir

harmonicamente, de forma e

rigorosa, as distintas e os diversos resultados de dois milênios de reflexão filosófica ocidental. Todavia, como Hegel apreendeu, nenhum outro, a sua época em conceitos, embora muitos sejam os riscos, busquemos iniciar tal empreitada pela

de mellior com-

preender a sua crítica à Teoria da Separação dos Poderes, tal como a acolhida, segundo a concepção do intelecto abstrato, na obra de Montesquieu e, igualmente, qual seria o verdadeiro sentido em que se deve compreender a "necessária separação dos Poderes" na acepção hegeliana.

O próprio termo em assume um

significado específico, ao viva e atuante

estrutura ou, para dizer com Nicolai

Hartmann, idéia da Constituição está totalmente

domina&-pela e

orgânica as funções e instituições o Estado não pode fazer-se sobre a base de uma teoria É aualauer coisa de -- real e vivo, e consigo as suas necessidades pode organicamente do seu-próprio princípio e para cada época e povo ter uma única e necessária forma adulta Onde há um povo, há sempre uma coisa pública, um espírito que tem formas

cresceu organicamente, e como -- tal No 271 dos

Princípios da Filosofia do Direito, polí-

tica é, em primeiro lugar, a organização do Estado e o processo da . . orgânica em relação consigo mesmo. Neste

distingue o Esta* interior de si

em existência se a Constituição é a estrutura política orgânica e viva de uma sociedade determinada, às suas formas históricas correspondem as formas de governo. Como

ressalta das-formas de

daquela- empreendida por Montesquieu. A distinção tipológica clássica, assentada sobre o critério quantitativo do número de governantes - Monarquia, Aristocracia e Democracia

- e à redução operada por Maquiavel Monarquia e República, passando a considerar o governo de um só (pessoa física) em oposição ao governo de assembléia (pessoa moral), fosse ela integrada por nobres (República aristocrática) ou apresentasse na- tureza popular, no sentido fiorentino (República democrática), Montesquieu contraposto

e Monarquia distinguir-se-ia do Despotismo não mais pelo critério quantitativo do número de governantes, já que seriam governos de um só, mas pelo critério qualitativo da própria estrutura social subjacente. Para Montesquieu, a Monarquia propriamente dita se distinguiria do Despotismo pela existência de corpos intermediários que obstavam a concentração do Poder político nas mãos do único acolhe a tipologia de Montesquieu a ponto de adotá-la como o principal critério para a do movimento do Espírito absoluto na história, enquanto figuras mais gerais por ele assumidas passagem de forma de para outra, de estágio da civilização outro: o Despotismo oriental, a República antiga e a Monarquia moderna. Assim é que Hegel afirma, ao

da do Direito, que "foi Montesquieu quem definiu a

HARTMANN, Nicolai. A filosofa do idealismo edição.

Lisboa: Galouste 1983. p.

A respeito consultar também:

BOBBIO, Norberto. A constituição em Hegel. In: Estudos sobre Hegel.

São Paulo: Brasiliene, 1989. p. 95 a 110. HEGEL, G. W. Op. cit., p. 243.

verdadeira visão histórica, o verdadeiro de vista filosófico, que consiste em não considerar isolada e abstratamente a legislação geral e suas determinações, mas em vê-las como elemento condicionado de uma totalidade e com as outras determi que constituem o caráter de um povo e de uma que distingue a tipologia de Hegel daquela dos clássicos é não apenas a visão derivada de entre as duas formas de governo de

- -- -

um só - o Despotismo, enquanto primeira manifestação histórica do --- Estado, e a Monarquia, localizada no final percurso histórico

--

I

mas -- essa que permitirá a Hegel o

-e--

das características distintivas da Monarquia modernos, a Monarquia Constitucional, contrapondo-a às demais

---

--

- -

como a forma em se torna da

liberdade não de um só. o Monarca. como no mas de

-

pelas são três. A

primeira, correspondente à categoria do Despotismo, em a da vida estatal ainda evoluiu, suas esferas particulares não teriam alcançado autonomia e o Poder uma estrutura patriarcal, despótica e instintiva, em que apenas o Soberano individual é livre, mas, mesmo sob a violência de um dominador e mediante a obediência gerada pelo medo, essa primeira manifestação ! do Estado já constitui um complexo de vontade; a segunda

,

--

corresponde ou em que

tais esferas e, com elas, os indivíduos se tornam livres, são

aristocratas, esferas singulares, órgãos democráticos, que dominam, ! fazendo valer as suas particularidades, o Estado é livre, embora a sua

1

liberdade se traduza no particularismo; enfim, a terceira, que

I

corresponde à em que as esferas

particulares são autônomas e sua na produção do I

universal, mediante a articulação, no interesse do todo, das distintas fato, as três formas de governo correspondem a três estruturas sociais diversas: a primeira é típica de uma sociedade

indiferenciada e inarticulada, na qual as esferas particulares que I

compõem uma sociedade mais complexa (ordens, estamentos, classes ou grupos) ainda emergiram da indistinta unidade inicial, tal

,

como ocorre com a família, um todo que ainda não se compõe de

tes relativamente segunda, surgem as esferas que, contudo, não chegam a ser completamente

com relação à totalidade, uma vez que, vinculadas à defesa de suas particularidades, é o momento da unidade desagregada e não mposta; na terceira, a unidade social se recompõe, mediante a _.-- ulação partes, Ünidade

e

diferenciação, e a

-----e--

-

é compatível com-a e, na

I_-

, pressupõe o jogo relativamente - autônomo dessas A

uia pressupõe, para Hegel, como diz

que da unidade substancial indivisa da comunidade não só se emancipe o princípio da particularidade e da ade, mas que esse princípio e revele como o fundamento oderno da existência social: a sociedade civil, esfera da aráter privado, que funciona com base nos interesses s dos indivíduos e que constitui o sistema autônomo ua dependência recíproca objetiva. Este sistema é em si esfera da vida coletiva distinta do Estado. É na sociedade da atividade da reprodução social e da sua ação jurídico-administrativa, que os indivíduos se em grupos ou massas particulares - aí se desenvolve a posições ou condições sociais (Estados, ordens, grupos) diferentes e

No documento A SANÇÃO NO PROCEDIMENTO LEGISLATIVO (1) (páginas 138-141)