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4.1 ESTUDO DE CASO 1 OA

4.1.6 Indicadores sociais OA

Para a OA, formalizar os processos e definir metas foi um passo importante para a manutenção e evolução das práticas sociais. Como vimos no histórico, a partir do estabelecimento dos indicadores, as práticas sociais deixaram de ser um “fazer por fazer”, conforme afirma a E1. O estabelecimento de indicadores, de certa forma, foi um motivador para o envolvimento com tais práticas, apontando os objetivos e metas que deveriam ser atingidos.

Ao incorporarem a sustentabilidade dentro dos processos da organização, os gestores adotaram como princípio o Lucro com Sustentabilidade e para atendê-lo, considerando os três pilares – econômico, ambiental e social, o investimento em ações sociais acontece e são necessários resultados.

[...] um dos princípios das empresas do grupo é Lucro com Sustentabilidade e dentro do conceito de sustentabilidade é: deixar para as próximas gerações condições para que tenha existência e para isso a empresa tem que ter um pilar forte no econômico, um no social e um no ambiental. Então é eu ter lucro observando esses três pilares – econômico, social e ambiental. Dentro do pilar social está a questão do relacionamento com a comunidade e dar respostas aos stakeholders dessa questão social (E2 – JP, OA, ago./2017).

Neste sentido, a organização estabeleceu um conjunto de indicadores que são apresentados, pelo instituto, em formato de relatório anual. São indicadores relacionados com os objetivos estabelecidos para o PSCA: o percentual de aprovação dos beneficiários na escola regular; o percentual de beneficiários que ingressaram no Ensino Superior; o percentual de beneficiários que conseguiram se inserir no mercado de trabalho; o índice de gravidez na adolescência, entre outros. Estes indicadores medem os impactos do programa em longo prazo e são mensurados através de pesquisa realizada com os beneficiários e seus familiares, dois anos após sua saída do programa.

A gente tem, no PSCA por exemplo, aonde a gente quer chegar, e aí tem várias coisas que a gente mede, por exemplo, empregabilidade, desistência do estudo, quantos ainda estão estudando. No relatório tem alguns indicadores, não são todos. Se teve alguma gravidez precoce antes de terminarem ali a Iniciação Profissional (E1 – MR, OA, ago./2017).

Os jovens que saem são monitorados com pesquisas durante 3 anos, para ver assim: desses que fizeram o PSCA e fizeram o iniciação profissional, quantos estão no mercado de trabalho, quantos estão fazendo curso superior... para ver se realmente esse programa teve um impacto. Porque ele não teria nenhum impacto se ele não fizesse diferença na vida das pessoas (E2 – JP, OA, ago./2017).

A gente tem metas de frequência, de permanência no programa, produtividade da aprovação escolar, meta de participação dos pais no programa (E3 – Cr, OA, out./2018).

Uma das ferramentas adotadas é o acompanhamento dos jovens após o programa qualificar. Então ele passou pelo programa PSCA, passou pelo iniciação profissional e pelo qualificar, e hoje ele está no mercado de trabalho. Ligamos para a família e verificamos como está a situação dele. Tem uma série de questões que são levantadas e estudadas para podermos chegar até o beneficiário ou a família e conversar para poder saber (E4 – Rd, OA, out./2017).

A justificativa para a escolha destes indicadores está alinhada aos objetivos e motivações e desafios sociais referidos. Uma vez que foi identificado nestas categorias, eles estão relacionados com a vontade de aumentar o número de oportunidades e melhorar a qualidade de vida de jovens em situação de vulnerabilidade, favorecendo a empregabilidade futura e a construção de uma perspectiva de vida diferente daquela a qual estavam submetidos. A divulgação destes resultados para a comunidade é feita de duas formas: a primeira é através de relatório interno distribuído aos stakeholders e colocados à disposição da comunidade, de forma eletrônica, no site do instituo. Neste caso, são disponibilizados os indicadores referentes às metas e resultados internos da organização. A segunda forma de apresentação dos resultados é integrando-os a um relatório maior, elaborado pela organização, bianualmente até o ano de 2014. Este relatório adota o modelo do GRI, no qual a organização precisa apresentar seus resultados nas dimensões econômica, social e ambiental, conforme os critérios estabelecidos por este fornecedor, ou seja, integrando os resultados das práticas sociais realizadas com os resultados para a Sustentabilidade Organizacional.

Assim, os indicadores externos adotados pela organização estão dentro do conjunto de indicadores colocados à disposição pelo GRI. No relatório elaborado a partir deste modelo, a organização apresenta as práticas adotadas para se relacionar com a sociedade e, neste sentido, inclui as práticas adotadas para os funcionários, para os clientes e para a comunidade. Para este último, os indicadores do GRI adotados são: G4 – SO1: engajamento com a comunidade, no qual apresentam as práticas e resultados obtidos pelo instituto ao longo de sua trajetória. Observa-se também, que eles apresentam resultados para outras práticas sociais que norteiam a forma como a organização se relaciona com a comunidade, são elas: G4 – SO2, SO3, SO4 e SO5 – guia de conduta e ética voltada a divulgar os princípios, conscientizar e prevenir atos de corrupção em ações dos stakeholders e, G4 - SO6 – critérios para a escolha de fornecedores.

Ainda, dentro deste relatório há outros indicadores de relacionamento com a comunidade que dizem respeito a responsabilidade pelo produto. Destes, a empresa apresenta resultados quanto aos indicadores G4 – PR2, PR3, PR4, PR5 e PR6, os quais indicam a forma como a organização preocupa-se com a saúde e segurança dos clientes, satisfação dos clientes e comunicação a respeito dos produtos. Estes dados não são apresentados pelos entrevistados.

Isto se deve ao fato de o Instituto ser separado da organização, indicando que também a comunidade é vista de forma separada dos negócios e processos organizacionais. Assim, as ações não são conjuntas. Ações integradas e sistêmicas dentro da organização poderiam incrementar a visão de sustentabilidade social, internalizando-a em todos os processos e decisões organizacionais. Então, embora se utilizem dos resultados das práticas sociais na complementação e apresentação dos índices de Sustentabilidade Organizacional, estas duas práticas não aparentam estar intrínsecas ao modelo de negócio, se não pelo relatório.