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Metas da aula Mostrar a importância do método de estudo como fator

HIPÓTESES

A formulação de hipóteses e suas características:

Hipótese é sinônimo de suposição de respostas provisórias, é

uma P R O P O S I Ç Ã O com o objetivo de verifi car a validade de respostas

existentes. Nesta defi nição, hipótese é uma afi rmação determinante (uma suposição), que tenta responder ao problema defi nido em relação ao assunto indicado para pesquisa. É uma pré-solução para o problema. O trabalho de pesquisa, então, irá confi rmar ou refutar as hipóteses (ou suposições) levantadas.

Critérios de hipóteses:

a) A hipótese deve ser admissível, isto é, deve indicar uma situação possível de ser acolhida, de ser aceita (RUDIO, 2004, p. 110).

Exemplo 1 de hipótese mal formulada:

Os funcionários do escritório A da empresa X apresentam respostas adequadas e corretas, e os funcionários do escritório B, da mesma empresa, apresentam respostas inadequadas e incorretas para uma mesma determinada questão.

A hipótese é mal formulada porque não é admissível que, tendo decorrido o mesmo tempo de trabalho, relativo ao mesmo conteúdo, houvesse tal diferença entre os dois grupos da mesma empresa.

b) a coerência recomenda que a formulação da hipótese não esteja em contradição nem com a teoria nem com o conhecimento científi co mais amplo, bem como não exista contradição dentro do próprio enunciado (RUDIO, 2004, p. 101-103).

PR O P O S I Ç Ã O

Ato ou efeito de propor; coisa que se propõe; proposta, sugestão.

Exemplo 2 de hipótese mal formulada:

A empresa X em programa de treinamento e consultoria apresenta a seguinte situação: as respostas dos funcionários do escritório A da empresa X e dos funcionários do escritório B, da mesma empresa, são todas incorretas e inadequadas.

A hipótese é mal construída. Não é possível saber quando há respostas corretas em treinamento e consultoria. A inconsistência aparece sob dois aspectos:

1º) na própria formulação da hipótese, em relação ao próprio enunciado: se não é possível estabelecer que as respostas sejam adequadas e corretas, como é possível estabelecer que as mesmas respostas sejam inadequadas e incorretas?

2o) considerando a própria teoria que, mesmo limitando a

aprendizagem que se possa ter, busca treinar e ensinar os funcionários para oferecerem soluções corretas e inadequadas;

3o) considerando o conhecimento científico mais amplo, ao

ensinar que se pode fazer aprendizagem tanto de treinamento como, particularmente, de consultoria.

c) a formulação da hipótese deve ser explicitada dando as especifi cações para identifi car o que deve ser observado (Idem).

Exemplo 3 de hipótese mal formulada:

Em qualquer caso ou em qualquer situação, as respostas dadas pelos funcionários do escritório A da empresa X são sempre superiores às dadas pelos funcionários do escritório B da mesma empresa.

A hipótese é mal enunciada. Não é possível observar qualquer caso, qualquer situação, e são sempre superiores. Estes termos devem ser “traduzidos” em termos de referência empírica para indicar o que deve ser observado na realidade.

d) a hipótese deve ser testável pelos procedimentos científi cos, atualmente utilizados (Idem).

Exemplo 4 de hipótese mal formulada:

Não existe diferença importante entre os funcionários do escritório A da empresa X e do escritório B da mesma empresa nas respostas dadas, sob a perspectiva da reação imediata que tiveram na profundidade do inconsciente.

A hipótese é mal formulada porque não se pode saber, por processos científi cos atuais, qual a reação imediata que alguém possui na profundidade do inconsciente.

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e) a hipótese deve ser nítida ao se escrever o enunciado, isto é, que seja formada por palavras que ajudem a entender o que se deseja assegurar e indiquem, de modo signifi cativo, os fenômenos a que se vinculam (Idem).

Exemplo 5 de hipótese mal formulada:

O ideal dos funcionários do escritório A da empresa X e os funcionários do escritório B da mesma empresa, transcendendo as incompatibilidades das respostas que aparentemente possam existir, garantem o mesmo nível de signifi cação, equiparando-as na essencialidade.

A hipótese é mal construída, porque sua formulação está ambígua, não se entendendo exatamente o que se pretende afi ançar. Além disso, possui uma série de palavras que não convêm à hipótese, por não terem referência empírica.

f) a formulação deve ter todos os termos indispensáveis ao entendimento. Dessa forma, não convém o seguinte enunciado: “com referência ao problema dado, podemos elaborar a seguinte hipótese: não existe diferença entre as belíssimas respostas dadas pelos esforçados funcionários do escritório A da empresa X e as dos inteli- gentes funcionários do escritório B da mesma empresa”. De fato, a formulação deve ter uma linguagem substantiva. Dessa forma, não é conveniente utilizar palavras com o propósito de embelezar ou “compor” a frase, como, por exemplo, belíssimas, esforçados, inteligentes.

g) a simplicidade é fator importante no enunciado da hipótese. Consiste em utilizar todos os termos necessários à compreensão, na menor quantidade possível de termos. Dessa maneira, na seguinte formulação, as palavras que estão não-realçadas não têm valor: O conjunto das

respostas, emitidas pelos funcionários do escritório A da empresa X, na resolução de cada caso, não apresenta diferença signifi cativa com a

resolução de cada caso, apresentada pelo conjunto de respostas dadas

pelos funcionários do escritório B da mesma empresa.

Com simplicidade e utilizando os termos necessários, o enunciado pode ser: As respostas emitidas pelos funcionários do escritório A da empresa X não apresentam diferença signifi cativa das respostas dadas pelos funcionários do escritório B da mesma empresa;

h) um dos objetivos básicos da hipótese é mostrar que o problema foi enunciado. Se isso não ocorrer, ela não tem valor. Dessa forma, não

é conveniente o enunciado: “Os casos de aconselhamento são melhor resolvidos pelos funcionários do escritório A e os casos de problemas psíquicos, pelos funcionários do escritório B da mesma empresa.”

No problema se questiona se há diferença signifi cativa entre as respostas dadas e não quem é melhor em aconselhamento ou qualquer das várias técnicas de tratamento de doenças e problemas psíquicos. A hipótese não tem utilidade por não possuir explicação para o problema enunciado (Idem).

Determinar os termos do problema e das hipóteses

A hipótese é fundamental para que uma investigação seja levada a cabo, ela irá guiar a pesquisa válida. Sem ela, a investigação não tem foco, é uma D I G R E S S Ã O empírica ao acaso. As conclusões não podem nem ser apresentadas como fatos com um signifi cado claro. A hipótese é uma vinculação necessária entre teoria e pesquisa, que conduz à descoberta de novos conhecimentos.

Relação existente entre a teoria, o enunciado do problema e a construção das hipóteses

Uma hipótese busca a solução do problema, expõe o que procu- ramos. Quando os fatos são reunidos, classifi cados e listados, formam uma teoria. Esta não é conjectura maldosa, mas é erguida sobre acontecimentos. É possível que os diversos acontecimentos em uma teoria possam ser rigorosamente examinados, que outras relações possam ser deduzidas além daquelas constituídas na teoria. Nesse ponto não se sabe se essas deduções são acertadas. O enunciado da dedução forma uma hipótese; se estudada, torna-se parte de uma estrutura teórica futura. Dessa forma, a relação entre hipótese e teoria é muito semelhante.

Sobre isso, um cientista afi rmou: “Na prática, uma teoria é uma hipótese elaborada que se refere a mais tipos de fatos do que os da simples hipótese” (Wilian H. Georg, apud GOODE; HATT, 1973, p. 74). A distinção não é claramente defi nida” (GOODE; HATT, 1973, p. 75).

Uma teoria e uma hipótese nunca podem ser satisfatoriamente separadas. É válido imaginá-las como esses dois aspectos da maneira pela qual a ciência colabora para o conhecimento. Assim, uma teoria exibe

DI G R E S S Ã O

Afastamento, desvio momentâneo do assunto sobre o qual se fala ou escreve (HOUAISS, 2002).

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uma relação entre fatos. Se esta vinculação existe, outras proposições podem ser deduzidas desta teoria. Essas proposições deduzidas são hipóteses (Idem).

Resultado para a ocorrência real ou para a teoria se as hipóteses forem aceitas ou se forem refutadas

A hipótese é uma proposta a ser testada para determinar sua validade. Pode ser contra ou a favor do senso comum. Pode ser correta ou não. De qualquer forma, conduz a uma verificação empírica. Independente da conclusão, a hipótese é uma proposição feita de tal maneira que um resultado, de alguma forma, pode estar próxima a afl orar. É um exemplo da descrença organizada da ciência a recusa a aceitar qualquer afi rmativa sem teste empírico (Idem).

Cada teoria útil permite a enunciação de hipóteses adicionais. Estas, quando testadas, são aceitas ou negadas, formam outros testes da teoria original. De qualquer forma podem ser utilizadas pela teoria e permitem a formulação de novas hipóteses. Este processo simples, infelizmente, não indica que o enunciado de hipóteses úteis seja uma das partes mais difíceis do método científi co (Idem).

As principais difi culdades na enunciação de hipóteses úteis: – ausência de um Q U A D R O D E R E F E R Ê N C I A T E Ó R I C O C L A R O; – falta de habilidade para utilizar logicamente esse processo teórico;

– desconhecimento das técnicas de pesquisa existentes para ser capaz de expressar adequadamente a hipótese (LAKATOS; MARCONI, 1999, p. 31). QU A D R O D E R E F E R Ê N C I A T E Ó R I C O C L A R O “O quadro de referência teórico consiste no corpo teórico no qual a pesquisa encontrará seus fundamentos. Ora, todo pensamento existe em uma corrente de pensamento. Eles têm genealogia, situando-se, portanto, em um contexto teórico maior. Por isso, quando um corpo teórico é escolhido pelo pesquisador, este precisa ter em mente o contexto mais amplo em que esse corpo se insere...” (SANTAELLA, 2001, p. 184, apud Antoniella Devanier. Disponível em: www.unef.edu.br. Acesso em 13 jul. 2007)

Para formular um problema...

Você é um administrador, o novo gestor de distribuição de produtos da sua empresa. Foi nomeado, porque existe um problema na distribuição provocando atrasos na entrega dos produtos aos consumidores. Após examinar a situação, percebe que o mercado fi nanceiro está em crise, que estamos vivendo um hiato infl acionário, que as taxas de embarque estão mais caras. O dono da empresa está com crise de asma. Estes fatos estão organizados de modo que façam sentido para se formular um problema? Por quê? ____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________

Resposta Comentada

Se você respondeu que não, você acertou, pois os dados apresentados não estão organizados de maneira a se formular um problema. Para que estivessem ordenados adequadamente, deveriam ser considerados somente os fatos que caracterizam os atrasos na entrega dos produtos, o que não acontece.

Atividade 3

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Ainda sobre o problema

Vejamos de outra forma:

Você é um administrador, o novo gestor de distribuição de produtos da sua empresa. Foi nomeado, porque existe um problema na distribuição provocando atrasos na entrega dos produtos aos consumidores. Após examinar a situação, percebe que a rede de varejistas não está treinada para distribuir os seus produtos.

Este fato pode ser considerado na formulação do problema?

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Resposta Comentada

Se você respondeu que sim, acertou, porque percebeu de alguma forma que o texto tem um signifi cado que caracteriza os atrasos na entrega dos produtos aos consumidores.

Atividade 4

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Toda hipótese é a expressão geral de relações entre, pelo menos, duas variáveis. Por sua vez, variável é um conceito que contém ou apresenta valores, tais como: quantidades, qualidades, características, magnitudes, traços etc., colaborando para a construção do conceito de noções de objeto, processo, agente, fenômeno, problema etc. Maiores informações sobre problema, hipóteses, variáveis e conceitos podem ser encontradas na escolha do tema e na construção de conceitos. (LAKATOS; MARCONI, 1995, p. 160).