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2.5 Crescimento equilibrado e indicador equilíbrio do crescimento

2.5.2 Indicador equilíbrio do crescimento

O indicador equilíbrio do crescimento é a razão entre a taxa de crescimento do volume de negócios da empresa (g) e a taxa de crescimento equilibrado (g*), isto é, a taxa máxima de crescimento das vendas que evita colocar em risco a saúde econômico- financeira da empresa. O termo g é medido pelo crescimento da receita bruta no período considerado e g* é obtido pela variação percentual no Patrimônio Líquido no mesmo período, excluído os aumentos oriundos da reavaliação de ativos. Como se espera que o crescimento do volume de negócios acompanhe o crescimento equilibrado, a razão g/g* deve se aproximar da unidade ou tender para a unidade.

A seguir estão as fórmulas de cálculo do g (crescimento do volume de negócios) e do g* (taxa de crescimento equilibrado) para os períodos de análise 1999 a 2004 e 2004 a 2009, denominados períodos1 e 2:

(1)

(2)

Nas fórmulas (1) e (2) acima: RB99= Receita Bruta de 1999 RB04= Receita Bruta de 2004 RB09= Receita Bruta de 2009

PL99= Patrimônio Líquido subtraído da reserva de reavaliação em dezembro de 1999 PL04= Patrimônio Líquido subtraído da reserva de reavaliação em dezembro de 2004 PL09= Patrimônio Líquido subtraído da reserva de reavaliação em dezembro de 2009

1 / e 1 /

A taxa de crescimento equilibrado pode ser obtida pela combinação dos seguintes fatores, cuja análise e compreensão permitem estabelecer caminhos para a recuperação do equilíbrio:

• Margem líquida, que mede o resultado líquido como porcentagem da receita líquida;

• Giro dos ativos, que mede a receita líquida obtida por unidade monetária de ativo total;

• Alavancagem financeira, que mede o quanto o ativo total é maior do que o patrimônio líquido, ou seja, o nível de endividamento da empresa; e • Taxa de Retenção, que mede o lucro retido por unidade monetária de lucro

líquido.

(3)

Quando há desequilíbrio entre o crescimento das operações e o crescimento equilibrado, a empresa pode mudar a taxa de crescimento, rever os fatores que impactam o desempenho operacional (margem e giro) ou modificar a política de financiamento.

A emissão de novas ações resolve os problemas associados ao crescimento rápido, acima da taxa equilibrada, entretanto esta opção não é viável para muitas empresas, por vários motivos, como mercados de capitais pouco desenvolvidos e dificuldade de acesso ao mercado de capitais, especialmente pelo custo da captação e mesmo por preferência dos atuais proprietários. Se a emissão de novas ações não for possível e a empresa quiser aumentar o volume de negócios a uma taxa acima do g*, ela deve melhorar a eficiência operacional, via margem, via giro, ou por ambos os caminhos; aumentar a alavancagem financeira; ou aumentar a taxa de retenção dos lucros. Supondo que a eficiência operacional mantenha-se constante, só resta à empresa aumentar a alavancagem, o que aumenta o risco; ou mostrar aos acionistas que a redução nos dividendos é a opção que resta para financiar o crescimento. A venda de negócios marginais e a terceirização, se contribuírem para a redução dos ativos e, consequentemente, para o aumento do giro e da eficiência operacional, são opções viáveis. O crescimento elevado também pode ser compensado através da fusão com

g = Lucro Líquido x Rec. Vendas x Ativo x Lucro Liquido - Dividendos Rec. Vendas Ativo PL Lucro Líquido

empresas de dois tipos: uma empresa madura, geradora de caixa, ou outra financiada de forma conservadora, que traz capacidade de endividamento para a nova empresa. Finalmente, em algumas empresas, pode ser necessário limitar o crescimento dos negócios a um nível consistente com as metas financeiras estabelecidas, para conservar a saúde econômico-financeira e a geração de valor.

Se o crescimento pretendido é menor do que a taxa de crescimento equilibrado, a empresa não está utilizando todos os recursos disponíveis para a geração de valor e o excesso de caixa pode ser utilizado para reduzir o endividamento, ser devolvido aos acionistas ou investido em novos negócios com oportunidades de crescimento.

3 RESUMO

O referencial teórico iniciou-se com os conceitos de desenvolvimento e crescimento econômico, historicamente associados. Estes conceitos diferenciaram-se quando o ambiente passou a ser um fator limitante ao desenvolvimento; daí surgiu a proposta do desenvolvimento sustentável, tentando conciliar desenvolvimento e preservação. A importância crescente das empresas na sociedade e a própria evolução do conceito de sustentabilidade estão exigindo que as empresas mudem sua atuação de forma a contribuir para a sustentabilidade econômica a um nível global.

Por outro lado, a preocupação com a responsabilidade social das empresas, atendendo às expectativas de vários stakeholders, explicitou a necessidade de uma avaliação de desempenho mais ampla, aqui denominada desempenho sustentável. Do fim dos anos 90 em diante, surgiram várias iniciativas de avaliação do desempenho sustentável utilizando o conceito do Triple Bottom Line, como os índices de sustentabilidade empresarial (FABER; JORNA; VAN ENGELEN, 2005).

No nível macroeconômico o modelo de desenvolvimento com foco no crescimento econômico está sendo reavaliado. No nível empresarial, hoje há clareza de que o crescimento pode ser prejudicial, pois pode colocar uma pressão considerável sobre os recursos da empresa.

Partindo do pressuposto que o crescimento desequilibrado é um fator de risco para a empresa e para todos os que se relacionam com ela (stakeholders), podendo gerar impactos econômico-financeiros, sociais e ambientais, é de se esperar que as empresas sustentáveis apresentem um crescimento mais equilibrado, medido pelo indicador equilíbrio do crescimento.

Como discutido às páginas 84-85, espera-se que a razão g / g* flutue em torno da unidade. Desta forma, a preocupação da empresa com o crescimento equilibrado pode se refletir em uma variabilidade pequena em torno do valor meta, igual à unidade.

Tendo em vista a discussão do estado da arte neste campo de conhecimento, propõe-se investigar as seguintes questões, que visam esclarecer se o crescimento equilibrado está associado ao desempenho sustentável das empresas.

RESUMO DAS HIPÓTESES

1) A variabilidade do equilíbrio do crescimento das empresas que aderiram aos níveis de governança é menor do que a das empresas que não aderiram.

2) A variabilidade do equilíbrio do crescimento das empresas que fazem parte do ISE é menor do que a das empresas que não fazem parte do ISE.

3) A variabilidade do equilíbrio do crescimento das empresas é menor no período 2 do que no período 1.

A parte seguinte do trabalho discute os aspectos metodológicos. Na sequência, são apresentados os resultados do estudo e as conclusões, acompanhadas das limitações e das propostas de pesquisas futuras.

4 METODOLOGIA

Embora haja muitos estudos sobre o desempenho de fundos de investimento socialmente responsáveis, ou fundos SRI (Socially Responsible Investiment), o mesmo ainda não acontece com o desempenho de índices SRI, pois sua criação é recente, e os dados de mercado estão disponíveis em intervalos de tempo insuficientes para as análises de desempenho (CONSOLANDI, 2009). Os estudos sobre o desempenho de empresas e de índices SRI usando dados do mercado acionário, no Brasil, começaram a ser realizados a partir de 2007, dois anos após o lançamento do ISE. Por outro lado, a utilização dos dados contábeis, obtidos dos relatórios publicados pelas empresas brasileiras listadas na Bolsa de Valores, só foi possível após a estabilização econômica, consequência da implementação do Plano Real em 1994.