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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.2 PERCEPÇÃO DE VALORES E COMPORTAMENTOS

2.2.2 D IMENSÕES DA INTERAÇÃO SOCIAL

Um maior avanço teórico no estudo do comportamento e dos valores foi a articulação de princípios subjacentes às relações entre categorias para determinar dimensões da interação social que incorporam duas ou mais itens da categoria (COWEN, 1998). Assim, os esforços preliminares dos cientistas comportamentais para explicar a interação social produziram os tipos de esquemas de categorias citados acima, os quais tendem a focar não apenas um aspecto do comportamento, mas também personalidade e os papeis de liderança.

2.2.2.1 FATORES DE PERSONALIDADE

Muito da habilidade de começar a analisar dimensões da interação social pode ser atribuído ao uso da análise de fatores. Seus estudos passaram a ser desenvolvidos ainda na década de 30, onde estudos dessa natureza eram realizados e alcançavam resultados, partindo da ideia de que o entendimento da personalidade é explicado a partir de dimensões multifatoriais humano (HUTZ et al., 1998). Um dos primeiros representantes deste tipo de abordagem foi McDougall, que compreendeu, inicialmente, que a personalidade fundamentava-se a partir de cinco grandes dimensões denominadas: intelecto, caráter, temperamento, disposição e humor (NUNES e HUTZ, 2002).

Thurstone, entre outros, continuou o trabalho de McDougall. A análise de Thurstone sobre os 60 traços confirma uma explicação da personalidade de acordo com cinco fatores: neurose, extravasão, abertura, concordância e consciência (THURSTONE, 1946).

Outros teóricos da personalidade que usam análises de fatores incluem Cattell (1950), que enumerou 16 fatores bipolares da personalidade, os quais ele considerou traços originais. Cattell distinguiu estes traços dos traços superficiais que ele descreveu como agrupamentos de respostas do comportamento visível. Eysenck, em seu Questionário da Personalidade (1947), definiu quatro fatores da personalidade como introversão/extravasão, e neurose/estabilidade emocional.

Embora Jung não usasse análises de fatores, sua categorização de personalidade em comportamentos, conhecida como Tipos psicológicos de Jung, tornou-se bastante conhecida via o indicador de tipos Myers-Briggs (Engler, 1999), que usa suas duas atitudes – introversão e extravasão – e quatro funções da personalidade – sensação, pensamento, sentimento e intuição (Jung, 1991).

Jung desenvolveu a teoria dos tipos psicológicos para ajudar a esclarecer algumas das dificuldades e afinidades naturais que existem nos relacionamentos entre pessoas (PERAL, 2007). A Teoria dos Tipos Psicológicos junguianos usa três dimensões para identificar o estilo cognitivo: como o indivíduo aborda a vida, a maneira que o indivíduo toma consciência do mundo e a maneira que ele chega a

conclusões sobre o mundo (JUNG, 1991). O grande mérito do MBTI foi estender os trabalhos de Jung democratizando os tipos psicológicos e fazendo o trabalho de Jung compreensível e acessível com o objetivo de atingir o construtivo uso das diferenças (JESSUP, 2002). Assim a essência do MBTI é servir como uma ferramenta que permite conhecer as preferências individuais a fim de facilitar todos os aspectos da vida: diferenças de aprendizado e estilos de comunicação, administração de conflitos e relacionamentos (PERAL, 2007). Dessa maneira podemos dizer que é um método para entendimento da personalidade e das preferências na maneira de se comportar.

2.2.2.2 DIMENSÕES DO COMPORTAMENTO SOCIAL

Juntamente com os sistemas dimensionais que se preocupam com a personalidade, há também sistemas que focam o comportamento social visível e os papéis da liderança. Leary (1957), analisando a personalidade em uma situação clínica, enumerou 16 categorias de comportamento interpessoal que ele descreveu como combinações de duas dimensões principais: dominância-submissão e positivo- negativo (ou amor-ódio).

William Schutz (1958), por sua vez, através do Modelo de Orientações Interpessoais Fundamentais (Fundamental Interpersonal Relations Orientation) postula que três necessidades sociais básicas contam para o comportamento interpessoal – inclusão, controle e afeição. A suposição básica do modelo é que todos os indivíduos buscam estabelecer relações compatíveis com os outros nas suas interações sociais. Com o intuito de satisfazer suas necessidades, as pessoas aspiram por relações compatíveis em inclusão, controle e afeição para evitar estresse e frustração (SIEGLE, SMITH e MOSCA, 2001).

Segundo Belbin (1981), dentro de um contexto de trabalho em equipe, todo indivíduo pode ser classificado de acordo com os seus conhecimentos e a sua função técnica e também com a forma como tende a se comportar, a contribuir e a se relacionar com outros integrantes. Para tanto, Belbin construiu um conjunto de Team Roles, ou papéis de equipe, que descrevem padrões que caracterizam o

comportamento de um indivíduo em relação aos outros na facilitação do progresso de uma equipe (FRANÇA e DA SILVA, 2007).

Carter (1954) identificou três fatores: prestígio individual, facilitação da meta do grupo, e sociabilidade do grupo. Couch chamou estes três fatores de: dominância-submissão, positivo-negativo, e brincadeiras orientadas para a tarefa. Os fatores de Couch, mais tarde, serviram de fundamentação para o desenvolvimento do modelo tridimensional do SYMLOG de Bales (BALES, 1988; BALES & COHEN, 1979).

2.2.2.3 DIMENSÕES DA LIDERANÇA

A evolução das investigações dos traços de liderança também produziram soluções dimensionais, que freqüentemente consistem de dois fatores primários. Construído no trabalho anterior de Bales (1958), que definia os líderes da tarefa e os sócio-emocionais, os estudos de Ohio usaram percepções dos subordinados quanto a seus líderes, para identificar duas formas maiores de comportamentos dos líderes: estruturas iniciais, ou direcionamentos, e consideração dos funcionários e seus sentimentos (YUKL, 1998). Nos estudos de Michigan, dirigidos por Likert (1961), os dois comportamentos do líder foram chamados orientados para a produção e orientado para o funcionário. Blake e Mouton (1964) usaram os termos “preocupação com a produção” e “preocupação com as pessoas” como as duas dimensões do comportamento do líder em seu Grid de Liderança. E depois, o material de Blake e Mouton foi modificado por Hersey e Blanchard para formular sua Liderança Situacional, em que o comportamento do líder é governado pela maturidade dos seguidores (SGANZERLA, 2004). Os elementos identificados como comportamentos da tarefa e comportamento nas relações são usados pelos líderes para avaliar a maturidade dos funcionários (MOORHEAD & GRIFFIN, 1992).