Antes de verificar se existem diferenças entre as dimensões de motivação e entre os grupos, foram realizados os testes de Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wilk para verificar os pressupostos de normalidade das distribuições. Os resultados estão disponíveis no APÊNDICE E. Foi observado que as distribuições não atendem aos pressupostos de normalidade (p<0,05).
Foi realizado o teste de Friedman para verificar se existem diferenças entre as dimensões de motivação. Observa-se na tabela 10 que existem diferenças estatísticas entre as dimensões de motivação (p<0,05). Entretanto, o teste de
TABELA 10
Comparação entre os escores de posto médio das dimensões do SMS.
Teste de Friedman
N 104
Qui quadrado 183,201
Graus de liberdade 2
Significância 0,001*
Legenda: * Diferença significativa (p<0,05). Fonte: Dados do estudo.
A tabela 11 apresenta os escores descritivos dos níveis de motivação por dimensão do SMS em atletas de futebol da categoria sub-20.
TABELA 11
Níveis de motivação por dimensão do SMS em atletas de futebol da categoria sub- 20.
Dimensões do SMS# Mediana Q1 – Q3 Posto Médio
Motivação intrínseca 5,33 4,50 – 6,00 2,93
Motivação extrínseca 3,61 2,75 – 4,56 2,00
Desmotivação 1,25 1,00 – 2,00 1,06
Legenda: # Escala de 1 a 7; Q1 = primeiro quartil; Q3 = terceiro quartil. Fonte: Dados do estudo.
Para localizar as possíveis diferenças significativas encontradas entre as dimensões do SMS, foram realizadas comparações par a par, através do teste não paramétrico de Wilcoxon. A tabela 12 apresenta os escores dos postos médios obtidos no teste de Wilcoxon para a comparação par a par entre as dimensões de motivação.
TABELA 12
Escores dos postos médios no teste de Wilcoxon para a comparação par a par entre as dimensões de motivação. Postos N Posto Médio Soma dos Postos
Desmotivação – Motivação intrínseca
Postos Negativos 103ª 53,00 5459,00
Postos Positivos 1b 1,00 1,00
Empates 0c
Total 104
Motivação extrínseca - Motivação intrínseca
Postos Negativos 97d 53,61 5200,00
Postos Positivos 5e 10,60 53,00
Empates 2f
Total 104
Desmotivação - Motivação extrínseca
Postos Negativos 98g 53,95 5287,00
Postos Positivos 5h 13,80 69,00
Empates 1i
Total 104
Legenda: a= Desmotivação < Motivação intrínseca; b= Desmotivação > Motivação intrínseca; c= Desmotivação = Motivação intrínseca; d= Motivação extrínseca < Motivação intrínseca; e= Motivação extrínseca > Motivação intrínseca; f= Motivação extrínseca = Motivação intrínseca; g= Desmotivação < Motivação extrínseca; h= Desmotivação > Motivação extrínseca; i= Desmotivação = Motivação extrínseca.
Fonte: Dados do estudo.
Na comparação par a par foi utilizada a correção de Bonferroni adotando nível de significância de p<0,017. A tabela 13 apresenta os resultados destas comparações.
TABELA 13
Comparação entre as dimensões de motivação.
Comparação entre as dimensões de motivação# z p ES
Motivação intrínseca X Motivação extrínseca - 8,592 0,001* - 0,842
Motivação intrínseca X Desmotivação - 8,851 0,001* - 0,867
Motivação extrínseca X Desmotivação - 8,584 0,001* - 0,841
Legenda: ES = tamanho do efeito; # Teste de postos com sinais de Wilcoxon; * Diferença significativa (p<0,017).
Fonte: Dados do estudo.
Observa-se pelas comparações da tabela 13 que a dimensão de motivação intrínseca foi a mais evidenciada pelos atletas de futebol da categoria sub-20 (p<0,017), uma vez que apresentou um maior escore em relação às dimensões de motivação extrínseca e desmotivação, com tamanho do efeito grande (ES>0,5). A desmotivação foi a dimensão menos evidenciada pelos atletas de futebol da
categoria sub-20, apresentando diferença significativa (p<0,017) com as dimensões de motivação intrínseca e extrínseca, com tamanho do efeito grande (ES>0,5).
Em síntese, os resultados apresentados na tabela 13 mostram uma sequência crescente dos escores, que vai da desmotivação, passando pelas dimensões de motivação extrínseca, até as dimensões de motivação intrínseca, evidenciando o continuum da autodeterminação, demonstrando que os atletas de futebol dos clubes sub-20 avaliados apresentaram níveis maiores de motivação intrínseca, em detrimento a motivação extrínseca e escores baixos de desmotivação.
4.3.1 Comparação do índice de autodeterminação entre os atletas que jogam em clubes grandes e clubes pequenos
O índice de autodeterminação integra escores de cada dimensão de motivação do SMS em uma única pontuação correspondente ao valor global de motivação autodeterminada do indivíduo. A tabela 14 apresenta o valor descritivo do índice de autodeterminação em atletas de futebol da categoria sub-20.
TABELA 14
Índice de autodeterminação em atletas de futebol da categoria sub-20.
Índice Mediana Q1 – Q3
Índice de autodeterminação# 8,04 5,55 – 9,42
Legenda: # Escala de -18 a 18; Q1 = primeiro quartil; Q3 = terceiro quartil. Fonte: Dados do estudo.
Foi utilizado o teste de Mann Whitney para verificar se existiam diferenças entre os atletas que jogam em clubes grandes e em clubes pequenos em relação ao índice de autodeterminação. Os escores dos postos médios obtidos no teste de
Mann Whitney para o índice de autodeterminação podem ser visualizados na tabela
15.
TABELA 15
Postos médios do índice de autodeterminação dos atletas de clubes grandes e clubes pequenos.
Índice Clube N Posto Médio Soma dos
Postos
Índice de autodeterminação# Grande 54 54,87 2963,00
Pequeno 50 49,94 2497,00
Os resultados da comparação do índice de autodeterminação dos atletas que jogam em clubes grandes e em clubes pequenos podem ser visualizados na tabela 16.
TABELA 16
Comparação do índice de autodeterminação entre os atletas que jogam em clubes grandes e em clubes pequenos.
Índice# Clube grande Clube pequeno Z p ES
Mediana (Q1-Q3) Mediana (Q1-Q3)
Índice de
autodeterminação# 8,25 (5,55-9,52) 7,70 (5,29-9,42) -0,833 0,405 -0,081
Legenda: # Escala de -18 a 18; Q1 = primeiro quartil; Q3 = terceiro quartil; * Diferença significativa (p<0,05).
Fonte: Dados do estudo.
Observa-se pela comparação da tabela 16 que os atletas de clubes grandes e clubes pequenos não se diferem em relação ao nível de autodeterminação (p=0,405). Em síntese, os resultados apresentados na tabela 16 mostram que tanto atletas de clubes grandes quanto atletas de clubes pequenos apresentaram moderados índices de autodeterminação na competição de futebol sub-20.
4.3.2 Tabela normativa para análise do índice de autodeterminação em atletas de futebol da categoria sub-20
A ausência na literatura de parâmetros específicos para a interpretação do índice de autodeterminação em atletas de futebol levou à proposição de uma tabela normativa para os atletas avaliados neste estudo. Assim, foi desenvolvido para a amostra específica de atletas de futebol da categoria sub-20 uma tabela normativa para classificar o escore do índice de autodeterminação dos atletas em níveis baixo, moderado e alto (TABELA 17).
TABELA 17
Tabela normativa para classificação dos atletas de futebol da categoria sub-20 em relação aos escores (baixo, moderado e alto) para o índice de autodeterminação.
Índice Baixo Moderado Alto
Índice de autodeterminação# ≤5,55 >5,55 e <9,42 ≥9,42
Legenda: # Escala de -18 a 18. Fonte: Dados do estudo.
Foi utilizado o teste de Mann Whitney para verificar se existem diferenças no índice de autodeterminação (IAD) entre os grupos de atletas com baixo IAD e alto IAD. Os resultados podem ser visualizados na tabela 18.
TABELA 18
Comparação entre os atletas de futebol da categoria sub-20 com escores baixo e alto para o índice de autodeterminação.
Índice Baixo (n) Alto (n) Z p ES
IAD# ≤5,55 (26) ≥9,42 (28) -6,304 0,001* -0,857
Legenda: IAD= índice de autodeterminação; # Escala de -18 a 18; * Diferença significativa (p<0,05). Fonte: Dados do estudo.
Conforme a tabela 18 há evidências estatísticas para afirmar que os grupos de atletas com baixo IAD e alto IAD diferem entre si (p=0,001), com tamanho de efeito grande (ES=-0,857).
4.3.3 Avaliação individual do índice de autodeterminação em atletas por tamanho de clube
Nesta etapa dos resultados, serão apresentadas as análises individuais de cada atleta pertencente aos clubes grandes e clubes pequenos para o índice de autodeterminação. Com base nos parâmetros normativos estabelecidos, os atletas de futebol da categoria sub-20 avaliados neste estudo foram classificados de acordo com os escores do índice de autodeterminação em níveis baixo, moderado e alto.
Os escores individuais do índice de autodeterminação e sua classificação para cada atleta de futebol da categoria sub-20 estão apresentados na tabela AF1 disponível no APÊNDICE F.
A tabela 19 apresenta as frequências absolutas e relativas da quantidade de atletas em relação às classificações (baixo, moderado e alto) do índice de autodeterminação e tamanho dos clubes (grande ou pequeno).
TABELA 19
Frequências (absoluta e relativa) dos atletas em relação aos níveis do índice de autodeterminação e tamanho dos clubes.
Índice Classificação Clube Total (%)
Grande (%) Pequeno (%) Índice de autodeterminação (IAD) Baixo 13 (12,50) 13 (12,50) 26 (25,00) Moderado 27 (25,96) 23 (22,12) 50 (48,08) Alto 14 (13,46) 14 (13,46) 28 (26,92)
Legenda: IAD Baixo= ≤5,55, Moderado= (>5,55 e <9,42) e Alto= ≥9,42. Fonte: Dados do estudo.
4.3.4 Associação entre o status dos clubes de futebol da categoria sub-20 e o número de atletas com escores baixo e alto para o índice de autodeterminação
A tabela 20 apresenta os resultados da associação entre o status dos clubes (grandes ou pequenos) de futebol da categoria sub-20 e o número de atletas com escores baixo e alto para o IAD.
TABELA 20
Associação entre o status dos clubes da categoria sub-20 e o número de atletas com escores baixo e alto para o índice de autodeterminação.
Variável+ Clube Escores p Odds Ratio IC de 95% Baixo Alto f % f % IAD Grande 13 50,0 14 50,0 1,000 1,000 0,344 – 2,908 Pequeno 13 50,0 14 50,0
Legenda: IAD= índice de autodeterminação; IAD Baixo= ≤5,55 e Alto= ≥9,42; * Diferença significativa (p<0,05); +Teste do Qui-quadrado 2x2.
Fonte: Dados do estudo.
Os resultados evidenciam que não houve associação significativa entre o
status dos clubes (grandes ou pequenos) de futebol da categoria sub-20 e o número
de atletas com escores baixo e alto para o IAD.