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2. REVISÃO DE LITERATURA: DESEMPENHO AMBIENTAL NO SECTOR PÚBLICO E

2.4. Avaliação de desempenho ambiental

2.4.3. Indicadores de desempenho ambiental

Actualmente o problema para os decisores deslocou-se de “como é que o desempenho de uma empresa poderá ser medido” para “quais dos indicadores são mais adequados para determinadas circunstâncias” (Wehrmeyer et al., 2001).

Em face dos objectivos do presente trabalho de investigação procura-se focar esta vertente de medir e analisar o desempenho ambiental para a esfera das organizações e dos sectores de actividade económica.

Para além dos diversos trabalhos sobre IDA, já citados anteriormente na secção de enquadramento da ADA, importa aqui sublinhar os trabalhos de revisão de literatura de Olsthoorn et al. (2001), Johnston e Smith (2001), Young e Welford (1998), Ranganathan (1998), Tyteca (1996), Young (1996) e Callens e Tyteca (1995), que visam especificamente os IDA em organizações empresariais. Os diferentes tipos de conceitos associados a IDA, os requisitos, bem como a agregação e as formas de classificação dos indicadores por grupos ou categorias, são focados nestes trabalhos.

No âmbito empresarial, e de acordo com Young e Welford (1998), existem quatro métodos possíveis para medir o desempenho ambiental:

ƒ Modelos conceptuais para seleccionar indicadores – são seleccionados indicadores, de acordo com um modelo conceptual, para monitorizar directamente os aspectos significativos de uma empresa; a principal desvantagem é que as empresas despendem tempo e recursos a seleccionar os indicadores mais adequados e os aspectos significativos podem mudar ao longo do tempo;

ƒ Diferentes tipos de indicadores – são seleccionados diferentes tipos de indicadores, isto é, medidas físicas de volume e massa, medidas de eficiência, medidas para os clientes, entre outras; diferentes tipos de indicadores poderão ser conjugados com os modelos conceptuais referidos acima para monitorizar aspectos ambientais significativos; A norma ISO aplica esta conjugação, utilizando diferentes tipos de indicadores (e.g. agregados; relativos) associados aos aspectos significativos de uma empresa;

ƒ Modelos conceptuais para medir o desempenho – modelos conceptuais para medir o desempenho que já contêm diferentes tipos de indicadores; a principal vantagem é a

empresa não ter de despender recursos e tempo a seleccionar os indicadores; o modelo tem de ser vasto o suficiente para incluir as vertentes e actividades relevantes; uma das desvantagens poderá resultar no facto de poderem não ser medidos alguns aspectos ambientais significativos;

ƒ Modelos matemáticos para medir o desempenho – estes métodos poderão ser muito difíceis de implementar pelos órgãos de gestão e os resultados podem ser complicados de relatar.

Os indicadores constituem uma das técnicas essenciais associadas à medição do desempenho ambiental de uma organização, não só como instrumentos isolados, mas também integrados na aplicação de determinado modelo de desempenho. Bennett & James (1994) fide Young (1996) discutem o processo de medição do desempenho ambiental: porquê medir; o que medir; abordagens em curso; como medir. Para este último ponto propõem um modelo baseado num ciclo de oito etapas, focando o desenvolvimento de medidas de desempenho ambiental (Figura 2.5).

Seleccção de medidas Definição de metas Revisão Acção sobre os resultados Definição do contexto ambiental e dos objectivos Identificação de medidas potenciais Monitorização e comunicação de resultados Implementação de medidas

Figura 2.5. Ciclo associado a medidas de desempenho ambiental.

Wilson e Sasseville (1999) sugerem que existem duas abordagens distintas para medir o desempenho ambiental: (i) desenvolvimento de medidas específicas de desempenho ambiental construídas de forma a preencher as características e necessidade de uma determinada organização, de que é o caso da arquitectura da norma ISO 14031; (ii) desenvolvimento de medidas de desempenho ambiental que possam ser utilizadas por múltiplas organizações e em diferentes países.

Uma fase decisiva na ADA é o desenvolvimento e/ou a selecção de indicadores significativos. Kuhre (1998) refere que o indicador é o “coração” da ADA. Entre as muitas vantagens da aplicação deste instrumento assinalam-se as seguintes: (i) contribuir para melhorar a eficácia da gestão ambiental da organização; (ii) capacidade de sintetizar e

comunicar a informação; (iii) identificar áreas prioritárias de intervenção; (iv) medir a distância em relação às metas assumidas.

O número de indicadores adoptados constitui um elemento fundamental deste instrumento. A solução assenta num compromisso de optimização entre um número razoavelmente expressivo que seja representativo do desempenho ambiental que se pretende medir e um número suficientemente reduzido, para que, em face da disponibilidade de recursos financeiros, humanos e técnicos, seja exequível a avaliação do desempenho ambiental. Wehrmeyer et al. (2001) sublinham que a selecção dos indicadores já não depende apenas da disponibilidade de critérios baseados no custo mas sim do objectivo e do âmbito da aplicação, designadamente: (a) relato e comunicação; (b) interpretação; (c) comparação do comportamento ambiental ao longo do tempo e entre entidades comparáveis, tais como instalações, empresas e sectores industriais. A redução do número de indicadores poder-se-á realizar através da aplicação de ferramentas estatísticas, nomeadamente a Análise em Componentes Principais.

Em National Academy of Sciences (1999b) é referido que a medição do desempenho ambiental do sector industrial está ainda na infância, apesar do elevado potencial de crescimento. Esta constatação desta instituição científica é especialmente relevante quando o estado da arte sobre a ADA, incluindo o desenvolvimento e utilização de indicadores, revela que são as organizações industriais o objecto de grande parte dos trabalhos neste domínio.

De acordo com os mesmos autores, ao longo das últimas décadas a indústria tem vindo a melhorar o desempenho ambiental. Estas melhorias são na maioria resultado de regulação governamental, pelo que as medidas de desempenho têm estado normalmente dominadas por aspectos associados a regulamentação. A partir do momento em que a indústria passou a definir objectivos e metas que vão para além do cumprimento legal, as medidas de desempenho acompanham também essa evolução. Assiste-se a uma passagem de uma estratégia reactiva de cumprimento de obrigações, para uma postura pró-activa.

Um inquérito realizado pelo World Resources Institute (White e Zinkl, 1997 fide National Academy of Sciences, 1999b) e dirigido a empresas industriais, revela que cerca de 70 % das empresas utilizam informação ambiental no apoio à decisão e apenas cerca de 10 % das empresas considera existirem indicadores/índices adequados às suas necessidades. Gameson (1998) refere resultados de outro inquérito realizado nos EUA aos gestores de empresas com interacções sensíveis com o domínio ambiental. Ao serem inquiridos sobre quais as decisões mais afectadas por IDA, verificou-se, sem grande surpresa, que as

decisões relacionadas com a conformidade legal apresentam os valores mais elevados. Contudo, em segundo lugar surgem as decisões relacionadas com o planeamento estratégico, seguidas pelas decisões de investimento, reforçando a importância deste instrumento de gestão.

Ainda segundo o trabalho da National Academy of Sciences, refere-se que os clientes, investidores, instituições de crédito e agentes reguladores exigiram mais e melhor informação financeira, ao que as empresas responderam com melhores indicadores. Uma evolução semelhante começa a acontecer na área do desempenho ambiental.

O interesse na ADA por parte das indústrias têm vindo aumentar consideravelmente nos últimos anos a nível mundial, nomeadamente devido a imposições legais e à crescente preocupação por parte dos investidores e analistas financeiros, levando a melhores oportunidades de negócio. No entanto, a falta de dados quantitativos e de normalização e a impossibilidade de se efectuarem comparações têm sido alguns dos problemas das indústrias ao comunicarem os seus dados ambientais, como sublinham os trabalhos de Olsthoorn et al. (2001), Tulenheimo et al. (2000) e National Academy of Sciences (1999b). O desenvolvimento e utilização de indicadores pode então contribuir para a minimização deste problema, através de, por um lado, medir as complexas interacções, e por outro, transmiti-las de forma simples, transparente e compreensível. Berkhout et al. (2001) afirmam que os indicadores são utilizados para normalizar a medida de desempenho, ao contrário das variáveis que apenas são consideradas como informação sobre o desempenho.

Uma questão importante no processo de desenvolvimento de IDA, sublinhada nos trabalhos de White e Zinkl (1999), Jones (1999) e Hopkinson et al. (1999), é a possibilidade de efectuar comparações entre vários sistemas de indicadores, possuindo armazenamento de informação comparável e passível de ser utilizada para tomar decisões ao nível ambiental entre organizações diferentes (nomeadamente em relação à actividade económica a que pertencem, dimensão e estrutura organizacional) e em diferentes países.

À medida que evoluem positivamente as práticas de avaliação do desempenho ambiental, as organizações vão desenvolvendo indicadores à medida das suas necessidades e interesses. Esta situação tem conduzido a um cenário onde a comparabilidade é cada vez mais difícil. Olsthoorn et al. (2001) salientam que apesar do domínio dos indicadores ambientais ser relativamente recente, têm proliferado diferentes abordagens, verificando- se que existe actualmente pouca comparabilidade. Os dados são muitas vezes disponibilizados sem se saber quais os factores de normalização e com informação

limitada sobre ao que se referem ou incluem os dados. De forma, a aumentar a transparência do desempenho e aumentar a credibilidade, Olsthoorn et al. (2001) sugerem que todos os dados ambientais devem ser normalizados o que permitirá depois agregar em indicadores específicos. Contudo, a elevada agregação pode não permitir a análise de domínios ambientais específicos, com importância local e operacional, em oposição ao que é relevante para o topo da decisão ou para o público em geral. Os autores acima citados, referem que a agregação dos dados deve assim ser conduzida pelo princípio da subsidiariedade, designadamente os dados são para ser agregados até ao nível organizacional hierarquicamente mais baixo, onde a decisão pode ser tomada de forma apropriada. Os indicadores deverão ser tão simples quanto possível e apenas tão complexos quanto necessário.

Um exemplo que ilustra a complexidade da normalização dos indicadores pode ser demonstrado por uma indústria que aumentou a produção num espaço de um ano: qual será o melhor indicador? A emissão total de um determinado poluente por ano ou a emissão relativizada pela produção? Um aumentará e o outro manter-se-á constante, se o processo conservar o mesmo nível de eficiência. O indicador mais apropriado dependerá do tipo de público-alvo, dado que os mais interessados no desempenho da unidade empresarial, em particular na eficiência, desejarão receber a informação transmitida em relação à produção, enquanto uma comunidade local preferirá a emissão total. Não existe solução analítica para esta divergência básica de objectivos (Characklis e Richards, 1999). Para além das partes interessadas, a normalização é influenciada por outros factores, designadamente, a natureza do tema e a disponibilidade/capacidade de actuação dos organismos sectoriais (Bennett e James, 1999b).

Os indicadores, quando produzidos nas unidades originais, são expressos por unidades físicas, químicas e/ou biológicas. Os esforços de normalização resultam normalmente em indicadores expressos em medidas adimensionais ou em medidas unitárias (e.g. por unidade de produto ou de serviço). Os indicadores normalizados são muitas vezes criticados pela possível distorção dos resultados, pois podem permitir comparar organizações ou sectores com características diferentes, nomeadamente ao nível da tecnologia utilizada. Olsthoorn et al. (2001) apresentam diferentes vias para efectuar a normalização. De seguida destacam-se resumidamente alguns desses métodos:

ƒ Normalização económica (indicadores da actividade empresarial): utilização de quantidades económicas, financeiras, ou monetárias para relativizar a informação ambiental; estes indicadores são tipicamente na forma de rácios; os denominadores (quantidade económica/financeira) deverão reflectir adequadamente a actividade/dimensão da organização em análise. A produção física (unidades físicas)

pode ser utilizada especialmente quando apenas um único produto de saída é dominante. O número de empregados é também muito útil, em particular pela fácil disponibilidade, ainda que apresente várias limitações, nomeadamente as diferentes intensidades de trabalho, o país onde se localiza a instalação, entre outros. Muitas medidas estritamente expressas em unidades financeiras, tais como, o investimento total, são também analisadas em Olsthoorn et al. (2001). O diferente grau de internalização dos custos ambientais é destacado como um dos problemas na utilização da normalização económica entre sectores ou países. Indicadores normalizados com o valor acrescentado ou lucro vão favorecer empresas em economias com menor grau de internalização;

ƒ Agregação física (categorias de impactes e indicadores): muitas vezes os impactes decorrem do resultado de várias pressões. Nestes casos há a possibilidade de normalizar os impactes em relação às suas pressões (e.g. impactes/kg de emissão). Para este tipo de normalização deverão ser estabelecidas categorias de impactes para organizações, podendo ser constituída uma matriz tipo.

ƒ Indicadores de eficiência da produção: o princípio deste método assenta no pressuposto de que uma unidade de produção que produz mais produto/serviço com um mesmo nível de fluxos de entrada, ou produz menos subprodutos indesejáveis (poluição; resíduos) para um mesmo nível de produção, é mais eficiente. Este tipo de técnica tem em conta toda a informação relevante (e.g. produção, fluxos de entrada e saída, poluentes, aspectos financeiras) de forma a produzir uma quantidade agregada, que se convencionou se for inferior a 1 a organização é ineficiente e se for igual a 1 é eficiente. Para uma análise mais exaustiva sobre estes indicadores veja-se por exemplo o trabalho de Tyteca (1996).

A possibilidade de efectuar comparações inter-organizações pressupõe um conjunto de normalizações ao nível das técnicas utilizadas, nomeadamente os indicadores utilizados e as escalas espaço-tempo consideradas, o que no momento actual ainda constitui matéria de investigação. Não obstante a existência destas especificidades, e os métodos acima descritos, a normalização dos indicadores de desempenho para efeitos de comparabilidade pode ser efectuada de diferentes formas:

ƒ Metas preestabelecidas (e.g. estipuladas por decisores políticos ou gestores); ƒ Valores históricos;

ƒ Valores de referência de outras entidades (e.g. país; organização); ƒ Limites estabelecidos em legislação ou normas técnicas aplicáveis;

ƒ Comparações de padrões de distribuição espacial e/ou temporal entre diferentes entidade (e.g. organizações; regiões).

No estudo apresentado por Berkhout et al. (2001) são utilizados diferentes factores de normalização, associados especificamente a organizações industriais:

ƒ Unidades funcionais: unidades normalizadas de produção para um determinado sector industrial;

ƒ Matéria-prima;

ƒ Volume de negócio (turnover): quantia líquida de vendas e serviços, não incluindo os valores do imposto sobre o valor acrescentado ou outros impostos directamente relacionados;

ƒ Empregados: número de pessoal empregado por organização;

ƒ Valor acrescentado: valor total de vendas menos o custo de materiais;

ƒ Lucro: valor total de vendas sem imposto menos o custo respectivo das vendas.

Em síntese, alguma da argumentação que sustenta a necessidade de normalização das medidas de desempenho ambiental, é baseada nas seguintes vertentes: (i) dificuldades de comparação entre diferentes entidades, (ii) algumas organizações aproveitam a flexibilidade oferecida pela ausência de normalização para fornecer informação enganosa; (iii) evitar os custos associados ao facto de cada companhia ter de desenvolver o seu sistema de avaliação do desempenho (Bennett e James, 1999b). Não obstante esta tendência a favor da normalização é também defensável aceitar as diferenças entre entidades, pelo que poderá ser necessária a utilização de diferentes métodos, não normalizados, para dar respostas às singularidades de cada caso.

Em detrimento da denominação indicadores de desempenho ambiental das organizações e das actividades económicas são frequentemente utilizadas outras designações, tais como, indicadores de sustentabilidade e indicadores de eco-eficiência. Verifica-se que são relativamente poucas as organizações que tentam desenvolver indicadores de desenvolvimento sustentável ou de sustentabilidade, considerando aspectos ambientais, sociais, económicos e institucionais. Algumas empresas têm procurado desenvolver indicadores de desenvolvimento sustentável, adaptando indicadores de nível macro, desenvolvidos para os países, nomeadamente pelos departamentos governamentais (DETR, 1999b; DGA, 2000) para o nível micro. Esta abordagem poderá ter a vantagem de possibilitar agregações do nível micro de forma a obter o nível macro, sem recurso a estimativas, como acontece em grande parte das situações (Bennett e James, 1999b).

Relativamente aos indicadores de eco-eficiência verifica-se que têm vindo a ser crescentemente utilizados na ADA, associado com desempenho económico das organizações empresariais. O conceito de eco-eficiência tem sido amplamente difundido à escala mundial, existindo várias definições possíveis. O World Business Council for

Sustainable Development (WBCSD, 2004) apresenta a seguinte definição: eco-eficiência

é alcançada pelo fornecimento de bens e serviços a preços competitivos, que satisfaçam as necessidades humanas e contribuam para a qualidade de vida, reduzindo progressivamente os impactes ecológicos e a intensidade de recursos ao longo do ciclo de vida, para um nível, que pelo menos esteja alinhado com a capacidade de carga da Terra. Em Anite (1999) é sublinhado que a OCDE alargou o conceito de eco-eficiência de forma a incluir não apenas o nível empresarial, mas também governos, outras organizações e outros sectores (e.g. agricultura, serviços) e as famílias. Assim a definição da OCDE é a seguinte: eco-eficiência expressa a eficiência com que os recursos ecológicos são utilizados para satisfazer as necessidades humanas. Pode ser considerado como um rácio de um fluxo de saída dividido por um fluxo de entrada: a saída sendo corresponde ao valor de produtos e serviços produzidos por uma firma, sector ou pela economia como um todo, e a entrada equivale à soma das pressões ambientais geradas pela firma, sector ou economia. Medir a eco-eficiência depende da identificação dos fluxos de entrada e de saída. No contexto dos indicadores de eco-eficiência, o trabalho da EEA (1999c) revela-se importante, nomeadamente ao nível da clarificação das metodologias, dos conceitos e definições envolvidos.

A abordagem comum de eco-eficiência combina os desempenhos ambientais e económicos, através de um rácio de eficiência (Anite, 1999). De acordo com WBCSD (1999) o objectivo da eco-eficiência é maximizar o valor e minimizar os recursos utilizados e a produção de impactes negativos. O WBCSD refere ainda que este tipo de indicadores serve prioritariamente como instrumento de apoio à decisão, permitindo à gestão interna avaliar o desempenho, definir metas e promover medidas de melhoria. Constitui também uma importante ferramenta para comunicar com as partes interessadas, internas e externas. Vários trabalhos (e.g. Vogtländer et al., 2002; NRTEE, 2001; Hinterberger e Schneider, 2001, Helminen, 2000; EEA, 1999c; Anite, 1999; NRTEE, 1999; NRTEE, 1997) têm focado a utilização de indicadores de eco-eficiência nos sectores de actividade e nas organizações industriais, em particular.

Independentemente da diversidade de nomenclaturas existentes para os IDA de organizações e sectores, aquela que foi proposta pela norma ISO 14031 tem sido amplamente difundida e adoptada. Esta norma assume três categorias de IDA: (i) Indicadores de Desempenho de Gestão (IDG) – deverão possibilitar uma avaliação dos esforços, decisões e acções efectuadas pela gestão, ao nível dos processos de

planeamento, administrativos e de decisão, para melhorar o desempenho ambiental da organização; (ii) Indicadores de Desempenho Operacional (IDO) – deverão permitir avaliar o desempenho ambiental das actividades operacionais da organização (instalações físicas, equipamento); (iii) Indicadores de Estado do Ambiente (IEA) – deverão fornecer informação sobre o estado do ambiente local, regional, nacional ou global, não constituindo contudo uma medida do impacte ambiental. São indicadores que reflectem as condições de qualidade ambiental na área envolvente à organização.

A terminologia utilizada pela norma ISO 14031 é genericamente distinta da maioria da terminologia utilizada na área de indicadores ambientais desenvolvida ao longo das últimas três décadas do século XX e apresenta diversas limitações. Este facto é também destacado por Bennett e James (1999a), alertando para o cuidado que deverá existir na utilização destes conceitos, para evitar situações dúbias. Por exemplo o conceito de índice ambiental é designado na norma por weighted.

A nomenclatura adoptada pela norma ISO 14031 para os IDA denota uma preocupação de, por um lado, ser aplicável a qualquer tipo de entidade e, por outro, reflectir os grandes domínios de uma organização. No entanto, a nomenclatura utilizada apresenta várias limitações, nomeadamente, não distinguir claramente quais são os indicadores de

resposta, uma vez que estes tanto podem estar ao nível da gestão, como ao nível

operacional, bem como não apresentar uma categoria de indicadores que reflicta os impactes ou efeitos nos sistemas ambientais, incluindo os efeitos na saúde pública (inseridos, quer na área pertencente à organização, quer na área adjacente à organização).

Chan (2000) sustenta que ao contrário dos IDO (os indicadores mais comuns), a utilização de IDG pode minimizar o problema da normalização dos indicadores de desempenho, permitindo comparar organizações diferentes.

Relacionado com a categoria de indicadores de estado do ambiente, Kuhre (1998) alerta para o facto de haver ainda debate acerca da profundidade e definição de alguns conceitos, em particular os termos aspectos, impactes e efeitos. Ao contrário do que é defendido por este autor, que considera que esta não é uma questão relevante e por isso utiliza indiscriminadamente estes termos ao longo do seu trabalho, julga-se que este é um ponto importante e que não pode ser menosprezado. Poder-se-á correr o risco de falta de coerência e consistência técnico-científica em relação à utilização de termos e modelos que já são largamente aceites como detentores de um determinado significado.

A norma apresenta uma listagem de exemplos de IDA. Todavia, estes não são directamente aplicáveis a uma qualquer organização, uma vez que esta lista apenas

figura como elemento demonstrativo para o desenvolvimento de indicadores úteis para um potencial utilizador específico. Acresce ainda salientar que os indicadores apresentados são destituídos de caracterização metodológica, pelo que para muitos desses indicadores apresentados não é possível aferir a sua aplicabilidade ou tão pouco o seu objectivo