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3. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: MARCOS TEÓRICOS

3.1 EDUCAÇÃO EMPRESARIAL

3.1.4. Impacto das Tecnologias de Comunicação na EAD

Como em outras épocas, há uma expectativa de que as novas tecnologias nos trarão soluções rápidas para mudar a educação. Sem dúvida, as tecnologias nos permitem ampliar o conceito de aula, de espaço e de tempo, estabelecendo novas pontes entre o estar juntos fisicamente e virtualmente. [...] mas há alguns pontos críticos e cruciais, que neste quadro nem sempre estão merecendo a mesma consideração, as mesmas preocupações e os mesmos incentivos, sem os quais toda esta questão tecnológica em educação pode se transformar numa outra grande panacéia “modernosa”, mas que não vai trazer nenhum resultado significativo para o desenvolvimento educacional e cidadão de nossa geração, aqui incluindo as crianças, os jovens, os adultos, os profissionais e os idosos de hoje (MORAN, MASSETO e BEHRENS, 2000, p. 08).

A Educação a Distância recebeu substancial impulso a partir da aplicação de novas tecnologias, notadamente aquelas que envolvem a Internet. A intensa capilarização das redes interconectadas de computadores vem ampliando o público dessa modalidade de ensino, ao mesmo tempo em que confronta aqueles que trabalham em educação com novos desafios dentro dessa nova realidade.

As novas tecnologias, ao se disseminarem pela sociedade, levam a novas experiências e a novas relações com o outro, com o conhecimento e com os processos de ensino- aprendizagem. Foi assim no passado, com a disseminação da escrita que, nesse contexto, pode ser considerada uma tecnologia. A própria origem da Educação e da Escola, tal como as concebemos hoje, depende fundamentalmente desta tecnologia de registro, armazenamento e recuperação de informação que é a escrita.

Sabendo-se que o desenvolvimento desta tecnologia promoveu grandes mudanças nas práticas educativas. Hoje, é praticamente impossível conceber os processos de ensino- aprendizagem sem livros, objetos que somente começaram a ser utilizados em larga escala com o advento da máquina de imprimir e da técnica de corte de papel que permitiram que os livros se tornassem portáteis.

Porém, o uso das TIC na educação demanda uma cuidadosa reflexão dos educadores e um planejamento integrado com a equipe de tecnologia, para se definir quais as ferramentas computacionais mais adequadas ao contexto da organização. A utilização de determinada tecnologia como suporte a Educação a Distância “não constitui em si uma revolução metodológica, mas reconfigura o campo do possível” (ROSSATTO, 2003, p. 49).

As tecnologias de comunicação, a multimídia e o potencial de interação do computador, tornaram-se elementos promotores e facilitadores dos processos de ensino- aprendizagem, notadamente na aprendizagem organizacional a distância. Logo, diante dessa irrefutabilidade, a questão maior passou a ser a necessária reflexão acerca da adequação de um determinado recurso tecnológico às práticas de educação, sob a luz de uma nova filosofia de aprendizagem.

As pesquisas sobre novos ambientes organizacionais de ensino-aprendizagem, assim como sobre novas tecnologias educacionais avançam paralelamente ao desenvolvimento de recursos tecnológicos com potencial para a interatividade e de novas demandas profissionais, tornando a Educação a Distância uma alternativa a ser explorada, visando uma maior adequação de ações pedagógicas às organizações voltadas para criação de conhecimento e aprendizagem.

Todavia, Pesce (2008) chama a atenção para o fato de que grande parte dos cursos que se valem dos ambientes de rede ergue-se em meio a uma racionalidade instrumental, pois boa parte dos cursos desenvolvidos em AVA busca otimizar custos, mediante a redução de recursos humanos. Ainda nesse contexto, a autora afirma que “romper com a subserviência aos ditames econômicos e pensar em cursos erguidos em meio a uma racionalidade comunicativa [...] consubstancia-se como um dos maiores desafios impostos aos educadores que atuam nos ambientes virtuais de aprendizagem” (PESCE, 2008, p. 73).

As discussões mais recentes sobre o tema levam a concluir que está se firmando uma nova concepção de EAD, em que as mídias constituem recurso importante de mediação.

Todavia, requerendo a formação dos agentes mediadores, tutores ou monitores, preparados para utilizar uma metodologia coerente com os paradigmas educacionais emergentes3.

Como podemos perceber, a introdução das TIC implica, previamente, planejamento e capacitação desses agentes mediadores. Todavia, em vários projetos de Educação a Distância não tem levado em conta esses requisitos, que por sua vez não apresentam resultados práticos e satisfatórios. Dessa forma, Pesce ressalta que:

Os programas de formação docente, ao impor um ritmo frenético que enseja a fugacidade nos processos de formação, deixam de auferir vez e voz ao tempo vivencial dos educadores (atinente ao mundo da vida e às suas circunstâncias históricas). Como decorrência do primado tempo cronológico sobre o kairológico, o tempo vivencial dos educadores vê-se solapado. Nesse movimento, a emergência de um ativismo (viram tarefeiros) e a decorrente consciência coisificada. (PESCE, 2007, p. 200).

Como já vimos anteriormente, a Educação a Distância (EAD) é uma modalidade de ensino aprendizagem com mais de um século de experiência e, vem sendo apontada, nos últimos anos, como uma alternativa a ser explorada face às necessidades de educação continuada decorrentes de um mundo em constate mudanças.

O desenvolvimento tecnológico tem pautado a busca de superação da distância entre professor e aluno. Essa busca começa no século passado, com a utilização dos serviços postais, depois incorporando outros meios de comunicação já considerados tradicionais na Educação a Distância, como o rádio, a televisão e os audiovisuais, até chegar aos nossos dias, com a utilização das mais recentes tecnologias, como os computadores, especialmente em rede, que permitem a comunicação imediata de mão dupla, praticamente eliminando a distância entre alunos e professores.

Os conceitos de Educação a Distância elaborados pelos diversos pesquisadores apresentam duas características básicas: a separação física entre professor e aluno e a utilização de meios tecnológicos para comunicação.

Por sua vez, Valente (1999), ao classificar as três diferentes maneiras ou abordagens pedagógicas de utilizar a tecnologia comunicativa com maior poder de interatividade, a Internet; na EAD: a broadcast, a virtualização da sala de aula tradicional e o estar junto virtual, salienta que a diferença entre essas abordagens é o grau de interação entre o docente e o aprendiz, ou seja, o que difere é o desempenho pedagógico que se desenvolve nesse ambiente, a partir da interação entre os agentes do processo de ensino-aprendizagem, de forma a garantir continuidade e diálogo entre esses agentes.

Os resultados desse conjunto de marcos teóricos serão capazes de fornecer conceitos importantes para o estudo da EAD a partir dos aspectos epistemológicos e metodológicos que envolvem esse novo paradigma educacional emergente4, alicerçado em uma metodologia sistêmica, relacional e colaborativa, resultante do imbricamento dos elementos pedagógicos que constituem esse ambiente.

Portanto, a partir dos marcos teóricos apresentados, objetivando identificar características que permitam estabelecer indicadores de efetividade da EAD no ambiente corporativo, foram estabelecidas categorias para nortear a pesquisa, as quais farão parte do seu foco, e serão capazes de contemplar os atores envolvidos nesse processo, os ambientes constituídos e os processos propriamente ditos, as quais serão explicitadas no capítulo seguinte.

CAPÍTULO IV