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O presente estudo comparou os indicadores táticos entre os atletas que jogam em clubes grandes e em clubes pequenos em uma competição federada de futebol da categoria sub-20.

Comparando os indicadores táticos entre os atletas que jogam em clubes grandes e em clubes pequenos não foram encontradas diferenças significativas entre o rendimento de atletas que jogam em clubes grandes e em clubes pequenos (p>0,05).

Por meio dos resultados obtidos, é possível inferir que tanto os atletas que jogam em clubes grandes quanto os atletas que jogam em clubes pequenos apresentaram um comportamento tático muito semelhante quando detinham o mando de campo das partidas avaliadas na fase classificatória da competição, não havendo diferença significativa entre os atletas de clubes grandes e de clubes pequenos para o número de bolas recebidas (p=0,273), número de contatos com a bola (p=0,176), número de variações de corredor (p=0,356), velocidade de

transmissão da bola (p=0,280), número de bolas conquistadas (p=0,958) e para o total de bolas jogadas (p=0,214).

O total de bolas jogadas (BJT) é resultado do somatório de três indicadores (número de bolas recebidas, número de bolas conquistadas e número de contatos com a bola) que juntos caracterizam o volume de jogo com bola obtido pelos atletas nas partidas disputadas durante a fase classificatória do campeonato. Foi observado que a mediana do BJT apresentada pelos atletas que jogam em clubes grandes (Md=190,50) é semelhante ao dos atletas que jogam em clubes pequenos (Md=193,50). Isto sugere que não é o volume de jogo com a bola que representa a eficácia ofensiva dos clubes, mas, sobretudo, a forma como se joga, ressaltando a importância da análise qualitativa do ataque (GARGANTA, 1997). Nesse sentido, as situações de bola parada representam um exemplo típico de análise qualitativa, a qual tem sido utilizada na literatura para analisar os fragmentos constantes do jogo como: tiros de meta, arremessos laterais, escanteios, pênaltis, tiros livres, impedimentos, defesas do goleiro e pontapés de saída (SANTOS; MORAES; TEOLDO, 2015).

O número de variações de corredor (NVC) diz respeito ao número de vezes que, na sequência ofensiva, a bola circula, através de passe, para um corredor diferente, estando associadas à capacidade destas de criar desequilíbrios na organização defensiva da equipe adversária e finalizar. No presente estudo, verificou-se que a mediana do NVC apresentada pelos atletas que jogam em clubes grandes (Md=12,00) é semelhante a dos atletas que jogam em clubes pequenos (Md=9,50). De acordo com o estudo de Garganta (1997) a variabilidade das ações ofensivas é considerada um fator associado à eficácia das equipes, de modo que uma maior variação tende a corresponder a uma maior eficácia.

A velocidade de transmissão da bola (VTB) é dada pela divisão do número de bolas recebidas por um atleta pelo número de contatos realizados para transmitir a bola, variando entre 0 e 1, sendo tanto maior quanto mais o seu valor se aproxima da unidade (GARGANTA, 1997; MORAES; CARDOSO; TEOLDO, 2014; SANTOS; ANDRADE; TEOLDO, 2014). No presente estudo, verificou-se que a mediana do VTB apresentada pelos atletas que jogam em clubes grandes (Md=0,43) é semelhante ao de atletas que jogam em clubes pequenos (Md=0,45). Além disso, os resultados mostraram que jogando em casa, tanto para os atletas de clubes grandes

quanto para os atletas de clubes pequenos, os escores de velocidade de transmissão bola apresentam escores moderados.

A análise do comportamento tático, por meio de indicadores táticos contribui para identificação de variáveis que possam apresentar maior relevância para o rendimento de atletas que jogam em clubes grandes e em clubes pequenos em uma competição federada. No entanto, até a presente data, não há estudos que tenham avaliado os indicadores táticos de atletas que jogam em clubes grandes e em clubes pequenos em uma competição federada de futebol, sobretudo na categoria sub-20, impossibilitando a comparação de outros resultados com os achados do presente estudo. No entanto, percebe-se que estudos têm avaliado esses indicadores em equipes de futebol de alto nível como, por exemplo, a seleção espanhola de futebol na Copa do Mundo FIFA® 2010 (MORAES; CARDOSO; TEOLDO, 2014; SANTOS; MORAES; TEOLDO, 2016).

Moraes, Cardoso e Teoldo (2014) e Santos, Moraes e Teoldo (2016) avaliaram o comportamento tático da seleção espanhola de futebol durante a Copa do Mundo FIFA® 2010 considerando o resultado parcial das partidas (empate, vitória +1, vitória +2 e derrota -1) em sete jogos durante a competição. Moraes, Cardoso e Teoldo (2014) analisaram o número de contatos com a bola, número de bolas recebidas e a velocidade de transmissão da bola. Os autores verificaram que apenas o indicador velocidade de transmissão da bola apresentou diferença significativa em relação ao resultado das partidas, sendo superior quando a seleção espanhola ganhava por dois gols de diferença. Santos, Moraes e Teoldo (2016) analisaram a amplitude de circulação da bola através do número de variações de corredor (NVC). Os autores verificaram que não foi encontrada diferença significativa do NVC em relação ao status das partidas (empate, vitória +1, vitória +2 e derrota - 1).

Analisando a comparação dos indicadores táticos entre os atletas que jogam em clubes grandes e em clubes pequenos não foram encontradas diferenças significativas, rejeitando a hipótese H6 do estudo, que diz que haverá diferenças significativas dos indicadores táticos entre os atletas que jogam em clubes grandes e em clubes pequenos em uma competição federada de futebol da categoria sub-20.

Em síntese, pela importância da análise de jogo na identificação dos pontos fortes de uma equipe – para que sejam ainda mais desenvolvidos – e também dos fracos – para que sejam melhorados e atinjam o nível desejado (SANTOS;

ANDRADE; TEOLDO, 2014), sugere-se por fim que mais estudos possam ser realizados em outras competições, envolvendo outros níveis competitivos como, por exemplo, o Campeonato Brasileiro de Futebol sub-20, no sentido de se ter um melhor entendimento sobre como esses indicadores se manifestam em competições que os confrontos entre as equipes tendem a ser mais equilibrados, tanto pela qualidade técnica das equipes, quanto pelo placar das equipes na partida.

Outro objetivo deste estudo relacionado à avaliação dos indicadores táticos foi desenvolver tabelas normativas para a classificação dos indicadores táticos, a fim de se identificar nesta amostra especificamente, os atletas de futebol da categoria sub- 20 que apresentassem níveis baixo e alto para os indicadores táticos. A construção de tabelas normativas para os indicadores táticos é fundamental dentro de qualquer modalidade esportiva. Esta tabela normativa para a categoria sub-20 ajudará a nortear futuras avaliações dos componentes táticos dos atletas federados do sub-20 no futebol brasileiro.

Em relação número de bolas recebidas (NR) foram identificados 27 atletas com escores baixos (≤32,00) e 26 atletas com escores altos (≥98,50), havendo diferença significativa entre os dois grupos (p=0,001), com tamanho de efeito grande (ES=-0,858).

No que diz respeito ao número de contatos com a bola (NCT) foram identificados 26 atletas com escores baixos (≤75,00) e 26 atletas com escores altos (≥238,25), havendo diferença significativa entre os dois grupos (p=0,001), com tamanho de efeito grande (ES=-0,857).

No que se refere ao número de variações de corredor (NVC) foram identificados 26 atletas com escores baixos (≤3,75) e 27 atletas com escores altos (≥22,00), havendo diferença significativa entre os dois grupos (p=0,001), com tamanho de efeito grande (ES=-0,867).

No tocante à velocidade de transmissão da bola (VTB) foram identificados 30 atletas com escores baixos (≤0,39) e 28 atletas com escores altos (≥0,49), havendo diferença significativa entre os dois grupos (p=0,001), com tamanho de efeito grande (ES=-0,859).

No que concerne ao número de bolas conquistadas (NC) foram identificados 27 atletas com escores baixos (≤0,00) e 29 atletas com escores altos (≥8,00), havendo diferença significativa entre os dois grupos (p=0,001), com tamanho de efeito grande (ES=-0,912).

Quanto ao total de bolas jogadas (BJT) foram identificados 26 atletas com escores baixos (≤107,50) e 26 atletas com escores altos (≥351,25), havendo diferença significativa entre os dois grupos (p=0,001), com tamanho de efeito grande (ES=-0,857).

A partir disso, o presente estudo verificou associação entre o status dos clubes (grandes ou pequenos) de futebol da categoria sub-20 e o número de atletas com escores baixo e alto nos indicadores táticos.

No que diz respeito à associação entre o status dos clubes e o número de atletas com escores baixo e alto para os indicadores táticos foi verificado que o número de atletas com baixos e altos escores estão distribuídos de forma semelhante entre os clubes grandes e clubes pequenos. Embora, no momento, não tenha sido encontrados estudos na literatura que pudessem ser confrontados com os resultados do presente estudo, acredita-se que o equilíbrio entre os atletas de clubes grandes e os atletas de clubes pequenos possa estar relacionado ao fato de que foi analisada apenas a atuação dos atletas jogando em casa e, por esse motivo, os atletas de clubes grandes e de clubes pequenos tendem a apresentar escores semelhantes para os indicadores táticos quando detêm o mando de campo das partidas disputadas na fase classificatória da competição.

No presente estudo, foi verificado que o número de atletas com baixos e altos escores para os indicadores táticos estão distribuídos de forma semelhante entre os clubes grandes e clubes pequenos. Portanto, em relação à associação entre o status dos clubes (grandes ou pequenos) de futebol da categoria sub-20 e o número de atletas com escores baixo e alto para os indicadores táticos, rejeita-se a hipótese H7 do estudo, que diz que haverá associação entre o status dos clubes (grandes ou pequenos) de futebol da categoria sub-20 e o número de atletas com escores baixo e alto nos indicadores táticos.