• Nenhum resultado encontrado

http://tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/3425/5/Jose%CC%81%20Go%CC%81es

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "http://tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/3425/5/Jose%CC%81%20Go%CC%81es"

Copied!
151
0
0

Texto

(1)XC. hange E. O W U B. UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE JOSÉ ANTÔNIO DE GÓES FILHO. A IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL NO CONTEXTO EVANGÉLICO BRASILEIRO. SÃO PAULO 2017. ac. .c. tr. om. to k lic C. .c. om. k lic C. t. Y. N Y U B to. re. .. .. k e r- s o ft w a. w. w. ac. ww. ww. tr. di. !. F-. or. O W. t. N. di. PD. hange E. !. XC. or. PD. F-. k e r- s o ft w a. re.

(2) XC. hange E. O W U B. JOSÉ ANTÔNIO DE GÓES FILHO. A IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL NO CONTEXTO BRASILEIRO. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade. Presbiteriana. Mackenzie,. como requisito parcial à obtenção de título de Mestre em Ciências da Religião.. ORIENTADOR: Rev. Dr. Hermisten Maia Pereira da Costa. SÃO PAULO 2017. ac. .c. tr. om. to k lic C. .c. om. k lic C. t. Y. N Y U B to. re. .. .. k e r- s o ft w a. w. w. ac. ww. ww. tr. di. !. F-. or. O W. t. N. di. PD. hange E. !. XC. or. PD. F-. k e r- s o ft w a. re.

(3) XC. hange E. O W U B. G598i Góes, José Antonio de. A Igreja Presbiteriana do Brasil no contexto evangélico brasileiro / José Antonio de Góes. 136 f. : il. ; 30 cm Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião) - Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2017. Bibliografia: f. 132-136. 1. Protestantismo. 2. Presbiterianismo. 3. Igreja Presbiteriana do Brasil. 4. Presbiterianismo brasileiro. 5. Protestantismo brasileiro. 6. Censo 2010. I. Título. CDD 285. ac. .c. tr. om. to k lic C. .c. om. k lic C. t. Y. N Y U B to. re. .. .. k e r- s o ft w a. w. w. ac. ww. ww. tr. di. !. F-. or. O W. t. N. di. PD. hange E. !. XC. or. PD. F-. k e r- s o ft w a. re.

(4) XC. hange E. O W U B. ac. .c. tr. om. to k lic C. .c. om. k lic C. t. Y. N Y U B to. re. .. .. k e r- s o ft w a. w. w. ac. ww. ww. tr. di. !. F-. or. O W. t. N. di. PD. hange E. !. XC. or. PD. F-. k e r- s o ft w a. re.

(5) XC. hange E. O W U B. Dedico este trabalho ao Deus de toda sabedoria, que criou, sustenta e redimiu todas as coisas pela obra de Seu Filho, o nosso Senhor Jesus Cristo; à minha família: Ellen Cristina, minha querida esposa, e aos meus filhos, João Filipe, Davi e Estevão, que me apoiaram, sendo sempre compreensivos quanto ao tempo que tirei deles para me dedicar a este trabalho; à Igreja Presbiteriana do Brasil e a Universidade Presbiteriana Mackenzie, que sempre me incentivaram e me proporcionaram a oportunidade de me desenvolver academicamente.. ac. .c. tr. om. to k lic C. .c. om. k lic C. t. Y. N Y U B to. re. .. .. k e r- s o ft w a. w. w. ac. ww. ww. tr. di. !. F-. or. O W. t. N. di. PD. hange E. !. XC. or. PD. F-. k e r- s o ft w a. re.

(6) XC. hange E. O W U B. AGRADECIMENTOS. Agradeço a Deus, à minha família, à Igreja, ao Mackenzie e aos amigos que me ajudaram e incentivaram; Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião, pela dedicação em transmitir o que sabiam; Ao meu Mestre e orientador desde o seminário, Rev. Dr. Hermisten Maia Pereira da Costa, que sempre me inspirou pela sua inteligência, produção e competência; Ao Rev. Dr. Davi Charles Gomes, também, pelo incentivo e pelos conselhos; Por fim, agradeço às minhas amigas e companheiras de trabalho, Mariana Machado, que sempre me ajudou quanto a organização dos trabalhos da capelania, proporcionando tempo para que eu pudesse escrever e, em especial, a Mariana Rocha ou, como a chamamos carinhosamente, Marianinha, por todo o empenho e ajuda na tarefa de formatação e revisão do trabalho. Grato a todos.. ac. .c. tr. om. to k lic C. .c. om. k lic C. t. Y. N Y U B to. re. .. .. k e r- s o ft w a. w. w. ac. ww. ww. tr. di. !. F-. or. O W. t. N. di. PD. hange E. !. XC. or. PD. F-. k e r- s o ft w a. re.

(7) XC. hange E. O W U B. RESUMO. O presente trabalho tem por objetivo compreender as características da Igreja Presbiteriana do Brasil como uma instituição de origem teológica reformada, atuando no contexto multicultural e plurirreligioso brasileiro. Para isso, analisaremos as suas raízes históricas, bem como as suas características, que partem de sua teologia e liturgia, passando por seu sistema de governo, e desembocando no que se espera de uma conduta ética cristã de um presbiteriano, procurando distingui-la das demais igrejas evangélicas brasileiras. Também, faremos uma observação panorâmica do contexto étnico, cultural e religioso, demonstrando as complexidades da sociedade brasileira para o estabelecimento de uma igreja histórico-reformada. Avaliaremos como se dá a presença presbiteriana no Brasil, a partir de sua estrutura organizacional e seus métodos de expansão, e também observando os dados estatísticos do Censo 2010, realizado pelo IBGE, os dados estatísticos da Secretaria Executiva da denominação e o Censo Presbiteriano de 2008. Além disso, as heranças do período Moderno e os impactos do período denominado de PósModernidade e Modernidade Líquida em nossa sociedade contemporânea serão considerados, analisando-se quais as consequências e seus desafios para as igrejas históricas do Brasil.. Palavras-Chave: Protestantismo. Presbiterianismo. Igreja Presbiteriana do Brasil. Presbiterianismo brasileiro. Protestantismo brasileiro. Censo 2010.. ac. .c. tr. om. to k lic C. .c. om. k lic C. t. Y. N Y U B to. re. .. .. k e r- s o ft w a. w. w. ac. ww. ww. tr. di. !. F-. or. O W. t. N. di. PD. hange E. !. XC. or. PD. F-. k e r- s o ft w a. re.

(8) XC. hange E. O W U B. ABSTRACT. The present work aims to understand the characteristics of the Presbyterian Church of Brazil as an institution of reformed theological origin, acting in the Brazilian multicultural and multireligious context. In order to do so, we will analyze its historical roots as well as its characteristics, starting from its theology and liturgy, analyzing through its political system, and culminating in what is expected of a Christian ethical conduct of a Presbyterian person, seeking to dissect it from other Evangelical churches. Also, we will make a panoramic observation of the ethnic, cultural and religious context, demonstrating the complexities of the Brazilian society for the establishment of a historic-reformed church. We will evaluate how the Presbyterian presence in Brazil occurs, based on its organizational structure and methods of expansion, and also observing the statistical data of the 2010 Census conducted by IBGE, the statistical data of the denomination Executive Secretariat and the 2008 Presbyterian Census. Besides, the legacies of the Modern period and the impacts of the period known as Post-Modernity and Liquid Modernity in our contemporary society will be considered, analyzing the consequences and their challenges for the Brazilian historic churches. Keywords: Protestantism. Presbyterianism. Presbyterian Church of Brazil. Brazilian Presbyterianism. Brazilian Protestantism. 2010 Census.. ac. .c. tr. om. to k lic C. .c. om. k lic C. t. Y. N Y U B to. re. .. .. k e r- s o ft w a. w. w. ac. ww. ww. tr. di. !. F-. or. O W. t. N. di. PD. hange E. !. XC. or. PD. F-. k e r- s o ft w a. re.

(9) XC. hange E. O W U B. LISTA DE GRÁFICOS. Gráfico 1 - Porcentagem de Igrejas por Região Geográfica do Brasil ....................... 85 Gráfico 2 - Igrejas que não têm Congregação nem ponto de Pregação................... 86 Gráfico 3 - A Igreja tem "Igreja Filha"? ............................................................................ 86 Gráfico 4 - Igrejas sem Congregação e sem ponto de pregação................................ 87 Gráfico 5 - A Igreja está localizada em qual área do Município? ................................ 88 Gráfico 6 - Localização das Igrejas de acordo com a região geográfica do Brasil .88 Gráfico 7 - Frequência média num culto principal da Igreja no domingo típico ......89 Gráfico 8 - Frequência média na Escola Dominical....................................................... 90 Gráfico 9 - Esta Igreja promove alguma atividade religiosa durante a semana (de 2a. a sábado)? Quais? ......................................................................................................94 Gráfico 10 - Quais as reuniões religiosas realizadas no domingo? ............................ 95 Gráfico 11 - Atividades sociais.......................................................................................... 96 Gráfico12 - Atividade educacional que a Igreja local desenvolve ............................... 97 Gráfico 13 - Esta Igreja possui conjunto coral?.............................................................. 98. ac. .c. tr. om. to k lic C. .c. om. k lic C. t. Y. N Y U B to. re. .. .. k e r- s o ft w a. w. w. ac. ww. ww. tr. di. !. F-. or. O W. t. N. di. PD. hange E. !. XC. or. PD. F-. k e r- s o ft w a. re.

(10) XC. hange E. O W U B. ac. LISTA DE TABELAS. Tabela 1 - Membros por faixa etária .................................................................................. 91 Tabela 2 - Origem - Quantos vieram de ... (apenas membros ativos) .......................... 92 Tabela 3 - Núcleos familiares .............................................................................................. 93. .c. tr. om. to k lic C. .c. om. k lic C. t. Y. N Y U B to. re. .. .. k e r- s o ft w a. w. w. ac. ww. ww. tr. di. !. F-. or. O W. t. N. di. PD. hange E. !. XC. or. PD. F-. k e r- s o ft w a. re.

(11) XC. hange E. O W U B. LISTA DE MAPAS. Mapa 1 - Presença Presbiteriana no Estado do Rio De Janeiro ............................... 115 Mapa 2 - Presença Presbiteriana no Estado de São Paulo ....................................... 116 Mapa 3 - Presença Presbiteriana no Estado de Minas Gerais ................................. 116 Mapa 4 - Presença Presbiteriana no Estado do Espírito Santo ................................ 117 Mapa 5 - Presença Presbiteriana no Estado do Rio Grande do Sul......................... 117 Mapa 6 - Presença Presbiteriana em Santa Catarina................................................. 118 Mapa 7 - Presença Presbiteriana no Paraná................................................................ 118 Mapa 8 - Presença Presbiteriana no Mato Grosso do Sul ........................................ 119 Mapa 9 - Presença Presbiteriana no Estado do Mato Grosso................................... 119 Mapa 10 - Presença Presbiteriana no Estado de Goiás ............................................. 120 Mapa 11 - Presença Presbiteriana no Distrito Federal ............................................... 120 Mapa 12 - Presença Presbiteriana na Bahia ................................................................ 121 Mapa 13 - Presença Presbiteriana no Estado do Tocantins ...................................... 121 Mapa 14 - - Presença Presbiteriana no Estado de Sergipe ....................................... 122 Mapa 15 - Presença Presbiteriana no Estado de Alagoas ......................................... 122 Mapa 16 - Presença Presbiteriana no Estado de Pernambuco................................. 123 Mapa 17 - Presença Presbiteriana no Estado da Paraíba ......................................... 123 Mapa 18 - Presença Presbiteriana no Estado do Rio Grande do Norte .................. 124 Mapa 19 - Presença Presbiteriana no Estado do Piauí .............................................. 124 Mapa 20 - Presença Presbiteriana no Estado do Ceará ............................................ 125 Mapa 21 - Presença Presbiteriana no Estado de Rondônia ..................................... 125 Mapa 22 - Presença Presbiteriana no Estado de Roraima ........................................ 126. ac. .c. tr. om. to k lic C. .c. om. k lic C. t. Y. N Y U B to. re. .. .. k e r- s o ft w a. w. w. ac. ww. ww. tr. di. !. F-. or. O W. t. N. di. PD. hange E. !. XC. or. PD. F-. k e r- s o ft w a. re.

(12) XC. hange E. O W U B. Mapa 23 - Presença Presbiteriana no Estado do Maranhão ..................................... 126 Mapa 24 - Presença Presbiteriana no Estado do Pará............................................... 127 Mapa 25 - Presença Presbiteriana no Estado do Amapá........................................... 127 Mapa 26 - Presença Presbiteriana no Estado do Amazonas .................................... 128 Mapa 27 - Presença Presbiteriana no Estado do Acre ............................................... 128. ac. .c. tr. om. to k lic C. .c. om. k lic C. t. Y. N Y U B to. re. .. .. k e r- s o ft w a. w. w. ac. ww. ww. tr. di. !. F-. or. O W. t. N. di. PD. hange E. !. XC. or. PD. F-. k e r- s o ft w a. re.

(13) XC. hange E. O W U B. SUMÁRIO. INTRODUÇÃO......................................................................................................................... 1 1. CONTEXTO ETNICO, CULTURAL E RELIGIOSO BRASILEIRO ............................ 4 1.1 Breve histórico da formação da identidade brasileira .............................................. 4 1.2 As Religiões no Brasil ................................................................................................... 7 2. ORIGENS HISTÓRICAS DO PRESBITERIANISMO BRASILEIRO ....................... 19 2.1. Ulrico Zuínglio .............................................................................................................. 19 2.2. João Calvino ................................................................................................................ 21 2.3. John Knox – O Pai do Presbiterianismo ................................................................. 27 2.4. Os Puritanos e os Avivamentos Norte-Americanos .............................................. 30 2.5 Simonton ....................................................................................................................... 37 3. CARACTERÍSTICAS DA IGREJA PRESBITERIANA BRASIL............................... 45 3.1. CONSTITUIÇÃO DA IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL ........................... 45 3.2. VALORIZAÇÃO DA HISTÓRIA ................................................................................. 49 3.3. SÓLIDA TEOLOGIA ................................................................................................... 55 3.3.1. Depravação Total .............................................................................................. 57 3.3.2 Eleição Incondicional ......................................................................................... 58 3.3.3 Expiação Limitada ............................................................................................. 59 3.3.4 Graça Irresistível ................................................................................................. 59 3.3.5 Perseverança dos Santos ................................................................................ 60 3.4 HERMENÊUTICA......................................................................................................... 63 3.5 CULTO........................................................................................................................... 67 3.6 ÉTICA ............................................................................................................................ 69. ac. .c. tr. om. to k lic C. .c. om. k lic C. t. Y. N Y U B to. re. .. .. k e r- s o ft w a. w. w. ac. ww. ww. tr. di. !. F-. or. O W. t. N. di. PD. hange E. !. XC. or. PD. F-. k e r- s o ft w a. re.

(14) XC. hange E. O W U B. 4. DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS................................................................................ 72 5. Presença Presbiteriana no Brasil ............................................................................... 80 5.1 CENSO PRESBITERIANO ........................................................................................ 84 5.2 A Estrutura Organizacional da IPB ........................................................................... 99 5.2.1. As Comissões .................................................................................................101 5.2.1.1. Organização, Sistemas e Métodos ..........................................................101 5.2.1.2. Comissão de Previdência, Saúde e Seguridade ...................................101 5.2.1.3. Comissão de Relações Inter-Eclesiásticas .............................................102 5.2.1.4. Comissão Nacional Presbiteriana de Educação ....................................102 5.2.1.5. Conselho de Ação Social...........................................................................103 5.2.1.6. Conselho De Educação Cristã E Publicações .......................................103 5.2.1.7. Conselho de Hinologia, Hinódia e Música da Igreja Presbiteriana do Brasil .............................................................................................................104 5.2.1.8. Junta Patrimonial, Econômica e Financeira ...........................................104 5.2.1.9. Tribunal de Recursos ................................................................................105 5.2.2 As Autarquias ...................................................................................................105 5.2.2.1 Na área da Saúde ........................................................................................105 5.2.2.2. Na área da Educação.................................................................................105 5.2.2.3. Na área da Educação Teológica (Cursos Básicos):..............................106 5.2.2.4. Na área da Educação Teológica (Bacharelado e Pós-Graduação): ..106 5.2.2.4.1. Junta Regional de Educação Teológica - JURET - Brasil Central ....................................................................................................................106 5.2.2.4.2. Junta Regional de Educação Teológica - JURET - Norte / Nordeste ....................................................................................................................106 5.2.2.4.3. Junta Regional de Educação Teológica - JURET - Rio de Janeiro ....................................................................................................................106 5.2.2.4.4. Junta Regional de Educação Teológica - JURET - São Paulo .....107. ac. .c. tr. om. to k lic C. .c. om. k lic C. t. Y. N Y U B to. re. .. .. k e r- s o ft w a. w. w. ac. ww. ww. tr. di. !. F-. or. O W. t. N. di. PD. hange E. !. XC. or. PD. F-. k e r- s o ft w a. re.

(15) XC. hange E. O W U B. 5.2.2.4.5. Junta Regional de Educação Teológica - JURET – Sul.................107 5.2.2.5. Na área de Mídia e Publicações...............................................................107 5.2.2.6. Na área de Evangelização, Missões e Expansão .................................107 5.2.2.7. Na área da História e Cultura Presbiteriana ...........................................107 5.3. Projeto de expansão da IPB ...................................................................................108 5.3.1. Agência Presbiteriana de Missões Transculturais – APMT.....................108 5.3.2. Junta de Missões Nacionais – JMN ............................................................110 5.3.3. Plano Missionário Cooperativo – PMC .......................................................111 5.3.4. A Politização da IPB.......................................................................................112 5.4 Presença da Igreja Presbiteriana do Brasil nos estados brasileiros. ................115 CONCLUSÃO ......................................................................................................................129 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................132. ac. .c. tr. om. to k lic C. .c. om. k lic C. t. Y. N Y U B to. re. .. .. k e r- s o ft w a. w. w. ac. ww. ww. tr. di. !. F-. or. O W. t. N. di. PD. hange E. !. XC. or. PD. F-. k e r- s o ft w a. re.

(16) XC. hange E. O W N Y B. INTRODUÇÃO. Trabalhei na Secretaria Executiva da Igreja Presbiteriana do Brasil entre os anos de 2010 e 2014, servindo ali como chefe de gabinete do Secretário Executivo, na época, o Rev. Ludgero Bonilha Moraes. A Secretaria Executiva, constitucionalmente, é quem cumpre, faz cumprir e dá ciência aos sínodos, presbitério e às igrejas locais, bem como aos órgãos ligados à denominação, sobre as decisões tomadas no Supremo Concílio e sua Comissão Executiva. Como parte de suas atribuições, a Secretaria Executiva também recebe os relatórios de estatísticas. dos. presbitérios. tendo,. portanto,. um. panorama. quanto. ao. desenvolvimento da denominação. Os anos de serviço nesta secretaria nos deram uma noção maior sobre o tamanho da Igreja, sobre como ela funciona, seus projetos e seus desafios. Viajando Brasil afora dando workshops sobre as ferramentas disponibilizadas pela secretaria, tais como, Presbiterato Bíblico, Sistema iCalvinus e Constituição da IPB, fez com que conhecêssemos de uma maneira mais próxima as comunidades locais e as suas particularidades regionais. Além disso, atuei em quarto reuniões de Comissão Executiva, um Supremo Concílio ordinário e dois Supremos Concílios extraordinários. Houve uma ocasião, em meados de 2014, que recebemos uma consulta de uma revista de veiculação nacional – na qual seria publicada uma matéria sobre as religiões no Brasil – interessada em saber o que a Igreja Presbiteriana do Brasil entendia quanto às razões do declínio das igrejas históricas brasileiras, inclusive das presbiterianas. Tal consulta me causou, por um lado, um certo espanto, visto que os números que tínhamos não condiziam com a informação deles. Então, produzi um documento, juntamente com o secretário executivo em exercício que, na ocasião, era o Rev. Juarez Marcondes Filho, informando os nossos dados estatísticos, que indicavam, ainda que pequeno, um crescimento da denominação em solo brasileiro.. ac. .c. tr. om. to k lic C. om. k lic C. .c. e ar. .. .. k e r- s o ft w. w. w. ac. t. U. Y U B to. 1. ww. ww. tr. di. !. F-. N. PD. t. O W. di. !. hange E. or. PD. XC. or. F-. k e r- s o ft w a. re.

(17) XC. hange E. O W N Y B. Sendo assim, diante dessa experiência, decidi aprofundar o estudo sobre esta denominação histórica no Brasil, analisando suas origens e seu desenvolvimento em terras brasileiras, considerando, também, os desafios étnicos, culturais e religiosos que a IPB enfrentou e ainda enfrenta. A Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) é uma igreja histórica de teologia calvinista. Ela chegou ao Brasil através do trabalho missionário do americano A. G. Simonton, em agosto de 1859. Suas origens intelectuais e teológicas remontam à época de João Calvino (1509 - 1564), reformador francês que dedicou a maior parte de. seu. ministério. pastoral. em. Genebra.. Também. fundamenta. a. sua. confessionalidade às Escrituras do Antigo e do Novo Testamento e tem como símbolos de fé os tratados conhecidos como Confissão de Fé de Westminster e seu breve e maior catecismo. Como uma igreja histórica, algumas coisas da realidade atual da sociedade se apresentam como grandes desafios. Talvez, a grande pergunta que se faça hoje é a seguinte: o que a IPB pode fazer para se tornar relevante para a sociedade contemporânea? Isso se revela como um grande desafio, visto que a igreja pode perder o seu propósito adotando determinadas ações no intento de se tornar "relevante". Chama-se Igreja Presbiteriana por causa de seu sistema de governo “presbiteral”. O governo da Igreja é exercido por presbíteros docentes e regentes. De maneira prática e simplória, os docentes (pastores) são responsáveis pelo ensino; os regentes (presbíteros) são os responsáveis pela administração. Este é um sistema de governo que, para muitos, dificulta o desenvolvimento da igreja, visto ser considerado muito burocrático e lento. Entretanto, é um sistema que permite uma administração mais isonômica e, para os presbiterianos, é um sistema bíblico de organização da igreja cristã. Consideraremos que a Igreja tem buscado se expandir em território nacional e, para tanto, alguns projetos missionários têm sido implantados. Além dos projetos de suas agências missionárias, a Igreja Presbiteriana do Brasil, historicamente, enfatiza e, com isso, demonstra a sua vocação de uma igreja fortemente engajada na educação como uma ferramenta de transformação social. A igreja investiu e investe em hospitais como meio de assistência ao próximo em suas necessidades, mas o meio mais adotado como forma e modelo de expansão. ac. .c. tr. om. to k lic C. om. k lic C. .c. e ar. .. .. k e r- s o ft w. w. w. ac. t. U. Y U B to. 2. ww. ww. tr. di. !. F-. N. PD. t. O W. di. !. hange E. or. PD. XC. or. F-. k e r- s o ft w a. re.

(18) XC. hange E. O W N Y B. é a implantação de novas igrejas pelas igrejas locais já constituídas. Apontaremos que algumas mudanças ocorreram em sua estrutura tradicional ao longo de sua história. Com as mudanças sociais que ocorreram no Brasil, algumas características históricas da igreja têm mudado também, como, por exemplo, o modelo de escola dominical e os estudos doutrinários de meio de semana. Analisaremos os efeitos do que por muitos é chamado “pósmodernidade” ou “Modernidade Líquida” – uma vez que suas filosofias têm afetado de maneira objetiva a sociedade em todas as suas estruturas: família, trabalho, economia, arte e educação. Sendo assim, algumas características pertinentes à contemporaneidade influenciam de maneira sorrateira as igrejas evangélicas e se estabelecem como a grande desafio para a IPB. Portanto, considero relevante o estudo sobre a Igreja Presbiteriana do Brasil porque ela se destaca como uma das mais sólidas igrejas históricas em solo brasileiro. Destarte, as ameaças que a espreitam podem ser as mesmas ameaças para as demais igrejas históricas; as metodologias adotadas como sistema de defesa podem servir de parâmetro e exemplo para as demais igrejas; destacar as características distintivas pode revelar uma igreja mais relevante do que se imagina; apresentar as ameaças contemporâneas pode contribuir para a preservação, o desenvolvimento e as correções de trajeto das igrejas históricas no Brasil.. ac. .c. tr. om. to k lic C. om. k lic C. .c. e ar. .. .. k e r- s o ft w. w. w. ac. t. U. Y U B to. 3. ww. ww. tr. di. !. F-. N. PD. t. O W. di. !. hange E. or. PD. XC. or. F-. k e r- s o ft w a. re.

(19) XC. hange E. O W N Y B. 1. CONTEXTO ÉTNICO, CULTURAL E RELIGIOSO BRASILEIRO. 1.1 BREVE HISTÓRICO DA FORMAÇÃO DA IDENTIDADE BRASILEIRA. A história do Brasil vai além de Pedro Álvares Cabral e da coroa portuguesa. Na verdade, não é possível. falar de um país. com tantas. particularidades partindo apenas de uma análise de um aspecto da sua história. Quando os colonizadores chegaram à América, já existia uma população nativa, os índios, e, depois da chegada dos portugueses, vieram outros de diversas partes do mundo. que, de maneira expressiva, contribuíram. para a formação e o. desenvolvimento desta nação chamada brasileira. Uma das questões que não se pode negligenciar consiste no fato de que o povo brasileiro é constituído por relações étnicas e culturais diferentes que, objetivamente, formaram a sua identidade social e cultural. Ricardo Ossagô de Carvalho1, em seu artigo intitulado “A construção da identidade brasileira a partir de Gilberto Freyre”, explica que, para Sérgio Buarque de Holanda, em sua obra Raízes do Brasil, foram os índios, negros e mulatos que fundaram o Brasil. Diz ainda que, para Gilberto Freyre, em seu clássico Casa-Grande e Senzala, a formação da sociedade brasileira compreende três elementos culturais, a saber, o branco (europeu-português), o negro (africano) e o indígena (nativo). Em princípio, o contato se deu entre os portugueses e os índios. Pela falta da mulher branca, os portugueses se relacionaram sexualmente e constituíram família com as índias. Além disso, os índios foram úteis aos ideais portugueses no que diz respeito ao desbravamento das terras brasileiras. Neste relacionamento, as culturas se misturam e acabam construindo. uma. nova. identidade. cultural. miscigenada, que, futuramente, forma a identidade nacional brasileira. Um pouco mais adiante, quando o Brasil inicia a instalação das CARVALHO, Ricardo Ossagô. “A construção da identidade brasileira a partir de Gilberto Freyre”. Disponível em: <http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/oficinadohistoriador/article/ viewFile/ 18973/12 039>. Acesso em: 10 jun. 2017. 1. ac. .c. tr. om. to k lic C. om. k lic C. .c. e ar. .. .. k e r- s o ft w. w. w. ac. t. U. Y U B to. 4. ww. ww. tr. di. !. F-. N. PD. t. O W. di. !. hange E. or. PD. XC. or. F-. k e r- s o ft w a. re.

(20) XC. hange E. O W N Y B. primeiras lavouras de cana-de-açúcar no país, é que surge a terceira raça, que também contribuiu para a formação da identidade cultural brasileira: os negros foram trazidos à força da África para trabalhar nos engenhos de açúcar no Nordeste, lavouras de café em São Paulo e Minas Gerais, dentre outros trabalhos tanto quanto pesados. Os senhores de escravos mantinham relação com negras escravas e muitas delas serviam também para a iniciação sexual dos jovens senhores. Disto decorria o nascimento dos mestiços. Freyre aponta que isso acabou servindo aos interesses da colonização. Na verdade, ele destaca o aspecto da necessidade da miscigenação para os portugueses no projeto de colonização, visto que os portugueses não conseguiriam colonizar um território tão vasto quanto o Brasil sem que houvesse uma população numerosa para isso. Isso possibilitou um grande número de mestiços no Brasil. Mas, não só isso, essa mistura de raças possibilitava uma adaptação mais tranquila do branco no ambiente tropical, contribuindo também para a mão de obra, o prazer sexual e a constituição de toda uma cultura particular. Toda essa miscigenação também contribuiu para uma mudança ou adaptação dos costumes, tais como podem ser verificados ainda hoje em nossa culinária, como, por exemplo: a mandioca, farinha, amendoim, milho, a farofa, o quibebe, a feijoada, azeite de dendê, dentre outras coisas; e até mesmo na religião. Entretanto, uma nação tão miscigenada precisa de um elemento unificador. No caso do Brasil, não poderia ser a questão da raça, visto que isso implicaria na elevação de uma em detrimento das outras. Freyre, considerando a problemática, identifica que o elemento unificador do povo era a religião católica, trazida para o Brasil pelos colonizadores portugueses 2. Assim, a religião no Brasil assume uma característica mais condescendente, visto que ela conta dois elementos distintos que se configuram como elementos unificadores da identidade brasileira: índios e negros. A religião, portanto, assume um papel proeminente e orientador para a sociedade brasileira. A religião católica era celebrada num contexto familiar, através de afiliações pessoais aos santos, celebrações a familiares mortos e um sacerdote quase que exclusivo para a família. Ricardo Ossagô de Carvalho, em seu artigo: “A construção da identidade brasileira a partir de Gilberto Freyre”, afirma que 2. FREYRE, Gilberto. Casa Grande e Senzala. 51ª ed. São Paulo. Global Editora.. ac. .c. tr. om. to k lic C. om. k lic C. .c. e ar. .. .. k e r- s o ft w. w. w. ac. t. U. Y U B to. 5. ww. ww. tr. di. !. F-. N. PD. t. O W. di. !. hange E. or. PD. XC. or. F-. k e r- s o ft w a. re.

(21) XC. hange E. O W N Y B. “o cotidiano da família patriarcal será então marcado por práticas religiosas, assinalando a passagem dos dias, dos anos, da própria vida” 3. Citando Freyre, ele acrescenta: “dentro da casa rezava-se de manhã, à hora das refeições, ao meiodia; e de noite, no quarto dos santos – os escravos acompanhando os brancos no terço e na salve- rainha.”4 E não somente isso: a religião norteia o calendário do Brasil-colônia e, com isso, acaba estabelecendo o ritmo da vida social. Eram eventos que celebravam o “ajuntamento” entre os membros da casa-grande e da senzala, ou seja, tanto os senhores quanto os escravos, e também outras famílias amigas que se confraternizavam nestes eventos. A religião marcava todos os aspectos da vida das pessoas e se estabelecia como o elemento unificador na sociedade. Mesmo com tantas diferenças, objetivos particulares, desafios culturais, a religião era o que dava liga à pluralidade cultural. Freyre assevera que “a religião tornou-se o ponto de encontro e de confraternização entre as duas culturas, a do senhor e a do negro; e nunca uma intransponível e dura barreira”5. Nesse contexto é que a identidade brasileira vem sendo formada. Colonizadores portugueses se relacionando com os nativos (índios) e com os negros vindos da África, produzindo assim uma miscigenação étnica e cultural, unificados por uma religião flexível que norteava a vida desta nova sociedade. Carvalho assegura que: A brasilidade só ganha foco com as contribuições dos mulatos mestiços de brancos e negros, já totalmente “desafricanizados” pela moda aculturativa da escravidão. Esses mulatos ou serão brasileiros ou não serão nada, já que a identificação com o índio, africana ou “brasilindio” era impossível. Além de ajudar a propagar o português, língua corrente, esses mulatos somados aos mamelucos formavam a maioria da população que passaria, mesmo contra a sua vontade, a ser vista e tida como a gente brasileira6.. 3 4 5 6. FREYRE apud. CARVALHO, Ricardo Ossagô. Ibid. Ibid. CARVALHO, Ricardo Ossagô, op.cit.. ac. .c. tr. om. to k lic C. om. k lic C. .c. e ar. .. .. k e r- s o ft w. w. w. ac. t. U. Y U B to. 6. ww. ww. tr. di. !. F-. N. PD. t. O W. di. !. hange E. or. PD. XC. or. F-. k e r- s o ft w a. re.

(22) XC. hange E. O W N Y B. Passados alguns anos, já no período republicano, avolumam-se as imigrações dos europeus para o Brasil, principalmente para a Região Sul e para São Paulo. O objetivo, além de impulsionar a produção brasileira, era o de produzir um “embranquecimento” da população. Obviamente, juntamente. com estes. imigrantes, além de suas bagagens, vigor e sonhos, vinham aspectos próprios, culturais e religiosos, que se somaram aos que já habitavam estas terras.. 1.2 AS RELIGIÕES NO BRASIL. Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil.7. O Brasil é, constitucionalmente, um Estado Democrático. Isso implica que temos assegurados direitos e temos as nossas condutas norteadas por deveres com o Estado e com a sociedade. No preâmbulo da Constituição Federal Brasileira, somos apresentados ao que ela se destina nos garantir, como, por exemplo, direitos sociais e individuais, liberdade, segurança e assim por diante. Uma Constituição revela muito do que é uma determinada sociedade e o preâmbulo se caracteriza como uma espécie de resumo do que, posteriormente, será detalhado. Sendo assim, no preâmbulo de nossa Constituição Federal, além das revelações quanto aos direitos e deveres civis do povo brasileiro, também é revelado um pressuposto religioso: “[…] promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil” (grifo nosso)8. Com isso, diferentemente do que alguns possam interpretar como uma expressão tendenciosa e proselitista, os constituintes tinham em mente uma sociedade plurirreligiosa, como. 7. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao. htm>. Acesso em: 08.maio.2017. 8 Constituição da República Federativa Do Brasil de 1988, op. cit.. ac. .c. tr. om. to k lic C. om. k lic C. .c. e ar. .. .. k e r- s o ft w. w. w. ac. t. U. Y U B to. 7. ww. ww. tr. di. !. F-. N. PD. t. O W. di. !. hange E. or. PD. XC. or. F-. k e r- s o ft w a. re.

(23) XC. hange E. O W N Y B. é o caso do Brasil. Isso fica mais claro quando lemos os artigos que tratam sobre as liberdades de religião. O famigerado termo que se deu ao Estado no que diz respeito à liberdade religiosa é, na verdade, uma subversão de seu caráter constitucional. Dizer que o Brasil é um Estado Laico é o mesmo que dizer que o Brasil é um país sem religião, o que não é verdade. A verdade é que o Brasil é um país com muitas religiões (plurirreligioso). Segundo o artigo 5ª da Constituição Federal: VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei.9. O Art. 150, item VI, letra b, acrescenta que: "sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI - instituir impostos sobre: b) templos de qualquer culto”10. E, por fim, o Art. 210 que assegura: Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais. § 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental. 11. Portanto, com base nesses artigos, percebemos que o Estado Democrático brasileiro garante a todos, indistintamente, a liberdade quanto ao exercício de sua fé ou até mesmo à falta dela. O Brasil não é um Estado de uma religião, assim como não é um Estado de nenhuma religião. O Brasil é um Estado 9. Ibid. Ibid. 11 Constituição Da República Federativa do Brasil de 1988, op. cit. 10. ac. .c. tr. om. to k lic C. om. k lic C. .c. e ar. .. .. k e r- s o ft w. w. w. ac. t. U. Y U B to. 8. ww. ww. tr. di. !. F-. N. PD. t. O W. di. !. hange E. or. PD. XC. or. F-. k e r- s o ft w a. re.

(24) XC. hange E. O W N Y B. de todas as religiões. Por isso, tratar sobre religião e religiosidade no Brasil é sempre um desafio diante das complexidades e multiplicidades do tema no contexto brasileiro. Contudo, este desafio tem sido encarado e o assunto, trabalhado e debatido a cada dia com mais ênfase e seriedade. Prova disso é o livro Religiosidade no Brasil 12, organizado por João Baptista Borges Pereira, que nos apresenta uma tela pincelada pelas linhas e cores em que se representa a religião e a religiosidade num Brasil multicultural e plurirreligioso. Além dela, a obra organizada por Faustino Teixeira e Renata Menezes, Religiões em Movimento: o Censo de 2010 13 também nos fornece um panorama bastante amplo sobre a temática em voga. Tais obras tornam-se relevantes para este trabalho ao discutirem a religiosidade além dos conceitos tradicionais e estereotipados no contexto, majoritariamente, de linha cristã em solo brasileiro, especialmente quando nos revelam grupos religiosos, com certa proeminência, pouco ou sequer conhecidos, como por exemplo, os budistas no Rio Grande do Sul, um grupo de espiritas messiânicos na Paraíba, dentre outros. No entanto, mesmo em se tratando de expressões religiosas com perfis cristãos, uma pergunta pode ser lançada como uma incitação para a conceituação do cristianismo brasileiro, a saber: que tipo de cristianismo é este que temos aqui? Visto que, mesmo no imenso grupo dos que se denominam cristãos há, inegavelmente, diferentes características e rituais cúlticos distintos que tornam o próprio cristianismo um objeto de estudo bastante amplo e interessante. Sendo assim, percebe-se o dinamismo e a elasticidade da religiosidade brasileira, bem como os seus aspectos comunitários e compartilhados que afetam, ainda que em suas particularidades, os distintos grupos religiosos, tornando o estudo do tema um cenário com amplas possibilidades para a continuidade da pesquisa acadêmica. Em Religiosidade no Brasil, Pereira conceitua a temática do cristianismo. brasileiro nos. apresentando. as. suas. raízes. históricas, seu. desenvolvimento e suas adaptações ao longo dos anos. Trabalharemos neste 12. PEREIRA, J. B. B (Org.). Religiosidade no Brasil. São Paulo: Edusp, 2013. TEIXEIRA, Faustino; MENEZES, Renata. (Org.). Religiões em Movimento: o Censo de 2010. Petrópolis: Vozes, 2013. 13. ac. .c. tr. om. to k lic C. om. k lic C. .c. e ar. .. .. k e r- s o ft w. w. w. ac. t. U. Y U B to. 9. ww. ww. tr. di. !. F-. N. PD. t. O W. di. !. hange E. or. PD. XC. or. F-. k e r- s o ft w a. re.

(25) XC. hange E. O W N Y B. capítulo com uma análise do resultado que este livro apresenta, seguindo o seguinte esboço: Augustin Werner, em seu artigo “Congregações femininas no Brasil e o reavivamento religioso em fins do século XIX”14, afirma que o cristianismo católico brasileiro sempre esteve muito arraigado em sua cultura, no entanto, o processo de revitalização do catolicismo na Europa reverberou aqui, o que produziu, necessariamente, uma sensível mudança e adaptação no contexto brasileiro. Faustino Teixeira, em “Faces do catolicismo brasileiro”15, diz que no final do século XX é que se iniciou um intensivo declínio do catolicismo no Brasil. Carlos. Rodrigues. Brandão,. em. seu. artigo:. “Catolicismo.. Catolicismos?” menciona que: Os dados que acabam de ser apresentados pelo IBGE, com respeito às religiões brasileiras no Censo Demográfico de 2010 confirmam a situação de progressivo declínio na declaração de crença católica. Os dados apresentados indicam que a proporção de católicos caiu de 73,8% registrados no Censo de 2000 para 64,6% nesse último Censo, ou seja, uma queda considerável. Tratase de uma redução que vem ocorrendo de forma mais impressionante desde o Censo de 1980, quando então a declaração de crença católica registrava o índice de 89,2%. Daí em diante, a sangria só aumentou: 83,3% em 1991, 73,8% em 2000 e 64,6% em 2010. O catolicismo continua sendo um "doador universal” de fiéis, ou seja, “o principal celeiro no qual outros credos arregimentam adeptos”, para utilizar a expressão dos antropólogos Paula Montero e Ronaldo de Almeida […]”16.. Ele alude ainda que, se a tendência de declínio persistir, em breve teremos um cenário invertido e impactos importantes no campo religioso brasileiro. Nesse sentido, Renata de Castro Menezes, em "Uma visita ao catolicismo brasileiro contemporâneo: a bênção de Santo Antônio num convento carioca”1717, aponta para um consequente processo de reconfiguração do campo. WERNER, Augustin. “Congregações femininas no Brasil e o reavivamento religioso em fins do século XIX”. In: PEREIRA, J. B. B. (Org.). Religiosidade no Brasil. São Paulo: Edusp, 2013. p. 359-368. 15 TEIXEIRA, Faustino. “Faces Do Catolicismo Brasileiro”. In: PEREIRA, J. B. B (Org.). Religiosidade no Brasil. São Paulo: Edusp, 2013. p. 23-36. 16 BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Catolicismo. Catolicismos? In: TEIXEIRA, Faustino; MENEZES (Org.); Renata. (Org.). Religiões em Movimento: o Censo de 2010. Petrópolis: Vozes, 2013. p. 89110. 17 MENEZES, Renata de Castro. Uma visita ao catolicismo brasileiro contemporâneo: a bênção de Santo Antônio num convento carioca In: PEREIRA, J. B. B (Org.). Religiosidade no Brasil. São Paulo: Edusp, 2013 .p. 37-54. 14. ac. .c. tr. om. to k lic C. om. k lic C. .c. e ar. .. .. k e r- s o ft w. w. w. ac. t. U. Y U B to. 10 ww. ww. tr. di. !. F-. N. PD. t. O W. di. !. hange E. or. PD. XC. or. F-. k e r- s o ft w a. re.

(26) XC. hange E. O W N Y B. religioso no Brasil e, ainda, considerando o processo, nota a necessidade de uma nova percepção do catolicismo e sua coexistência na cultura brasileira. Entretanto, o cristianismo brasileiro não é composto meramente por origens e tradições católicas. O protestantismo chegou ao Brasil no período colonial através dos franceses e holandeses. Embora o catolicismo ainda seja o segmento religioso mais proeminente, os dados do IBGE de 2010 apontam para um crescimento significativo dos evangélicos no Brasil, estabelecendo-os, portanto, como o segundo maior grupo religioso, correspondente a 22,2% da população brasileira. Brandão considera que este crescimento se dá em razão de uma migração do catolicismo. Ele diz que “a um primeiro olhar tudo leva crer que o catolicismo semeia fiéis jovens para mais tarde em boa medida serem colhidos pelos evangélicos pentecostais e neopentecostais”18. Contudo, temos que considerar o evangelicalismo brasileiro também dentro da multiplicidade e pluralidade cultural do Brasil. O atual crescimento pode ser notado pelo espaço que os evangélicos têm ocupado na mídia e na política, porém nem todos que estão incluídos nas nomenclaturas. “protestante” ou. “evangélico” tem colaborado para o aumento dos dados acima, pois, enquanto destaca-se o crescimento de alguns grupos, nota-se o arrefecimento ou estagnação de outros19 (veremos os dados desta informação mais adiante). O pentecostalismo tradicional também sofreu mutações e dele surgiu o movimento denominado de neopentecostalismo, tendo como o seu maior expoente a IURD (Igreja Universal do Reino de Deus). Fundada por Edir Macedo e Romildo Ribeiro Soares (R.R. Soares – também fundador e líder da Igreja Internacional da Graça de Deus), em 9 de julho de 1977. A IURD mantém um discurso de prosperidade, e de maneira mais aguda prega contra os ritos cúlticos e as tradições das religiões afro-brasileiras, ainda que isso pareça contraditório ao ambiente sincrético brasileiro20.. 18. BRANDÃO, Carlos Rodrigues, Op. cit., p. 93. WIRTH, Lauri Emílio. “Protestantismo Brasileiro de rito luterano”. In: PEREIRA, J. B. B (Org.). Religiosidade no Brasil. São Paulo: Edusp, 2013. p. 97-110. CALVANI, Carlos Eduardo B. “Anglicanismo no Brasil”. In: PEREIRA, J. B. B (Org.). Religiosidade no Brasil. São Paulo: Edusp, 2013. p. 55-70. 20 SILVA, Vagner Gonçalves da. “Concepções religiosas afro-brasileiras e neopentecostais: uma análise simbólica”. In: PEREIRA, J. B. B (Org.). Religiosidade no Brasil. São Paulo: Edusp, 2013. p. 219-256. 19. ac. .c. tr. om. to k lic C. om. k lic C. .c. e ar. .. .. k e r- s o ft w. w. w. ac. t. U. Y U B to. 11 ww. ww. tr. di. !. F-. N. PD. t. O W. di. !. hange E. or. PD. XC. or. F-. k e r- s o ft w a. re.

(27) XC. hange E. O W N Y B. Entretanto, estas mutações não afetaram a estabilidade e nem, tampouco, o crescimento dos pentecostais. Segundo a análise de Cecilia L. Mariz e Paulo Gracino Jr., no artigo “As igrejas pentecostais no Censo de 2010”, os pentecostais “quase que triplicaram de tamanho, em termos absolutos, de 1991 a 2010: saltando de pouco mais de 8 milhões para mais de 25 milhões21. Considerando-se que o protestantismo22 brasileiro não foi originado em si mesmo, ou seja, não nasceu nesta cultura, mas foi importado da Europa, e com maior ênfase, dos EUA, uma análise quanto às mutações daquilo que foi importado e sua adaptação e conformação à nossa cultura brasileira será realizada mais adiante, no capítulo que trato sobre as origens históricas do Presbiterianismo. Antônio Gouvêa Mendonça, no artigo "O protestantismo no Brasil e suas encruzilhadas”23, e Leonildo Silveira Campos, em "As origens norteamericanas do pentecostalismo brasileiro: observações sobre uma relação ainda pouco avaliada”24, consideram a forte influência do protestantismo americano em dois segmentos distintos, porém, permeantes e consolidados no Brasil, os quais podem ser identificados nas igrejas protestantes de linha tradicional e nas de linha pentecostal. A linha que tece o emaranhado religioso brasileiro também é composta por grupos minoritários, que a despeito de serem criticados e não demonstrarem interesses quanto ao seu crescimento e desenvolvimento, perseveram em suas origens e mantêm-se rígidos em sua doutrina prezando por sua manutenção étnica25. São elas a Igreja Ortodoxa 26 e a Congregação Cristã do Brasil. Quanto à MARIZ, Cecília L.; GRACINO, Paulo. “As Igrejas Pentecostais no Censo de 2010”. In: TEIXEIRA , Faustino; MENEZES (Org.); Renata. (Org.). Religiões em Movimento: o Censo de 2010. Petrópolis: Vozes, 2013. p. 161-174. 22 A ênfase aqui não diz respeito aos evangélicos de modo geral, mas, aos evangéli cos de linha histórica que imigraram para o Brasil. 23 MENDONÇA, Antônio Gouvêa. “O protestantismo no Brasil e suas encruzilhadas”. In: PEREIRA, J. B. B (Org.). Religiosidade no Brasil. São Paulo: Edusp, 2013. p. 71-96. 24 CAMPOS, Leonildo Silveira. As Origens Norte-Americanas Do Pentecostalismo Brasileiro: Observações Sobre Uma Relação Ainda Pouco Avaliada. In: PEREIRA, J. B. B (Org.). Religiosidade no Brasil. São Paulo: Edusp, 2013. p. 143-166. 25 PEREIRA, J. B. B. “Italianos no protestantismo brasileiro: A face esquecida pela história da imigração”. In: PEREIRA, J. B. B (Org.). Religiosidade no Brasil. São Paulo: Edusp, 2013. p. 359-367. 26 A igreja constituída sobre a doutrina de Cristo, a partir do ano 33, era toda ela denominada ortodoxa. Entretanto, fatores ligados a questões culturais, dogmáticas, disciplinares, litúrgicas e políticas, entre as partes oriental e ocidental dess a comunidade até então considerada una, levam, entre 1054 e 1204, à ruptura definitiva entre as duas metades, as quais serão assim reconhecidas até o momento contemporâneo: do lado ocidental, a Igreja Católica Apostólica Romana, submissa ao bispo de Roma, e do lado oriental, a Igreja Católica Apostólica Ortodoxa Grega, 21. ac. .c. tr. om. to k lic C. om. k lic C. .c. e ar. .. .. k e r- s o ft w. w. w. ac. t. U. Y U B to. 12 ww. ww. tr. di. !. F-. N. PD. t. O W. di. !. hange E. or. PD. XC. or. F-. k e r- s o ft w a. re.

(28) XC. hange E. O W N Y B. última, Pereira comenta:. O protestantismo, cujas raízes são italianas, situa-se na 1ª onda, data de 1910, autodenomina-se Congregação Cristã no Brasil e é chamado comum e pejorativamente de glória, glorinha, língua de fogo, etc. Ao lado da Assembléia de Deus, também da 1ª onda, constitui numericamente a mais importante igreja pentecostal do país 27.. Aparentemente, os segmentos religiosos tradicionais são mais resistentes às adaptações e inserções culturais ou multiculturalismo, como por exemplo, o judaísmo. Entretanto, na obra Religiosidade no Brasil, temos descortinado algo inusitado que desmonta esta tese e nos apresenta dois tipos distintos de judaísmo, segundo Marta F. Topel, no seu texto “Judaísmo(s) brasileiro(s): uma incursão antropológica”, sendo eles o judaísmo de orientação haláchica e ortodoxa – predominante em São Paulo – cuja característica é a de separação e resistência à aculturação; e o "judaísmo brasileiro”, mencionado no Pará, que diferentemente do grupo anterior, valoriza os elementos da cultura local onde está inserido e é mais suscetível à aculturação28. Com base em estudos demográficos nas comunidades judaicas da diáspora, o professor Sérgio Dellapergola acrescenta: Como quase todas as comunidades judaicas da Diáspora, o número de nascimentos entre os judeus brasileiros é bastante baixo. Mais pessoas morrem na comunidade do que nascem. Também, como o Brasil tem uma tradição multicultural, há muitos casamentos mistos e bastante assimilação. O número de judeus brasileiros tende a diminuir, mas não é algo dramático. Podemos até considerar a população judaica do Brasil estável, se compararmos com outras comunidades do mundo29.. tendo como primaz o patriarca de Constantinopla (atual cidade de Istambul – Turquia), localizada na antiga colônia grega de Bizâncio, posteriormente incorporada a Roma. Cf. LOIACON, Muríci o. “A Igreja Ortodoxa no Brasil”. In: PEREIRA, J. B. B (Org.). Religiosidade no Brasil. São Paulo: Edusp, 2013. p. 167-192. 27 PEREIRA, J. B. B, op. cit., p. 359-367. 28 TOPEL, Marta F. Judaísmo(s) brasileiro(s): uma incursão antropológica. In: PEREIRA, J. B. B (Org.). Religiosidade no Brasil. São Paulo: Edusp, 2013. p. 271-286. 29 FINGUERMAN, Ariel. “As Opiniões De Dellapergola, Demógrafo Do Povo Judeu”. Disponível em: <http://culturahebraica.blogspot.com.br/2008/08/as -opinioes-de-dellapergolademografo.html> . Acesso em: 17.jun.2017.. ac. .c. tr. om. to k lic C. om. k lic C. .c. e ar. .. .. k e r- s o ft w. w. w. ac. t. U. Y U B to. 13 ww. ww. tr. di. !. F-. N. PD. t. O W. di. !. hange E. or. PD. XC. or. F-. k e r- s o ft w a. re.

(29) XC. hange E. O W N Y B. Porém, o Censo de 2010 também traz dados relevantes quanto ao judaísmo. Monica Grin e Michel Gherman, em “Judaísmo e o Censo de 2010”, apontam que: O Censo de 2010, que conta com 107 mil adeptos do judaísmo, número acima dos 90 mil quantificados pela própria comunidade judaica, poderia ser um espelho a refletir uma tendência de crescimento de adeptos da religião judaica no Brasil. Nesse caso pode-se dizer que a visibilidade daqueles judeus ortodoxos nos dois maiores centros urbanos do Brasil não seria aleatória, mas revelaria tendência de crescimento da religiosidade judaica30.. Seguindo a análise das religiões no Brasil, não podemos deixar de mencionar o budismo, visto termos em solo nacional a maior colônia japonesa fora do. Japão. Segundo Ricardo Mário Gonçalves, em "As Flores do Dharma. desabrocham sob o Cruzeiro do Sul: Aspectos Dos Vários 'Budismos' No Brasil”, o crescimento do budismo no Brasil é acanhado e só poderá ser percebido ao longo de alguns anos31. Outrossim, Geraldo José de Paiva, no seu artigo "Novas religiões japonesas e sua inserção no Brasil: discussões a partir da psicologia”, nos apresenta um quadro de novidade, quando diz que novas religiões japonesas, cuja matriz é o budismo, estão sendo introduzidas no Brasil e atraindo os brasileiros32. Suzana Ramos Coutinho Bornholdt, escrevendo sobre a "História, especificidades e inserção do budismo japonês da Sokka Gakkai no Sul do Brasil”, nos dá um exemplo de como isso ocorre com o Sokka Gakkai no Rio Grande do Sul e a sua dualidade pública e interna. Enquanto publicamente ela se mostra receptiva e aculturada à religiosidade brasileira, interiormente revela a sua rigidez em se manter fiel e convicta à sua doutrina e tradições33. Usarski, analisando os números do Censo quanto às religiões. GRIN, Monica; GHERMAN, Michel. “Judaísmo e o Censo de 2010”. In: TEIXEIRA, Faustino; MENEZES (Org.); Renata. (Org.). Religiões em Movimento: o Censo de 2010. Petrópolis: Vozes, 2013. p. 283-294. 31 GONÇALVES, Ricardo Mário. “As flores do Dharma desabrocham sob o Cruzeiro do Sul: Aspectos Dos Vários 'Budismos' No Brasil”. In: PEREIRA, J. B. B (Org.). Religiosidade no Brasil. São Paulo: Edusp, 2013. p. 287-298. 32 PAIVA, Geraldo José de. “Novas religiões japonesas e sua inserção no Brasil: discussões a partir da psicologia”. In: TEIXEIRA, Faustino; MENEZES (Org.); Renata. (Org.). Religiões em Movimento: o Censo de 2010. Petrópolis: Vozes, 2013. p. 299-310. 33 BORNHOLDT, Suzana Ramos Coutinho. História, especificidades e inserção do budismo japonês da Sokka Gakkai no Sul do Brasil. In: PEREIRA, J. B. B (Org.). Religiosidade no Brasil. São Paulo: Edusp, 2013. p. 383. 30. ac. .c. tr. om. to k lic C. om. k lic C. .c. e ar. .. .. k e r- s o ft w. w. w. ac. t. U. Y U B to. 14 ww. ww. tr. di. !. F-. N. PD. t. O W. di. !. hange E. or. PD. XC. or. F-. k e r- s o ft w a. re.

(30) XC. hange E. O W N Y B. orientais, informa, em seu artigo: “As ‘religiões orientais’ segundo o Censo Nacional de 2010”, que […] conforme os números até agora divulgados pelo IBGE referente a pesquisa nacional de 2010, 415.267 pessoas autodeclararam-se adeptos ou praticantes de uma religião oriental. Este número absoluto corresponde a 0,22% da população brasileira. O maior seguimento deste universo é o budismo, representado por 243.966 pessoas, ou seja, por 0,13% da população brasileira34.. A história do islamismo no Brasil não é tão recente quanto se cogita. O islamismo chegou ao Brasil através de escravos trazidos da África subsariana que o praticavam e, embora a maioria desses escravos tenha desenvolvido suas atividades na agricultura, alguns, que atuavam em ambientes urbanos e mantinham relações com diferentes grupos sociais, faziam com que as ideias islâmicas fossem propagadas. No entanto, tão somente em 1929, na cidade de São Paulo, é que foi construída a primeira mesquita da América Latina. Mesmo sendo um grupo religioso, famigerado por seu extremismo, exclusivismo e de rigidez exacerbada, Paulo Gabriel Hilu da Rocha Pinto, em "Ritual, etnicidade e identidade religiosa nas comunidades muçulmanas no Brasil" nos conta que o islamismo no Brasil tem aspectos mais inclusivos e receptivos à cultura local, em que se nota um ocultamento. de. práticas e. crenças. para. o. acolhimento de uma tradição. particularmente brasileira35. O mesmo autor, Paulo Gabriel Hilu da Rocha Pinto, escreveu também um artigo intitulado: “Islã em números – os muçulmanos no Censo Demográfico de 2010”, no qual apresenta os seguintes números quanto a este grupo: “O Censo Demográfico de 2010 registrou a presença de 35.167 muçulmanos no Brasil. Esse número mostrou crescimento considerável do número de adeptos do islã, que estaria 29,10% maior que em 2000, quando o Censo apontou 27.239 muçulmanos. USARSKI, Frank. “As ‘religiões orientais’ segundo o Censo Nacional de 2010”. In: TEIXEIRA , Faustino; MENEZES (Org.); Renata. (Org.). Religiões em Movimento: o Censo de 2010. Petrópolis: Vozes, 2013. p. 253-266. 35 PINTO, Paulo Gabriel Hilu da Rocha. “Ritual, Etnicidade e Identidade Religiosa nas Comunidades Muçulmanas no Brasil”. In: PEREIRA, J. B. B (Org.). Religiosidade no Brasil. São Paulo: Edusp, 2013. p. 327-358. 34. ac. .c. tr. om. to k lic C. om. k lic C. .c. e ar. .. .. k e r- s o ft w. w. w. ac. t. U. Y U B to. 15 ww. ww. tr. di. !. F-. N. PD. t. O W. di. !. hange E. or. PD. XC. or. F-. k e r- s o ft w a. re.

(31) XC. hange E. O W N Y B. no país.”36 Tal crescimento não se deu apenas quanto ao número de adeptos, mas, também, quanto ao número de instituições muçulmanas em território brasileiro. O crescimento demográfico dos muçulmanos no Brasil também pode ser acompanhado através do aumento do número de instituições muçulmanas em várias regiões do país. Em 1983, existiam 24 centros islâmicos e sociedades beneficentes muçulmanas, além de 9 mesquitas, concentradas nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste (DELVAL, 1992: 219). Em 2002, existiam 58 instituições islâmicas no Brasil distribuídas pelo Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste do país (MONTENEGRO, 2002: 64). Em 2012, segundo um levantamento feito por mim, existiam 94 instituições islâmicas que, embora seguissem o padrão de concentração nas regiões Sul e Sudeste, estavam presentes em 19 estados do país. Essas instituições compreendiam 34 mesquitas; 3 mussalas (sala de oração) independentes; 3 centros sufis; 38 centros islâmicos e sociedades beneficentes muçulmanas; 6 escolas islâmicas; 3 cemitérios islâmicos; 3 centros de certificação de alimentos halal; e 7 órgãos representativos ou centros de divulgação do islã (federações, assembléias etc.) 37.. O contexto religioso brasileiro também abarca um movimento que caracteriza bem as inseguranças e descrenças na sociedade e em seus governos e, ao mesmo tempo, os desequilíbrios e embriaguezes de religiões utópicas e empíricas. Tal movimento é denominado como messiânico-milenaristas, cujo surgimento no Brasil alcançou seu maior índice em contextos rurais, não obstante, também observado e percebido em ambientes urbanos. e chegando às. comunidades indígenas. Renato da Silva Queiroz, em seu artigo "Mobilizações sociorreligiosas no Brasil: este. movimento. os. surtos. messiânico-milenaristas”38. afirma. que. é apresentado e disseminado por atores intencionais, cujas. ações se originam de uma cosmovisão particular e articulada. Ainda que alguns considerem o movimento como algo decadente e escasseado, ele se estabelece como mais uma realidade de expressão religiosa no Brasil e requer alguma atenção.. PINTO, Paulo Gabriel Hilu da Rocha. “Islã em números - Os muçulmanos no Censo Demográfico de 2010”. In: TEIXEIRA, Faustino; MENEZES (Org.); Renata. (Org.). Religiões em Movimento: o Censo de 2010. Petrópolis: Vozes, 2013. p. 267-282. 37 PINTO, Paulo Gabriel Hilu da Rocha, op. cit., p. 268. 38 QUEIROZ, Renato da Silva. “Mobilizações sociorreligiosas no Brasil: os surtos messiânico milenaristas”. In: PEREIRA, J. B. B (Org.). Religiosidade no Brasil. São Paulo: Edusp, 2013. p. 193218. 36. ac. .c. tr. om. to k lic C. om. k lic C. .c. e ar. .. .. k e r- s o ft w. w. w. ac. t. U. Y U B to. 16 ww. ww. tr. di. !. F-. N. PD. t. O W. di. !. hange E. or. PD. XC. or. F-. k e r- s o ft w a. re.

(32) XC. hange E. O W N Y B. E não nos esqueçamos da que talvez seja a mais brasileira das religiões, a religião indígena. Ainda que, segundo Roque de Barros Laraia, em "As religiões indígenas: o caso tupi-guarani”39, tal expressão seja minoria e esteja às margens da sociedade, elas servem e incentivam a releitura de práticas tradicionais sem, entretanto, cair na caricatura cultural, cujo objetivo é criar uma forma de espiritualidade legítima e adaptada ao mundo contemporâneo, podendo. ser. chamado de tradicionalismo experimental, que se contrapõe tanto à mercantilização eclética do new age como o tradicionalismo conservador, o que nos remete ao que é chamado de xamanismo urbano. José Guilherme Cantor Magnani, escrevendo "Xamãs na cidade”40, esclarece que este fenômeno reúne cosmologias indígenas a coisas próprias do ambiente da cidade, como uma manifestação de religiosidade no contexto urbano atual. Sandra Jacqueline Stoll, em "O espiritismo na encruzilhada: mediunidade com fins lucrativos?”41, aponta para o desvirtuamento. desta. espiritualidade quando estabelece uma ligação entre as vicissitudes da sociedade urbana contemporânea com a prática oportunista de mediunidade visando o lucro e, por vezes, a extorsão. Por fim, mencionemos o grupo que, mesmo considerado minoritário, segundo os dados do Censo 2010, demonstrou uma ascensão considerável na sociedade brasileira. Trata-se do Espiritismo Kardecista, que apresentou um crescimento de aproximadamente 65% entre os brasileiros. Bernardo Lewgoy, escrevendo sobre o tema: “A contagem do rebanho e a magia dos números - Notas sobre o espiritismo no Censo de 2010”, faz as seguintes considerações: Estes últimos [falando sobre os espíritas], mesmo numericamente minoritários, exibiram as taxas de crescimento nominal mais vigorosas de todo o campo religioso: de 1,3% em 2000 para 2% em 2010. São cerca de 3,8 milhões de pessoas declarando-se seguidores do espiritismo Kardecista. Esse crescimento de aproximadamente 65% no número de espíritas autodeclarados significa a ascensão do prestígio, bem como o resultado de exitosas ações institucionais de proselitismo da parte das lideranças espíritas, no qual o papel das produções cinematográficas em torno 39. LARAIA, Roque de Barros. As religiões indígenas: o caso tupi-guarani. In: PEREIRA, J. B. B (Org.). In: Religiosidade no Brasil. São Paulo: Edusp, 2013. p. 15-22. 40 MAGNANI, José Guilherme Cantor. Xamãs na cidade. In: PEREIRA, J. B. B (Org.). Religiosidade no Brasil. São Paulo: Edusp, 2013. p. 311-326. 41 STOLL, Sandra Jacqueline. O espiritismo na encruzilhada: mediunidade com fins lucrativos? In: PEREIRA, J. B. B (Org.). Religiosidade no Brasil. São Paulo: Edusp, 2013. p. 257-270.. ac. .c. tr. om. to k lic C. om. k lic C. .c. e ar. .. .. k e r- s o ft w. w. w. ac. t. U. Y U B to. 17 ww. ww. tr. di. !. F-. N. PD. t. O W. di. !. hange E. or. PD. XC. or. F-. k e r- s o ft w a. re.

(33) XC. hange E. O W N Y B. da vida e da obra do médium Chico Xavier tem um considerável papel.42. Destacam-se. neste. campo. religioso,. características. de. um. envolvimento sazonal por parte de seus seguidores. Pessoas que frequentam o centro espírita apenas em situações adversas e circunstanciais de suas vidas em busca de respostas e soluções. Ainda segundo Lewgoy, O espiritismo brasileiro passou, nas últimas décadas, por um processo de transformação, de minoria religiosa perseguida para alternativa religiosa legítima, que oferece explicação de sucessos, conforto para aflições e cura espiritual de infortúnios, a partir de uma doutrina que se pretende simultaneamente científica e religiosa. O espiritismo é invocado como recurso terapêutico em situações de crise pessoal, como doenças, separações, perdas, desemprego etc. Nele se constata uma grande circulação de pessoas não espiritas em centros espíritas e, de outro lado, uma grande circulação de crenças espíritas em espaços não espíritas 43.41. O que vimos, portanto, foram abordagens bem particulares de algumas expressões religiosas no Brasil. Cada texto mostra em suas singularidades algumas das religiões que mais se destacam e emolduram a religiosidade no contexto multicultural e plurirreligioso brasileiro.. 42. LEWGOY, Bernardo. A contagem do rebanho e a magia dos números - Notas sobre o espiritismo no Censo de 2010. In: TEIXEIRA, Faustino; MENEZES (Org.); Renata. (Org.). Religiões em Movimento: o Censo de 2010. Petrópolis: Vozes, 2013. p. 191-202. 43 LEWGOY, Bernardo, op. cit., p.199.. ac. .c. tr. om. to k lic C. om. k lic C. .c. e ar. .. .. k e r- s o ft w. w. w. ac. t. U. Y U B to. 18 ww. ww. tr. di. !. F-. N. PD. t. O W. di. !. hange E. or. PD. XC. or. F-. k e r- s o ft w a. re.

Referências

Documentos relacionados

Entendendo a importância da contribuição do currículo por Expectativas de Ensino e Aprendizagem no processo de aprendizagem, assim como no desenvolvimento profissional do

Es una cosa que estaba en demora, pero está muy ligado a eso ET: entendí, entonces lo que te quiero decir es que hace como 3 años o 2 años ehh viene la industria en proyección

Aristóteles argumenta nos parágrafos citados acima que assim como quando fazemos afirmações ou negações a respeito de qualquer coisa, isso deve ser necessariamente verdadeiro ou

A análise do cenário de negócios da empresa, construída a partir do portfólio de produtos e serviços, apresenta-se na fase de maturidade; locação, venda e manutenção de

Através de estudos cinéticos, os materiais híbridos com diferentes proporções de GO 400µL e 1200µL foram testados como matrizes adsorventes, mostrando em seus resultados que a

Na Figura 19 é demonstrado o resumo das práticas ágeis e suas respectivas contribuições para esta pesquisa aplicada, onde foram destacadas como oportunidades de melhoria na ED durante

No Brasil a nitretação por plasma em escala industrial ainda não alcançou uma posição de destaque e por isso com intuito de contribuir para a mudança deste cenário, neste trabalho

Para tanto, padronizamos um protocolo de EA de 8 semanas de duração e avaliamos seu efeito sobre a formação de memória declarativa de curto e longo prazo, assim como também a