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INFLUÊNCIA DO RUÍDO RODOVIÁRIO NA CIDADE

SUMÁRIO 1 Introdução

5 INFLUÊNCIA DO RUÍDO RODOVIÁRIO NA CIDADE

Uma observação histórica interessante está contida na introdução do artigo sobre os efeitos cardiovasculares devidos à exposição do ser humano ao ruído ambiental, em que os autores destacam a previsão do vencedor do Prêmio Nobel, Robert Koch, em 1910:

“Um dia os homens terão que lutar tão ferozmente contra o ruído como a cólera e a peste”. (MÜNZEL, et al 2014, p.1.

Tradução da autora).

Com o advento da revolução industrial, uma infinidade de novos sons foi introduzida no ambiente urbano. Posteriormente, a inovação, com o uso de aparelhos eletroeletrônicos, trouxe muitas fontes de ruído para o ambiente SCHAFER (2011), não só provenientes das máquinas e aparelhos, em si, mas também pela utilização inadequada dos referidos aparelhos, exemplificando-se pelo fato bastante recorrente, nos dias de hoje, da utilização de fones de ouvido em alto volume, por parte dos jovens, causando danos auditivos em longo prazo. No entanto, o som é necessário para a existência e, assim sendo, o bem-estar depende de uma paisagem sonora adequada.

Isto confirma os pontos de vista de Stockfelt™ s (1991), que o som é um necessidade existencial: paisagens sonoras são essenciais para o bem-estar, não só como música concebida, mas como uma parte integrante das situações de vida. (DUBOIS; RAIMBAULT, 2005, p 342. Tradução da autora).

SILVA (1971) relata que o assunto já era tratado pelo arquiteto Rino Levi em 1964, sob o tema de “Ruído e urbanismo”. O planejamento urbano é um trabalho complexo, que demanda cooperação de uma equipe multidisciplinar que conte com o apoio e a conscientização do poder público e da sociedade. Atualizações constantes, tanto do planejamento quanto das ações a serem empreendidas, são essenciais para que se adequem às novas realidades e para tratar o ruído de forma mais eficiente e econômica, pois a cidade é um organismo vivo, que se modifica ao longo do tempo, inclusive no que diz respeito à sua paisagem sonora. O ruído muitas vezes não é reconhecido como sendo a causa de muitos problemas cotidianos das pessoas, já que a população é atingida passivamente por seus efeitos, como aborda Débora Barreto na Revista VeraCidade.

“Milhões de cidadãos passivos estão ficando perturbados, comprometendo o raciocínio, a comunicação oral, a educação, o bem-estar e a sobrevida, limitando as potencialidades humanas.” (BARRETO, 2008).

O ruído deve ser tratado com prioridade no âmbito da Política Ambiental, de acordo com a afirmação do grupo de trabalho da OMS, em 1971, considerando que:

“O ruído deve ser reconhecido como uma grande ameaça ao bem-estar humano”. (SUTER, 1991 apud SUESS, 1973).

Na conferência de Copenhague, de 1998, a Comissão europeia criou um grupo formado por peritos em ruído, para dar assistência ao desenvolvimento da política europeia do ruído. Em 2002, o parlamento Europeu definiu diretrizes para o combate da poluição sonora em seu território. (END, 2002).

Interessante observar que, embora o problema do ruído urbano, hoje com grande exposição, estudos e diretivas de órgãos internacionais, ainda tem sido muito negligenciado, tanto pelo poder público como pela sociedade de um modo geral. Essa constatação demonstra, de certa forma, o quanto a população é mal informada a respeito dos efeitos nocivos à saúde, causados pelo ruído, e de o quanto essa questão é prioritária, no âmbito dos planos de governança e de ações públicas.

“Planejar não é utopia. É maneira correta de enfrentar efetivamente a realidade, com economia e sem desperdícios. Trata-se de trabalho complexo, que deverá ser atualizado constantemente, e que exige a cooperação de vários especialistas e a compreensão do poder público e da coletividade. Infelizmente, temos ainda tudo a fazer neste setor, apesar da evolução da técnica urbanística e das ciências sociais. O problema se torna sempre mais premente no Brasil, não só pelo rápido crescimento de nossas cidades, como pelo surgimento de novas, em consequência do progresso”. (SILVA, 1971, p. 23).

"A proteção contra ruídos é um dos objetivos a perseguir e faz parte da política comunitária para alcançar um alto nível na proteção da saúde e do meio ambiente. No green paper sobre o Futuro da Política do Ruído, a Comissão identifica o ruído no meio ambiente como um dos principais problemas ambientais na Europa.” (END, 2002, p.1. Tradução da autora).

O Prof. Dr. João Candido Fernandes, em sua apostila referente ao curso de engenharia Mecânica da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, no capítulo dedicado ao Ruído Ambiental, descreve:

“Os altos níveis de ruído urbano têm se transformado, nas últimas décadas, em uma das formas de poluição que mais tem preocupado os urbanistas e arquitetos. Os valores registrados acusam níveis de desconforto tão altos que a poluição sonora urbana passou a ser considerada a forma de poluição que atinge o maior número de pessoas. Assim, desde o congresso mundial sobre poluição sonora em 1989, na Suécia, o assunto passou a ser considerado questão de saúde pública. Entretanto, a preocupação com os níveis de ruído ambiental já existia desde 1981, pois, no Congresso Mundial de Acústica, na Austrália” [...] “Na visão mais ampla, o silêncio não deve ser encarado como um fator determinante no conforto ambiental, mas deve ser visto como um direito do cidadão. O bem-estar da população não deve ser tratado apenas como projetos de isolamento acústico tecnicamente perfeitos, mas, além disso, exige uma visão crítica de todo o ambiente que vai receber a nova edificação. É necessária uma discussão a nível urbanístico.” (FERNANDES, 2005, p. 48).

O assunto ruído ambiental está inserido na política do governo da Inglaterra, já que o país reconhece o quanto os efeitos dele decorrentes podem afetar a sociedade com relação à saúde, ao bem-estar, à produtividade e à natureza do meio ambiente. (Gov.UK, 2013). O ruído tem sido a principal causa de irritação nas cidades, desde a década de 70. Várias pesquisas sobre a paisagem sonora têm como objetivo adquirir novos conhecimentos sobre os diversos efeitos do ruído na saúde e no bem- estar. (DUBOIS; RAIMBAULT, 2005).

Os efeitos potenciais do ruído incluem deficiência auditiva, redução de reflexos, dor e desconforto no ouvido, interferência na fala, distúrbios do sono, efeitos cardiovasculares, redução do desempenho e aborrecimento, tendo como possíveis consequências para a vida das pessoas afetadas: redução da produtividade, diminuição do desempenho na aprendizagem, absenteísmo no trabalho e escola, aumento do uso de drogas e de acidentes, e uma alteração no comportamento social. (KANG, 2007) (MÜLLER-WENK, 2002) (COMISSÃO EUROPEIA, 2012, a, b) (BABISCH, 2002, 2014). Além dos impactos econômicos relativos aos gastos públicos com o tratamento de doenças e da perda de produtividade decorrentes dos problemas acima listados, o ruído também tem impactos econômicos diretos, tais como a desvalorização de imóveis em áreas ruidosas.

O ruído excessivo prejudica a saúde humana e interfere nas atividades diárias das pessoas na escola, no trabalho, em casa e no lazer, podendo perturbar o sono,

causar efeitos cardiovasculares e psicofisiológicos, além de reduzir o desempenho e provocar atitudes de aborrecimento e mudanças no comportamento social.

(MÜLLER-WENK, 2002) (OMS, 2011, 2012, 2014) (COMISSÃO EUROPEIA, 2012, a, b) (CNOSSOS-EU, 2012) (MÜNZEL, et al, 2014) (PIMENTAL-SOUZA, 2014) (FIORINI, 2014) (BABISCH, 2002, 2014). O mesmo impacto nocivo também ocorre em relação à vida selvagem. OMS (2014).

Para se obter uma noite de sono tranquilo, a Organização Mundial de Saúde aconselha níveis menores do que 30 dB(A) para o ruído de fundo29 OMS (2009) , e que não excedam a 45 dB(A) para ruídos pontuais. OMS (2014).

Segundo o relatório publicado pela OMS (2012), o ruído de tráfego é uma questão preponderante da saúde pública.

“...A exposição principal é ao ruído do tráfego rodoviário. Perturbação do sono e irritação são principalmente relacionadas ao ruído do tráfego rodoviário, os quais são chaves nas questões de saúde. Pelo menos um milhão de anos de vida saudável são perdidos a cada ano pelos efeitos do ruído relacionados ao tráfego em países da Europa Ocidental, incluindo os países membros da União Europeia.” (OMS, 2012 apud OMS, 2011).

FIORINI (2014) refere que os efeitos do ruído na saúde estão relacionados diretamente aos níveis e ao tempo de exposição, porém, além desses parâmetros, as características do local e a suscetibilidade própria de cada indivíduo determinam consequências diferentes para cada pessoa. Estudos comparativos feitos na Áustria, com dois grupos de crianças expostas a um nível de ruído de tráfego menor do que 50 dB(A) e maior que do 60 dB(A), relatam ter sido detectado cortisol na urina e constatado aumento da pressão arterial nas crianças submetidas ao maior nível de ruído. O cortisol é um hormônio liberado pelas glândulas suprarrenais, em resposta ao estresse e a níveis baixos de glicose no sangue. Suas funções principais são: aumentar a pressão sanguínea, suprimir a função imunológica e ajudar no metabolismo das gorduras, proteínas e carboidratos que causam, em longo prazo,

29 Ruído de fundo - Entende-se como ruído de fundo a média dos mínimos dos níveis de ruído medido (Lra - nível de ruído ambiente) em local e hora considerados, na ausência da fonte emissora em questão.

envelhecimento neuronal e decréscimo na formação dos ossos. FIORINI (2014) e PIMENTAL-SOUZA (2014).

A Ilustração 49, intitulada Pirâmide dos efeitos do ruído na saúde (Pyramid of Health

Effects of Noise), elaborada por BABISCH (2002), ilustra a relação entre o número

de pessoas afetas e a gravidade dos problemas de saúde ocasionados pelo ruído. Na base da pirâmide, que revela o maior número de pessoas afetadas, encontram- se os efeitos menos severos, relacionados principalmente ao sentimento de desconforto, tais como: irritação, aborrecimento e distúrbios do sono. No nível imediatamente acima, que apresenta menor número de pessoas afetadas do que o nível anterior, figuram os sintomas do estresse, com a detecção de hormônios relacionados e reações fisiológicas decorrentes do quadro. No terceiro nível, contando-se da base ao ápice da pirâmide, os fatores de risco ligados a esse estresse se instalam em um número menor de pessoas, tais como: pressão alta, colesterol elevado, diabetes e outros distúrbios metabólicos. Os fatores de risco levam uma parcela dos indivíduos afetados a contraírem doenças crônicas, como: a insônia e doenças cardiovasculares. Todos os efeitos citados vão culminar com a morte de alguns indivíduos, causada por doenças desenvolvidas devido à maior suscetibilidade, ao maior tempo e nível de exposição a que os indivíduos foram submetidos. (BABISCH, 2002).

Ilustração 49 – Pirâmide dos efeitos do ruído na saúde. Fonte: OMS, 2011 apud BABISCH, 2002. O funcionamento dos órgãos humanos sofrem alterações devido à exposição ao ruído de tráfego, liberando hormônios decorrentes do estresse, os quais podem causar aumento da pressão arterial, elevação da frequência cardíaca, doenças coronarianas, acidente vascular cerebral, alterações nos níveis de colesterol, triglicérides e glicose, trombose e outros distúrbios metabólicos. A perturbação não ocorre somente quando o nível sonoro é elevado, mas também pela presença do ruído de fundo de modo contínuo, atrapalhando a concentração, o relaxamento e provocando distúrbios do sono. A Ilustração 50, traduzida do artigo em citação, expõe, em um diagrama, de que modo as consequências para a saúde humana vão se instalando, a partir da exposição ao ruído excessivo. (COMISSÃO EUROPEIA, 2012, a, b) (MÜNZEL et al, 2014).

Ilustração 50 - Diagrama dos efeitos causados à saúde humana pela exposição ao ruído. Fonte: (MÜNZEL et al, 2014 apud BABISCH, 2014. Tradução da autora).

“Estudos experimentais de laboratório, estudos de campo de observação e estudos epidemiológicos, todos desempenham papéis importantes na elucidação dos efeitos do ruído ambiental sobre a saúde cardiovascular.” (MÜNZEL et al, 2014).

“Tomados em conjunto, a presente revisão fornece evidências de que o ruído não só causa irritação, distúrbios do sono, ou reduções na qualidade de vida, mas também contribui para uma maior prevalência de hipertensão arterial, mais importante

fator de risco cardiovascular, e a incidência de doenças cardiovasculares. As provas que sustentam este argumento são baseadas em uma lógica estabelecida, apoiada por estudos de laboratório e de campo de observação experimental, e uma série de estudos epidemiológicos.” (MÜNZEL THOMAS, 2014).

Além do exposto, a fonoaudióloga Keila Knobel (GARDENAL, 2013), a partir de seus estudos de pós-doutorado na Unicamp, descreve, de forma bem simples, os efeitos imediatos da exposição a um alto nível sonoro nos ambientes com música alta, típicos das casas noturnas largamente frequentadas, principalmente pelos jovens, aos finais de semana. Respondendo à pergunta veiculada pelo portal Unicamp sobre quais seriam os efeitos “nefastos” para uma superdosagem (com relação à exposição ao alto nível do som nos citados estabelecimentos), a pesquisadora afirma:

“Os efeitos colaterais para exposição ao som intenso começam às vezes no mesmo dia. A pessoa sai da balada sentindo que os seus ouvidos estão tampados e com um zumbido parecido com um “piii”, um apito dentro do ouvido. Geralmente, esse zumbido é contínuo. Ou pode ser um som do tipo “pipi” (barulho de ocupado). Isso acontece porque foram provocadas pequenas lesões na cóclea, onde há algumas células muito delicadas e também líquido. A intensidade sonora é uma vibração que chega aos tímpanos e, ao chegar no líquido, realizam algumas ondinhas que vão movimentar essas células. Se o som é muito intenso, essas ondinhas vão ser igualmente intensas, quase como tsunamis dentro da cóclea. Com isso, acabam entortando as células.” (GARDENAL, 2013).

No início, uma exposição prolongada a níveis de ruído acima de 85 dB(A) acarretará a perda da qualidade auditiva por certo período, o que na terminologia médica, em inglês, é chamada TTS (Temporary Threshold Shift – Perda Temporária da Audição). Com a exposição ainda mais prolongada, a cóclea será danificada permanentemente, ocasionando, em consequência, a perda permanente e irreversível da audição, ou seja, a surdez, denominada tecnicamente, em inglês, PTS (Permanent Threshold Shift – Perda Permanente da Audição). (KINSLER, FREY, et al., 1982).

“A ciência médica determina que é prejudicial à audição e pode causar sérios danos, a exposição a sons acima de 85 decibéis durante um longo período.” (SCHAFER, 2011 p. 183).

“Estima-se que a perda de DALYs (Disability-Adjusted Life

Year - Anos de Vida Ajustados por Invalidez ou Morte) em

função do ruído ambiental, nos países da Europa Ocidental, somam 61.000 anos por doenças isquêmicas do coração, 45.000 anos por comprometimento cognitivo das crianças, 903.000 anos por distúrbios do sono, 22.000 anos por zumbido e 654.000 anos por aborrecimento. Se todos forem considerados em conjunto, a variação de carga seria de 1.0 a 1.600.000 DALYs. Isso significa que pelo menos 1 milhão de anos de vida saudável são perdidos a cada ano, relacionados com o tráfego nos países da Europa Ocidental, incluindo-se os Estados Membros da UE. A perturbação do sono e a irritação relacionadas ao ruído de tráfego rodoviário constituem a maior parte da carga do ruído ambiente na Europa Ocidental. Devido à falta de divulgação de dados relativos ao Sudeste Europeu e aos estados recém-independentes, não é possível estimar a carga de doenças em toda a Região Europeia da OMS. (OMS, 2012). (tradução: Vânia Helena Lopes Gonçalves Corrêa).

Geralmente percebe-se o nível de ruído de fundo a que se está submetido em ambientes de escritório e mesmo em casa, quando, repentinamente, essas fontes são desligadas, por exemplo, por falta de energia. Comumente, os reatores de lâmpadas fluorescentes, os sistemas de ar condicionado, os ventiladores de computadores e as geladeiras, presentes no ambiente doméstico, produzem um ruído constante de nível médio. Segundo FIORILLO, o nível mais perigoso de ruído é o moderado, pois, apresenta nível sonoro intermediário, permanecendo disfarçado dentre os sons ambientes, de acordo com as citações:

“o resultado mais traiçoeiro ocorre em níveis moderados de ruído, porque lentamente vão causando estresse, distúrbios físicos, mentais e psicológicos, insônias e problemas auditivos. Além disso, sintomas secundários aparecem; aumento da pressão arterial, paralização do estômago e intestino, má irrigação da pele e até mesmo impotência sexual” (SOUZA DEMETRIUS, 2010, p. 138 apud FIORILLO).

“O mais traiçoeiro efeito ocorre em níveis moderados de ruído, porque mansamente vão-se instalando estresse, distúrbios físicos, mentais e psicológicos, insônia e problemas auditivos. Muitos sinais passam despercebidos do próprio paciente pela tolerância e aparente adaptação e são de difícil reversão. Muitas pessoas, perdidas no redemoinho das grandes cidades, não conseguem identificar o ruído como um dos principais agentes agressores e ficam desorientadas por não saberem localizar a causa de tal mal. Por isso, nada se faz sob o impacto de uma abusiva e, portanto, ruidosa mecanização e sonorização tanto em ambientes fechados quando abertos.” (BARRETO, 2008 apud SOUZA, 1992, p. 3).

A

Tabela 7 relaciona os impactos à saúde aos níveis de ruído, sendo que para níveis abaixo de 50 dB(A) não se nota impacto algum, porém, para níveis acima dessa marca, vários prejuízos à saúde são descritos.

Tabela 7 - Impacto dos Níveis de Ruído na Saúde. Fonte: BARRETO, 2008 apud MANZANA, s/d.

A Norma NBR 10151 (2003), presente no parágrafo 6.2.4, especifica a metodologia de medição de ruído em ambiente externo e estabelece os níveis de ruído ambiente Lra aceitáveis em ambientes externos, dispostos na Tabela 8, dependendo do tipo de área, para os períodos diurno e noturno.

Tabela 8 - Tabela de Níveis de Ruído em Ambiente Externo. Fonte: NBR 10151, 2003.

De acordo com (EEA, 2010), vários estudos indicam que o ruído pode prejudicar a aprendizagem e diminuir o desempenho, especialmente em crianças.

Em conformidade com (PIMENTEL-SOUZA, 2014), o sono profundo tem função fisiológica e psicocognitiva30. O distúrbio do sono, em curto prazo, gera a falta de atenção, o descontrole emocional, problemas mentais com inúmeras manifestações, tais como: falta de criatividade, dificuldade de raciocínio, falha na memória, dificuldade na concentração, embaraço mental, falha de julgar e psicológica, distorção perceptiva, perda de memória, mau humor, diminuição da tolerância com o próximo, aumento de violência e problemas musculares por diminuição da produção de hormônios, entre outras. Em longo prazo, pode causar problemas mais sérios à saúde, tais como: doenças degenerativas, demências, derrame e lesões cerebrais. Durante o sono nosso cérebro se desintoxica, recuperando o bom funcionamento. Assim sendo, o sono é importante para o bom desempenho cerebral. (PIMENTEL- SOUZA, 2014). Uma boa noite de sono tem ação psicoconigtiva, colaborando para a fixação da memória; para expandir a criação artística, científica e tecnológica; para facilitar a resolução de problemas de relacionamento pessoal; e para recuperar o humor.

“A ciência tem desvendado nobres funções do sono como as psicológicas, as intelectuais, as da memória, as do humor e as da aprendizagem. O sono parece ser o período mais fecundo para consolidar os traços mnemônicos e geradores de criatividade. Prejuízos causados a ele diminuem a capacidade

30 Psicocognitiva - está ligada ao estudo dos processos mentais que influenciam o comportamento de cada indivíduo e o desenvolvimento intelectual. Segundo o epistemólogo e pensador suíço, Jean Piaget, a atividade intelectual está ligada ao funcionamento do próprio organismo, ao desenvolvimento biológico de cada pessoa. Fonte: http://www.significados.com.br/cognitivo/ Acesso em: 15 de maio 2014. Diurno Noturno 40 35 50 45 55 50 60 55 65 55 70 60

Tabela de Níveis de Ruído Aceitáveis Dependendo do Tipo da Área

Área estritamente residencial urbana ou de hospital ou de escola Tipos de áreas

Área de Sítio e Fazendas

Área Mista, predominantemente residencial

Área Mista, com vocação comercial e administrativa Área Mista, com vocação recreacional

das funções superiores do cérebro, condenando suas vítimas a cidadãos de segunda classe (SOUZA, 1992 apud Jouvet, 1977) (De KONINCK et al, 1989) (PIMENTEL-SOUZA, 1990, 1992).

“O corpo e a mente sofrem os malefícios do ruído no sono e na vigília. Mudanças em relação ao normal foram observados no comportamento e cérebro humanos, em condições de laboratório e em ambientes reais, no Brasil e em outras partes do Mundo. Para aferir as mudanças, foram levantadas as funções do sono e de organismo em equilíbrio sustentável em longo prazo. (PIMENTEL-SOUZA, 1992).

O relatório da Diretoria Geral de Políticas Internas da União Europeia atesta que cerca de 56 milhões de europeus são submetidos a níveis sonoros superiores a 55 dB(A) durante o dia, devido ao tráfego rodoviário em aglomerações urbanas, e 33 milhões são expostos ao ruído de rodovias principais, fora das aglomerações urbanas. Da mesma forma, 40 milhões de pessoas da União Europeia são expostas a ruído superior a 50 dB(A) durante a noite, em aglomerações urbanas. (DGFP-EU, 2012).

A OMS estima que pelo menos um milhão de anos de vida saudável são perdidos a cada ano, relacionadas com o ruído de tráfego nos países da Europa Ocidental, incluindo 61 mil anos perdidos com doença isquêmica do coração, 45.000 com prejuízo cognitivo nas crianças, 903.000 com distúrbios do sono, 22.000 com zumbido no ouvido e 654.000 com aborrecimento. O relatório da OMS também