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Mapa 27 Presença Presbiteriana no Estado do Acre

3. CARACTERÍSTICAS DA IGREJA PRESBITERIANA BRASIL

3.4 HERMENÊUTICA

O modelo hermenêutico de interpretação das Escrituras

tradicionalmente aceito e aplicado pelos reformados é o histórico-gramatical ou gramático-histórico. Este modelo de interpretação reafirma as Escrituras como inerrante, suficiente e contextual. Neste modelo o interprete procura entender a originalidade da intenção do autor e a sua aplicação, independentemente, do contexto social, cultural e religioso em que ele vive.

O princípio deste modelo permeia e norteia toda a Confissão de Fé de Westminster. Vejamos como:

As Escrituras revelam toda a vontade e verdade de Deus e, sendo ela inspirada e inerrante, qualquer pretensa interpretação que distorça a intencionalidade de seu autor, configura-se numa fraude interpretativa e numa adulteração dos fatos.

Confissão de Fé de Westminster: Ainda que a luz da natureza e as obras da criação e da providência de tal modo manifestem a bondade, a sabedoria e o poder de Deus, que os homens ficam inescusáveis, contudo não são suficientes para dar aquele conhecimento de Deus e da sua vontade necessário para a salvação; por isso foi o Senhor servido, em diversos tempos e diferentes modos, revelar-se e declarar à sua Igreja aquela sua vontade; e depois, para melhor preservação e propagação da verdade, para o mais seguro estabelecimento e conforto da Igreja contra a corrupção da carne e a malícia de Satanás e do mundo,

foi igualmente servido fazê-la escrever toda. Isto torna indispensável a Escritura Sagrada, tendo cessado aqueles antigos modos de revelar Deus a sua vontade ao seu povo121.

Mesmo sendo algo tão sublime é possível ao homem reconhecer à vontade de Deus através do que escreveram os servos inspirados por Ele.

Confissão de Westminster:

Todo o conselho de Deus, concernente a todas as coisas necessárias para a sua própria glória e para a salvação, fé e vida do homem, ou é expressamente declarado na Escritura ou pode ser lógica e claramente delas deduzido122.

Quem garante a compreensão, clareza e aplicação quanto a salvação revelada nas Escrituras é o Espírito Santo.

Confissão de Westminster:

À Escritura nada se acrescentará em tempo algum, nem por novas revelações do Espírito, nem por tradições dos homens. Reconhecemos, entretanto, ser necessária a íntima iluminação do Espírito de Deus para a salvadora compreensão das coisas reveladas na Palavra, e que há algumas circunstâncias, quanto ao culto de Deus e ao governo da Igreja, comum às ações e sociedades humanas, as quais têm de ser ordenadas pela luz da natureza e pela prudência cristã, segundo as regras gerais da Palavra, que sempre devem ser observadas123.

Há plena compreensão das coisas que precisam ser obedecidas, cridas e observadas para a salvação, não somente pelos doutos, mas também pelos leigos, através dos meios ordinários que são: pregação, leitura e oração.

121 HODGE, A. A., Confissão de Fé de Westminster: Comentada por A. A. Hodge. São Paulo: Editora Os Puritanos, 2008. p.49.

122 Confissão de fé de Westminster.. Online. Disponível em: <http://www.ipb.org.br/ipb/doutrina> Acesso em: 5, Ago. 2016. p. 4.

Confissão de Westminster:

Nas Escrituras não são todas as coisas igualmente claras em si, nem do mesmo modo evidentes a todos; contudo, as coisas que precisam ser obedecidas, cridas e observadas para a salvação, em um ou outro passo da Escritura, são tão claramente expostas e explicadas que não só os doutos, mas também os indoutos, no devido uso dos meios ordinários, podem alcançar uma suficiente compreensão delas124.

Não há sentidos múltiplos na Palavra de Deus, senão um só que pode ser compreendido pela Igreja.

Confissão de Westminster:

“A regra infalível de interpretação da Escritura é a mesma Escritura; portanto, quando houver questão sobre o verdadeiro e pleno sentido de qualquer texto da Escritura (sentido que não é múltiplo, mas único), esse texto pode ser estudado e compreendido por outros textos que falem mais claramente”125.

Por não haver dubiedades ou multiplicidades é que as Escrituras do Antigo e Novo Testamento se apresentam como autoridades supremas para julgar as controvérsias religiosas.

Confissão de Westminster:

O Antigo Testamento em hebraico (língua vulgar do antigo povo de Deus) e o Novo Testamento em grego (a língua mais geralmente conhecida entre as nações no tempo em que ele foi escrito), sendo inspirados imediatamente por Deus e pelo seu singular cuidado e providência, conservados puros em todos os séculos, são por isso autênticos e, assim, em todas as controvérsias religiosas, a Igreja deve apelar para eles como para um supremo tribunal.126

124 Confissão De Fé De Westminster, op. cit., p.4. 125 Ibid. p.4.

Porque são as Escrituras a revelação plena da vontade de Deus, são elas também que norteiam a Igreja quanto a forma e a essência do culto que agrada a Deus.

Confissão de Westminster:

A luz da natureza mostra que há um Deus que tem domínio e soberania sobre tudo, que é bom e faz bem a todos, e que, portanto, deve ser temido, amado, louvado, invocado, crido e servido de todo o coração, de toda a alma e de toda a força; mas o modo aceitável de adorar o verdadeiro Deus é instituído por Ele mesmo e tão limitado pela sua vontade revelada que não deve ser adorado segundo as imaginações e invenções dos homens ou sugestões de Satanás, e muito menos sob qualquer representação visível ou de qualquer outro modo não prescrito nas Santas Escrituras.127

O próprio Deus é quem torna possível aos eleitos a compreensão das coisas concernentes a salvação, mesmo a despeito de suas limitações e incapacidades.

Confissão de Westminster:

Todos aqueles que Deus predestinou para a vida, e só esses, é servido, no tempo por Ele determinado e aceito, chamar eficazmente pela sua Palavra e pelo seu Espírito, tirando-os, por meio de Jesus Cristo, daquele estado de pecado e morte em que estão por natureza, e transpondo-os para a graça e salvação. Isso Ele o faz, iluminando o seu entendimento espiritualmente, a fim de compreenderem as coisas de Deus para a salvação, arrancando deles seus corações de pedra e dando-lhes corações de carne, renovando as suas vontades e as determinando pela sua onipotência para aquilo que é bom, além de atraí-los eficazmente a Jesus Cristo, mas de maneira que eles vêm mui livremente, sendo para isso dispostos pela sua graça128.

Entretanto, considerando o duplo caráter das Escrituras

(divino/humano), não se pode negligenciar o aspecto da devoção e do labor no seu estudo, buscando, com responsabilidade, alcançar a compreensão do que esta Palavra ensina como sendo a vontade de Deus. Por isso, Anglada reitera:

127 Ibid. p.4.

Orare et labutare foram palavras empregadas por Calvino para resumir a sua concepção hermenêutica. Com estes termos ele expressou a necessidade de súplica pela ação iluminadora do Espírito Santo e do estudo diligente do texto e do contexto histórico, como requisitos indispensáveis à interpretação das Escrituras. Com o mesmo propósito, Lutero empregou uma figura: um barco com dois remos, o remo da oração e o remo do estudo. Com um só destes remos, navega-se em círculo, perde-se o rumo, e corre-se o risco de não chegar a lugar algum129.