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A sanção régia como o jurídico da lei.

No documento A SANÇÃO NO PROCEDIMENTO LEGISLATIVO (1) (páginas 149-154)

O B JETO D A FIL O S O FIA E D A

3 em duas esferas a vida coletiva moderna se desenvolve se articulam, a da civil, em

2.3 A sanção régia como o jurídico da lei.

Embora da reflexão de autores da estatura dos liberais

doutrinários, Benjamin ambos a propósito

da Carta francesa da Restauração, de 18 14, e de

que a compara ao Poder atribuído a Presidente dos que designa por e ainda da pena de vários autores

Muito embora a preocupação política desses autores no se refere à

sanção seja a mesma dos autores alemães, é evidente a

ausência de rigor terminológico textos, expondo exclusivamente

os argumentos de ordem política para a defesa deste ou

daquele tipo de intervenção do do Estado no procedimento

que é, apenas a titulo de exemplo, pode-se ler em:

CONSTANT, Benjamim. politique constitionnelle. tomo I ,

.

et 1872. p.

"Le veto est donc et cloit être absolu, pour la dignité

du que pour des lois mêmes. Plusieurs lois sont

importantes, surtout à sont faites. C'est alors que l'on

sent ou que croit sentir leur veto

ajoume à un temps éloigné une loi que ses auteurs urgente, parait

véritable dérision: question se dénature; on ne discute loi,

discute sur circonstances.

L'exercice veto absolu repose sur loi

est L'exercice veto suspensif qui se borne

à dire: époque prend souvent un

ultramonarquistas sob o império das chamadas ordenações de julho, a Carta francesa de 1830, na realidade, uma tentativa de construção teórica mais rigorosa do instituto, no nível da Teoria Geral do Direito, não se verifica, até as últimas décadas do século passado, com o advento da obra da escola alemã do Direito Público. Essa escola postulava o Jurídico no da construção puramente conceitual, pressupondo o

romântico do liberalismo doutrinário e do organicismo social,

suas análises puramente e fundadas na

analógica do Estado como pessoa, como organismo jurídico vivo e construção que empreende do conceito de sanção, mormente graças ao labor doutrinário de dois dos seus maiores expoentes, e é, a um só tempo, um exemplo do que, ao o epíteto positivista

-

conveniente e adequadamente reduzido a sua acepção no âmbito jurídico, em que designa tão-só a norma posta, o direito positivo - buscou tomar emprestado da corrente filosófica positivista, que à época gozava de grande o prestígio da construção científica para as

peuple, non sur sur ils tort, mais sur

qui semble donner raison. pour décret fameux

et atteignit les 1792. Si le roi pu I

opposer un veto absolu, la question eut été la bonté intrinsèque de

la loi; et certes, n'eut pas été dificile d'en prouver l'injustice. Mais le

roi n'étant investi que du veto on n'examinait plus loi en

elle-même; on disait: prêtres agitent Ia aujourd'hui, et roi

de les réprimer avant ans."

CHATEAUBRIAND, R. in

de Chateaubriand, XV, Paris: Dufour Mulat et

Editeurs, 1891. p. 1421143:

"L'initiative et la sanction de la loi sont car,

dans ce c'est la couronne approuve ou désapprouve propre

ouvrage. Outre l'absurdité fait, la couronne est ainsi placée une

position de sa dignité: elle ne peut confirmer un projet

loi que les ministres ont déclaré être fruit des méditations, avant que

les pairs et les n'aient examiné, et pour ainsi díre approuvé ce

projet de loi. pas plus noble et plus l'ordre que les

proposent et que le roi la juge? 11 se alors

le grand et le pour est cela

est ou ne conserve son rang: ce

n'est plus un obscur qui de une loi proposée

nom du souverain et

L'initiative, loin d'être favorable est donc antimonarchique,

déplace pouvoirs: anglais l'ont

brilhantismo da escola e da sua profunda inserção política, conforme a crítica que lhe dirige Kelsen em sua Teoria Pura do Direito. virtude do próprio conceito de Monarquia Constitucional que adotam, enquanto forma de Estado qual, do ponto de vista formal, a soberania orgânica e indivisível se configura na pessoa do

Monarca, a Suprema Cabeça do Estado (Das esses

ainda que de forma aproximativa e metafórica, como o iter, o caminho de formação da lei, no reconliece etapas distintas, todavia atomisticamente consideradas,, critica, nesses autores, , o fato de não reconhecerem o caráter iurídico ao trabalho desenvolvido pelas Câmaras, no entanto, conserva o conceito de sanção como aquela participação do Chefe de Estado Monárquico insuperável e

TOCQUEVILLE, de. Deinocrncia na América. Belo Horizonte:

Itatiaia, 1962. p. 99:

"O rei, na França, constitui uma parte do Soberano, pois as

leis de maneira alguma têm existência, se ele recusa sancioná-las; é ele,

ademais, o executor das leis. O presidente é de igual forma, o executor

da lei, mas realmente não concorre Fiara fazê-la, pois, ao recusar o seu assentimento, não pode impedi-la de existir. Não faz parte, pois, do

Soberano; é apenas um agente seu.

Não apenas ocorre ser o rei, na França, uma parcela do Soberano, como

participa ainda na formação do Legislativo, que é sua outra parcela.

dela participa nomeando os membros de uma câmara e fazendo cessar,

à sua vontade, a duração do mandato da outra. O presidente dos Estados

Unidos em nada concorre para a do corpo Legislativo, e não

seria capaz de dissolvê-lo. O rei divide com as Câmaras o direito de propor a lei. O presidente não tern de maneira alguma iniciativa

semelhante. o rei é representado, no seio das câmaras, por certo número

de agentes que expõem a sua opinião., os seus pontos de vista e

fazem prevalecer as máximas do governo. O presidente não tem sequer

entrada no Congresso; Ministros, como ele próprio, são excluídos

dele, e é por vias indiretas se faz penetrar naquele grande

corpo sua influência e seus conselhos.

O rei de França está, pois, em pé de igualdade com o Legislativo, que

pode agir sem ele, poderia agir sem o Legislativo. O

presidente é situado ao lado do Legislativo, como um Poder inferior e

imprescindível à formação da lei. Configura, assim, a lei, nessas hipóteses constitucionais, como tendo a natureza de um ato complexo, composto da deliberação das Câmaras e da sanção do Monarca. Tais autores localizam-se, naquele primeiro momento da doutrina sobre o procedimento legislativo que recorrerá à metáfora para explicar o que ainda não consegue

apreender. O procedimento é concebido como o caminho, o Paul Laband, no seu Das des Deutschen Reiches, de 1876, fala no Weg der Gesetzgebung. A metáfora é ainda mais obscurecida pelo destaque do ato ou dos atos finais que aperfeiçoam a meta perseguida, a lei, enquanto comando estatal imperativo, universalmente de Malberg busca melhor precisar esse iter legis, o caminho que, percorrido por aquele algo em suas diversas etapas - a iniciativa, a deliberação, a adoção, a promulga- ção e a publicação - poderia, ao final, transformar-se em lei. Conquanto admitam que, em sentido amplo, todas essas etapas integrem a via legislativa - enquanto elementos desse mesmo caminho, à medida que o concurso de cada uma delas e a sua reunião total são requeridos para que uma determinada proposição normativa seja erigida à condição de Iei nem todos seriam atos de verdadeiro Poder Legislativo. Buscam, então, relegando o procedimento mesmo para a sombra da mera metáfora, determinar qual ou quais desses atos guardariam efetivamente natureza legislativa, ou seja, "para que uma operación que a confección de la ley deba definirse como um acto de potestad legislativa basta que ponga a esta potestad em movimiento, o que prepare la adoción de ley, o que tienda a poner en vigencia a la ley ya adoptada, sino que es necesario que sea, de manera inmediata, uno de elementos constituitivos de la decisión imperativa de donde proviene directamente la ley, y que presente por si misma caracteres de um

Legislativo. Unicamente que en si mandamiento

es un acto E nesse contexto que a sanção atenção especial desses autores, enquanto elemento por

capaz de proceder juridico da mera proposição normativa, ou, no mínimo, como um desses elementos ao lado da deliberação das

MALBERG, de. Teoria General Estado. Ciudad de Mexico:

2.3.1 O instituto da na Teoria Geral do Direito Público das

Antes de passarmos à das teorias específicas que pela primeira vez buscaram apreender conceitualmente a natureza da sanção do Chefe de Estado procedimento legislativo, enquanto instituto que configuraria um jurídico, determinando as regras de validade científica do emprego desse vocábulo, dada a distância que delas nos separa, não apenas a geografia e o tempo, mas todo um universo cultural que a elas emprestava sentido e inserção política e jurídica é importante que busquemos captá-las contexto histórico e datado em que foram construídas. Apenas mediante tal coiitextualização poderemos apreender o sentido mais geral de: que se revestem essas teorias, quando buscam reduzir, do de vista o papel político reservado às Câmaras representativas enquanto legislativos, tal redução não afetasse, que minimamente, as competências de tal natureza a elas constitucionalmente atribuídas e pelas exercidas. pelo contrário, como comprova Chistian Starck em seu profundo e lúcido ensaio, a cuja leitura remetemos o devido a outra construção doutrinária da lavra dessa escola, a distinção coiiceitual entre lei em sentido formal e lei sentido material, mediante a qual reservavam-se à primeira todas as matérias atinentes à liberdade e à propriedade dos súditos, à latitude emprestada a tais termos, tornou-se possível alargar significativamente o âmbito de atividade das Câmaras, no que dizia respeito aos interesses diretos da sociedade civil. Quanto a a virtual contribuição progressista dos mesmos à possibilidade de deseiivolvimento e de redefinação dos interesses da sociedade civil alemã da época, nos-emos, em virtude da exigência, posta pelo próprio objeto de nosso estudo, à análise do significado que essa doutrina buscou atribuir à dimensão pública das entre as Câmaras e o Monarca. Apenas, é de se ressaltar, que há qualquer contradição entre as duas análises, pelo contrário, as mesmas se completam, pois, como já ocasião de verificar inúmeras visão preponderante dos do século XIX. haveria uma verdadeira cisão entre a

STARCK, concepto de ley Aleinana.

social. Essa cisão fornecerá, inclusive, específico do Jurídico, o estofo da crítica de Kelsen às teorias ainda subsistentes em sua época, que insistiam em fazer do Direito Privado o verdadeiro Direito, posto que supostamente natural, verdadeiro em si mesmo, em ao Direito Público, mera construção nos é possível constatar que, obviamente, essas duas esferas se interpenetravam e se completavam, permitindo, naquelas sociedades menos evoluídas e em que os privilégios e monopólios ainda se prestavam mútuo apoio, a formação de uma forte e centralizadora direção política que, se, por um lado, buscava preservar tais privilégios, por outro, não poderia deixar de e amoldá-los às novas direções impostas por sua reinserção no mutável sistema econômico e político mundial. Assim, buscaremos, com Joseph traçar as linhas gerais do contexto histórico-doutrinário qual essas teorias se forjaram.

2.3.1.1 A doutrina do Direito Público nas Monarquias - delineamento geral

Como nos informa "o Império foi

proclamado em 18 de janeiro de 1871, e a sua Constituição data de

No documento A SANÇÃO NO PROCEDIMENTO LEGISLATIVO (1) (páginas 149-154)