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NORMAS E RECOMENDAÇÕES INTERNACIONAIS E NACIONAIS Green Paper (1996)

SUMÁRIO 1 Introdução

7 INSTRUMENTOS LEGAIS E TECNOLOGIA

7.1 NORMAS E RECOMENDAÇÕES INTERNACIONAIS E NACIONAIS Green Paper (1996)

A publicação em 04 de novembro de 1996 do Green Paper, em Bruxelas, foi o primeiro grande avanço para política de combate ao ruído, a qual tem como objetivo estimular a discussão sobre a política de redução de ruído na Europa. Até então, a poluição sonora não teve tanta prioridade como a poluição do ar e da água. Com o foco no controle de ruído na fonte, na trajetória e na recepção, ela aborda três questões essenciais:

 Reduzir o nível de ruído emitido pelas fontes;

 Instalação de barreiras acústicas entre fonte e receptor, atenuando o nível de ruído até as pessoas afetadas.

 Diminuir o nível de ruído até o local de recepção pelo afastamento das fontes, assim como o isolamento do ruído para o ambiente interno dos edifícios. (GREEN PAPER, 1996).

O documento dá prioridade na redução de ruído com políticas de longo prazo, destacando a importância da informação e da conscientização da população para o real problema de ruído, incentivando a modificação de comportamento. Dessa forma consciente e participativa, a comunidade se envolve, cooperando com a solução dos problemas existentes e com a prevenção, o que muito auxilia as autoridades e gestores municipais no tratamento da questão.

Esse documento teve uma importante contribuição no avanço das políticas de gerenciamento do ruído, ressaltando que para obter sucesso na redução da poluição sonora, é necessário ter uma estrutura política e de gestão do ruído, com objetivos bem definidos e compartilhados com a sociedade, com acompanhamento e atualização constante dos dados para coerência e eficácia nas ações.

Diretiva Europeia (2002)

Publicado em 25 de junho de 2002, este documento é resultado de uma série de propostas feitas desde o ano 2000 pelo Conselho do Parlamento Europeu resultando na Diretiva 2002/49/CE também conhecido como “Environmental Noise Directive” (END, em português Diretriz de Ruído Ambiental), tendo como objetivo principal à avaliação e a gestão do ruído ambiente. É um instrumento jurídico importante que trata da questão da poluição sonora, protegendo o meio ambiente em especial às áreas sensíveis.

Para embasar as estratégias e ações locais para prevenir ou amenizar os efeitos nocivos do ruído, essa diretriz europeia recomenda a produção da carta acústica para áreas urbanas com mais de 250 mil habitantes. Sua estrutura é baseada em quatro princípios fundamentais:

 Monitoramento de ruído ambiental - Os Estados-Membros devem desenvolver o mapeamento estratégico da poluição sonora, utilizando uma metodologia comum, nas principais estradas, ferrovias, aeroportos e aglomerações, de forma a analisar e avaliar os níveis de ruído no meio ambiente nos períodos diurno e noturno, e estimar o número de pessoas afetadas na Europa.

 Informação e consulta do público - Disponibilizar ao público os mapas estratégicos de ruído, planos de ação e informações relevantes sobre a

exposição e os efeitos do ruído na saúde e no meio ambiente, desenvolvendo consultas ao público no que se refere a medidas para redução do ruído de meio ambiente.

 Gerenciamento de problemas de ruído ambiental - Os órgãos competentes devem elaborar planos de ação e medidas na redução da poluição sonora em acordo com os critérios das autoridades locais, não só atuando na redução de locais ruídosos, mas também empreendendo esforços para a conservação das características dos lugares onde já existe uma boa qualidade sonora no meio ambiente.

 Desenvolvimento da estratégia de longo prazo da EU - Desenvolver uma estratégia política conjunta de longo prazo para União Europeia, com o propósito de reduzir o número de pessoas expostas ao ruído, atuando nas trajetórias de propagação e na proteção dos receptores, mas também emitindo normas produção e certificação de forma a reduzir o ruído produzido pelas fontes. (END, 2002).

CEDR (2003)

Foi criada em 2003 em Viena na Áustria a CEDR (Conferência Europeia de Diretores de Estrada). Composta por 27 países da Europa tem como objetivo a cooperação entre os países da Comunidade Europeia para facilitar a troca de experiências na analise, discussão e pesquisa das questões relacionadas ao transporte rodoviário sob os aspectos sociais, econômicos, ambientais e de sustentabilidade.

O ruído rodoviário já era considerado como um das prioridades e foi incluído no Plano Estratégico 2005-2009 da Comunidade Europeia com o objetivo do gerenciamento e de redução do ruído rodoviário, estabelecendo limites por tipo de ruído, tipo de pavimento e com ênfase nas medidas de redução do ruído por meio da implantação de barreiras acústicas, e na escolha dos materiais construtivos.

WG-AEN (2007)

O manual “Good Practice Guide for Strategic Noise Mapping and the Production of Associated Data on Noise Exposure” (em português: Manual de Boas Práticas no

Mapeamento Estratégico do Ruído e na Produção de Dados Associados à Exposição ao Ruído), produzido pelo European Commission Working Group Assessment of Exposure to Noise (WG-AEN, em português Grupo de Trabalho da Comissão Europeia na Avaliação da Exposição ao Ruído), teve sua primeira versão publicada em 5 de dezembro de 2003, sendo a segunda versão revisada divulgada em 13 de agosto de 2007.

O objetivo desse documento é ajudar de maneira prática os Estados-Membros e as autoridades competentes da União Europeia a realizar o mapeamento do ruído e na coleta de dados sobre a poluição sonora conforme Diretiva 2002/49/CE, já mencionada, orientando para que esses dados possam ser comparados, analisados e processados com qualidade uniforme possibilitando e facilitando a elaboração de estatísticas na Comunidade Europeia quanto à exposição de seus habitantes a poluição sonora. Esse trabalho é muito importante, pois a partir dele, e com a correlação de outros dados e estatísticas de áreas de saúde, produção econômica e condições sociais, pôde-se então fazer um trabalho do impacto socioeconômico e na saúde da população devido à poluição sonora. Seu corpo contém:

 Recomendações para o gerenciamento de questões gerais sobre o ruído urbano relacionadas com as fontes, à propagação e os receptores.

 Fornece 21 conjuntos de ferramentas (Toolkits), com uma introdução sobre cada pacote de ferramentas considerando a complexidade de uso, as implicações de precisão e o custo para uso. O documento contém uma tabela de classificação com código de cores e símbolos para facilitar a visualização na escolha do tipo de ferramenta mais adequado de acordo com a complexidade, a precisão e o custo. (Tabela 11).

 Faz referência ao projeto de pesquisa “Accuracy Study”, indicando a estratégia de mapeamento de ruído de tráfego e a metodologia de coleta dos dados para a modelagem de ruído. (WG-AEN, 2007).

Tabela 11 – Símbolos e cores para classificação das ferramentas. Fonte: WG-AEN, 2007. (tradução: autora).

As ferramentas são classificadas em tipos e subtipos de acordo com as características do objetivo a ser medido de acordo com sua adequação para a medição de fontes de ruído, a propagação e o impacto no receptor:

 Ferramentas relacionadas à fonte, tais como: fluxo do tráfego rodoviário, velocidade média do trafego, composição dos veículos no tráfego, tipo de superfície e inclinação da via, etc.

 Ferramentas relacionadas à propagação, tais como, tipo de superfície do solo, altura de edificações, altura e distância de barreira acústica em relação à via, coeficiente de absorção de edificação e da barreira acústica, umidade e temperatura ambientes, etc.

 Ferramentas relacionadas ao receptor, tais como, atribuição de dados populacionais para edifícios residenciais, determinação do número de unidades habitacionais por edifício residencial e a população por unidade de habitação, atribuição dos níveis de ruído para os residentes em moradias em edifícios com vários ocupantes, etc. (WG-AEN, 2007).

A Tabela 12 apresenta um exemplo de tabela de aplicação contida no documento indicando o uso do conjunto de ferramentas 4, o qual deve ser utilizado na medição da composição do tráfego rodoviário.

Tabela 12 - Ferramenta 4: Composição de veículos no tráfego rodoviário. Fonte: WG-AEN, 2007.

Projeto SILENCE (2008)

Essa é uma importante contribuição na divulgação, orientação e treinamento de gestores locais europeus para o planejamento estratégico, preparação de projetos, execução, acompanhamento e conscientização da população nas ações de redução da poluição sonora. É, portanto um sistema de gestão de ruído nas cidades abrangendo todas as etapas do ciclo de gerenciamento nos níveis estratégico e tático.

Incluindo o estado de arte na redução da poluição sonora por meio de politicas públicas e ferramentas de apoio tecnológico, foi finalizado em janeiro de 2008, apresentando-se na forma de um manual bem elaborado e extenso, com um apanhado geral sobre os conceitos relacionados à paisagem sonora, os fundamentos das características das fontes e da propagação do som no meio urbano, as estratégias que podem ser adotadas, um resumo de etapas e atividades a serem planejadas, ou seja, um esboço básico de um plano de projeto para os gestores, e como propagar a informação através de programas de conscientização para a população e treinamento para os envolvidos na operação e gestão.

Não sendo apenas um instrumento teórico, o manual dá uma visão prática, orientando os planejadores e gestores municipais, com exemplos de projetos realizados analisando a aplicação das diretivas e seus resultados nas cidades de: Barcelona, Bristol, Bruxelas e Genova.

O projeto Silence ressalta que para atenuar o ruído no meio urbano já consolidado, antes de quaisquer ações, deve-se fazer um inventário da situação existente através do mapa acústico identificando os níveis de exposição na área com a finalidade de hierarquizar as prioridades, ordenando as intervenções de forma a obter os melhores resultados com o menor custo e principalmente com uma integração à paisagem urbana existente. Essa é uma preocupação importante, pois além de classificar as ações de acordo com sua eficácia garantindo um melhor uso dos recursos e um melhor resultado com uma visão holística do problema, o respeito à cultura, e a paisagem urbana são importantes para não descaracteriza-los com a implantação, por exemplo, de barreiras acústicas totalmente alheias ao seu entorno, ou intervenções urbanas sem inserção no contexto do lugar.

Outro ponto importante destacado por esse projeto é o planejamento e projeto integrado da implantação das intervenções relacionadas à redução do ruído urbano com o aproveitamento dos momentos de intervenção urbana com outras finalidades, tais como: requalificação de áreas da cidade, reurbanização de áreas degradadas, implantação de novas infraestruturas, obras para melhoria da mobilidade, só para citar algumas ações normais de gestores públicos na evolução e renovação das cidades. A implantação conjunta evita que tais intervenções com outras finalidades produzam resultados negativos para a questão da poluição sonora, e normalmente dilui os custos com obras específicas para a redução do ruído. Essa forma integrada de tratar os problemas urbanos produz resultados muito bons para o bem-estar da população e para a utilização eficiente dos recursos públicos, pois não se resolve um problema criando outros que mais a frente precisam ser tratados com soluções mais onerosas e muitas vezes inviáveis. SILENCE (2008).

Uma solução comum indicada nesse projeto é a implantação de barreiras acústicas.

CNOSSOS-EU (2012)

CNOSSOS-EU (Common NOise aSSessment MethOdS in EU, em português Métodos Comuns de Avaliação do Ruído na União Europeia) é a mais recente metodologia de uso comum para avaliação de ruído na Europa, utilizando como base de estado da arte determinados pela comunidade científica e técnica.

Elaborada pelo Centro de Pesquisas da Comissão Europeia, está recomendação segue as especificações apresentadas na Diretiva de Ruído Ambiental 2002/49/CE, já mencionada.

Peritos nomeados pelos Estados-Membros da União Europeia, pela Agência Europeia do Ambiente, pela Agência Europeia de Segurança da Aviação, e pela Organização Mundial de Saúde Europa foram reunidos para estabelecer os métodos que devem ser utilizados em comum pelos membros da Comunidade Europeia dando consistência e compatibilidade nas medições e cálculos do nível de ruído a que as pessoas estão expostas. Essas ações de padronização de métodos são importantes para que os resultados de trabalhos produzidos por diferentes equipes em diferentes países sejam comparáveis e integráveis na visão geral da comunidade.

Os métodos recomendados são utilizados nas medições de ruído do transporte rodoviário, ferroviário, aéreo e da indústria, constituindo a abordagem mais sistemática para o combate a poluição sonora, propiciando uma estimativa confiável dos encargos associados a doenças produzidos pelo ruído. Há uma previsão de uso desse novo método no mapeamento estratégico a ser empreendido em 2017. (CNOSSOS-EU, 2012).

CONAMA (1986)

Na RESOLUÇÃO N.º 001 do CONAMA de 23 de janeiro de 1986, dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para a avaliação de impacto ambiental, em qualquer atividade humana, direta ou indiretamente, com alteração das propriedades de meio ambiente, que afetam a saúde, o panorama socioeconômico e o meio ambiente.

Artigo 1º - Para efeito desta Resolução, considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam:

II - as atividades sociais e econômicas; III - a biota;

IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V - a qualidade dos recursos ambientais.” (CONAMA, 1986).

A resolução nº 001 de 08 de março de 1990, trata dos níveis excessivos de ruído referenciando os limites definidos pelas normas NBR 10151 (2003) e NBR 10152 (2003) em seus incisos II e III, e as normas do Ministério do Trabalho e do CONTRAN no inciso IV:

“II - São prejudiciais à saúde e ao sossego público, para os fins do item anterior aos ruídos com níveis superiores aos considerados aceitáveis pela norma NBR 10152 - Avaliação do Ruído em Áreas Habitadas visando o conforto da comunidade, da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT.

III - Na execução dos projetos de construção ou de reformas de edificações para atividades heterogêneas, o nível de som produzido por uma delas não poderá ultrapassar os níveis estabelecidos pela NBR 10152 - Avaliação do Ruído em Áreas Habitadas visando o conforto da comunidade, da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.

IV - A emissão de ruídos produzidos por veículos automotores e os produzidos no interior dos ambientes de trabalho, obedecerão às normas expedidas, respectivamente, pelo Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, e pelo órgão competente do Ministério do Trabalho.” (CONAMA, 1990).

NBR 15575 Edificações habitacionais – Desempenho (2013)

A norma brasileira de requisitos acústicos de desempenho NBR 15575 (2013) - Edificações habitacionais – Desempenho entrou em vigor em maio de 2013, foi desenvolvida a partir de normas nacionais e internacionais como referência, sendo composta por seis partes:

 15575-1:2013 – Parte 1: Requisitos gerais.

 15575-3:2013 – Parte 3: Requisitos para os sistemas de pisos.

 15575-4:2013 – Parte 4: Requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas SVVIE.

 15575-5:2013 – Parte 5: Requisitos para os sistemas de coberturas.  15575-6:2013 – Parte 6: Requisitos para os sistemas hidrossanitarios.

A NBR 15575 (2013) - Edificações habitacionais – Desempenho tem a função de qualificar especificamente a construção de edifícios habitacionais de longa duração, atendendo ao mínimo de conforto termo-acústico. Tanto na forma de projetar, quando na especificação, de forma equilibrada e factível.

A norma de desempenho elucidou os termos de responsabilidades das partes envolvidos na construção da edificação, como: arquitetos, construtoras, incorporadoras, fornecedores e usuários, estabelecendo conjuntos de requisitos das edificações habitacionais com propósitos:

 na segurança: estrutural, contra fogo, de uso e na operação;

 na habitabilidade: desempenho térmico, acústico e luminosidade, estanqueidade, saúde, higiene, qualidade do ar, funcionalidade e acessibilidade, conforto tátil e antropodinâmico;

 na sustentabilidade: durabilidade, manutenção e impacto ambiental,  na preservação da privacidade dos habitantes. (NBR 15575, 2013).

A norma NBR 15575-4 (2013) esclarece como os sistemas construtivos devem ter os níveis desempenho para atenuar a transmissão do ruído pelas paredes externas e internas, pelas esquadrias e pelas portas, além dos efeitos decorrentes do sistema de piso nas edificações habitacionais.