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Ao longo dos anos, vários estudos têm buscado desenvolver estratégias para a observação, análise e avaliação do jogo de futebol, no sentido de se entender os fatores que permitem aos atletas e às equipes alcançarem maior nível de

rendimento durante uma competição (GONZÁLES-VÍLLORA et al., 2015; TEOLDO; GARGANTA; GUILHERME, 2015).

No futebol, os componentes de rendimento das ações táticas dos atletas direcionadas para resolução de problemas do jogo não se manifestam de um modo separado, mas sim como um todo, em que cada componente interage com os outros e revela o rendimento do atleta (GRECO, 2006; DUARTE et al., 2012; PRAÇA; et al., 2015). Durante um jogo, taticamente o atleta deve saber "o que fazer" e, para solucionar problemas subsequentes o atleta deve selecionar e utilizar a resposta motora mais adequada de forma inteligente e/ou criativa, ou seja, o "como fazer" (PRAÇA; et al., 2015). Assim, as ações técnicas do atleta no jogo de futebol, como por exemplo, os chutes a gol, passes e dribles, emergem de processos de decisão, ou seja, a escolha de "o que fazer" (MATIAS; GRECO, 2010; PRAÇA; et al., 2015). Desta forma, as ações no futebol devem ser entendidas com base na relação inseparável entre capacidade técnico-tática (PRAÇA; et al., 2015).

Para Konzag (1991) a técnica pode ser entendida como a execução de um movimento específico da modalidade, adequado, econômico, e que possibilite a realização dos objetivos do jogo. Autores destacam que a técnica é o meio para se alcançar os objetivos do jogo (GRÉHAIGNE; GODBOUT, 1995; GRÉHAIGNE; GODBOUT; BOUTHIER, 2001). Garganta (1997) acrescenta que a técnica trata-se de uma motricidade especializada e específica de uma modalidade esportiva que permite aos atletas resolverem de forma eficiente as tarefas do jogo (GARGANTA, 1997).

Já a tática pode ser definida como a gestão do espaço de jogo por meio do posicionamento, deslocamento e movimentações dos atletas e equipes em campo (TEOLDO; GARGANTA; GUILHERME, 2015). Nesse caso, técnica e tática formam uma unidade, de modo que qualquer elemento técnico só adquire sentido se for qualificado e avaliado em função da natureza específica do confronto esportivo (GARGANTA, 1997).

Teoldo et al. (2010) apontam que o atleta de futebol diferenciado taticamente é aquele que possui melhor seleção e capacidade de conexão das informações, reorganização sensorial de controle do movimento e conhecimento específico do jogo. Os autores também destacam que em conjunto essas características permitem aos atletas jogarem de forma dinâmica e eficaz, possibilitando variações na

velocidade e realização do jogo, em conformidade com os requisitos táticos e técnicos.

Assim, um dos grandes objetivos da análise de jogo consiste em coletar informações técnicas e táticas para que se possam identificar as variáveis que influenciam o rendimento individual e coletivo dos atletas (GARGANTA, 1997). Entre as várias formas de se registrar as informações técnicas e táticas dos atletas, destacam-se metodologias como: a) verificação visual e registro manual de informações (CUNHA; BINOTTO; BARROS, 2001); b) análise do scolt durante o jogo (BRAZ; BORIN, 2009); e c) análise através de vídeo (DI SALVO et al., 2007; MORAES; CARDOSO; TEOLDO, 2014; SANTOS; ANDRADE; TEOLDO, 2014; SANTOS; MORAES; TEOLDO, 2015, 2016).

A análise de jogo no futebol tem sido objeto de elevado interesse no meio científico (GONZÁLES-VÍLLORA et al., 2015; TEOLDO; GARGANTA; GUILHERME, 2015), pois é necessária para o entendimento das ações individuais e coletivas em campo, bem como para subsidiar o planejamento dos processos de treino e ensino- aprendizagem, a fim de atingir o máximo de rendimento individual e coletivo (CARLING; WILLIAMS; REILLY, 2005; SANTOS; MORAES; TEOLDO, 2015). Pela análise de jogo é possível conhecer os indicadores táticos que reúnem os pontos fortes e fracos de uma equipe, seja para desenvolver ainda mais os pontos fortes e/ou para melhorar os pontos fracos e atingir o nível desejado. Concomitantemente, treinadores podem utilizar as informações das análises de jogo para tentar bloquear os pontos fortes, bem como explorar possíveis pontos fracos das equipes adversárias (LAGO-PEÑAS, 2009).

Indicadores de rendimento podem ser entendidos como a seleção, ou combinação de variáveis que objetivam definir alguns ou todos os aspectos do rendimento, os quais serão úteis para relatar as ações bem sucedidas dos atletas (HUGHES; BARTLETT, 2002). Assim, a utilização de um conjunto de indicadores táticos que tenham critérios bem definidos podem possibilitar um melhor entendimento sobre o comportamento tático de atletas de futebol da categoria sub- 20 em uma competição. Além disso, as informações recolhidas a partir das análises das ações dos atletas em campo podem fornecer subsídios para se compreender como os atletas que jogam em clubes grandes e em clubes pequenos se comportam taticamente durante as partidas.

Os indicadores táticos utilizados neste estudo foram utilizados por Garganta (1997) em sua tese de doutorado e foram escolhidos por se tratarem de uma alternativa de custo acessível e de fácil utilização para a análise das ações táticas individuais e coletivas durante as partidas de futebol. Além disso, esses indicadores também vêm sendo utilizados para analisar o comportamento tático de equipes de futebol de alto nível de rendimento, sendo reportados escores válidos de confiabilidade entre as observações (GARGANTA, 1997; MORAES; CARDOSO; TEOLDO, 2014; SANTOS; ANDRADE; TEOLDO, 2014; SANTOS; MORAES; TEOLDO, 2015, 2016).

A partir da análise qualitativa e quantitativa do conjunto de comportamentos realizados pelos atletas nas sequências ofensivas do jogo, pode-se descrever a organização ofensiva das equipes de futebol (GARGANTA, 1997). Assim, têm sido investigados alguns indicadores táticos que podem se associar à eficácia ofensiva das equipes, como: (a) indicadores quantitativos: número de sequências ofensivas, número de bolas recebidas, número de contatos com a bola, número de variações de corredor, velocidade de transmissão da bola, número de bolas conquistadas, total de bolas jogadas (GARGANTA, 1997; MORAES; CARDOSO; TEOLDO, 2014; SANTOS; ANDRADE; TEOLDO, 2014; SANTOS; MORAES; TEOLDO, 2016); e (b) indicadores qualitativos: forma de aquisição/recuperação da posse de bola e local de aquisição ou recuperação da posse de bola (GARGANTA, 1997; MORAES; CARDOSO; TEOLDO, 2014; SANTOS; MORAES; TEOLDO, 2015).

Para coleta dos indicadores táticos (QUADRO 4) foi adotado no presente estudo o método de observação utilizado por Garganta (1997) para analisar a organização ofensiva em equipes de alto nível competitivo, com base na análise de sequências de jogo. Este método também já foi utilizado em estudos recentes no futebol (MORAES; CARDOSO; TEOLDO, 2014; SANTOS; MORAES; TEOLDO, 2015, 2016). Para localização das ações realizadas pelos atletas em campo, foi utilizado um campograma (GARGANTA, 1997), que divide o campo em 12 zonas, sendo quatro setores e três corredores (FIGURA 4).

FIGURA 4 - Campograma correspondente à divisão topográfica do campo.

Legenda: D= setor defensivo; MD= setor médio defensivo; MO= setor médio ofensivo; O= setor ofensivo; CD= corredor direito; CE= corredor central; CE= corredor esquerdo; DD= defensivo direito; DC= defensivo central; DE= defensivo esquerdo; MDD= médio defensivo direito; MDC= médio defensivo central; MDE= médio defensivo esquerdo; MOD= médio ofensivo direito; MOC= médio ofensivo central; MOE= médio ofensivo esquerdo; OD= ofensivo direito; OC= ofensivo central e OE= ofensivo esquerdo.

QUADRO 4 - Descrição dos indicadores táticos adotados neste estudo.

Variável Descrição

Número de bolas recebidas (NR)

Caracterizado pelo número de vezes que o atleta passa a deter a posse da bola como resultado de um passe de um colega da equipe. O passe foi contabilizado quando a bola foi efetivamente transmitida ao companheiro de equipe (GARGANTA, 1997).

Número de contatos com a

bola (NCT)

Diz respeito ao número de contatos com a bola efetuados pelos atletas durante uma determinada sequência (GARGANTA, 1997).

Número de variações de corredor (NVC)

Diz respeito ao número de vezes que, na sequência ofensiva, a bola circula, através de passe, para um corredor diferente (GARGANTA, 1997).

Velocidade de transmissão da

bola (VTB)

O índice é calculado pelo quociente entre o número de bolas recebidas (NR) por um atleta e o número de contatos realizados (NCT) pelo mesmo para transmitir a bola (VTB = NR/NCT). Seu valor varia entre 0 e 1, sendo que, a transmissão da bola será tanto mais rápida quanto mais o valor da VTB se aproximar de 1 (GARGANTA, 1997).

Número de bolas conquistadas (NC)

Quando o atleta ou a equipe passam a deter a posse da bola por intermédio de uma disputa ou pela intercepção (GARGANTA, 1997).

Total de bolas jogadas (BJT)

O volume de jogo efetuado com a bola resulta do somatório de três indicadores (BJT = NC+NR+NCT), sendo: 1) Número de bolas conquistadas (NC) caracterizado pelo número de vezes que o atleta ou a equipe passam a deter a posse da bola por intermédio de uma disputa ou pela intercepção; 2) Número de bolas recebidas (NR) caracterizado pelo número de vezes que o atleta passa a deter a posse da bola como resultado de um passe de um colega da equipe; 3) Número de contatos com a bola (NCT) que é caracterizado pelo número de contatos com a bola efetuados pelos atletas durante uma determinada sequência (GARGANTA, 1997).

Fonte: Garganta (1997).

Moraes, Cardoso e Teoldo (2014) analisaram o comportamento tático da seleção espanhola de futebol durante a Copa do Mundo FIFA® 2010 considerando o resultado parcial das partidas, as quais totalizaram em 894 sequências ofensivas nos seus sete jogos durante a competição. A partir das observações dos vídeos dos jogos gravados pelas equipes de transmissão, analisou-se o tempo de realização do ataque, número de contatos com a bola, número de bolas recebidas, número de passes, velocidade de transmissão da bola, local de aquisição ou recuperação da posse de bola e forma de aquisição ou recuperação da posse de bola. Verificou-se que a equipe manteve um padrão comportamental independente da situação do placar em relação ao tempo de realização do ataque, número de contatos com a bola e o número de bolas recebidas. A velocidade de transmissão da bola foi superior quando a seleção espanhola ganhava por dois gols de diferença. Além

disso, os resultados demonstram que a equipe tem como prioridade a recuperação da posse da bola nos setores de meio campo, especialmente no setor meio defensivo.

Santos, Andrade e Teoldo (2014) analisam a relação entre a circulação da bola, através da velocidade de transmissão da bola (VTB), e a duração das sequências ofensivas da seleção espanhola de futebol na Copa do Mundo FIFA® 2010. Os resultados apontaram uma correlação negativa entre a VTB e a duração das sequências ofensivas. Os autores concluíram que a diminuição da VTB resultou no aumento na duração das ações de posse de bola da seleção espanhola durante a Copa do Mundo FIFA® 2010.

Santos, Moraes e Teoldo (2015) identificaram os padrões de transição ofensiva (defesa-ataque) da seleção espanhola de futebol na Copa do Mundo FIFA® 2010 através da análise da frequência das formas de aquisição/recuperação da bola (FAR) e dos setores do campo onde se sucederam essas ações. Os resultados apontaram que as variáveis “interceptação” e “fragmentos constantes do jogo”2

apresentaram frequência significativamente maior do que as outras FAR em todos os setores do campo. A variável “interceptação” manifestou maior frequência nos setores defensivo, médio defensivo e médio ofensivo. Já a variável “desarme” teve frequência significativamente maior no setor médio defensivo. Os autores concluíram que houve maior ocorrência de fragmentos constantes do jogo no setor defensivo, de interceptações, no setor médio defensivo e médio ofensivo e de fragmentos constantes do jogo, no setor ofensivo, sugerindo que a seleção espanhola tende a evitar confrontos 1x1 no setor defensivo em função do menor número de desarmes observado neste setor.

Santos, Moraes e Teoldo (2016) compararam a amplitude de circulação da bola da seleção espanhola de futebol na Copa do Mundo FIFA® 2010, pelo número de variações de corredor (NVC) em diferentes status das partidas (empate, vitória ou derrota). Os resultados apontaram que não foram encontradas diferenças significativas do NVC em relação ao status das partidas. Os autores concluíram que o status da partida não influenciou a amplitude de circulação da bola da seleção espanhola de futebol.

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Significam ações de tiros de meta, arremessos laterais, escanteios, pênaltis, tiros livres, impedimentos, defesas do goleiro e pontapés de saída nos jogos de futebol (MORAES; CARDOSO; TEOLDO, 2014; SANTOS; MORAES; TEOLDO, 2015).

Em síntese, em partidas oficiais de seleções nacionais da categoria profissional, o que foi exposto até aqui evidencia que os estudos que se propuseram a analisar o comportamento tático das equipes no futebol têm se concentrado em investigar as equipes de alto nível e pouco se estuda esses indicadores táticos em partidas oficiais na categoria sub-20. Portanto, novas investigações que contemplem a análise dos indicadores táticos em atletas que jogam em clubes grandes e em clubes pequenos em uma competição oficial da categoria sub-20, pode auxiliar para um melhor entendimento do quanto essas variáveis podem contribuir para o sucesso dos atletas em uma competição no futebol, sobretudo, na categoria sub-20 que representa um momento decisivo para a carreira esportiva de jovens atletas, pois se trata da transição ou não para a categoria adulta do futebol profissional. Além disso, o estudo pode ser importante para identificar se os indicadores táticos observados em atletas que atuam nos clubes da categoria sub-20 se assemelham aos observados em atletas das equipes profissionais do futebol.

3 MÉTODO

3.1 Delineamento do estudo

Trata-se de um estudo observacional, descritivo e transversal com uma amostra de conveniência (THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2012). No presente estudo, buscou-se identificar o perfil de motivação de atletas de futebol da categoria sub-20; comparar as dimensões de motivação, o índice de autodeterminação, as medidas de funções executivas e os indicadores táticos entre os atletas que jogam em clubes grandes e em clubes pequenos da categoria sub-20; elaborar tabelas normativas do índice de autodeterminação, das medidas de funções executivas e dos indicadores táticos de atletas de futebol da categoria sub-20; verificar a associação entre o status dos clubes (grandes ou pequenos) de futebol da categoria sub-20 e o número de atletas com escores baixo e alto do índice de autodeterminação, das medidas de funções executivas e dos indicadores táticos.

3.2 Cuidados éticos

Este estudo respeitou todas as normas estabelecidas pelo Conselho Nacional em Saúde (2012) envolvendo pesquisas com seres humanos. O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de ética e pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) sob o número CAAE - 39153614.1.0000.5149 (ANEXO A).

Todos os voluntários foram informados sobre os objetivos, os procedimentos metodológicos e a relevância do estudo. Os participantes com idade inferior a 18 anos assinaram um Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE A). Os responsáveis legais dos voluntários menores de idade foram notificados e, assim como os demais participantes assinaram, também, um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE B). Os voluntários foram comunicados que a qualquer momento poderiam, sem constrangimento, deixar de participar do estudo. Foram tomadas todas as precauções no intuito de preservar a privacidade dos voluntários, sendo que a saúde e o bem-estar destes estavam acima de qualquer outro interesse. Além disso, os dados obtidos foram utilizados somente para fins de pesquisa científica.

3.3 Cálculo amostral

O tamanho mínimo da amostra foi determinado a partir de um estudo piloto previamente realizado (SOUZA FILHO et al., 2015), no qual participaram cinco atletas de futebol da categoria sub-20, com as mesmas características dos atletas investigados no presente estudo. Foi utilizado o software GPower 3.1.9.2 e os procedimentos seguiram as recomendações de Beck (2013). Realizou-se o cálculo amostral do tipo “a priori” para o teste de correlação, adotando um poder estatístico de 0,80, tamanho de efeito de 0,50, nível de significância de α = 0,05 e um coeficiente de correlação de 0,5 (APÊNDICE C). Esta análise preliminar do poder estatístico foi realizada para reduzir a probabilidade de erro tipo II, e para determinar o número mínimo de indivíduos necessários para realização deste estudo. Após o cálculo foi encontrado o número mínimo de 26 atletas de futebol da categoria sub-20 para a amostragem deste estudo.

3.4 Amostra

A amostra de conveniência foi constituída por seis clubes participantes do Campeonato Mineiro de Futebol sub-20 (2015). Conforme regulamento do campeonato (FMF, 2015), um total de quinze clubes se dividiu em três grupos (“A”, “B” e “C”) por critério de regionalidade. Para estabelecer um equilíbrio da amostra, foram selecionados dois clubes de cada grupo, sendo um clube da capital e um clube do interior do estado de Minas Gerais, doravante denominados clubes grandes e clubes pequenos, respectivamente. Os clubes grandes são aqueles que disputam as principais competições nacionais da categoria promovidas pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Já os clubes pequenos não são convidados pelas confederações de futebol para disputarem as principais competições nacionais da categoria sub-20. Os clubes grandes e clubes pequenos foram selecionados por conveniência e acessibilidade, com base na relação dos clubes de cada grupo (FMF, 2015). Os clubes participantes do estudo podem ser visualizados na tabela 2.

TABELA 2

Relação de clubes participantes do estudo.

Clube Grupo A Grupo B Grupo C

Grande Atlético – MG Cruzeiro – MG América – MG

Pequeno Villa Nova – MG Social – MG Betinense – MG

Fonte: Dados do estudo.

Inicialmente, foram avaliados no presente estudo 177 atletas. Os critérios de inclusão adotados no estudo foram: a) atletas de futebol, do sexo masculino, nascidos nos anos de 1995 a 1999, que na época da coleta de dados, treinavam e estavam regularmente inscritos na Federação Mineira de Futebol, disputando o Campeonato Mineiro de Futebol sub-20 (2015). Como critério de exclusão foi adotado: a) não concluir todos os testes propostos, e b) não jogar em nenhuma das partidas em que seus clubes foram mandantes. Sendo assim, a amostra do estudo foi composta por 104 atletas de futebol da categoria sub-20, com média de idade de 18,62 (±1,08) anos, média de tempo de educação formal de 8,80 (±2,11) anos, média de tempo de prática de 10,00 (±3,16) anos e média de tempo como atleta federado de 4,27 (±2,34) anos.

Para análise de jogo, a amostra foi composta por 23 partidas, disputadas pelos seis clubes investigados, nas dez rodadas da fase classificatória do Campeonato Mineiro de Futebol sub-20 (2015). No período compreendido entre abril a junho de 2015 foram filmadas as partidas em que os clubes investigados detinham o mando de campo e analisado apenas o clube mandante. Desta forma, foram identificadas 9.310 ações ofensivas individuais nas 23 partidas, sendo 12 partidas (5.878 ações ofensivas) realizadas pelos atletas dos clubes grandes e 11 partidas (3.432 ações ofensivas) realizadas pelos atletas dos clubes pequenos.

3.5 Instrumentos

Neste estudo foram utilizados os seguintes instrumentos:

1) Questionário de dados demográficos – Este instrumento proposto por

Souza Filho e Costa (2015) objetiva coletar características demográficas da amostra de atletas de futebol de rendimento (APÊNDICE D).

2) Escala de motivação no esporte (SMS) – Este instrumento foi validado

para o futebol para a língua portuguesa brasileira por Costa et al. (2011) e objetiva avaliar os níveis de motivação intrínseca, extrínseca e desmotivação de atletas desta modalidade (ANEXO B).

3) Cubos de Corsi – Este instrumento foi validado por Corsi (1973) e objetiva

avaliar a memória de trabalho e de curto prazo.

4) Teste dos cinco dígitos (FDT) – Este instrumento foi validado na versão

brasileira por Sedó, De Paula e Malloy-Diniz (2015), baseado na versão original de Sedó (2004) e objetiva avaliar o controle inibitório e a flexibilidade cognitiva.

5) Indicadores táticos – Os indicadores táticos analisados no presente

estudo são: Número de bolas recebidas (NR), Número de contatos com a bola (NCT), Número de variações de corredor (NVC), Velocidade de transmissão da bola (VTB), Número de bolas conquistadas (NC), Total de bolas jogadas (BJT). Estes indicadores foram propostos por Garganta (1997).

3.6 Procedimentos

Após a aprovação do projeto pelo Comitê de ética e pesquisa da UFMG foi obtida a anuência dos clubes quanto à participação dos seus atletas neste estudo. Posteriormente, o pesquisador agendou uma reunião com o treinador e comissão técnica de cada clube, na qual foram reforçados os objetivos e a relevância do estudo e solicitou a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido e do termo de assentimento livre e esclarecido. O estudo foi realizado na fase classificatória do Campeonato Mineiro de Futebol sub-20 (2015).

Os procedimentos empregados neste estudo para coleta de dados foram organizados em duas partes. A primeira parte contempla a filmagem das partidas disputadas pelos clubes investigadas quando estas detinham o mando de campo na competição. A segunda parte foi destinada a aplicação dos questionários e realização dos testes neuropsicológicos pelos atletas de futebol.

3.6.1 Primeira parte da coleta de dados

Durante as dez rodadas da fase classificatória do Campeonato Mineiro de Futebol sub-20 (2015) as filmagens das partidas disputadas pelos clubes investigados foram realizadas por uma equipe coordenada pelo pesquisador,

constituída de três alunos devidamente treinados para a tarefa, a fim de padronizar o método para coleta das filmagens.

Para a gravação das 23 partidas foram utilizados quatro tripés (Greika® WT3750), quatro filmadoras digitais, sendo três (JVC® HD Everio GZ-HD520) e uma (Canon® Vixia HF M52). Antes do início de cada partida, uma filmadora acoplada ao