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A IMPORTÂNCIA DA ARQUITETURA E DO PLANEJAMENTO URBANO NA PAISAGEM SONORA

SUMÁRIO 1 Introdução

4 MORFOLOGIA URBANA E A PAISAGEM SONORA

4.4 PAISAGEM SONORA

4.4.1 A IMPORTÂNCIA DA ARQUITETURA E DO PLANEJAMENTO URBANO NA PAISAGEM SONORA

"Planejamento estratégico não é adivinhação do futuro; mas a definição do ponto no futuro em que quero estar". CHRYS ARGYRIS27.

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– é o estudo dos efeitos do ambiente acústico, ou paisagem sonora, sobre as respostas físicas ou características comportamentais das criaturas que nele vivem. Seu principal objetivo é dirigir a atenção aos equilíbrios que podem ter efeitos insalubres ou hostis. Fonte: (Schafer, 2011)

27 Chris Argyris é professor de Comportamento Educacional e Organizacional na Harvard University, desde 1971, e também lecionou na rival Yale University. Ele é considerado uma autoridademundial na área de comportamento organizacional. Ele foi o precursor do conceito de aprendizagem dupla (double-loop learning), segundo o qual as empresas aprendem duplamente se emendarem quer os erros quer as normas que os causaram. O objetivo é criar empresas que aprendam continuamente.

"O ruído é um sério risco ambiental para a saúde pública, especialmente nas áreas urbanas, devido o aumento do transporte e a ineficiência do planejamento urbano...” Janez Potočnik28.

“Sempre achei que a educação pública é o mais importante aspecto do nosso trabalho. Em primeiro lugar precisamos ensinar as pessoas como ouvir mais cuidadosa e criticamente a paisagem sonora; depois, precisamos solicitar sua ajuda para replanejá-la. Em uma sociedade verdadeiramente democrática, a paisagem sonora será planejada por aqueles que nela vivem, e não por forças imperialistas vindas de fora”. (Schafer, 2011, p.12).

“O Direito Urbanístico é a disciplina jurídica do urbanismo e da atividade urbanística que objetivam a adaptação e a organização do espaço natural, fazendo-o fruível por uma comunidade citadina, no desenvolvimento das funções elementares da habitação, do trabalho, da recreação, da saúde, da segurança, da circulação e outras” (CALDAS, 2013 apud FERREIRA, 2006. p. 1).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (2011), “O ruído é a segunda maior causa de doenças no mundo ocasionadas pela poluição ambiental”. Essa constatação, obtida por meio da análise de estatísticas a respeito de doenças causadas pelo efeito dos vários tipos de poluição a que os seres humanos estão submetidos nos dias de hoje, amplia a consciência sobre essa questão, demonstrando que a preocupação em relação aos efeitos causados pelo ruído, na vida cotidiana das comunidades, deixa de ser encarado como um mero aborrecimento para as pessoas, mas deve ser estudado criteriosamente e atacado como um problema de saúde pública.

Dessa forma, o conceito de paisagem sonora passa a integrar as disciplinas que contribuem para a concepção do espaço urbano, de forma integrada ao projeto arquitetônico e ao planejamento urbano. Proporcionar o conforto acústico para os habitantes deve ser objetivo de todo projeto de concepção de um novo bairro ou de uma nova cidade, ou seja, de um novo lugar, e também das intervenções urbanas.

Muitos já consideram o estudo da paisagem sonora uma disciplina importante a ser estudada para a conservação da qualidade do ambiente, mais do que apenas um conceito a ser abordado em disciplinas correlatas ao conforto ambiental. Para

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proporcionar um ambiente saudável e de qualidade, os arquitetos e urbanistas devem deter o conhecimento dos conceitos de conforto, incluindo a acústica, como descreve DUBOIS; RAIMBAULT (2005):

“Para criar um ambiente de alta qualidade em condições ambientais, os futuros arquitetos e planejadores devem conhecer os conceitos-chave sobre condições térmicas, ventilação e qualidade do ar, bem como de iluminação e acústica, que têm um efeito sobre a qualidade dos espaços em que vivemos.” (DUBOIS; RAIMBAULT, 2005, p. 341. Tradução da autora).

Os mesmos procedimentos adotados para a definição dos materiais, da forma, da estrutura e da implantação, que integram os projetos arquitetônicos, devem igualmente ser adotados no âmbito da análise do comportamento do som. Tal conduta deve ser levada a efeito desde a concepção, propondo uma solução adequada e economicamente viável para a obtenção do conforto acústico. Esse cuidado, já na concepção, faz com que se evitem custos maiores, devido a intervenções posteriores à implantação visando à correção de problemas relacionados ao ruído, lembrando que tais intervenções geralmente são onerosas e nem sempre conseguem atender às necessidades dos usuários.

“É fundamental que se pense na Acústica logo no início do projeto; atendo-se à problemática do som e à sua incidência nas diferentes partes, projetar-se-á de forma coerente e econômica. A intervenção do acústico, depois de realizada a construção, além de não permitir soluções tão eficazes como as que se obtém no momento do projeto, encarece consideravelmente o orçamento das construções.” (DE MARCO, 1982, p. 4).

O planejamento da paisagem sonora é também abordado como um ponto relevante para a obtenção dos resultados esperados, preconizados pelo manual prático do projeto Silence (2008). Essa recomendação europeia visa a dar diretrizes para as autoridades locais de cidades europeias e configura-se como um modelo de projeto estruturado em etapas, voltado para a redução de ruído urbano, ressaltando a importância de um projeto amplo que se inicia na concepção da paisagem sonora, com o planejamento e o projeto arquitetônico, que devem estar em acordo com o uso e a ocupação do local. A referida abordagem traz mais eficácia às soluções a serem implantadas, sendo a reurbanização um momento vital, que deve ser aproveitado para a requalificação da paisagem sonora.

Com a intensificação das atenções voltadas para a paisagem sonora incorporada à arquitetura e ao urbanismo, nota-se uma tendência no sentido de os futuros

ambientes urbanos serem mais bem qualificados, proporcionando melhor qualidade de vida e bem estar à população das grandes cidades. (NIEMEYER; SLAMA, 1998) (DUBOIS; RAIMBAULT, 2005) (GUEDES, 2005) (SILENCE, 2008) (L.T. SILVA; OLIVEIRA, 2010) (WANG; KANG, 2011).