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a) Abordagem Metodológica

De acordo com Lakatos & Marconi (1991, p. 83), os métodos científicos não são utilizados exclusivamente pela ciência, mas “não há ciência sem o emprego de métodos científicos”.

Uma maneira interessante de sermos introduzidos no mundo conflituoso dos conceitos de ciência foi utilizada por Bauer, Gaskell e Allum (2002), quando procurou representar de forma bastante didática a problemática da pesquisa social, a partir do exemplo de uma partida de futebol, onde jogadores de times adversários buscam os mesmos objetivos, porém, utilizando estratégias e táticas de acordo com a natureza da competição.

Ainda segundo Bauer e Gaskell (2002), nesta situação social competitiva, pode-se identificar os seguintes elementos de uma investigação social:

a) o “campo de ação” onde estão os atores, representados pelos 11 jogadores de cada lado, que são altamente treinados, habilidosos e articulados em seus papéis, com o propósito de ganhar o jogo, além do juiz e dos bandeirinhas;

b) os “assistentes”, representados pelos leais torcedores de um time ou de outro; c) o “campo de observação”, representado pelas arquibancadas de espectadores. A partir dessa introdução, fica um pouco mais fácil compreender e, principalmente, identificar o delineamento entre os chamados métodos qualitativos e quantitativos de pesquisa, com suas vantagens e limitações, bem como de suas utilizações em diferentes situações sociais, diferentes tipos de informação e diferentes problemas sociais.

Turato (2004, p. 17), na introdução de seu trabalho, afirma que muita confusão ainda se faz na abordagem teórica e no seu uso prático em trabalhos de investigação científica.

Ele faz uma profunda discussão sobre a complementaridade e a diferença entre ambas as metodologias, onde, primeiramente, procura desvelar preconceitos com relação ao método qualitativo e seus impactos no dia a dia da pesquisa social, bem como clarificar que os métodos qualitativos e quantitativos possuem fundamentação epistemológica distintas, ou seja, que cada metodologia possui limites conceituais, propósitos, paradigmas filosóficos e recursos metodológicos próprios.

Cohen & Manion (1994) seguem a mesma linha de discussão de Turato, ressaltando seu aprofundamento em questões que tratam de conceitos, funções e definições de ciência, todavia procurando dar ênfase à área de educação, enquanto que Turato estava voltado para área de saúde.

No trabalho de Galvão (2001), encontramos uma série de considerações sobre os conceitos de ciência, embasadas em correlações entre a idéia de ciência que temos hoje e sua evolução conceitual histórica que teve início no século XVII, com a invenção das ciências naturais. Afirma ainda que: “a linguagem científica tem sido dominada por uma separação entre evidência e teoria e tem confiado na distinção entre a descrição dos eventos ou observações e os pronunciamentos que os explicam”(GALVÃO, 2001, p. 5).

b) Procedimentos Metodológicos

Ao definir o Banco do Brasil como objeto de estudo deste trabalho e tendo como seu objetivo analisar se os atores envolvidos com o processo de educação corporativa do Banco do Brasil compartilham dos mesmos objetivos e compreendem os resultados desse ambiente de aprendizagem, quer seja no campo do aprimoramento profissional, quer seja no campo do aprimoramento pessoal, tem-se tipificada uma pesquisa de caráter exploratório cuja predominância de abordagem, dada à subjetividade que implica, deve ser a qualitativa.

A abordagem qualitativa vem se destacando como uma alternativa de investigação mais abrangente para a descoberta e a compreensão do que se passa dentro e fora dos contextos organizacionais e sociais. Essa abordagem é mais adequada quando a pesquisa busca as origens ou a compreensão do fenômeno estudado, em virtude de um nível da realidade que não pode ser quantificado, tendo ela então, o ambiente natural como fonte de

dados e o pesquisador como instrumento fundamental na observação, seleção, análise e interpretação dos dados coletados.

A pesquisa qualitativa é um conceito abrangente, que compreende diversas formas de investigação, todas elas contribuindo para a compreensão e descrição do significado dos fenômenos. A preocupação, portanto, está no processo e não simplesmente no resultado ou no seu produto. Pelo emprego da abordagem qualitativa pode-se estudar as interrelações de dados, frequentemente invisíveis para observadores externos.

Preocupação esta, que fica bastante evidenciada na afirmativa de Turato (2004, p. 49): Assustador deveria ser o fato de as coisas essenciais da vida do homem ficarem no espaço fora da consciência do estudioso, fazendo com que as verdades imprescindíveis da vida humana permaneçam nos sutis intervalos entre as palavras e as atitudes, sem que sequer sejam percebidas e, muito menos, consideradas em suas investigações.

O interesse, sem dúvida, é identificar como um determinado fenômeno se manifesta nas atividades, procedimentos e interações do dia a dia, porque se acredita que qualquer fenômeno pode ser melhor compreendido e observado quando acontece no próprio contexto em que ocorre e do qual faz parte.

Isto requer do pesquisador uma visão sistêmica e holística, e a capacidade de compreender os fenômenos que estão sendo estudados, a partir da perspectiva dos participantes. O significado que as pessoas dão às coisas e aos fenômenos que compõem a sua vida são preocupações essenciais do pesquisador.

No entanto, a validade da pesquisa seja ela quantitativa ou qualitativa, depende de um rigor científico disciplinado por uma rigorosa obediência a fundamentos científicos (critérios), a sociedades científicas (paradigma), mas também ao atendimento das necessidades de seus usuários (aptidão, interesses, valores, personalização).

Dessa forma, para atender ao objeto deste estudo e em adequação à abordagem qualitativa, optou-se pelo método de estudo de caso. Cada vez mais empregado por pesquisadores, o estudo de caso associa um aprofundamento e uma versatilidade, dificilmente contidos em outros métodos.

Dentre os métodos desenvolvidos por abordagem qualitativa, talvez o estudo de caso seja um dos mais relevantes. Segundo Triviños (1987) é utilizado, com muita ênfase, na área

de Administração pela forte orientação à prática e por reunir condições de descrever uma situação gerencial, no contexto e à medida que ela ocorre, com a profundidade decorrente da observação direta e do emprego de instrumentos sistemáticos.

Por ser, tipicamente, de natureza exploratória, o estudo de caso é um dentre os diversos métodos de estudo cientifico. Segundo Yin (2001), o estudo de caso é apenas uma das muitas maneiras de se fazer pesquisa em ciências sociais. Experimentos, levantamentos, pesquisas históricas e análise de informações são alguns exemplos de outras maneiras de se realizar pesquisas.

Para Tellis (1997, p. 53), o método de estudo tem quatro aplicações:

1. explicar ligações complexas causais nas intervenções da vida real; 2. descrever o contexto da vida real onde a intervenção tem ocorrido; 3. descrever a própria intervenção; e;

4. explorar as situações que não tem resultados claros, onde as intervenções estão sendo avaliadas.

Apresenta-se, todavia, conforme o mesmo autor, com vantagens e desvantagens, como qualquer outro método. A desvantagem é que se restringe sua possibilidade de generalização à naturalística, mas seu caráter exploratório permite focalizar o fenômeno da natureza comportamental, como é o caso do compartilhamento e compreensão dos resultados desse ambiente de aprendizagem, quer seja no campo do aprimoramento profissional, quer seja no campo do aprimoramento pessoal, pelos atores envolvidos com o processo de educação corporativa do Banco do Brasil.

Os objetivos desse método, segundo Bressan (2000, p. 47), não são a quantificação ou a enumeração, mas ao invés disto, ainda que os admita, enfatiza:

a) Descrição; a) Classificação;

a) Desenvolvimento teórico; a) Teste limitado da teoria.

No mesmo autor, encontramos que o pesquisador deve possuir domínio e conhecimento do processo e que também deve basear-se no uso de diversas fontes de dados, tais como:

a) Explorar situações de vida real cujos limites não estão claramente definidos; b) Descrever a situação do contexto em que está sendo feita determinada

investigação;

c) Explicar as variáveis causais de determinado fenômeno em situações muito complexas que não possibilitem a utilização de levantamento e experimentos. O estudo de caso foi o método escolhido, ao se examinarem acontecimentos contemporâneos, onda há dificuldades para manipular comportamentos relevantes. Inclui-se como outra vantagem a possibilidade do recurso à observação direta.

[...] em geral, os estudos de caso representam a estratégia preferida quando se colocam questões do tipo “como” e “por que”, quando o pesquisador tem ouço controle sobre os fenômenos contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real. Pode-se complementar esses estudos de casos “explanatórios” com dois outros tipos – estudos “exploratórios” e “descritivos” (YIN, 2001, p. 19)

Este autor explica que, “embora os estudos de casos possam se sobrepor, o poder diferenciado do estudo é a sua capacidade de lidar com uma ampla variedade de evidências – documentos, artefatos, entrevistas e observações” (YIN, 2001, p. 27).

Recorrendo a autores como Lipset, Trow e Coleman, apud (YIN, 2001, p. 29) afirma que:

Os estudos de caso, da mesma maneira que os experimentos são generalizáveis a proposições teóricas, e não a populações ou universos. Nesse sentido, o estudo de caso, como o experimento, não representa uma “amostragem”, e o objetivo do pesquisador é expandir e generalizar teorias (generalização analítica) e não enumerar freqüências (generalização estática). Ou, como dizem três notáveis cientistas em estudo de caso único: “o objetivo é fazer uma análise" “generalizante” e não “particularizante”.

O método é classificado, por Triviños (1987, p. 52-53), em três categorias:

Na primeira delas, estudo de casos histórico-organizacionais, o pesquisador investiga, previamente, o conhecimento que existe sobre a organização que deseja examinar. Para isso, investiga sobre a vida da instituição, por meio de publicações, arquivos de documentos, estudos pessoais e outros.

A principal característica dos estudos de casos observacionais é a observação de uma pesquisa qualitativa.

O que interessa nesta modalidade é parte da organização e não a organização como um todo, como no caso anterior.

Jovchelovitch e Bauer (2002) apresentam a entrevista narrativa como uma técnica específica de coleta de dados e, posteriormente, como um método de geração de dados. Tem como idéia básica a reconstituição de acontecimentos sociais a partir da perspectiva dos informantes, tão diretamente quanto possível, que, por sua vez, revelam as diversas perspectivas sobre acontecimentos e fatos sobre si mesmo.

Por sua vez, a entrevista, enquanto método de levantamento de dados propicia ao pesquisador um campo muito vasto de informações emanadas do entrevistado, possibilitando a obtenção de informações sobre as circunstâncias dos participantes; de declarações sobre suas preferência e opiniões, bem como explorar, com um certo grau de profundidade, as experiências, motivações e raciocínios dos participantes.

Como toda metodologia, a entrevista além das vantagens acima elencadas, também possui suas limitações e desvantagens:

a) Vantagens: dados com alta qualidade; ambigüidades esclarecidas.

b) Limitações: menor possibilidade de anonimato; dificuldade em dialogar com temas sensíveis e principalmente, questões temporais e financeiras,

c) Desvantagens: requer muito tempo (40 a 60 minutos); necessidade de desenvolver e manter uma relação de confiança; requer competência do entrevistador.

Gaskell (2002), além de promover uma reflexão, a partir de suas experiências com pesquisa qualitativa; sobre a entrevista individual e grupal, chama a atenção para o fato de que quando o pesquisador se defronta com desvantagens e, principalmente, limitações, ele pode ser levado a fazer inferências a respeito de situações ou acontecimentos, o que provavelmente enviesará o resultado de sua pesquisa.

Por sua vez, um estudo que se desenvolve por abordagem qualitativa não admite visões isoladas, parceladas, estanques. Ela acontece em interação dinâmica, retroalimentando- se, reformulando-se constantemente, não caracterizando, portanto, um processo linear, realizado passo a passo, pois a coleta e análise de dados constituem atividades simultâneas e recorrentes.

Dessa forma, no desenvolvimento desse estudo, será fundamental recorrer ao enfoque interpretativo, que possibilitará uma compreensão mais aprofundada do fenômeno analisado. O qual será obtido, na medida do possível, por meio do emprego de entrevistas semi- estruturadas com gestores envolvidos com o processo de educação corporativa do Banco do Brasil. Das entrevistas serão extraídos os discursos desses atores e que, posteriormente, serão submetidos à análise utilizando técnicas específicas a serem mencionadas no decorrer do processo.

Segundo Sarantakos (2004), a característica de análise qualitativa é que trata dos dados apresentados nas palavras, que contem um mínimo da medida quantitativa, da estandardização e de técnicas estatísticas, e que objetiva transformar e interpretar dados qualitativos de maneira rigorosa. Além deste, não há simplesmente nenhum consenso a respeito de como a análise qualitativa deva prosseguir, ou sobre o que é uma análise aceitável. Outros autores afirmam que o processo de análise é mais profundo, mais focalizado e mais detalhado do que na pesquisa quantitativa, apresentando duas opções: indução analítica e teoria fundamentada. Mas a lista de opções estratégicas para a análise qualitativa não para aqui. Outros escritores descrevem umas aproximações discursivas mais adicionais, baseadas principalmente na análise do discurso. Wolcott lista mais de 20 estratégias ou métodos da pesquisa, enquanto Tesch aumenta esse número para 27.

Para os demais atores envolvidos, a coleta de dados será feita por meio do emprego de questionários aplicados, preferencialmente, por via digital, além da análise de documentos impressos e ou de informações disponíveis no meio digital. Esse questionário será composto de questões fechadas, porém de fácil e rápido preenchimento, a serem respondidos por funcionários que nos últimos 12 (doze) meses participaram e/ou estão participando de cursos/disciplinas ofertados pelo Banco do Brasil em ambiente de EAD via Web (WorldWideWeb), sejam esses cursos/disciplinas de origem externas, ou seja,contratados no mercado (graduação e pós-graduação) ou de origem interna (cursos formativos ou de aperfeiçoamento desenvolvidos internamente), e que estejam atualmente localizados nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste do País.

Abramovay e Rua (2003) conseguiram simplificar a fundamentação teórica que baseia a utilização de grupos focais, a partir da elaboração de uma espécie de guia de utilização do método. Seu encadeamento lógico e didático nos permite uma perfeita compreensão da

temática, considerando sua categorização, vantagens e desvantagens, mas, principalmente, para os quatros elementos que contribuem para o pleno sucesso de sua aplicação: recrutamento dos participantes; animação do grupo; elaboração do roteiro e síntese dos resultados.

Dessa forma, objetivando atingir os objetivos propostos bem como aos questionamentos estabelecidos nesta investigação e, ainda, visando dar suporte metodológico ao trabalho, adotamos um conjunto de procedimentos a partir da seguinte trajetória metodológica: (a) abordagem qualitativa; (b) estudo de caso; (c) questionários; (d) entrevista semi-estruturada e (e) análise documental.

Para tanto, foram identificadas categorias para nortear a pesquisa, as quais farão parte do foco da pesquisa, e serão capazes de contemplar os atores envolvidos nesse processo, os ambientes constituídos e os processos propriamente ditos. São elas:

a) Qualidade da educação a Distância, onde os conceitos de educação a Distância apresentados no corpo desse trabalho, conjugados com o resultado da percepção dos sujeitos da pesquisa proporcionarão um conjunto de informações, análises e discussões sobre a qualidade da EAD no processo de Educação Corporativa no Banco do Brasil, quando comparada com a educação presencial.

b) Efetividade da educação a Distância, onde novamente os conceitos de educação a Distância apresentados no corpo desse trabalho, conjugados com o resultado da percepção dos sujeitos da pesquisa, proporcionarão um conjunto de informações, análises e discussões sobre a efetividade da EAD no processo de Educação Corporativa no Banco do Brasil, no que diz respeito às questões de aprendizagem, quando comparada com a educação presencial.

c) Reconhecimento de valor, onde o resultado das percepções desvelará um conjunto de informações, análises e discussões sobre a agregação de valor que a EAD, no processo de Educação Corporativa no Banco do Brasil, proporciona aos sujeitos da pesquisa, no que diz respeito às seguintes questões: um título/diploma por meio da EAD possa ser de valor comparável à educação presencial; um título/diploma por meio da EAD possa proporcionar o mesmo status no BB que um título/diploma presencial; um título/diploma por meio da EAD possa abrir as mesmas oportunidades que um título/diploma presencial; que a EAD somente pode ser

valorizada no mercado de trabalho quando oferecida por uma instituição com experiência na educação presencial existe ao invés de uma instituição predominantemente virtual e que programas oferecidos por uma instituição predominantemente virtual possa ser uma perda de tempo.

d) Prazer em estudar, onde se pretende levantar, analisar e discutir os dados resultantes sobre a percepção dos sujeitos da pesquisa com relação ao seu prazer em estudar por meio de EAD em comparação à educação presencial.

e) Comunicação interna, onde se pretende levantar, analisar e discutir os dados resultantes sobre a percepção dos sujeitos da pesquisa com relação à contribuição da comunicação interna na divulgação dos objetivos organizacionais no que diz respeito às ações de Educação Corporativa por meio da EAD.

f) Obstáculos, onde se pretende levantar, analisar e discutir os dados resultantes sobre a percepção dos sujeitos da pesquisa com relação aos obstáculos enfrentados na suas experiências com a EAD, a partir das seguintes questões: Tecnologia/Habilidades; Infraestrutura/Suporte; Obstáculos sociais; Motivação e Disponibilidade conjugando-os com conceitos afins apresentados no corpo da pesquisa.

g) Características demográficas, onde se pretende mapear os sujeitos da pesquisa, quanto ao cargo; sexo; idade; UF; grau de instrução etc, objetivando, a priori, apresentar um quadro demográfico dos sujeitos da pesquisa e, caso seja necessário, estabelecer correlações em função dos resultados apresentados nas demais categorias.