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3 APRENDIZADO E DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS

4.2 Procedimentos de coleta

4.2.1 Levantamento: lições aprendidas pelo gestor brasileiro no exterior

4.2.1.2 Instrumento de pesquisa

A partir da revisão de literatura e da pesquisa desenvolvida por McCall e Hollenbeck (2003), optou-se pela estrutação de um questionário dividido em quatro partes. Na primeira, foram elaboradas perguntas que objetivaram traçar um perfil demográfico dos pesquisados, com propósito descritivo e também para que fosse possível a realização de análises comparativas relativas às respostas da segunda parte, baseada na pesquisa de McCall e Hollenbeck (2003), cujas 27 lições foram apresentadas no Quadro 6. Nesta etapa, optou-se pelo desenvolvimento das perguntas dentro de uma escala nominal, definida por Hair Junior e outros (2005) como aquela que “usa números como rótulos para identificar e classificar objetos, indivíduos ou eventos” (p. 181).

Na segunda parte do questionário, optou-se pela utilização de uma escala métrica de classificação somada (Lickert), estruturada em categorias ordenadas, com o propósito de identificar qual o grau de dificuldade enfrentado pelos entrevistados em relação a 22 das 27 lições identificadas por McCall e Hollenbeck (2003). As lições passaram a compor os conceitos ou variáveis da pesquisa. Foram incluídos os tópicos referentes aos seguintes aprendizados: (1) lidar com questões culturais; (2) conduzir um negócio; (3) liderar e gerir outras pessoas; (4) lidar com relacionamentos problemáticos. Optou-se por utilizar uma escala graduada em cinco níveis, indo de Muita Dificuldade até Nenhuma Dificuldade. Foi também inserida a opção Não se Aplica, para casos que não pudessem ser mensurados pelo entrevistado. A opção pela escala Lickert foi devido ao fato de que a amplitude das respostas permite apresentar informações mais precisas da opinião do respondente em relação a cada afirmação (COOPER e SCHINDLER, 2003; HAIR JUNIOR et al., 2005). Vale ressaltar que, por se tratar de um estudo baseado em percepções, os resultados aplicam-se exclusivamente a este grupo e suas opiniões no momento em que preencheram o instrumento de pesquisa.

Na terceira parte do questionário, foram apresentadas nove afirmações acerca de lições relativas ao processo de gestão, que podem ser consideradas tanto no contexto global quanto local. Foi solicitado aos respondentes que indicassem as que consideravam mais difíceis de aprender ou desenvolver, por meio da utilização de uma escala de ordem de ranqueamento, que permite aos respondentes ordenar ou classificar um conjunto de afirmações de acordo com suas opiniões (HAIR JUNIOR et al., 2005). Essa escala permite que os respondentes comparem uma lição com a outra e apontem as que pessoalmente consideraram mais difíceis. As lições avaliadas nesta etapa foram o aprendizado sobre as qualidades pessoais exigidas de

um líder, sobre si mesmo e sobre a carreira. Novamente, por basear-se em percepções, não se pode considerar que os resultados aqui obtidos possam estender-se a todas as pessoas que vivenciam a carreira internacional.

Por fim, a quarta parte foi composta por uma pergunta aberta referente às vantagens e desvantagens do profissional brasileiro em relação aos seus colegas de trabalho no exterior. O questionário completo pode ser consultado no Apêndice A. Após a elaboração, esse questionário passou por um processo de revisão e validação, por meio da consulta a especialistas na formulação de instrumentos de pesquisa, bem como a profissionais brasileiros que trabalham no exterior. Para Selltiz e outros (1967), é importante, nesta fase, buscar conhecer as “reações críticas de pessoas que conhecem os métodos do questionário e o tipo de problema a ser enfrentado” (p. 617).

Nesse sentido, foram empreendidos vários esforços que corroboram o que Selltiz e outros (1967) definiram como discussão com pessoas que acumularam muita experiência prática no campo do estudo, como:

(1) Submissão do instrumento para avaliação de professores do programa de pós-graduação em Administração da Universidade Federal de Uberlândia. Foram sugeridas adequações em algumas questões para tornar a redação mais clara;

(2) Tradução do instrumento para o idioma inglês, com o apoio de brasileiros que vivem no exterior há mais de dez anos, para que fosse possível a avaliação do professor George P. Hollenbeck, um dos autores da pesquisa que serviu de base para a elaboração do instrumento. Psicólogo organizacional, consultor e professor de liderança executiva nos Estados Unidos, ele analisou e aprovou a proposta do estudo, contribuindo com sugestões que levaram a adequações e eliminação de alguns itens no perfil demográfico;

(3) Submissão do questionário ao gestor da comunidade Brazilian Abroad Network Group, James Locke, que avaliou principalmente aspectos semânticos específicos do mundo corporativo no exterior, e sugeriu a inserção de algumas perguntas. O executivo vive desde 1992 nos Estados Unidos, é fundador e presidente da Enosis Global LCC, empresa especializada em desenvolvimento de mercado que oferece consultoria para organizações que queiram entrar em mercados internacionais; e

(4) Submissão do instrumento a dez profissionais brasileiros que atuavam no exterior e se encaixavam no perfil da amostra identificada, embora não participassem da comunidade no Linkedin. Foram selecionados pela pesquisadora por conveniência, uma vez que foram seus colegas de trabalho em uma multinacional.

Após a coleta de sugestões e propostas de melhoria de todas essas fontes, foram feitas adequações que resultaram em mudança de redação, exclusão e inclusão de perguntas e adaptações para que fosse possível fazer uma primeira aplicação do instrumento, que acabou por atingir diferentes propósitos. Ao mesmo tempo em que foi um pré-teste sólido, os resultados obtidos ajudaram a direcionar o tema deste estudo e configurar, após a realização da análise fatorial, o modelo teórico que deu suporte à análise das ementas dos cursos de graduação em Administração brasileiros.