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A antropologia, tendo sido associada desde seus primórdios à ação do Estado através da instrumentalização dos seus conhecimentos no campo das questões bélicas, colonização ou relacionamento econômico com povos não capitalistas, engajou-se posteriormente no campo das políticas públicas, nas áreas de habitação, educação e saúde. Essa antropologia aplicada esteve mais associada a grupos distantes ou diferentes pela etnia, língua ou minorias sociais. Kuper (2002) pergunta-se se a cultura é realmente assunto apenas da Antropologia ou Etnologia, ou deve ser abordada como uma “ciência cultural” – daí as obras de Schneider (a biologia como cultura) ou Sahlins (a história como cultura). O campo de estudo continua a alargar-se.

Barbosa (1996) exemplifica esse alargamento assinalando uma passagem contemporânea – o antropólogo seria um profissional desejado por grandes empresas, que atuam em muitos países. A dita “globalização” teria criado um novo público para os conteúdos e métodos antropológicos – as organizações. Além disso, muitas organizações teriam solidificado modos de agir, valores compartilhados e crenças básicas em “culturas organizacionais”. No campo da saúde poder-se-ia falar, assim, em duas perspectivas: uma antropologia da saúde e uma outra, das organizações de saúde. Tais ramos da antropologia teriam relevância em virtude da importância conferida à dimensão simbólica da análise da realidade contemporânea – permitindo um olhar mais abrangente, mas também mais profundo, desse setor.

Minayo (2005) esclarece que os fundamentos da antropologia clássica transcendem áreas específicas e tempos sociais, o que permitiria elucidar sob esse enfoque a construção das categorias de saúde e doença. Assim, para essa autora, a antropologia contribui para relativizar conceitos biomédicos, desvendar a estrutura dos mecanismos terapêuticos, mostrar a relação entre saúde-doença e a realidade social, contextualizando indivíduos ao condiderá- los como membros de uma coletividade. Os principais fatores que atrapalhariam as relações da antropologia com a área da saúde são a tentativa da negação do social por parte uma medicina tecnicista, empenhada em reorganizar o ensino médico a partir apenas do campo biológico e, a partir daí, centralizar a ação da saúde universalizando conceitos e iniciativas. O

tecnicismo da epidemiologia, cujo refinamento estatístico pode deixá-la excessivamente centrada nos “números” e criar uma pretensiosa onipotência também é um fator negativo, em oposição à pluridisciplinaridade do campo da saúde coletiva. Minayo (2006) ressalta que nos processos de atenção, prevenção e promoção à saúde é necessário compreender a lógica interna dos diferentes grupos sociais, bem como compreender que saúde não é apenas ausência de enfermidades, nem o doente simplesmente um “corpo disfuncional”. Isso não tornaria as ciências da saúde “menos científicas”, ao contrário, as aproximariam da realidade social dos fenômenos que tratam.

Polgar (1966) ressalta que a Antropologia chama a atenção pela maneira compreensiva de tratar as pessoas de quem recebe informações. E, segundo ele, os médicos sociais podem ser bastante ajudados pela Antropologia tanto na investigação das causas, propagação e alcance de certas enfermidades, quanto na generalização dos meios que os médicos julgam mais adequados para combatê-las. De fato, a comunicação médica ou a educação em saúde em linguagem tecnicista e feita de uma posição superior e “neutra” são menos efetivas que outras feitas segundo um enfoque compreensivo das culturas observadas – um enfoque antropológico. E, para a Antropologia, o estudo da evolução das enfermidades humanas esclarece muito sobre aspectos dos modos de viver das populações que são o seu objeto de trabalho.

No campo da saúde coletiva as práticas sanitárias da atenção básica, por exemplo, sob o enfoque antropológico são um campo fértil para análise. Garnelo e Langdon (2005) afirmam que a busca pela abordagem antropológica deu-se pelo esgotamento dos paradigmas estruturais e totalizantes e a conseqüente valorização dos estudos voltados para os sujeitos e a prática social. O desdobramento mais comum, segundo esses autores, foi o reducionismo representado por estudos rápidos sobre comportamentos e percepções de doentes e outros usuários dos serviços de saúde. Muitos desses estudos padecem, no entanto, de uma apreensão inadequada dos contextos sociais em que tais ações são desenvolvidas, além de outros problemas metodológicos.

Também para Raynaut (2002) a interseção entre a epidemiologia e a antropologia se dá dentro do desafio fundamental de tentar restituir, ainda que de maneira parcial, o caráter de totalidade do mundo real - e essa totalidade dá-se pela interdisciplinaridade. Estudos feitos em países africanos e no Brasil, segundo o autor, demonstram, mais que a necessidade, a potencialidade teórica e metodológica dessa interdisciplinaridade. Isso leva a duas características essenciais do meio social: os indivíduos e as sociedades são marcados pela cultura, isto é, são produtores de sentido. Isto implica que qualquer política que aborde a

população como simples consumidora de cuidados ignora um fato fundamental. Além disso, as "populações" são sempre constituídas de atores, que buscam soluções, ou seja, são produtores de saber e devem participar da elaboração de programas de ação. A questão da desigualdade e das injustiça é um problema fundamental que tem de ser resolvido para que o estado de saúde da população possa melhorar mas, segundo o autor, não será com um tecnicismo médico que esses problemas serão eliminados. O mesmo autor em outro artigo mostra a consolidação do campo da antropologia da saúde mostrando que, epistemologicamente, ele abriga muitas novas possibilidades teóricas e metodológicas.

As práticas sanitárias, embora estudadas pela epidemiologia, comportam nuances econômicas políticas, éticas etc., bem como uma interlocução com saberes populares, participação comunitária, modos de vida e outras variáveis que a antropologia pode apreender mais adequadamente que outros campos do conhecimento. A formação dos profissionais de saúde, calcada na biologia, pode não prepará-los para a compreensão da dimensão cultural da enfermidade, de comportamentos grupais e de interações sociais relacionadas, como aquela realizada entre médico e paciente. E essas interações sociais, dos modos de vida às relações profisional/enfermo são, além de construções sócio-culturais, fenômenos informacionais. Assim, partindo de considerações sobre a saúde indígena, a antropologia foi criando novos espaços de atuação até a compreensão informacional das dimensões mencionadas. Rodrigues (2005), por exemplo, resgata os primeiros estudos antropológicos sobre os corpos, para chegar a análise da AIDS como doença de transmissão facilitada pela cultura da globalização - que pode ser associada à sociedade da informação. A educação em saúde, fenômeno de generalização de informação específica, é limitada nesse caso pela dificuldade, relatada por este autor, de convencer contingentes populacionais africanos para os quais o esperma masculino é rico em significados, a destiná-lo ao lixo, à maneira ocidental.

Rodrigues (2001) busca discutir a origem do conhecimento que forma a base da medicina popular brasileira e baseia sua análise pesquisando sua relação com as múltiplas influências que formaram a cultura brasileira. Ele inicia a discussão pela classificação dos sistemas de medicina popular em “personalísticos” (quando as crenças sobre saúde e doença estão associados principalmente ao universo mágico-religioso) e “naturalísticos” (quando as doenças são compreendidas como originadas de forças naturais), que é, segundo o autor, o sistema dominante na medicina popular brasileira.É dessa fonte que, segundo Rodrigues (2001), deriva a assistência médica no Brasil, desde os “leigos curiosos” do Brasil Colônia, passando pelos jesuítas, até a instituição da medicina formal no século XIX – conhecimento que, no entanto, ainda convive com os saberes da medicina popular. Em outro trabalho a obra

de Rodrigues (1995) examina atitudes da nossa cultura em relação ao lixo, considerando que não se trata de um fenômeno natural - o significado que o lixo adquire em qualquer cultura é uma construção social desenvolvida na história.

O estudo de Santos (1998) aborda a interface entre a obra de Euclides da Cunha e as relações entre medicina e antropologia no Brasil no início do século XX. Segundo o autor a análise da obra euclidiana pode ser vinculada às duas vertentes médico-antropológicas que construíram explicações divergentes acerca das conseqüências da composição racial brasileira, em especial quanto à viabilidade de uma nação mestiça. A explicação constituída por Nina Rodrigues, esteve alinhada com uma perspectiva mais próxima de um “fatalismo racial”, associando as características climáticas das regiões Norte e Sul do país ao comportamento social dos seus habitantes (paulistas versus nortistas). A outra, representada por Roquette-Pinto, ligado ao Museu Nacional, afirmava que os mestiços não seriam orgânica ou racialmente inviáveis, analisando positivamente o tipo nordestino, em uma interpretação oposta da obra de Euclides.

Canesqui (1990) faz uma extensa revisão dos estudos antropológicos e qualitativos sobre as dimensões socioculturais da saúde/doença, englobando os temas abordados com seus diferentes conceitos e novas metodologias adotadas mostrando os fatores que contribuíram para a expansão dessa produção acadêmica. A autora lembra que essa temática, que inclui a sexualidade e estudos de gênero favoreceu os microestudos, de cunho antropológico, como a abordagem fenomenológica, a etnometodologia, o interacionismo simbólico e outras orientações qualitativas.

O estudo de Minayo (1991) conjuga de forma interdisciplinar a medicina social e o enfoque antropológico para avaliação de políticas sociais, particularmente na área da saúde pela formulação de uma teoria livre das tendências positivistas presentes na área, que compreenda a relação saúde-doença simultaneamente enquanto um fato clínico e um fenômeno sociológico. A antropologia da saúde, segundo a autora, tem sido sempre associada a estudos muito minuciosos, dispendiosos e pouco práticos, mas que permitem observar que códigos oficiais da medicina podem levar à destruição de valores culturais de certos grupos sociais. Percebendo a pesquisa sob um enfoque antropológico a autora busca compreender simultaneamente aspectos sócio-econômicos, político-administrativos e ideológico-culturais. A autora amplia as contribuições de Berlinguer (1978) para acrescentar, sob uma ótica antropológica, uma perspectiva qualitativa aos indicadores quantitativos geralmente usados nas avaliações de políticas sociais.

Iriart (2003) defende a importância de levar em conta, no processo de construção do SUS, aspectos sócio-culturais das representações de saúde e doença no país. Cita estudos socioantropológicos sobre a dor e problemas nervosos, entre outros, como locais potenciais de embates entre as visões dos profissionais e dos pacientes sobre saúde e doença. As percepções e experiências dos pacientes representam um campo que se consolida – a antropologia da saúde, que tem como pressuposto, como afirma Minayo (1997), que a concepção de saúde e doença nas classes populares é multifacetada.

O estudo de Bonet (2004), caracterizado pelo próprio autor como um “estudo em hospitais”, e não “de hospitais”, porque os aspectos constitutivos e práticos da instituição e dos trabalhos que ali se desenvolvem são considerados de maneira profunda, revela uma concepção antropológica (que o autor denominou etnográfica) da residência médica. Inspirando-se nos trabalhos de Becker (1961) e outros revela o hospital como “um teatro” onde transcorre a aprendizagem da medicina. O estudo guarda parentesco com estudos etnometodológicos ou microssociológicos – e a encenação dos dramas no cenário hospital têm um forte comportamento informacional e comunicacional – na formação de grupos e na interação entre superiores, estudantes e pacientes.

A experiência de campo, de molde antropológico, como “usar o jaleco” quebra o

afastamento e a neutralidade absoluta do cientista, como nos estudos clássicos de Latour (1989) em suas “etnografias de laboratório”. Isso representa um caminho diferente para o estudo da comunicação e da informação em categorias profissionais específicas – no caso, profissionais da saúde.

Nesse mesmo campo, mas investigando uma questão mais contemporânea Struchiner, Gianella e Ricciardi (2005) analisam as novas tecnologias de informação e educação em saúde, diante da revolução comunicacional e informacional da sociedade contemporânea. Eles observaram que elas afetaram as relações fundamentais de espaço e tempo, caracterizando o que Levy (1993) chamou de “conexão da humanidade consigo mesma”. Isso altera a formação profissional na área de saúde, que passa a abranger não somente os aspectos tecnológicos, mas também a dimensão intercultural dos processos saúde-doença, a transposição dos registros orais e escritos para a dimensão eletrônica e os impactos dessa transformação, bem como as mudanças culturais por que passam os grupos e as sociedades, dimensão que viabiliza um enfoque antropológico dos iguais, desiguais e distintos (SPINELLI, 2005). Para este autor os sistemas de informação em saúde na América Latina continuam com problemas de qualidade que dificultam a realização de estudos sobre desigualdades, especialmente no nível local – daí a percepção de que estudos qualitativos

podem trazer informações mais relevantes que as estatísticas oficiais em certos territórios. O mesmo autor revela que entre os países com melhores indicadores de saúde estão Chile, Costa Rica e Cuba – nenhum deles é uma potência econômica. O autor, questionando o frenesi por tecnologia e pela busca de mais indicadores de condições de saúde, pergunta-se: “para que?”. Os dilemas da construção de boas condições de saúde nos países em desenvolvimento levam a soluções de caráter nacional, regional ou local. Na Argentina lançando mão de um enfoque antropológico de iniciativas em saúde no início do século XXI, após a crise que marcou o fracasso da política econômica neoliberal naquele país, Grimberg (2005) observa a mobilização popular em “redes de bairros” e outras formas de ação coletiva que incluíram a ocupação de clínicas públicas e privadas e formas inéditas de articulação política em que se envolveram, além de profissionais de saúde, cientistas sociais.

Segundo Kuper (2002) para Schneider “existem apenas construções culturais da

realidade. Nesse sentido, a “natureza” e os “fatos da vida” não possuem vida independente, a não ser a forma como são definidos pela cultura. Assim, quando os Norte-americanos referem-se a “laços de sangue” referem-se tanto a laços biológicos como a códigos de conduta e outras variáveis sócio-culturais. Por isso o “parente famoso” não é esquecido, embora seja longínquo do ponto de vista biológico. Os aspectos sociológicos do parentesco também foram estudados por Geertz (1966) – e suas implicações na conformação social incluem a discussão dos modos de viver, adoecer, e morrer.

Além disso, a antropologia tem um instrumental adequado para considerar a sociedade civil como objeto de estudo, bem como para perceber grupos tais como comunidades de gays, lésbicas, bissexuais e transsexuais que levantam questões sobre identidade e diversidade fundamentais para a compreensão da saúde no mundo contemporâneo (CÁCERES, 2005). A microssociologia e a antropologia fornecem suporte teórico para essas análises.

Mesmo para “macro-questões” a longa tradição de estudos antropológicos revela uma possibilidade de contribuição interdisciplinar. Bastos e Travassos (2005) resgatam a longa e polêmica história que une os conceitos de raça e saúde pública. A antropologia, que já desempenhou nessa história conturbada diferentes papéis, tem desempenhado hoje, uma função fundamental de incluir na discussão acerca do conceito de raça, a dinâmica social dos seres humanos, ultrapassando a base biológica. Essa questão, que está presente tanto nas estatísticas nacionais de todos os países quanto na expressão das demandas de grupos minoritários, tem de ser abordada em uma dimensão científica multidisciplinar – para abranger estudos sobre religião (judeus negros, por exemplo; árabes e não árabes muçulmanos, como iranianos e iraquianos; etnias, como “hispânicos” etc.) e a relação dessas

variáveis com a saúde.

Silveira (2000) investigando doenças nervosas entre as mulheres de uma comunidade pesqueira no Sul do Brasil em uma perspectiva que abrange o conceito de doença e a vida social (uma “antropologia da saúde” ou “da medicina”) consegue abarcar as expressões corporais e problemas com a vida afetiva, em sua íntima relação com os problemas, majoritariamente femininos, de “ataque de nervos”. Segundo a autora a construção médica dessa doença não é simplesmente “técnica”, mas sócio-cultural. A compreensão antropológica dessa disfunção lança uma luz diferenciada em um fenômeno que os médicos costumam rotular genericamente como “histeria”, e a terapêutica usual são os “calmantes”. O método de coleta de informações – a narrativa – compreende uma vertente clínica, sócio-cultural e, inevitavelmente, psicológica. O discurso da doença, contido nos relatos, pode ser tratado pela ciência da informação sob um olhar antropológico similar – informação não somente discursiva, mas também corporal e sensível. A enfermidade, uma somatização de problemas manifestada, segundo a autora, majoritariamente por mulheres, tem forte conexão com o meio social e cultural, percebendo o corpo como elemento não somente biológico, mas também sócio-cultural. Segundo a autora, a prática clínica e o corpo científico da medicina, baseados no paradgima cartesiano, é incapaz de perceber em extensão e profundidade, todas as variáveis envolvidas no processo saúde-doença, como gênero, afetividade, representações sociais, preconceitos etc., à medida que o cinismo (expressão de Carapinheiro, 1993) da profissão afasta o médico do paciente e o aproxima, cada vez mais, da patologia.

Bonet (2004) percebe a antropologia em outro momento da saúde: a formação do médico. Os “nativos” a serem pesquisados são os estudantes de medicina, que posicionam-se entre o “cinismo”, acima mencionado, presente em sua formação, e o exercício da profissão, onde empatia, afeto e compaixão fazem-se presentes. O equilíbrio entre o “profissional” e o “humano” é derivada da formação no modelo biomédico, onde o hospital, tanto como instituição de ensino como de tratamento, é um “teatro” no modelo interacionista de Goffman, e o período de residência médica, um momento de aprendizagem dessa representação.

Para Silveira (2000) o olhar antropológico na questão da saúde diferencia-se do olhar biomédico porque não universaliza a doença – ao contrário, a cultura a condiciona, assim como condiciona o modo de adoecer. A antropologia da saúde, segundo a autora oscila entre duas tendências: uma, hermenêutica, que privilegia a interpretação da doença; e outra, crítica, que discute prioritariamente a questão do poder e seus desdobramentos.

No Brasil Monteiro e Maio (2005) discutindo as relações entre raça e etnia para compreender, entre outras coisas, as demandas acerca da “saúde da população negra”

apontam, como o estudo mencionado de Bastos e Travassos (2005) as mesmas dificuldades para o recorte racial da população e as investigações que associam desigualdades em saúde e classificações étnico-raciais. Os esforços do Movimento Negro, segundo os autores, para instituir a singularidade da população negra no tratamento diferenciado dos agravos à saúde inclui a dinâmica entre a medicina popular e as manifestações culturais e artísticas afro- brasileiras. Isto foi formalizado no documento Política Nacional de Saúde da População Negra – com o detalhe que a medicina popular valorizada pelo documento é “de matriz africana”, negando o longo trabalho de construção de uma medicina popular brasileira pela interação entre portugueses, indígenas, africanos e mestiços.

A abordagem da saúde na análise de grupos específicos como viciados em drogas, alcoólatras etc. e macro-tendências, como o envelhecimento da população e outros fenômenos da transição demográfica nas sociedades contemporâneas também vêm recebendo enfoques antropológicos, nos quais a dimensão da informação tem grande relevância, ainda que não seja muitas vezes declarada.

Mas o enfoque antropológico não exclui, antes compreende a problemática do poder, uma vez que a cultura carrega implicitamente concepções de poder e modos de convivência social que se dão nessa esfera. Parte das informações em saúde compõem um discurso científico que pode ser analisado enquanto instrumento de conhecimento, mas também enquanto instrumento de poder.