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A Instrução Normativa MMA n. 2/2009 estabelece a metodologia para a classificação do grau de relevância das cavidades naturais subterrâneas, visando a auxiliar o licenciamento ambiental de obra, atividade ou empreendimento que possa causar impactos ao patrimônio espeleológico, complementando, assim, o Decreto n. 6.640/2008, com o seguinte conteúdo384:

- propõe um método de classificação não matemático;

- define todos os termos técnicos utilizados (anexos I e II da IN MMA n. 2); - define o enfoque local e regional;

- prevê um período de dois anos para aplicação e revisão do ato normativo; - exige um estudo aprofundado da caverna por equipe multidisciplinar;

- reforça a exigência contida no decreto de que as cavidades-testemunhos devem possuir atributos similares àquelas suprimidas e devem ser mantidas em caráter permanente, intactas e protegidas;

- cria um comitê consultivo que será coordenado pelo ICMBio para fins de acompanhamento e avaliação do ato normativo.

A instrução normativa em comento também estabelece o método para avaliação do grau de relevância de cavernas no âmbito dos processos de licenciamento ambiental. A relevância é determinada a partir da avaliação do nível de importância de quarenta e cinco atributos que devem ser estudados para fins de determinação do grau de relevância da cavidade – biológicos, físicos e culturais a

384 CENTRO NACIONAL DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO DE CAVERNAS. Grau de relevância.

(Critérios de relevância. IN – 2/09/MMA). Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/cecav/cavidades- naturais-subterraneas/grau-de-relevancia.html>. Acesso em: 8 jul. 2014.

ela associados –, examinados sob os enfoques local e regional, valendo lembrar que nove atributos são identificados ou avaliados com base em critérios subjetivos, não mensuráveis.385

Com a definição desses atributos, busca-se reconhecer situações de notoriedade, singularidade, expressividade, representatividade e significância, que traduzam valores ecológicos, científicos e culturais a serem preservados ou compensados. O tratamento não sistêmico dos atributos, eventuais incertezas, subjetividade, arbitrariedade e precariedade temporal dos estudos são alguns dos problemas detectados, que prejudicam a caracterização do ambiente e distorcem os valores apresentados. Princípios do processo de licenciamento como viabilidade, exatidão e veracidade dos estudos, potencialização de alternativas, delimitação precisa dos elementos sob risco e decisões seguras ficam comprometidos com os critérios da IN MMA n. 2/2009.386

Por outro lado, a IN MMA n. 2/2009 não é harmônica com o Decreto n. 6.640/2008, pois apresenta conceitos discrepantes. De fato, a instrução normativa apresenta definições distintas das consignadas no decreto, especificamente os conceitos de “Unidade Geomorfológica” e “Unidade Espeleológica”. Na IN MMA n. 2/2009, esses conceitos dizem respeito aos enfoques local e regional, respectivamente.

Os termos “Unidade Geomorfológica” e “Unidade Espeleológica” são definidos no Decreto n. 6.640/2008 (art. 2º, § 2º) como:

- enfoque local: (unidade geomorfológica) unidade espacial que engloba a cavidade e sua área de influência.

- enfoque regional: (unidade espeleológica) unidade espacial que engloba no mínimo um grupo ou formação geológica e suas relações com o ambiente onde se insere.

A IN MMA n. 2/2009 assim define os mencionados enfoques:

385 BERBERT-BORN, Mylène. Instrução Normativa MMA 2/09 – Método de classificação do grau de

relevância de cavernas aplicado ao licenciamento ambiental: uma prática possível? Espeleo-Tema. Revista Brasileira dedicada ao estudo de cavernas e carste. Campinas, SP, Sociedade Brasileira de Espeleologia, v. 21, n. 1, 2010. p. 94. Disponível em: <http://www.cavernas.org.br/espeleo- tema/espeleo-tema_v21_n1.pdf>. Acesso em: 14 jul. 2014.

386 BERBERT-BORN, Mylène. Instrução Normativa MMA 2/09 – Método de classificação do grau de

relevância de cavernas aplicado ao licenciamento ambiental: uma prática possível? Espeleo-Tema. Revista Brasileira dedicada ao estudo de cavernas e carste. Campinas, SP, Sociedade Brasileira de Espeleologia, v. 21, n. 1, 2010. p. 67. Disponível em: <http://www.cavernas.org.br/espeleo- tema/espeleo-tema_v21_n1.pdf>. Acesso em: 14 jul. 2014.

- enfoque local (unidade geomorfológica): unidade que apresente continuidade espacial, podendo abranger feições como serras, morrotes ou sistema cárstico, o que for mais restritivo em termos de área, desde que contemplada a área de influência da cavidade;

- enfoque regional (unidade espeleológica): área com homogeneidade fisiográfica, geralmente associada à ocorrência de rochas solúveis, que pode congregar diversas formas do relevo cárstico e pseudocárstico, como dolinas, sumidouros, ressurgências, vales cegos, lapiás e cavernas, delimitada por um conjunto de fatores ambientais específicos para a sua formação.

A IN MMA n. 2/2009 não adota o tratamento sistêmico indispensável à avaliação dos sistemas cársticos. O método está “maquiado” em algumas terminologias utilizadas. Ademais, prescinde de caracterização geoambiental e espeleológica prévia em âmbito regional, deixando de tratar o território quanto a fragilidades e restrições que requerem um devido ordenamento. Esse ordenamento prévio pouparia investimentos financeiros de empreendimentos ambientalmente inviáveis.387 No caso de espécies novas, não há qualquer exigência de que estejam identificadas e conservadas em cavidade-testemunho. Pelo contrário, a IN MMA n. 2/2009, no art. 19, parágrafo único, consigna que: “são vedados impactos negativos irreversíveis em cavidades que apresentem ocorrência de táxons novos até que seja realizada a sua descrição científica formal”. Ou seja, descrita a espécie, ela poderá ser condenada a uma possível extinção; se for nova, nada garante que será encontrada em outros locais.388

Segundo Ganem, a IN MMA n. 2/2009 autoriza, com fundamento no Decreto n. 6.640/2008, a destruição das cavidades onde tenham sido encontrados registros paleontológicos e de estruturas geológicas de interesse científico. Nesse caso, há perda irreversível de sítios de interesse para a ciência, pois a compensação não evitará a perda de informações científicas contidas nas cavernas destruídas.389

387 BERBERT-BORN, Mylène. Instrução Normativa MMA 2/09

– Método de classificação do grau de relevância de cavernas aplicado ao licenciamento ambiental: uma prática possível? Espeleo-Tema. Revista Brasileira dedicada ao estudo de cavernas e carste. Campinas, SP, Sociedade Brasileira de Espeleologia, v. 21, n. 1, 2010. p. 100. Disponível em: <http://www.cavernas.org.br/espeleo- tema/espeleo-tema_v21_n1.pdf>. Acesso em: 14 jul. 2014.

388 GANEM, Roseli Senna. As cavidades naturais subterrâneas e o Decreto nº 6.640/2008. Brasília,

DF. Biblioteca Digital da Câmara dos Deputados, 2009. p. 26. Disponível em: <http://bd.camara.gov.br/bd/handle/bdcamara/2522>. Acesso em: 17 jun. 2015.

389 GANEM, Roseli Senna. As cavidades naturais subterrâneas e o Decreto nº 6.640/2008. Brasília,

DF. Biblioteca Digital da Câmara dos Deputados, 2009. p. 26. Disponível em: <http://bd.camara.gov.br/bd/handle/bdcamara/2522>. Acesso em: 17 jun. 2015.

Muitos elementos ambientais de acentuada importância podem ser subestimados e mesmo relegados pela IN MMA n. 2/2009 e isso significa que elementos fundamentais podem passar ao largo dos critérios da IN MMA n. 2/2009 e não serem adequadamente considerados no momento do licenciamento ambiental. Por outro lado, não se pode dizer que o método adequado superestime ou supervalorize atributos. Pelo contrário, os critérios que levam ao enquadramento dos atributos de acentuada importância territorial (qualificadores de alta relevância) abarcam apenas um rol de qualificadores para a classificação da relevância das cavidades, que se destaca em significância ecológica, científica ou cultural. Nesses critérios incluem-se termos como: função importante, alta riqueza, alta abundância, alta diversidade, alta influência, singularidade, elementos especiais, raridade, excepcionalidade, altos padrões, presença significativa, configuração notável, grande abrangência, interesse científico, reconhecimento do valor. Para alcançar status de importância acentuada, alguns desses atributos estão adicionalmente condicionados a um estado de particular expressividade, abundância ou valor secundário agregado: não basta que uma estrutura espeleogenética seja rara, também é preciso que se manifeste de modo significativo; a água, princípio de toda fenomenologia cárstica, só é elemento de importância territorial caso exerça influência acentuada e permanente sobre atributos considerados fundamentais; e assim prossegue o método em sua filosofia mecanicista.390

A inconstitucionalidade do Decreto n. 6.640/2008 fica mais evidente nas disposições do art. 5º, ao delegar ao Ministério do Meio Ambiente competência para estabelecer os parâmetros para a classificação das cavernas. Parte substancial das normas que nortearão a conservação das cavernas será disciplinada por meio de um ato administrativo391, a exemplo também da IN ICMBio n. 30/2012.

Uma análise dos anexos I e III da IN MMA n. 2/2009 bem demonstra a complexidade da matéria veiculada, conforme se reproduz nos quadros 8, 9 e 10 seguintes.

390 BERBERT-BORN, Mylène. Instrução Normativa MMA 2/09 – Método de classificação do grau de

relevância de cavernas aplicado ao licenciamento ambiental: uma prática possível? Espeleo-Tema. Revista Brasileira dedicada ao estudo de cavernas e carste. Campinas, SP, Sociedade Brasileira de Espeleologia, v. 21, n. 1, 2010. p. 95. Disponível em: <http://www.cavernas.org.br/espeleo- tema/espeleo-tema_v21_n1.pdf>. Acesso em: 14 jul. 2014.

391 GANEM, Roseli Senna. As cavidades naturais subterrâneas e o Decreto nº 6.640/2008.

Consultoria Legislativa. Brasília, DF. Câmara dos Deputados. Outubro 2009. p. 27. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/documentos-e-pesquisa/publicacoes/estnottec/areas-da-

Quadro 8 – Atributos e respectivos conceitos considerados na classificação do grau de relevância máximo das cavidades naturais subterrâneas

Atributo considerado para classificação de grau de relevância

máximo

Conceito Variável

Gênese única ou rara

Cavidade que, no universo de seu entorno (escala local ou regional) e litologia apresente algum diferencial, com relação ao seu processo de formação e dinâmica evolutiva.

Presença

Ausência

Morfologia única

Cavidade que, no universo de seu entorno (escala local ou regional) e sua litologia apresente algum diferencial em relação à forma, organização espacial das galerias e/ou feições morfológicas internas (espeleogens), considerando o todo ou parte da cavidade.

Presença Ausência Dimensões notáveis em extensão, área e/ou volume

Cavidade que apresente em sua totalidade ou em parte dela, grande extensão (horizontal ou vertical), área ou volume relativo ao enfoque local ou regional.

Presença

Ausência

Espeleotemas únicos

Cavidade que apresente espeleotemas, individualmente ou em conjunto, pouco comuns ou excepcionais, em tamanho, mineralogia, tipologia, beleza ou profusão, especialmente se considerados frente à litologia dominante da cavidade ou sob os enfoques territoriais considerados (local ou regional). Presença Ausência Isolamento geográfico

Cavidade inserida em ambiente onde não se tem registro de outras ocorrências ou remanescente de áreas degradadas, sob enfoque regional.

Presença

Ausência

(continuação)

Abrigo essencial para a preservação de populações geneticamente viáveis de espécies animais em risco de extinção, constantes de listas oficiais.

Cavidade que compreenda um abrigo, ou parte importante do habitat de espécies constantes de lista oficial, nacional ou do estado de localização da cavidade, de espécies ameaçadas de extinção.

Presença Ausência

Hábitat para a preservação de populações geneticamente viáveis de espécies de troglóbios endêmicos ou relictos.

Presença de espécie troglóbia com distribuição geográfica restrita (troglóbio endêmico). Presença de espécie troglóbia sem registro de parentes epígeos próximos (relicto filogenético), ou ainda, cujos parentes epígeos mais próximos se encontram em uma região geográfica distinta (relicto geográfico).

Presença Ausência

Habitat de troglóbio raro Presença de espécie troglóbia que apresente número reduzido de indivíduos, ou de distribuição geográfica restrita.

Presença Ausência Interações ecológicas únicas Ocorrência de interações ecológicas duradouras raras

ou incomuns, incluindo interações tróficas, considerando-se o contexto ecológico-evolutivo.

Presença Ausência Cavidade testemunho Cavidade testemunho de processos ambientais ou

paleoambientais expressivos ou cavidade com grau de relevância alto apontada como salvo conduto para liberação de impactos a outra cavidade.

Presença Ausência

Destacada relevância histórico-cultural ou religiosa

Cavidades que apresentam testemunho de interesse arqueológico da cultura paleoameríndia do Brasil, tais como: inscrições rupestres, poços sepulcrais, jazigos, aterrados, estearias, locais de pouso prolongado, indícios de presença humana através de cultos e quaisquer outras não especificadas aqui, mas de significado idêntico a juízo da autoridade competente.

Presença Ausência

Fonte: IN MMA n. 2/2009 – Tabela I do Anexo I392

392 BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Instrução Normativa n. 2, de 20 de agosto de 2009.

Disponível em:

<http://www.icmbio.gov.br/cecav/images/download/IN%2002_MMA_criterios_210809.pdf>. Acesso em: 17 nov. 2015.

Quadro 9 – Atributos e respectivos conceitos a serem considerados na classificação do grau de relevância das cavidades naturais subterrâneas entre: alto, médio e baixo

Atributo considerado para classificação do grau de relevância das cavidades Conceito Variável Localidade tipo

Caverna citada como local geográfico de onde foram coletados os exemplares tipo utilizados na descrição de determinada espécie ou táxon superior.

Presença Ausência Espécies com

função ecológica importante

Presença de populações estabelecidas de espécies com função ecológica importante (polinizadores, dispersores de sementes e morcegos insetívoros) que possuam relação significativa com a cavidade.

Presença Ausência

População

residente de quirópteros

Conjunto de indivíduos pertencentes a mesma espécie , cuja presença contínua na cavidade seja observada por um período mínimo de um mês, caracterizando a inter-relação com o ecossistema cavernícola para a sua sobrevivência.

Presença Ausência

Local de nidificação

de aves silvestres Utilização da cavidade por aves silvestres como local de nidificação.

Constatação de uso Uso não constatado Diversidade de substratos orgânicos

Substratos potenciais ao estabelecimento de fauna cavernícola, incluindo os ambientes aquático e terrestre (avaliação qualitativa dos substratos). Devem ser considerados 7 tipos diferentes de substrato: - Guano (morcegos, aves, insetos)- Material vegetal- Detritos- Raízes- Carcaças- Fezes de vertebrados não voadores- Bolotas de regurgitação.

Alta

Baixa

Táxons novos Ocorrência de animais pertencentes a táxons ainda não descritos formalmente. Presença Ausência

Riqueza de

espécies Estimativa do número de espécies presentes na caverna. Alta Média Baixa

Abundância relativa de espécies

Estimativa da quantidade de indivíduos de cada espécie, considerando vertebrados e os invertebrados cujos adultos possuam tamanho corporal igual ou superior a 1 cm. Alta (30% ou mais das espécies apresentam abundância alta) Média (de 10% a 20% das espécies apresentam abundância alta) Baixa (menos de 10% das espécies apresentam abundância alta)

(continuação)

Composição singular da fauna

Ocorrência de populações estabelecidas de espécies de grupos pouco comuns ao ambiente cavernícola.

Presença Ausência

Troglóbios Animais de ocorrência restrita ao ambiente subterrâneo.

Presença de espécies não consideradas raras, endêmicas ou relictas Ausência Espécies troglomórficas

Ocorrência de animais cujas características morfológicas revelem especialização decorrente do isolamento no ambiente subterrâneo.

Presença Ausência Trogloxeno

obrigatório Trogloxeno que precisa necessariamente utilizar a cavidade para completar seu ciclo de vida.

Presença Ausência População

excepcional em tamanho

Conjunto de indivíduos da mesma espécie com número excepcionalmente grande de indivíduos.

Presença Ausência

Espécies migratórias Utilização da cavidade por espécies migratórias.

Constatação de uso

Uso não constatado

Singularidade dos elementos faunísticos da cavidade sob enfoque local

Especificidade ou endemismo dos elementos bióticos identificados na cavidade, se comparados àqueles também encontrados no enfoque local.

Presença Ausência Singularidade dos elementos faunísticos da cavidade sob enfoque regional

Especificidade apresentada pelos elementos bióticos identificados na cavidade, se comparadas aquelas também encontradas nas cavidades na mesma unidade espeleológica.

Presença Ausência

Espécie rara

Ocorrência de organismos representantes de espécies cavernícolas não-troglóbias com distribuição geográfica restrita e pouco abundante.

Presença Ausência

Projeção horizontal

Soma da projeção horizontal dos eixos de desenvolvimento da cavidade e classificação do resultado em relação à média (µ) [considerando o desvio padrão (ó) do conjunto de dados] observada nas cavidades que se distribuem na mesma unidade espeleológica.

Alta (>µ + ó) Média [intervalo entre (µ - ó) e (µ+ ó)] Baixa

(continuação)

Desnível

Diferença entre a cota do piso mais alta e a mais baixa da cavidade comparada com a média dos desníveis das cavidades que se distribuem na mesma unidade espeleológica.

Alto (> µ) Baixo (= µ)

Área da projeção horizontal da caverna

Comparação, em superfície, da área calculada da cavidade em relação às áreas calculadas ou estimadas de outras cavidades [considerando a média (µ) e o desvio padrão (ó) do conjunto de dados] que se distribuem na mesma unidade espeleológica.

Alta (> µ + ó)

Média [intervalo entre (µ - ó) e (µ + ó)]

Baixa (< µ ? ó)

Volume

Comparação do volume da cavidade sob análise em relação aos volumes calculados ou estimados de outras cavidades [considerando a média (µ) e o desvio padrão (ó) do conjunto de dados] que se distribuem na mesma unidade espeleológica.

Alto (> µ + ó)

Médio [intervalo entre ( µ-ó) e ( µ + ó)]

Baixo (< µ ? ó)

Estruturas

espelogenéticas

Estruturas na rocha herdadas do processo de formação da cavidade (ex. scallops, bell holes, marmitas, meandros de teto, anastomoses pendentes, meios tubos, box work e assemelhados), padrões morfológicos ou seções geométricas, sob enfoque regional.

Presença significativa de estruturas espeleogenéticas raras Presença de estruturas espeleogenéticas raras Estruturas espeleogenéticas sem destaque ou ausentes Estruturas geológicas de interesse científico

Estrutura na rocha matriz de importância científica (ex. contatos, tectonismo, mineralogia).

Presença Ausência Água de percolação

ou condensação

Infiltração de água através de poros, diáclases, falhas, ou umidade existente na atmosfera da caverna sob a forma condensada e sua influência sobre o sistema hídrico e biótico.

Presença significativa Não significativa ou ausente

Lago ou drenagem subterrânea

Corpo ou curso d'água, perene ou intermitente, presente na cavidade. Sua relação (influência e/ou contribuição) com a dinâmica hídrica e biológica, local e regional.

Perene Intermitente e significativa para o sistema hidrológico ou biológico Intermitente e significativa para a cavidade Não significativo ou ausente

(continuação)

Diversidade da sedimentação química

Complexidade da deposição secundária de minerais presentes em solução em relação aos tipos de espeleotemas (diversidade genética, morfológica e mineral) e processos (água estagnada, circulante ou de exsudação, etc.).

Muitos tipos de espeleotemas e processos de deposição Muitos tipos de espeleotemas ou processos de deposição Poucos tipos e processos Ausência de tipos e processos Configuração dos

espeleotemas Aspecto, maturidade ou abundância dos depósitos minerais secundários.

Notável

Pouco significativo

Sedimentação clástica ou química

Interesse/importância científica ou didática (biológica, climática, paleoclimática, antropológica, paleontologia) da deposição de fragmentos desagregados de rochas, solos e outros acúmulos sedimentares, inclusive orgânicos, de tamanhos diversos, associada à dinâmica hidrológica, morfológica, ou da deposição secundária de minerais presentes em solução.

Presença com valor científico

Presença sem valor científico ou ausência

Registros

paleontológicos Fósseis de animais e vegetais (restos, vestígios).

Presença Ausência Influência sobre o

sistema cárstico.

Influência da cavidade sobre as demais estruturas e funções do sistema cárstico, inclusive sua importância para a manutenção da estabilidade estrutural do sistema (ex.: subsidências).

Alta Baixa Inter-relação da cavidade com alguma de relevância máxima

Sobreposição de áreas de influência.

Presença Ausência

Reconhecimento do Valor estético/cênico

Reconhecimento do valor paisagístico atribuído à cavidade (paisagem subterrânea ou superficial).

Nacional/Mundial Regional Local Sem reconhecimento

(continuação)

Uso educacional, recreativo ou esportivo.

Ocorrência de visitação por grupo de usuários com interesse específico à investigação ou exploração espeleológica, recreação ou esporte.

Constante, periódico ou sistemático

Esporádico, casual Sem utilização

Visitação Pública Visitação de interesse difuso.

Com Plano de Manejo (aprovado ou em elaboração) Periódica ou sistemática Esporádico ou casual Sem utilização

Fonte: IN MMA n. 2/2009 – Tabela II do Anexo I393

Quadro 10 – Chave de classificação do grau de relevância de cavidades naturais subterrâneas

Fonte: IN MMA n. 2/2009 – Anexo III394

393 BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Instrução Normativa n. 2, de 20 de agosto de 2009.

Disponível em:

<http://www.icmbio.gov.br/cecav/images/download/IN%2002_MMA_criterios_210809.pdf>. Acesso em: 17 nov. 2015.

394 BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Instrução Normativa n. 2, de 20 de agosto de 2009.

Disponível em:

<http://www.icmbio.gov.br/cecav/images/download/IN%2002_MMA_criterios_210809.pdf>. Acesso em: 17 nov. 2015.

Elementos qualificados como “raros”, “singulares”, “excepcionais”, “de interesse específico”, evidentemente, não são encontrados com frequência; muitos destes atributos dificilmente se replicarão no território examinado, dada a sua própria condição. Desta forma, é difícil localizar ocorrências similares de cavernas na área do empreendimento a fim de “compensar”395 a sua perda. Significa dizer que as

cavidades naturais não se replicam; sua perda será uma pena muito alta. O problema se agrava porque há alternativas de compensação que não garantem, necessariamente, a conservação de testemunhos dos atributos perdidos.396

Uma compreensão adequada das cavidades naturais demanda conhecimento específico e isto implica perceber e dar o devido valor a inúmeros aspectos: seus ritmos, seus ciclos, seus equilíbrios, sua capacidade funcional ecológica; suas faculdades de regeneração, seus potenciais de reconstituição dos próprios recursos, seus limiares críticos de irreversibilidade e suas relações com o seu entorno.397

A Instrução Normativa MMA n. 2/2009 não contemplou nenhum desses