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A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO ENSINO ARQUITETÔNICO NO BRASIL IMPERIAL: a fase proto-acadêmica

PROFISSÃO DE ARQUITETO

4.3 A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO ENSINO ARQUITETÔNICO NO BRASIL IMPERIAL: a fase proto-acadêmica

Assim como em diversas nações européias e do continente americano a partir das décadas iniciais do século XIX, a École Polytechnique de Paris também inspirou as transformações e a expansão das academias militares brasileiras que, por essa época, formavam pouquíssimos engenheiros e ofereciam um ensino muito atrasado em relação ao francês. Mas aqui tais mudanças somente começariam a ocorrer a partir da segunda metade do Oitocentos, pois tais escolas ainda se mantiveram ligadas ao modelo português durante toda a primeira metade desta centúria, e mesmo nos primeiros anos seguintes à transformação da Escola Militar em Escola Central, em 1858. Foi somente a partir da política modernizadora implantada pelo imperador D. Pedro II, que a influência portuguesa foi perdendo espaço para a francesa. Isto se tornou possível graças à atuação do Visconde do Rio Branco que ajudou a promover a transferência para o Brasil das experiências francesas de ensino da engenharia, o que viria a resultar na transformação da Escola Central em Escola Polytechnica do Rio de Janeiro, em 1874, além da criação da Escola de Engenharia, Minas e Metalurgia de Ouro Preto, em 1875, esta baseada no modelo da francesa École des Mines de Paris. (MARTINIÈRE, 2010).

Mas, mesmo que relativamente lentas e tardias, algumas transformações no sistema de ensino acadêmico foram se verificando no Brasil já nas décadas iniciais do século XIX. Em muito contribuiu para isso a intensificação do processo de especialização das profissões, o que fez com que ao longo das décadas seguintes fosse se configurando uma crescente diferenciação e dissociação entre a formação do arquiteto e a do engenheiro, este último, desde então, a partir de suas diversas

especialidades. Em conseqüência desse processo, diversas mudanças ocorreram na estrutura do ensino da arquitetura e da engenharia no país, tanto no âmbito da Academia Real Militar como da Academia Imperial de Belas Artes.

No que respeita a esta última, ainda que tenha tido o mérito de inaugurar o ensino formal de arquitetura no país é inegável que, desde a sua fundação e mesmo ao longo de toda a era imperial, ela jamais foi capaz de atender às expectativas que sobre si foram depositadas – tanto em termos de número de egressos, como da qualidade da formação que eles recebiam.112 Segundo Sousa (2001), passada a fase de euforia inicial, quando a instituição chegou a reunir até treze alunos, sucederam-se outras de descrédito e risco de desativação, alternadas por curtos intervalos de relativo alento113, em que as coisas pareciam melhorar.

O fato é que durante todo aquele período a academia foi sempre alvo de muitas críticas. O ensino era considerado deficiente, nada ensinando sobre resistência dos materiais, estruturas, condições de higiene, ventilação, iluminação, instalações etc., reduzindo-se a oferecer “[...] apenas os elementos para formar desenhistas e decoradores de edifícios, que trabalhem sob as vistas de algum engenheiro” e, a continuar assim, “[...] a Academia se reduzirá a produzir artistas para os trabalhos de algum escritório de engenharia.” (SOUSA, 2001, p. 96). Nessas condições, os arquitetos formados na instituição tinham grande dificuldade de inserção no mercado de trabalho, que preferia os “arquitetos-engenheiros” de formação militar. Essa situação permaneceria essencialmente inalterada até a década de 1890, quando, a partir das mudanças advindas da proclamação da República, a academia foi transformada em Escola Nacional de Belas Artes.

Quanto à Academia Real Militar, já em 1823 teve seu nome mudado para Academia Imperial Militar ou Academia Militar da Corte e, em 1839, para Escola Militar da Corte. Entre 1855 e 1858, a escola passou por um processo de divisão, dando vez a duas novas instituições: a Escola Militar e de Aplicação do Exército,

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Se, por um lado, é fato que pelo menos meia centena de profissionais foi treinada nos anos de Montigny – e isto não é nada desprezível para os padrões da época – cumpre observar, por outro, que isto se deu ao longo de vinte e três anos, o que dá uma média de pouco mais de dois egressos por ano, e isso é muito pouco diante das necessidades do país e da própria expectativa depositada na academia.

113 Neste particular faz-se digno de nota o período em que a academia esteve sob a direção do pintor

e arquiteto Manuel de Araújo Porto Alegre (1854-1857), que introduziu algumas mudanças na estrutura acadêmica, criando novas disciplinas – Matemáticas Aplicadas, Desenho de Ornatos e Desenho Geométrico, além de Estética e Arqueologia – e atuando no sentido de despersonalizar e diversificar o ensino ali ministrado, o que viria a melhorar a credibilidade e o prestígio da instituição.

voltada para os estudos práticos e teóricos dos assuntos militares; e a Escola Central, voltada para o ensino da engenharia civil e a um ensino arquitetônico de base tecnológica (SOUSA, 2001), que viria a se constituir num dos principais pólos da cultura científica nacional e, mais tarde, em 1874, se transformaria na Escola Polytechnica do Rio de Janeiro, instituição formadora da elite intelectual do país e um dos pilares do movimento Republicano. (BORBA, 1999).

Assim, consumava-se a definitiva distinção entre o ensino da engenharia civil e da militar no Brasil, ainda que a Escola Central continuasse subordinada ao Ministério da Guerra, de modo que a desvinculação da origem militar somente se completaria quando de sua transformação na Polytechnica. Eventos importantes aconteceram nos salões e laboratórios desta escola, tanto sociais 114 como científicos115 e feiras de negócios. Também no prédio da escola, funcionou por sessenta anos, desde 1862, o Instituto Polytechnico Brasileiro, a primeira instituição científica e de engenharia do Brasil, precursora da Academia Brasileira de Ciências. (PEREIRA, 2008).

Cumpre observar, de outra parte que, se a Escola Central veio a dar passos decisivos rumo à institucionalização do ensino da engenharia, sua capacidade de formar quadros de engenheiros era ainda amplamente insuficiente frente à dimensão das demandas do país. Ainda por todo o terceiro quartel do século XIX, a carência de profissionais continuava extrema na maioria das cidades brasileiras e, mesmo nas principais delas, apenas pequena parte das obras eram realizadas com o concurso de um profissional provido de alguma formação acadêmica.

Somente ao se aproximar o final da Era Imperial, mudanças efetivamente modernizadoras foram implantadas no sistema de ensino da engenharia no Brasil, quando, sob clara influência da École Polytechnique de Paris, foi criada a Escola Polytechnica do Rio de Janeiro. Mesmo assim, um dado de importante diferença entre a escola francesa e a brasileira residia no fato de que esta teria um ensino considerado pouco objetivo, pelo menos nos primeiros anos seguintes à sua criação.

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Como a ilustrar a fase de crescente prestígio por que passava essa instituição, cite-se o pomposo baile de 1857, que contou com a presença do casal imperial.

115 Merece especial citação a primeira experiência de iluminação elétrica realizada no país, naquele

mesmo ano de 1857. Cite-se, do mesmo modo, a Exposição Nacional de 1861, mostrando os produtos da incipiente indústria brasileira, que representou importante estímulo ao desenvolvimento e consolidação da mesma.

Isto teria a ver com o fato de que, devido à mentalidade escravocrata ainda predominante, os engenheiros brasileiros da época, em sua maioria, pouco se envolviam com as atividades mecânicas e práticas, preferindo exercer funções gerenciais ou burocráticas em cargos públicos, enquanto os franceses, ingleses e americanos se integraram mais efetivamente às atividades industriais, às máquinas, à construção de estradas etc. Teria sido a partir da fundação do Clube de Engenharia do Rio de Janeiro em 1880 e, sobretudo do Instituto de Engenharia de São Paulo em 1917, que esta situação começaria a mudar de forma mais efetiva. (MARTINIÈRE, 2010).

A Polytechnica foi criada pelo Decreto Imperial 5.600, de 25 de abril de 1874, que transformou a Escola Central nesta nova instituição (BARATA, 1973), a qual ficou subordinada ao Ministério do Império, passando a ser um estabelecimento de ensino inteiramente civil, definitivamente desvinculado de sua origem militar. Seu primeiro diretor foi José Maria da Silva Paranhos, o Visconde do Rio Branco, tido como um dos mais notáveis estadistas do Segundo Império, que também contribuiu para a confecção dos estatutos e programas de ensino da escola e que se manteve no cargo até 1879, quando foi substituído pelo Conselheiro Francisco Antônio Raposo.

A escola oferecia um ensino que se dividia em duas partes. A primeira era constituída de um curso geral116, com dois anos, e a segunda era representada por

seis cursos especiais, ou profissionalizantes,117 com dois ou três anos de duração. O

modelo do ensino e a própria estrutura dos cursos da Poli, ainda que tenham mantido a cadeira de arquitetura civil e a respectiva aula de desenho herdadas da antiga Escola Militar e da Escola Central, representavam uma mudança radical em relação à antiga formação teórico-prática, própria do modelo anterior de preparação de profissionais da engenharia e da arquitetura. (RIOS FILHO, 1977). Os cursos ali ministrados faziam com que aquela instituição tivesse não só a finalidade de formar

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Nesse curso geral – espécie de curso básico – se estudava: no primeiro ano, Álgebra, Geometria no Espaço, Trigonometria Retilínea, Geometria Analítica, Física Experimental, Meteorologia e Desenho Geométrico e Topográfico; e no segundo ano, Cálculo Diferencial e Integral, Mecânica Racional e Aplicada às Máquinas, Geometria Descritiva, Química Inorgânica, Noções de Mineralogia, Botânica e Zoologia.

117 Esses cursos especiais ou profissionalizantes eram: i) Curso de Ciências Físicas e Naturais, com

dois anos de duração; ii) Curso de Ciências Físicas e Matemáticas, também com dois anos; iii) Curso de Engenharia Civil, com três anos de duração; iv) Curso de Engenharia de Minas, também com três anos; v) Curso de Artes e Manufaturas, igualmente com três anos; e vi) Curso de Engenheiros Geógrafos, que correspondia apenas ao primeiro ano do curso de Engenharia Civil. (TELLES, 1994).

engenheiros, mas também bacharéis e doutores em ciências, algo mais voltado para a produção do conhecimento científico e tecnológico, próximo ao modo do que viriam a ser os futuros pesquisadores do século XX.118

Em que pesem às críticas à suposta falta de objetividade do ensino ali ministrado em seus anos iniciais, foi essa sólida formação básica que deu fama e glória à escola, permitindo a muitos dos seus engenheiros uma atuação quase enciclopédica em vários ramos da engenharia e, principalmente, contribuindo para que grandes avanços técnicos fossem feitos. É interessante observar que já naquele tempo havia a preocupação de estimular a produção técnico-científica, prevendo-se, nos regulamentos da escola, a concessão de prêmios para aqueles que escrevessem obras consideradas relevantes para a comunidade acadêmica.

Berço de acontecimentos importantes da história social, política e científica do país, a Poli foi palco, no último quartel do século XIX, para a influência do pensamento positivista, iniciado pelo filósofo francês Augusto Comte, cujas ideias preteriam a cultura científica pura, preferindo o ensino prático, mais objetivo e imediatista. Também o Movimento Republicano e o Movimento Abolicionista tiveram entre seus líderes muitos dos professores e alunos da instituição.119 A escola

abrigou ainda vários eventos de grande porte como a Exposição de Geografia Sul- Americana de 1888 e o Congresso de Engenharia e Indústria de 1900, além de ter recebido personalidades como Albert Einstein, em 1925, a cientista polonesa Mme. Curie, em 1926 e o físico italiano Enrico Fermi, em 1934.

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Em 1890 uma reforma nos estatutos da escola transformou a estrutura acadêmica que passou a contar com um Curso Fundamental, de quatro anos, e dois Cursos Especiais – Engenharia Civil e Engenharia Industrial, este em substituição ao Curso de Artes e Manufaturas – também com quatro anos, tendo sido suprimidos os cursos científicos de Física e Matemática e o de Engenharia de Minas. Houve forte reação da comunidade acadêmica, que não havia participado do processo que resultou nesta mudança, a qual sequer chegou a ser implantada em sua plenitude. Em 1896, novos estatutos foram aprovados para a escola, desta feita com a participação efetiva de sua Congregação, que passou a ter um Curso Geral, de três anos, cujos concluintes recebiam o título de agrimensor, e cinco Cursos Especiais, também de três anos. Foram mantidos os cursos de Engenharia Civil e Industrial, restabelecido o curso de Engenharia de Minas e criados os novos cursos de Engenharia Mecânica e Agronomia ou Engenharia Agronômica. Em 1911, foi implantada uma nova e profunda reforma na escola que, além de conceder autonomia didática e administrativa à mesma, extinguiu o Curso Geral e os de Engenharia de Minas e Agronomia. Restaram, então, apenas os cursos de Engenharia Civil, Industrial e Mecânico-Eletricista (este último em substituição ao antigo curso de Engenharia Mecânica), todos com cinco anos de duração.

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Entre seus professores, além do próprio Visconde do Rio Branco, figuravam nomes de destaque na engenharia, na ciência e na intelectualidade nacional como André Gustavo Paulo de Frontin, André Rebouças, Otto de Alencar, Henrique Morize e Amoroso Costa, além de Antonio de Paula Freitas, Licínio Athanásio Cardoso, Eugène Tisserandot, José Mattoso Sampaio Corrêa, Aarão Leal de Carvalho Reis, Luiz Raphael Vieira Souto e Eugênio Raja Gabaglia, entre tantos outros. (BARATA, 1973).

Em 1920, a Escola Politécnica uniu-se às Faculdades de Medicina e de Direito, dando origem à Universidade do Rio de Janeiro, a primeira instituição de ensino a gozar de tal status no país. Em 1937, passou a se denominar Escola Nacional de Engenharia e, em 1965, Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, ainda no velho prédio do Largo de São Francisco, onde outrora funcionou a Academia Militar do Rio de Janeiro. (POLI-UFRJ, 2011). O período correspondente às duas primeiras décadas do século XX constituiu a época áurea da Politécnica, quando maior foi a sua influência e o seu prestígio e por ela passaram os mais notáveis nomes da engenharia nacional. A partir de então, surgiram e começaram a se destacar outras escolas desse tipo, como a Politécnica de São Paulo, deixando assim de haver a predominância e quase exclusividade da velha Politécnica do Rio. (TELLES, 1994).

Apenas um ano após ter sido fundada a Poli, foi criada em 1875, por decisão pessoal do Imperador D. Pedro II e sob inspiração da École des Mines de

Paris, a Escola de Engenharia, Minas e Metalurgia de Ouro Preto, a segunda escola

de engenharia a existir no país. (BARATA, 1973). Seu fundador e primeiro diretor foi o engenheiro francês Claude Henri Gorceix, o qual, encarregado pelo monarca de conceber o estatuto da escola, propôs um modelo acadêmico inspirado nas melhores instituições da Europa, extremamente moderno e avançado, podendo ainda ser considerado atual até nos dias de hoje. Tal modelo incluía, desde então, a seleção dos alunos por concurso de admissão (uma forma embrionária de vestibular), a limitação do número de alunos por turma, o ano letivo de dez meses e tempo integral para professores e alunos, além de excursões didáticas regulares a cada fim de semana, uma novidade para a época. Devido à escassez de profissionais no Brasil, a maioria dos primeiros professores desta escola foi contratada da França, especialmente da École des Mines de Paris, entre estes os engenheiros de minas Armand de Bovet, Artur Thiré e Paul Ferrand, e o bacharel em Matemática e Física Ferdinand Victor Langlet. A estes se juntariam alguns brasileiros, na condição de professores-assistentes, como Archias Eurípedes da Rocha Medrado e Leônidas Botelho Damásio.

Inicialmente o curso tinha duração de dois anos, funcionando em turno completo das oito às dezessete horas. Em 1882, o curso foi ampliado de dois para três anos, com a introdução do ensino de resistência dos materiais, construções de

pontes e canais e estradas de ferro, aproximando-se, portanto, da formação da engenharia civil, no intuito de oferecer aos seus egressos melhores condições de competir no mercado de trabalho, bastante limitado naquela época. A partir do empenho tenaz de sua comunidade acadêmica, a escola começava a ser reconhecida, inclusive no exterior, participando de diversos eventos científicos internacionais e chegando a publicar artigos técnicos de seus professores e alunos nos Annales des Mines da École de Paris. A escola passou por inúmeras reformas estatutárias e curriculares entre 1885 e 1931, quando, com a criação do Ministério da Educação e Saúde, foi incorporada à Universidade do Rio de Janeiro – mais tarde Universidade do Brasil – assumindo os seus formandos o título de engenheiros de minas e civis, com um curso de seis anos de duração. (TELLES, 1994).

Ainda que tenha formado um número relativamente pequeno de profissionais,120 dadas as características peculiares da escola e da profissão, foi inegável a contribuição dessa instituição para o futuro da geologia, mineralogia, metalurgia e siderurgia no Brasil. A contribuição mais importante de seus ex-alunos foi, talvez, a construção da Companhia Siderúrgica Mineira, em Sabará, em 1917, mais tarde absorvida pela Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira, a maior em carvão vegetal em todo o mundo.

Mesmo que com muito menor envergadura do que as anteriormente citadas, outras instituições pioneiras no ensino da engenharia merecem ser referenciadas. É o caso do Gabinete Topográfico, fundado em 1835 na Província de São Paulo que, apesar da sua modesta denominação, constituía uma verdadeira escola de engenharia, com a finalidade de formar topógrafos e engenheiros de estradas e medidores de terra. Oferecia cursos de dois anos de duração, onde se aprendia noções práticas e teóricas de Aritmética, Álgebra, Geometria, Trigonometria e Topografia, além de Mecânica, Física, Desenho Topográfico e Construção de Pontes e Calçadas. Este curso infelizmente durou pouco, pois teve seu funcionamento suspenso em 1838, sendo restabelecido em 1840 e definitivamente encerrado em 1850.

Além dessa instituição, existiu uma Escola de Arquitetos Medidores ou Escola de Arquitetura da Província do Rio de Janeiro, fundada em 1836, por

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Entre os quais merecem destaque Francisco de Paula Oliveira, Joaquim Cândido da Costa Sena, Luiz Felipe Gonzaga de Campos Orville Derby, Euzébio Paulo de Oliveira, Augusto Barbosa da Silva e Domingos Fleury da Rocha, além de Djalma Guimarães, pioneiro da petrografia neste país.

iniciativa do marechal Pedro de Alcântara Bellegarde, então considerado o decano dos engenheiros brasileiros.121 Nessa escola era ministrado um curso de três anos,

onde se estudava desenho de paisagem, geométrico e topográfico; escolha, utilização e resistência dos materiais; e orçamento e exame de obras. Tal curso foi extinto em 1844. (RIOS FILHO, 1960).

Também merece referência o Imperial Instituto de Agronomia, fundado em 1859 em São Francisco do Conde, na Bahia. Esta escola, que depois passou a se chamar Escola Agrícola da Bahia, foi a primeira instituição em seu gênero no país. Inspirada na escola de agricultura de Guignon, na França, formou ao longo da segunda metade do século XIX, dezenas de engenheiros agrônomos e regentes rurais,122 contando com a colaboração de vários professores franceses contratados pelo governo, entre os quais se destacou o cientista Maurice Drenaert. A escola foi extinta no final daquele século, mais ou menos na época em que era fundado o Instituto Agronômico de Campinas, em 1887, ainda hoje uma das principais instituições de pesquisa agropecuária do país.

4.4 O ENSINO ARQUITETÔNICO NO ÂMBITO DOS LICEUS DE ARTES E