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Tomada de consciência e formação de associações profissionais

2 A ORIGEM DO ARQUITETO MODERNO

3.3 DA ORGANIZAÇÃO DAS CLASSES PROFISSIONAIS ÀS INICIATIVAS CONDUCENTES AO CONTROLE ESTATAL DO EXERCÍCIO DAS

3.3.2 Tomada de consciência e formação de associações profissionais

Em reação ao vazio regulatório causado pela extinção das antigas Corporações de Ofício, foram surgindo ao longo do século XIX, inicialmente nos países mais desenvolvidos da Europa e nos Estados Unidos e depois no sul do continente americano, diversas organizações profissionais, que tiveram grande

impulso a partir do último quartel desse século, devido principalmente ao desenvolvimento científico e tecnológico e da consolidação do ensino acadêmico, nas mais diversas áreas do saber.47 Ao contrário daquelas antigas corporações,

estas novas agremiações tomaram para si o compromisso de estimular a formação profissional sistemática e regular como instrumento de promoção do desenvolvimento técnico e do prestígio das profissões, além de defender os interesses dos profissionais e, no seu aspecto mais corporativo, assegurar a seus membros uma reserva de mercado de trabalho, a partir de condições pré- estabelecidas, vindo a ter papel decisivo no processo de regulamentação dessas profissões nas primeiras décadas do século XX.

No Brasil esses movimentos começaram a se manifestar já a partir de meados do século XIX. A industrialização incipiente e o consequente aumento da urbanização, o surgimento de uma classe média urbana crescentemente escolarizada e organizada e a dinâmica dos eventos sociais e políticos de um país que mais e mais se inseria no cenário internacional, ofereceram as condições para que este processo se instalasse e se desenvolvesse. Assim, um novo ator se estabelecera na cena brasileira, representado pelos segmentos organizados da sociedade civil, em muito contribuindo para marcar o rumo e o ritmo dos acontecimentos por todo e século seguinte.

Nesse contexto, uma nova modalidade de instituição foi tomando forma: as associações de classe profissionais. No caso da arquitetura e da engenharia, essas associações viriam a ter papel fundamental no futuro destas profissões, notadamente no que trata de sua futura regulamentação. Com um sistema de ensino em fase de consolidação e expansão, constituído de faculdades e escolas que, ainda que em número reduzido, eram consideradas, sob certos aspectos, em nível

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Essas novas agremiações eram essencialmente diferentes das antigas corporações de ofício, pois: a) não tinham caráter de associação compulsória e exclusiva, mas eram múltiplas e espontâneas; b) não atuavam diretamente sobre a regulamentação do ensino profissional nem da produção, mas buscavam contribuir para a promoção da profissão e dos profissionais, valorizando o desenvolvimento científico e tecnológico e o sistema formal de ensino acadêmico; e c) não exerciam o controle do exercício das profissões, mas apenas buscavam influir no processo, na condição de representantes dos profissionais. Além disso, essas novas associações se desenvolveram, sobretudo, no âmbito das profissões liberais, justamente aquelas menos reguladas pelas antigas corporações, pois, como já foi dito na Seção 2, desde o século XV a arquitetura foi, pelo menos na perspectiva renascentista, considerada uma forma de arte e, neste sentido, externa ao controle corporativo, que se voltava para os ofícios ditos mecânicos, isto é, manuais, ainda que os “práticos” mestres de risco, pedreiros, carpinteiros etc., também praticantes da arquitetura, mas oriundos dos referidos ofícios mecânicos, frequentemente se organizassem sob a antiga estrutura do grêmio medieval.

de igualdade com as melhores do mundo, formando, a cada ano, profissionais dos diversos ramos da engenharia – aos quais se somavam aqueles formados no exterior – as novas associações de engenheiros e arquitetos tomaram para si o objetivo de contribuir para a promoção profissional e, num horizonte mais amplo, construir uma estrutura regulatória para as profissões.

Porém, dois aspectos bem característicos e singulares foram determinantes tanto para a organização profissional como para o rumo e o ritmo do processo de regulamentação, não somente por ocasião do seu marco inaugural na década de 1930, mas também por todo o período seguinte e mesmo até nos dias atuais. Em primeiro lugar, as associações de classe, independentemente do que suas denominações pudessem sugerir, eram compostas não por uma única classe profissional, mas por classes profissionais diversas, como engenheiros civis e das demais especialidades, agrimensores, agrônomos e arquitetos, juntos, nas mesmas associações. Exemplo disso era o Clube de Engenharia do Rio de Janeiro, que congregava, além dos engenheiros, os arquitetos de seu tempo; por seu turno, o Instituto de Engenharia de São Paulo foi presidido mais de uma vez por um engenheiro-arquiteto; e o Instituto Brasileiro de Arquitetos não somente contava com engenheiros civis entre seus quadros, mas também teve um deles como seu primeiro presidente. Diversas outras associações profissionais procediam de igual forma desde as primeiras décadas do século XX e assim ainda procedem atualmente.

Além disso, não se tinha clara e precisamente definido nem o objeto de cada uma dessas profissões, nem os limites de atribuições de seus profissionais, sobretudo devido às diferenças de formação entre o ensino arquitetônico de base tecnológica, ministrado no curso de engenheiros civis da Escola Politécnica do Rio de Janeiro e nos cursos de engenheiros-arquitetos da Escola Politécnica de São Paulo e da Faculdade de Engenharia Mackenzie, de um lado, e o ensino de viés mais artístico oferecido pela Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, do outro. Muitas vezes se considerava a arquitetura como um ramo da engenharia, outras vezes como uma profissão independente. É sintomático desse quesito o texto de um artigo do jornal A Província de São Paulo, de 06/09/1879, que, referindo-se à vida estudantil de Ramos de Azevedo na Universidade de Gand, na Bélgica, comenta: “Felizmente para a nossa arquitetura [...] ele já se adiantava com brilho no

curso de arquitetura e tomava gosto por esse ramo da Engenharia Artística [...].” (LEMOS, 1993, p. 06-07, grifo do autor desta tese).

Essas indefinições marcariam de forma indelével o modelo de regulamentação que viria a ser criado na década de 1930, caracterizado por um órgão controlador único para as várias profissões tecnológicas – na contramão do que vinha acontecendo tanto na Europa como no resto do continente americano – e notabilizado por diversos casos de sombreamento entre as atribuições de profissionais de áreas distintas, particularmente arquitetos e engenheiros civis, o que, nas décadas seguintes, representaria os principais focos de tensão no sistema regulatório.

Das associações profissionais aqui consideradas, o Instituto Polytechnico Brazileiro é tido como a mais antiga representação de engenheiros deste país, congregando por mais de meio século a nata da intelectualidade técnico-científica do Rio de Janeiro e nacional. Num sentido mais estrito, talvez não fosse exato considerar esse instituto uma associação de classe, nos termos em que hoje esta é conhecida, e sim um centro de estudos e debates de alto nível, uma espécie de precursor da Academia Brasileira de Ciências, que incluía, além de engenheiros, técnicos e cientistas de outras áreas e, inclusive, distribuía prêmios para os melhores trabalhos de engenharia de cada ano.

Fundado em 11 de setembro de 1862, por um grupo de dezoito importantes cavalheiros capitaneados pelo conselheiro Manoel Felizardo de Souza e Mello, senador do Império e ex-ministro da Marinha e da Guerra, e pelo marechal Pedro de Alcântara Bellegarde, lente e ex-diretor da Escola Central e ex-ministro da Guerra e de Viação e Obras Públicas (COELHO, 1999), funcionou no mesmo prédio da antiga Escola Central do Rio de Janeiro, tendo como primeiro presidente o Conde D’Eu, já então Príncipe Consorte do Império. Consta que o próprio Imperador D. Pedro II assistia frequentemente às suas sessões, realizadas no Salão Nobre da escola. Entre seus principais membros figuravam nomes de peso da ciência nacional, como Inácio da Cunha Galvão, Christiano Benedito Ottoni, André Rebouças e Antonio de Paula Freitas, além de Estanislau Luiz Bousquet, que viria a ser sócio fundador e membro vitalício do Conselho Diretor do Clube de Engenharia do Rio de Janeiro. Congregava a maioria dos professores da referida escola e, ainda, muitos outros dos mais ilustres engenheiros da época. Apesar de nunca ter

sido formalmente extinto, foi gradativamente sendo desmobilizado até 1916, de modo que praticamente se dissolveu na década de 1920. (PEREIRA, 2008). Mas não saiu de cena sem deixar sua marca na história associativa brasileira, influenciando as demais associações que vieram a surgir no país, principalmente o referido Clube de Engenharia, já então a principal associação de engenheiros, e a Academia Brasileira de Ciências, que acabou absorvendo parte de suas funções.

Já o Clube de Engenharia do Rio de Janeiro, fundado em 24 de dezembro de 1880, é considerada a mais antiga associação de classe de engenheiros em atividade no Brasil. Diante de um crescente número de profissionais diplomados atuando no país, declarava como principal objetivo representar uma associação composta de engenheiros nacionais e estrangeiros, além de profissionais de outras áreas, que se interessassem pelos muitos e variados ramos da engenharia.48 Rapidamente se tornou uma entidade muito frequentada e respeitada, contando entre seus sócios com algumas das figuras de maior destaque e influência no cenário nacional.49 Tal situação lhe permitiu, ao longo de sua trajetória, conquistar

reconhecimento e prestígio social e político.

Desde sua fundação, o clube ocupou posição de proeminência em vários momentos importantes da história do país. Organizou eventos de grande vulto, entre os quais o 1º Congresso Nacional de Estadas de Ferro,50 em 1882, e a 1ª Exposição

dos Caminhos de Ferro Brasileiros, 51 em 1887. Participou da Campanha

Abolicionista, através de seus sócios André Rebouças e Paulo de Frontin; do 1º

48 O clube teve como fundador e tesoureiro por trinta e nove anos Conrado Jacob Niemeyer, sendo

seu primeiro presidente João Martins da Silva Coutinho. Funcionou nos primeiros anos num espaço cedido por Niemeyer no sobrado de sua firma comercial, a Papelaria Niemeyer, na Rua da Alfândega, nº 6, até a mudança para um novo endereço, na Rua do Ouvidor, nº 26. Em 1904, na gestão do presidente André Gustavo Paulo de Frontin, adquiriu um terreno na esquina da Av. Central (atual Av. Rio Branco) com a Rua Sete de Setembro, aonde viria, em 1946, na presidência de Edison Junqueira Passos, instalar sua sede definitiva. (CLUBE DE ENGENHARIA, 2010).

49 Entre esses merecem ser citados Francisco Pereira Passos, Luiz Raphael Vieira Souto, André

Rebouças, Alfredo Lisboa, Alfredo d’Escragnolle Taunay, Pedro Betim Paes Leme, Antonio Augusto Fernandes Pinheiro, Antonio Paulo de Mello Barreto, Eduardo Kingelhoefer, Henrique Hargreaves e Jorge Rademaker Grunewald, além do próprio Paulo de Frontin. Este último, considerado um dos mais importantes engenheiros que o Brasil já conheceu, veio a dirigir a entidade por trinta anos (1903 a 1933), sendo a ele concedido o singular título de Presidente Perpétuo do mesmo.

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Sabidamente um entusiasta dos eventos de natureza técnico-científica consta que o Imperador D. Pedro II teria participado de todas as treze sessões do referido congresso. (CLUBE DE ENGENHARIA, 2010).

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Esse evento teria sido aberto em 02 de julho daquele ano, em solenidade presidida pelo então dirigente do clube Antonio Paulo de Mello Barreto, na presença da Princesa Regente D. Isabel. (CLUBE DE ENGENHARIA, 2010).

Congresso de Engenharia e Indústria52 em comemoração aos quatrocentos anos do

descobrimento do Brasil, em 1900; e da reforma urbana promovida pelo prefeito Pereira Passos, entre 1902 e 1906. (TELLES, 1993). Sediou a Liga Brasileira pelos Aliados da Primeira Guerra, entre 1914 e 1918, e o Centro Permanente de Coordenação de Atividades Técnicas de apoio à participação na Segunda Guerra, em 1942. Além disso, participou da realização de projetos e obras importantes como os Códigos de Águas, de Minas e de Carvão Nacional, além da Carta Geográfica Brasileira de 1922. Organizou também, em 1925, uma palestra proferida por Albert Einstein, que na ocasião recebeu o título de Sócio Honorário da entidade.

Nessas circunstâncias, e após meio século de existência, o clube viria a exercer uma liderança natural na construção de uma estrutura regulatória para as profissões tecnológicas no país e a participar ativa e decisivamente do processo que resultou no Decreto nº 23.569/33, que instituiu a regulamentação profissional da engenharia, da arquitetura e da agrimensura no Brasil, bem como de sua evolução ao longo das décadas seguintes.53

Outra entidade a merecer particular referência é o Instituto de Engenharia de São Paulo. A fundação da entidade teria sido consequência da ação de muitos dos profissionais paulistas mais influentes da época, que consideravam necessário organizar as profissões tecnológicas, as quais, desde as últimas décadas do século XIX, vinham se submetendo a um processo que combinava importantes avanços e grandes mudanças. Isto se tornou possível a partir do desenvolvimento da cultura cafeeira que propiciou a formação de poupanças, que por sua vez foram aplicadas principalmente num parque industrial incipiente, porém pujante, e no setor imobiliário. Nessas circunstâncias, fez-se necessária a presença de um corpo

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Esse congresso, realizado na gestão de Gabriel Ozório de Almeida, foi aberto em 24 de dezembro de 1900, na presença do Presidente da República Campos Salles, tendo como temas principais a Viação Geral e a Viação Sul-Americana, o Saneamento da Capital Federal e a Situação de Desenvolvimento da Indústria Nacional. (CLUBE DE ENGENHARIA, 2010).

53Durante as quatro décadas em que coexistiram, o Instituto Polytechnico e o Clube de Engenharia

sempre estiveram muito ligados, compartilhando não somente muitos de seus objetivos e bandeiras de luta, mas também muitos de seus membros. Com o encerramento das atividades do instituto, suas funções acabaram sendo naturalmente absorvidas em parte pelo clube, sobretudo aquelas relacionadas ao desenvolvimento da engenharia e da indústria nacional e ao aperfeiçoamento dos profissionais, organizando, neste propósito, diversos congressos, os quais tratavam de temas tão amplos e variados como planejamento energético, industrial, de transportes e de comunicação, além de ensino técnico e profissional. Teve ainda entre seus sócios os principais responsáveis pela criação, em 07 de dezembro de 1935, da Federação Brasileira de Associações de Engenheiros – Febrae – sob a liderança de Francisco Saturnino de Brito Filho, um de seus membros mais ativos. (CLUBE DE ENGENHARIA, 2010).

técnico mais qualificado e numeroso do que o que havia então disponível, formado nas poucas escolas de engenharia nacionais ou no exterior.

Assim, estavam colocadas as condições para a expansão do sistema de ensino acadêmico, de um lado, e para a subdivisão da engenharia por especialidades, do outro, pondo fim em definitivo à era do engenheiro generalista, ou “engenheiro enciclopedista”, como este era mais conhecido. Como já foi dito, desde o início do Oitocentos, já estava em curso uma crescente diferenciação entre a formação do arquiteto e a do engenheiro. Por outro lado, a partir do último quartel desta centúria a atividade que era chamada genericamente de engenharia viria a se ramificar em civil, mecânica, elétrica, de minas, metalúrgica e química, entre outras. A engenharia civil, por seu turno, sofreria desdobramentos em especialidades como engenharia ferroviária, portuária, sanitária, estrutural, urbanística etc. Consolidavam- se, desta forma, os meios para o desenvolvimento profissional e impunha-se a necessidade de organizar as profissões.

Foi esse o cenário em que se deu a fundação do referido instituto paulista, algo como uma resposta aos anseios daqueles pioneiros da organização profissional e como consequência das muitas reuniões havidas desde a década anterior nas instalações da Escola Politécnica de São Paulo, que a essa altura já rivalizava com sua congênere carioca a condição de maior e mais importante escola de engenharia o país. Assim, em 13 de outubro de 1916, no Anfiteatro de Química daquela escola, reuniu-se um grupo de sessenta engenheiros sob a liderança do então diretor Antonio Francisco de Paula Souza, para dar o passo inicial de criação da entidade. (TELLES, 1993). Naquela ocasião foi formada uma diretoria provisória, constituída por um presidente, o acima citado Prof. Paula Souza, que ocuparia esse cargo até sua morte, em abril do ano seguinte, além de três membros, os engenheiros Francisco Pereira Macambira, João Pedro da Veiga Miranda e Rodolpho Batista de S. Tiago. Ficou também decidido que, no ano seguinte, seria realizada uma Assembléia Geral dos sócios para a eleição de uma diretoria efetiva e a definitiva instalação da nova entidade e, em cumprimento ao que fora estabelecido naquela reunião inaugural, em 15 de fevereiro de 1917 o instituto foi formalmente instalado.54

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Sua sede foi inicialmente localizada no Largo da Sé, nº 03, na capital paulista e, nas décadas seguintes mudou várias vezes de endereço, até que, desde 1982 a sede da entidade está localizada na Av. Dante Pazzanese, nº 120, Vila Mariana, São Paulo, havendo ainda uma Sede de Campo às

O primeiro presidente eleito foi o engenheiro-arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo, que comandou o instituto por dois mandatos consecutivos, de 1917 a 1920. Naquela reunião primeira, foi também aprovado o estatuto da entidade, o qual definia como objetivos principais “[...] estreitar os laços entre os profissionais da engenharia e a cooperação profissional e atuar em defesa dos interesses da classe e do bem público em geral”. (INSTITUTO DE ENGENHARIA, 2010). Em outubro daquele ano já se contavam duzentos e oitenta e sete sócios inscritos.

Desde os seus primeiros tempos, o Instituto de Engenharia incluía nos seus quadros nomes de peso no cenário paulista e nacional, dos quais merecem ser referenciados Alexandre Albuquerque, Álvaro Pereira de Souza Lima, Arthur Sabóia, Bruno Simões Magro, Francisco da Fonseca Telles, João Pedro da Veiga Miranda, Jorge Krug, Mário Whataly e Victor Dubugras, além de Affonso de E. Taunay, Augusto Carlos da Silva Telles, Francisco Paes Leme de Monlevade e Roberto Simonsen, entre outros. Muitos eram ligados à área acadêmica, outros ao mundo empresarial ou à administração pública e, por seu intermédio, o instituto soube manter canais de interlocução com os diversos setores da sociedade e com o governo. Teve, portanto, desde a sua fundação, participação ativa nos assuntos relativos à engenharia, à arquitetura e a outros grandes temas nacionais. (TELLES, 1993).55

margens da Represa Billings, onde oferece itens de lazer aos associados. (INSTITUTO DE ENGENHARIA, 2010).

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Em 1917, quando o presidente do Estado de São Paulo, Washington Luís, solicitou que o instituto constituísse uma comissão para estudar o novo Código de Obras da capital, consta que o resultado agradou tanto, que vários prefeitos do interior o aproveitaram como referência para os seus municípios. (INSTITUTO DE ENGENHARIA, 2010). Nesse mesmo ano emprestou apoio à entrada do Brasil na 1ª Guerra Mundial, se inscrevendo na Liga Nacionalista de São Paulo. Promoveu, em 1926, uma Exposição de Obras de Engenharia do Estado de São Paulo; organizou, em 1929, as Divisões Técnicas do instituto para o estudo e debate sobre áreas especializadas da engenharia, sendo elas a Divisão de Urbanismo, a cargo do engenheiro Luiz de Anhaia Mello, a de Arquitetura sob responsabilidade do engenheiro-arquiteto e civil Alexandre Albuquerque, e a de Estradas de Ferro, comandada pelo engenheiro Theóphilo de Souza. Rebelou-se contra o cerceamento dos direitos individuais no período Vargas, enviando um manifesto ao chefe do Governo Provisório, solicitando a convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte e, do mesmo modo, apoiou o movimento revolucionário paulista de 1932, quando se transformou no quartel-general da Comissão Inspetora das Delegacias Técnicas, “[...] que coordenava todos os trabalhos de engenharia tanto nas frentes de luta como na retaguarda e na mobilização industrial para a fabricação de material bélico.” (TELLES, 1993, p. 690). Nos anos seguintes, o instituto soube preservar seu protagonismo na cena brasileira, se utilizando para esse propósito de importantes meios de comunicação, entre os quais se destacavam a Revista Engenharia e o Jornal do Instituto de Engenharia, além da TV Engenharia e de uma Biblioteca Virtual, uma eficiente extensão da própria biblioteca física da entidade. Sintomático de um período em que ainda não se tinha clara e objetivamente definida uma linha divisória entre o campo de atuação do arquiteto e o do engenheiro civil, nota-se que os primeiros não somente compunham o quadro societário do instituto em pauta, mas até mesmo um deles, o engenheiro-

Poucos anos após a sua fundação, o instituto já se afirmava como a principal entidade representativa dos engenheiros paulistas, provocando a adesão em massa da maioria dos seus principais nomes – aí incluídos os engenheiros- arquitetos, que eram então considerados engenheiros da “especialidade” arquitetura – e sendo considerada uma das mais importantes e atuantes agremiações profissionais de todo o país, situação que se manteve ao longo de quase um século. Teve ainda, ao lado do Clube de Engenharia do Rio de Janeiro, do Instituto Central