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A tese da identidade jurídica substancial dos institutos da sanção e do veto Maurice Maier

No documento A SANÇÃO NO PROCEDIMENTO LEGISLATIVO (1) (páginas 186-190)

O B JETO D A FIL O S O FIA E D A

V. Giard E Brière, 1901 p 269.

2.4 A tese da identidade jurídica substancial dos institutos da sanção e do veto Maurice Maier

É no interior dessa última vertente referida que Maurice

Maier escreve o seu Le veto de um amplo

estudo de Direito Constitucional Maier, desde o início de seu vasto estudo, emprega indiferentemente o termo veto para designar tanto a participação do Chefe de Estado no legislativo quanto aquela de mero controle, exterior, independentemente do fato de essas distintas faculdades serem atribuídas a Monarcas ou a Presidentes de República. Analisa a sanção monárquica absoluta e o que denomina veto absoluto, mas que, na realidade, como vimos capítulo anterior, melhor seria qualificado como sanção, já que ambos os casos históricos (Cons- tituição da de 1925 e da República da Indonésia de 1950) nos é atribuída natureza absoluta à participação do Presidente da República na formação da lei ao mesmo tempo emprestada a tal participação caráter propriamente coiistitutivo da lei. O caso da Constituição do Chile de 1833, na verdade, como também vimos no capítulo anterior, configura a hipótese de sanção, cuja recusa acarretaria efeitos suspensivos e não absolutos como crê Maier. Conclui, em relação ao que denomina veto absoluto (incluindo, nessa categoria, a sanção monárquica), que se trata de forma histórica, praticamente não mais subsistente entre Diferencia, ainda, mais quatro tipos de veto (englobando aí virtuais formas de sanção, já que ignora a distinção): a) um veto qualificado

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quando as Câmaras, para superar a oposição do Chefe do Estado,

devam reaprovar o texto legislativo por um quorum qualificado determinado. Nessa categoria, inclui a participação do Chefe de Estado no procedimento legislativo, prevista Constituições dos e de várias Repúblicas presidencialistas latino-americanas. Na Europa, reconhece, como integrante dessa mesma categoria, os institutos previstos na Constituição da 1939, de Portu- gal, de 1933, e sucessivas da Lituânia de 1928 e 1938. Das análises realizadas a respeito dessas Constituições, conclui que essa forma de participação do Chefe de Estado no procedimento legislativo teria encontrado terreno fértil apenas nas Repúblicas de tipo presidencialista, onde o Presidente goza de amplas atribuições e de extraordinário prestígio até mesmo frente às Câmaras; b) um veto suspensivo - quando a oposição do Chefe de Estado pode ser neutralizada mediante parlamentar expressa em legislatura seguinte ou, diretamente, sem passar pelo de Estado, se aprovada por duas legislaturas consecutivas. (Constituções da França de 179 1, da de 1812, de Portugal de 1822, do Império do Brasil de 1824, da Noruega de 1814, do Egito de 1930 e da Finlândia de 1919); c) um veto translativo - quando o Chefe de Estado pode deferir ao corpo eleitoral a decisão sobre

determinada lei, submetendo-a a um popular

(Constituições da Alemanha de 1919 e da de 1937); e enfim,

d) o simples direito de pedir uma deliberação parlamentar (Constituições da França de 1875 e de 1946, e da Itália de 1947).

Maier explicita, enfim, em suas conclusões, a tese que suportara toda a análise empreendida: a da identidade substancial, tanto do ponto de vista político jurídico, dos termos veto e

Ignorando de todo os desenvolvimentos havidos terreno do procedimento legislativo, enquanto objeto da Ciência Jurídica, Maier debate as teses anteriormente apresentadas, e, ao refutá-las, termina por reconhecer,

terreno, preponderantemente político, a importância e a

do Executivo na obra da legislação. para quem

a função legislativa seria simplesmente o poder de editar as regras legislativas, e por isso, todo e poder de obstar a entrada em vigor de uma lei, assegurado ao da Chefia de Estado, deveria ser sempre interpretado como um Poder Legislativo. Desconhece totalmente a distinção jurídica entre ato perfeito e ato eficaz, que já

havia sido, como vimos, utilizada por de Malberg, a propósito da sanção do Monarca procedimento legislativo das Monarquias alemãs. Para ele, não haveria lei senão as disposições, contidas no ato que leva esse nome, entrassem em vigor; uma lei se encontraria juridicamente perfeita, quando suas disposições se tornassem válidas, eficazes, após a sua passagem por todas as fases previstas pela Constituição.

Confundindo, portanto, nominalmente a perfeição e a eficácia dos atos jurídicos é que Maier advoga a identidade desses institutos do ponto de vista jurídico. Embora lhe assista inteira razão crítica aos critérios puramente políticos que embasavam a distinção entre os dois institutos nas doutrinas precedentes, Maier não buscou analisar mais detidamente as diversas e distintas conseqüências jurídicas necessariamente decorrentes da participação do Chefe de Estado no procedimento legislativo, consoante a essa participação seja atribuída natureza constitutiva da lei ou a ser configurada como uma mera atividade exterior de controle da atividade legislativa propriamente dita.

Por via de conseqüência, as disposições votadas pelo Parlamento não se transformariam em normas sempre que a Constituição assegurasse ao Chefe de Estado a possibilidade de recusar a sua sanção ou de opor o seu veto, pois seriam virtualmente suscetíveis de anulação ou de paralisação mediante a intervenção de tal ato. Maier aplica esse raciocínio não apenas à hipótese

da sanção absoluta, porém a qualquer que fosse a forma adotada para a participação do Chefe de Estado. Ela importaria sempre em lhe possibilitar uma atividade substancialmente legislativa, pelo menos em relação ao momento no qual efetuaria o seu veto, mesmo que, após esse ato, o procedimento pudesse ter curso sem sua ulterior intervenção. Para Maier, o veto, em todas as suas formas, faz sempre do seu titular um co-legislador.

Contrariamente à tese tradicional que atribuía à sanção o condão de transformar em lei o mero projeto, contrapondo-a ao veto, que seria um mero poder de impedir que a lei já perfeita viesse a produzir todos os seus efeitos, Maier argumenta com o art. seção Constituição norte-americana, segundo a qual o projeto aprovado pelo Congresso continuará a ser um bill até que o nele aquiesça ou que seu veto venha a ser derrubado pela maioria qualificada requerida. Ora, esse seria um bom argumento contra a tese apriorística e prevalente doutrina anterior, que teimava em afirmar a suposta veracidade de um puramente ideal, que considerava, como vimos, o Monarca dotado de sanção

absoluta em ao Presidente de República munido apenas do veto. No entanto, utiliza o caso norte-americano como argumento para comprovar a impossibilidade da distinção. Maier observa, contudo, com razão, que a simples inação do Chefe de Estado não basta para diferenciar os dois institutos, sentido de que, no caso da sanção, o fizesse sempre cair a lei, enquanto no do veto, a fizesse Realmente, não é verdade que o seja univocamerite interpretado indicado. Se, em regra, o Chefe de Estado do poder de sanção pode interromper o procedimento simplesmente por sua algumas vezes, como vimos, a exige que a denegação seja expressa, se não quiser evitar que o prolongado silêncio a ser considerado como uma tácita (Constituição da França de 1791). Por outro lado, o Presideiite norte-americano, com o cha- mado pocket-veto, pode tão-só pelo seu silêncio. a queda do projeto de lei, e o caso do Presideiite também já

referido. Por fim, Maier recorda para quem

jamais haveria oposto a de à

de estatuir, pois ambas estariam compreendidas na única faculdade de aprovar.

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Não haveria, para Maier, qualquer distinção que pudesse autorizar o emprego difereiiciado dos termos e veto, que ambos os institutos em idênticos efeitos jurídicos e investiriam os respectivos titulares de um poder

legislativo, e assim conclui: "Nous résumons qu'il n'y

a aucune quelconque, ce entre

veto et refus de sanction. La et la faculté d'approuver sont leurs effets et constituent celui qui est investi partie du pouvoir législatif. Le Chef de

qui d'un droit de veto participe à la

législative. Aucun projet ne peut loi tant veto peut lui être opposé, de même qu'il ne peut loi qu'il pas reçu la sanction. C'est la non-opposition du veto absolu ou la défaite du

veto devant le ou formelle de

mesure votée (selon ce que prévoit Constitution) qui transforme loi le texte adopté par

Le droit de veto, que le nom lui et quelle que soit forme, est une

2.5 Riscaretti di Ruffia: a sanção, a aquiescência e o

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