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3 OS SISTEMAS CIBER FÍSICO COMO MEIO DE REDUÇÃO DOS CONGESTIONA MENTOS

3.4 OS DISPOSITIVOS PARA O MONITORAMENTO DO TRÁFEGO

3.4.7 Identificação por Imagem – OCR associado com o sensoriamento remoto por gases poluentes

O sensoriamento remoto por gases poluentes é uma ferramenta consagrada e utilizada nos Es- tados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Bélgica, Suíça, Espanha e China. A grande vantagem deste equipamento está na flexibilidade de instalação nas vias públicas. Além disso, não há a obrigato- riedade dos condutores de veículos se mobilizarem a um posto de inspeção para medição e avaliação da emissão de poluentes.

Nos últimos anos esta ferramenta se fortaleceu após o escândalo do Dieselgate, isto é, a proposta associando o bluetooth com o OBD em vias públicas, entre outras, não foi adiante. O método de inspe- ção por OBD fragiliza a confiabilidade na medição e, consequentemente, o propósito fim de fiscaliza- ção.

A medição avalia as concentrações dos gases poluentes dos veículos em uso normal nas vias públicas. Tem grande vantagem em função da flexibilização de alternância dos pontos de medição e o efeito surpresa na cidade, e quando em circunstâncias bem estruturadas, traz resultados significativos.

Atualmente nos países desenvolvidos, assim como ocorre no Chile e México, as avaliações veiculares são feitas em postos de inspeção. Isso possibilita aos motoristas mal-intencionados, na pre- paração especial do veículo com a finalidade de ter uma fotografia positiva dos gases poluentes no momento da inspeção, resultados em que os níveis de poluentes estão nos limites exigidos por lei.

O sistema de medição remota permiti a medição das concentrações de monóxido de carbono (CO), hidrocarbonetos (HC), óxidos de nitrogênio – NOx (NO e NO2), gás carbônico (CO2) e níveis de

material particulado. São instalados em faixa única e, dependendo do local escolhido, é feito um afuni- lamento do tráfego.

O sistema tem a finalidade de capturar a imagem da placa do veículo por meio de câmeras OCR, que avalia o ano e modelo do veículo analisado e os limites toleráveis de cada um. Também há dois feixes de luz, localizados na altura do pneu, para a medição de velocidade e aceleração dos veículos com o objetivo de medir a potência do motor no momento da medição.

A medição principal ocorre por meio de dois feixes luminosos; um de raio infravermelho para as análises de CO, CO2 e HC e o segundo por raio ultravioleta para medição do NOx. Na medição

tradicional, os feixes luminosos são emitidos horizontalmente e na transversal do veículo avaliado. Do outro lado, há um espelho que reflete os feixes luminosos e voltam para quatro sensores providos de filtros ópticos característicos da banda de absorção dos gases. Este procedimento é regulamentado pelas normas Bureau of Automotive Repair (BAR), estado da Califórnia nos Estados Unidos [176].

Desde 2009 tem sido desenvolvido um novo sistema, que faz a medição por sensores instalados na parte superior e o espelho refletivo fica na superfície da pista com o mesmo princípio de funciona- mento [177].

Figura 3.20: formas para medição de gases poluentes por sensoriamento remoto.

Historicamente o sensoriamento remoto tem colhidos resultados positivos. O estudo finalizado em 2014 na Suiça, especificamente na cidade de Zurich, encontrou resultados significativos colhidos por meio do sensoriamento remoto. Foram medidos no mesmo local entre os anos de 2000 a 2012, com anos de modelos de veículos de 1985 a 2012. A figura 3.21 apresenta os dados encontrados [178].

Figura 3.21: dados levantados após a coleta de 13 anos de monitoramento remoto para as emissões de NOx em veículos movidos a gasolina (GSL) e óleo Diesel.

Basicamente notou-se que os veículos, abastecidos com gasolina ao longo dos anos, tiveram redução das emissões de gases poluentes acompanhando as homologações de cada um deles. No caso dos veículos abastecidos com óleo diesel, o gráfico apresentava os resultados opostos, isto é, a cada ano de homologação em que as emissões de poluentes eram restringidas, na prática, se observava o oposto, uma vez que, as emissões de gases poluentes, medidas nas vias públicas, estavam muito mais altas do que os veículos homologados na instituição governamental.

Este estudo colaborou significativamente no escândalo do Dieselgate em 2015, que culminou inicialmente nos Estados Unidos com os veículos Volkswagen, mas, posteriormente, foi identificado que se tratava de prática ilegal entre muitas fabricantes que não só se restringiu no continente ameri- cano.

No Reino Unido e na França, especificamente na cidade de Londres e Paris, estão em anda- mento o Programa The Real Urban Emission Initiative (TRUE), que permite avaliar as condições dos veículos que estão trafegando e propor restrições com o amparo de dados e medições consistentes por meio do sensoriamento remoto.

Das fabricantes, a Volkswagen foi quem mais gerou publicidade negativa, principalmente pelo mercado americano e por este estudo, está entre as menores observadas que extrapolaram os limites de emissões de NOx estabelecidos pela legislação.

Uma análise mais apurada pelo Programa TRUE foi feita entre as fabricantes de veículos do Ciclo Otto e Diesel e o retrato dos números levantados. Na figura 3.22 mostra o número de fabricantes que extrapolaram os níveis medidos nas vias públicas com as análises feitas pelo sensoriamento remoto [179].

Surpreendentemente, as fabricantes japonesas são as que mais extrapolam os limites toleráveis, seguidos pelos fabricantes francesas e italianas. As fabricantes americanas, alemãs e inglesas também estão no histograma. A Volkswagen, que foi a marca mais exposta neste escândalo, está nas empresas que menos extrapolam às emissões de poluentes.

Nota-se que os veículos do Ciclo Otto, abastecidos com gasolina, estão dentro das faixas tole- ráveis de emissão de poluentes.

Em suma, havia uma complexidade muito maior quanto à homologação de veículos Ciclo Die- sel do que se tinha conhecimento e o que realmente é encontrado nas vias urbanas. O Programa TRUE já tem gerado resultados como será observado no capítulo 5 com o plano de ação na cidade de Londres, para a restrição destes veículos.

4 OS CONCEITOS UTILIZADOS NA ENGENHARIA DE TRÁFEGO E NA INDÚSTRIA