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Meta da aula Explicar os conceitos de ética e de

PESQUISA E ÉTICA

A ética é uma questão importante nas tomadas de decisão no desenvolvimento de uma pesquisa. Ela se faz indispensável como parte de um processo competitivo, no qual os indivíduos ou instituições ou órgãos estão competindo por recursos escassos. Algumas vezes, para conseguir os recursos, eles estão dispostos a passar de um comportamento honesto para um tipo de comportamento que se pode considerar desonesto, dependendo do ponto de vista de quem observa.

Há muita discussão quanto até que ponto se está agindo de maneira ética ou não em uma tomada de decisão para começar uma pesquisa.

Evidentemente, isso depende muito dos valores das pessoas envolvidas na tomada de decisão da pesquisa e do ambiente no qual elas estão inseridas.

Hoje em dia pipocam pesquisas que comprovam tudo e qualquer coisa. Quantas vezes você já leu que café faz mal à saúde? E que café faz bem? Pois é, estamos sujeitos a, mais tarde, descobrir que nada do que lemos era verdade, seja por conta de diferenças nas conclusões de cada pesquisador, seja por descarada fraude, como aconteceu mais recentemente com o estudo coreano que clamou ter cumprido uma das promessas da clonagem terapêutica: a de fabricar células capazes de se transformar em tecidos e órgãos compatíveis para pessoas que sofrem de doenças hoje incuráveis, como o mal de Alzheimer e o diabetes. Detalhe importante: nenhuma dessas pesquisas foi necessariamente produzida em universidades de segundo escalão, nem divulgadas por publicações pouco conceituadas no meio acadêmico; pelo contrário. A pesquisa da clonagem, por exemplo, foi fi nanciada pela Universidade

Nacional de Seul e publicada em maio do ano passado pela Science, uma das mais renomadas publicações científi cas do mundo. Em outubro, foi a vez de a respeitada publicação britânica The Lancet divulgar a pesquisa do médico norueguês Jon Sudbo sobre efeitos positivos de remédios como aspirina no tratamento de câncer bucal, fi nanciada por várias instituições com o aval do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos. Depois descobriram que também era fraude.

A comunidade científi ca em geral condena os pesquisadores responsáveis (quer dizer, irresponsáveis) pelas pesquisas. No caso da clonagem, por exemplo, o cientista coreano Woo-Suk Hwang (que, é claro, foi completamente antiético ao forjar dados) provavelmente será indiciado criminalmente por uso indevido de verbas públicas, já que se calcula que embolsou cerca de US$ 6 milhões de fi nanciamento público e privado. Curioso, porém, é que pouca gente questionou a responsabilidade da universidade que fi nanciou o projeto, nem desabonou a credibilidade da revista Science. O fato de ter se retratado publicamente foi sufi ciente, já que ela tem características essenciais que a tornam conceituada entre os cientistas: tradição no mercado, um corpo editorial de renome e ampla capacidade de circulação.

“Qualquer boa publicação é passível de erro, o importante é ela ter capacidade de assumir o erro e a partir daí adotar princípios mais exigentes”, alegou o diretor da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), Carlos Vogt. “E a universidade não pode ser punida pela falta de ética de um pesquisador”, acrescentou.

Fonte: UniversiaBrasil, Bárbara Semerene, 14 fev. 2006.

Disponível em: http://www.adur-rj.org.br/5com/pop-up/olho_nas_pesquisas.htm. Acesso em: 10 fev. 2007.

No que diz respeito a um comportamento que seja ético e que esteja de acordo com as leis, há certas justaposições e, às vezes, também certos confl itos que se podem considerar, em relação aos quais há quatro possibilidades básicas:

a. comportamentos que não sejam nem éticos nem legais; b. comportamentos que sejam éticos, porém não legais;

c. comportamentos considerados legais que, porém, não sejam éticos;

d. comportamentos que sejam legais e éticos segundo os padrões daquele grupo.

Em termos éticos, não há, normalmente, nenhum padrão formal nem qualquer declaração escrita que sirva como modelo para os pesquisadores, ao contrário daquilo que acontece em relação ao aspecto legal.

A ética de um pesquisador irá

depender de algumas questões pessoais, tais como a formação fi losófi ca e religiosa do pesquisador,

sua experiência, seus valores pessoais, dentre outros aspectos importantes.

!!

A professora Eliane Azevedo, em palestra, respondeu à seguinte pergunta: Quais as implicações na Ciência dessa corrida ao lucro?

A sua resposta foi:

Isso faz com que surjam pesquisas malfeitas, que realmente não seguem os ditames da condução honesta da Ciência. Hoje, no Brasil, a questão mais importante é a do plágio eletrônico. Não somente no Brasil, mas também em outros países, os alunos não se dedicam a estudar, para pensar, para refl etir ou para redigir. Copiam textos da internet, o que é de um malefício imensurável para o aluno. Ele não se prepara para o sucesso profi ssional, porque a hora de aprender a pensar, a redigir, a falar é agora, na universidade. Cria-se um cenário de faz-de-conta: o aluno faz-de-conta que fez o trabalho e o professor faz de conta que acredita que foi o aluno mesmo quem o elaborou. Todas as universidades no mundo estão preocupadas com isso e estão apelando por formas de educar para a integridade científi ca, para a honestidade. Propostas de educação na hora de formar um pesquisador, tanto formar ensinando métodos e técnicas da investigação científi ca, como também regras de integridade moral, de respeitabilidade, de honestidade na observação dos dados, na anotação, na análise, nas conclusões etc.

AULA

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Embora os conceitos sobre ética do pesquisador e responsabilidade social sejam com freqüência usados um pelo outro, cada expressão tem um signifi cado próprio. A dimensão ética da responsabilidade social inclui os comportamentos e as atividades que os membros das organizações, a comunidade e a sociedade delas esperam, embora talvez não estejam positivadas em leis. As instituições precisam reagir de maneira ética às necessidades dos membros da sociedade. É importante que elas funcionem de modo compatível com os padrões sociais e as normas éticas. Para que a ética seja parte da responsabilidade social, a estratégia das instituições deve refl etir a compreensão dos valores de seus membros.

Você pode ter acesso completo da entrevista da professora Eliane no site: http://www.uesb.br/ascom/ver_noticia_.asp?id=1656. Acesso em: 10 fev. 2007.

Ética na universidade

A seguir, são apresentadas a você quatro situações que têm ligação com a realidade do estudante universitário. Marque com um X as atitudes que podemos considerar

não-éticas, levando em conta a preocupação com a qualidade da formação acadêmica.

a. ( ) Sônia está no último ano da faculdade. Como tem sempre muitas tarefas a cumprir e sofre muitas pressões no trabalho, está com difi culdades de desenvolver sua monografi a. Por isso, ela procura uma pessoa que vende monografi as prontas.

b. ( ) Carlos entregou uma pesquisa feita para determinada disciplina. Ele co piou boa parte do conteúdo de textos da internet. Além de não mencionar as fontes, apropriou-se dos textos como se fossem seus. Ao fi nal do trabalho, ele listou nas Referências obras clássicas sobre o tema.

c. ( ) Joana fez uma pesquisa na internet sobre um tema proposto por seu pro fes sor. Mas, antes de fazer uso das informações, levou o material colhido a ele para que analisasse se os sites eram confi áveis e se o material poderia ser usado como base teórica para o trabalho.