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Indicadores de Monitorização Futura

Capítulo IV – Análise de Resultados do Plano de Investigação

3. Literacia Social – uma proposta de formação integral

3.6. Indicadores de Monitorização Futura

Numa tentativa de medir outras dimensões que se revelam importantes no enquadramento (e aproveitamento) dos alunos na escola, abordaram-se as mesmas no inquérito com o intuito de testar indicadores que poderão ser monitorizados ao longo do tempo, em futuras inquirições que possibilitem o acompanhamento da evolução do seu comportamento.

Entre elas destacam-se os indicadores que permitem acompanhar o grau de convivialidade/ solidão a que os alunos estão sujeitos no quotidiano da escola e no relacionamento com as suas famílias, a forma como percecionam a importância das regras na escola, o reforço da sua autoconfiança para persistir a influências de pares, o relacionamento entre as diversas partes da comunidade escolar, o investimento percecionado da escola em processos de Literacia Social, o grau de participação dos diversos agentes, etc. Esses indicadores estão de seguida exemplificados com respostas dos inquiridos.

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Figura 118 - Indicadores de contexto escolar e familiar para monitorização futura, 2010/11

Por outro lado, destacam-se ainda outros grupos de indicadores que pretendem monitorizar padrões relacionados com a identidade, confiança institucional, reflexividade, igualdade e opções éticas, conforme detalhado de seguida.

Identidade

Relativamente às visões sobre a diferença, a maioria dos alunos afirma ter colegas de outras nacionalidades (Brasil, Ucrânia, Cabo Verde, Roménia, etc.), referindo ter uma boa relação com os mesmos e demonstrando a convicção de que estes devem ter as mesmas oportunidades que os outros: “São iguais a

178 relacionamento com estes colegas como algo interessante e positivo, afirmando que “aprendem” com eles coisas diferentes, interessantes e divertidas, muito relacionadas com questões culturais, como a língua e alguns costumes.

No que concerne à forma como os alunos se descrevem a si próprios (do ponto de vista étnico ou racial), o seguinte gráfico aponta os resultados obtidos pela aplicação dos inquéritos:

Figura 119 – Identidade, 2010/11

Confiança

Grande parte dos alunos ouvidos nos focus groups realizados demonstra alguma desconfiança, ainda que pouco fundamentada, no que diz respeito a notícias que veem na TV ou jornais, deixando sempre um espaço de dúvida, afirmando que “nem sempre” acreditam ou “nem em tudo”; sendo importante salientar que os alunos mais velhos demonstram ser mais céticos que os mais novos. Ainda assim, e de uma forma geral (não referindo especificamente as notícias), a maioria dos alunos inquiridos confia na TV, embora se registe uma elevada percentagem que afirma confiar pouco ou nada.

Quanto à confiança nos políticos, e provavelmente muito influenciados pela conjuntura atual e pelo que ouvem os adultos dizer, os alunos entrevistados demonstram muito pouca confiança nos políticos, existindo no entanto uns que não têm uma opinião formada: “Mais ou menos!”. Quanto ao elevado número que afirma não confiar, referem-se aos políticos com algumas das seguintes frases; “São mentirosos!”; “Não conseguiram governar o país!”; “ Querem

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ganhar dinheiro e ficarem bem vistos!”; “Puseram-nos na crise!”. A esta

perceção retirada das abordagens qualitativas, juntam-se os dados do inquérito que sustentam esta visão.

Figura 120 – Confiança institucional, 2010/11

Em sentido oposto, os alunos demonstram uma alta confiança na Polícia, associando à mesma segurança, ajuda e proteção; “ Prendem os maus!”;

“Protegem-nos!”

A Igreja, que embora reúna a confiança da grande maioria, aprece muitas vezes associada (nomeadamente no desenrolar dos focus groups) a algo “um

pouco chato”; “A missa podia ser um bocado mais rápida!”, o que dá a ideia de

uma participação um pouco induzida pelos pais como é natural nestas idades, embora a quase totalidade refere acreditar em Deus.

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Reflexividade

Outro tema que foi alvo de abordagem nos estudos qualitativos realizados com os alunos foi a “crise”, no sentido de captar o desenvolvimento da sua capacidade reflexiva, onde se questionavam os alunos se sabiam o que era “crise” e lhes era pedido que descrevessem o que era para eles a “crise” ou o que os alunos associavam à mesma, de onde se destacam algumas respostas: “Falta de dinheiro”; “Falta de trabalho e emprego”; “Cortes naqueles que

mais precisam”; “Usámos mais dinheiro do que podíamos”; “Greves”; “As pessoas deixam de trabalhar e recebem pouco dinheiro”; “aumentam os preços”; “tiram dinheiro aos pais”; “é uma coisa muito complicada”; “má economia”; “culpa do Sócrates”; “maus políticos”; “Bancarrota”; Falência”; “Estragaram o país”;” Miséria”.

Igualdade

A maioria dos alunos entrevistados é da opinião de que as mulheres, embora devam ter os mesmos direitos que os homens em termos laborais, não devem fazer os mesmos trabalhos que os homens, nomeadamente os mais “pesados” e menos “limpos”, revelando ainda a ideia de que as mulheres estão mais sobrecarregadas pelo trabalho acrescido que fazem em casa.

Outros resultados interessantes resultantes da aplicação do inquérito e que se encontram relacionados com opiniões que remetem para questões de justiça, igualdade e tolerância são apresentados no seguinte gráfico:

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Figura 121 – Igualdade e discriminação, 2010/11

Opções Éticas

No sentido de aferir e monitorizar o desenvolvimento moral dos alunos, estes foram confrontados com questões éticas, como “Achas que de vez em quando

não faz mal mentir e/ou roubar?”. Neste caso, os alunos demonstram uma

perceção mais gravosa em roubar, afirmando que roubar “nunca” e “faz sempre

mal”. Já relativamente a mentir, embora reconheçam que não é correto,

referem que é menos grave do que roubar, admitindo que “de vez em

quando…” e “desde que não prejudique os outros….”.

Também na aplicação do inquérito, se apresentavam alguns comportamentos que os alunos deveriam avaliar se seriam corretos ou incorretos, apresentando- se os resultados no gráfico seguinte:

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Figura 122 – Testes de opções éticas, 2010/11

Finalizando esta dimensão, os alunos afirmam de forma contundente que se deve “sempre” ajudar os outros e que tal é “muito importante”.

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