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Intensivo Temático com Renato Ferracini

CAPÍTULO 2: TERRITÓRIOS DA PRÁTICA

2.1 Diários de trabalho: procedimentos diversos e princípios em comum

2.1.3 Intensivo Temático com Renato Ferracini

26 de fevereiro de 2015

My body is the temple of my art. [Isadora Duncan]

Trêmula, mas doce. Descansada.

Depois de um necessário aquecimento isométrico. Trabalhando desde a base dos pés, panturrilhas, joelhos, coxas, abdominais, prancha, em contagens de 1min a cada lado. Então, iniciamos nosso exercício de purificação, com duração de 1 hora.

Ritual xamânico: deitar-se de costas no chão, com as mãos cruzadas sobre o ventre e cotovelos apoiados no chão. Realizar o movimento completo de levantar os cotovelos do chão, alongar os braços para frente, próximos ao corpo, abrir os braços até a linha dos ombros, girar as palmas das mãos para cima, levantar e fechar os braços apontando para o céu, girar as palmas das mãos para baixo e descer os braços à posição inicial. Mas o movimento deve ser realizado de forma lenta e contínua com a duração total de 1 hora.

Vim hoje com um pensamento que acompanha o trabalho: fazer com prazer. Entregar-se ao prazer. O prazer em fazer é uma das mais positivas potências que o bailarino pode descobrir. Quando fazemos as coisas com prazer, tudo se torna mais fácil, menos dolorido, mais produtivo. Embora eu reconheça a grande potência da dor e do vazio.

De qualquer modo, nosso exercício não era sobre o prazer. Era uma purificação. Mas, acima de tudo, era um exercício de fluxo também. O Renato colocou muito bem: não se fixem em nada, em nenhum sentimento, nenhum objetivo,

vocês não têm que chegar a lugar nenhum, nada precisa acontecer. Vocês só precisam realizar este movimento em 1 hora. Então, nosso trabalho também era o de

entregar-se para a experiência, viver a experiência, ao mesmo tempo em que a construíamos, a criávamos. Mas há infinitas maneiras de criá-la. Deste modo, procurei mentalizar a purificação, o objetivo de limpeza, abertura de espaços, desintoxicação, esvaziamento. E o fluxo constante, a entrega para a constante transformação, atualização de cada momento presente era a única coisa que precisava ser preservada. Só preservando o fluxo, o sopro, é que se pode purificar. Expulsar a poeira velha e permitir a entrada do novo ar.

E, na verdade, a atenção – a consciência – é a primeira e última coisa que se precisa dizer sobre o exercício. Este estado de percepção, de escuta, que dá suporte à capacidade de criar e recriar cada instante, em um fluxo de constante atualização do momento presente. É só atento que se pode viver uma experiência intensa, em fluxo, em movimento, em constante transformação. Se não estamos atentos, as coisas se transformam (mesmo em nós) e não somos capazes de perceber.

No começo, o silêncio, o peso das mãos e o calor do meu centro me preenchiam, me animavam a partir para a experiência sem medo. Não demorou muito para que o pescoço e os ombros começassem a doer. Concentrar-se, fixar-se, focar-se... a imagem do teto e minha própria auto imagem me mantinham em fluxo, era de firmeza que eu precisava neste momento: trabalho de alinhamento postural para não se machucar e para aumentar a eficiência e a distribuição do esforço no movimento. Por vezes eu tinha que me lembrar do prazer e da purificação, para me afastar de pensamentos ansiosos ou fugidios que me faziam anestesiar, parar de sentir a dor, mas também me distanciavam do momento presente e, por isso, me faziam perder o fluxo. Depois, não demora muito também para a gente parar de sentir. Realmente parece que se sai do corpo, anestesia. É como momento em que se acaba de acordar. A mente já despertou, mas o resto do corpo ainda está em completa anestesia. Entre o sono e a vigília. E então todos estes estados começam a retornar em ciclos.

Depois da pior parte, que é a metade ascendente do movimento, me veio uma alegria boba, pura, uma leveza de espírito, tudo ficou leve, o corpo também. No

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fim, meu corpo não estava exausto, estava, na verdade, descansado. Foi como acordar de uma longa soneca. Vibração no corpo inteiro.

Esse diário é uma preciosidade, diamante bruto. Lembro que esse dia de trabalho foi muito potente e deixou meu pensamento impregnado pela experiência. Eu inicio falando sobre o prazer como uma ferramenta potente, algo capaz de tornar todo o treinamento mais eficaz. Estou certa disso. Para os bailarinos, que lidam com dores corporais quase que constantemente, isso é fundamental. Lembro-me da época em que dançava balé clássico e de como as bailarinas amavam as dores musculares de um bom alongamento. E de vários cursos que já fiz, em que, quando há um movimento muito difícil, é comum os professores indicarem a busca pelo prazer, uma certa qualidade de relaxamento e gozo, para auxiliar a sua execução. Holly costuma chamar bastante a atenção para esse fato em suas aulas quando percebe que há dificuldades e que os bailarinos começam a tensionar o corpo/mente, focando com muita ênfase um determinado detalhe técnico. Ela sorri e diz para simplesmente dançarmos.

Mas há a questão que chama a minha atenção nesse relato: a palavra fluxo, que estou usando constantemente, associada à palavra sopro. Percebo que utilizo muito a ideia de fluxo no sentido de presença, de estar presente, estar em- vida. É interessante pensar a presença do intérprete como fluxo, pois indica uma propriedade de movimento e de transformação. Essa concepção de presença em fluxo parece-me muito apropriada, pois desloca a definição de presença como um dom, talento ou habilidade inata e imutável do intérprete para um estado efêmero de troca que se atinge através de um esforço sutil e delicado, e que, a qualquer momento, pode perder-se novamente. Por isso, é preciso manter sua constante atualização a cada instante, o seu fluxo.

A seguir, eu falo sobre a atenção, a consciência. Um certo estado de corpo/mente que também tem de estar em fluxo. É uma espécie de camada do pensamento, que também é corpo. E quando digo corpo/mente, não quero separar- me em duas entidades distintas, mas entendo que podem ser pensadas como

dimensões complementares do mesmo corpo-em-vida. Entendo este conceito corpo/mente como um corpo em várias camadas que interagem continuamente, co- criando-se; mas, a cada momento, temos a possibilidade de escolher para onde desejamos direcionar o foco dessa atenção. Essas relações complexas entre corpo e consciência podem ser intensificadas no treinamento, como uma forma de amplificar as percepções do bailarino e redimensionar o seu estado de presença durante a atuação. Estado que José Gil descreve como uma espécie de consciência inconsciente.

Se a consciência integra o sistema-corpo, agindo sobre ele age sobre si mesma: é por isso que o movimento dançado age sobre a consciência, suscitando essa “consciência inconsciente” que caracteriza o estado de consciência do bailarino. Trata-se de “liberar o corpo” entregando-o a si próprio: não ao corpo-mecânico nem ao corpo-biológico, mas ao corpo penetrado de consciência, ou seja, o inconsciente do corpo tornado consciência do corpo (e não consciência de si ou consciência reflexiva de um “eu”) (GIL, 2004, p. 24).

27 de fevereiro de 2015

Paradoxo: Aqui e agora ou Presente do presente.

O vazio preenchido. Este foi meu paradoxo hoje. Uma dança da própria presença. Não simplesmente estar no aqui e agora, mas criar a cada momento um novo aqui e um novo agora. O paradoxo é que, para criar não é preciso fazer muito, basta perceber, receber. Este estado de presença, de vida, de criação, em que o fluxo, o sopro, correm continuamente pelo corpo e pelo espaço, a ele se chega com muito esforço, suor e dores em músculos antes dormentes. Mas, uma vez que percebe-se neste estado, a constante re-criação do aqui e agora não leva esforço material, é um outro tipo de esforço, energético, um esforço de abertura, permeabilidade, receptividade. É por isto que eu me senti tão livre e chorei, apesar de “não estar fazendo nada”.

Partimos de um espreguiçar lento, grande, com o corpo todo. Hoje, desde o início eu mantive os olhos abertos e procurei sentir o nervo óptico e o globo ocular realizando todas as ações junto com o resto da musculatura. Tentei espreguiçar também com os olhos. E sempre para fora, sempre projetando o corpo para além dos limites, e o olhar também. Mas deve haver equilíbrio nessa projeção, é preciso ter uma boa base, um bom centro. Para doar energia é preciso gerar a energia e saber manipulá-la. Recebendo do espaço, da Terra, dos outros. O corpo é passagem.

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E fizemos passar densidades e suavidades pelo corpo, manipulamos esta energia transformando-a em movimento. E sempre projetando para fora e buscando ir além dos limites – com prudência para não sofrer. Hoje, nem precisei me lembrar do prazer, ele já me acompanhava. É um pressuposto para entrar no trabalho, um princípio.

Trabalhamos dinamizando os movimentos com o denso e com o suave. E logo em seguida fomos entrando no paradoxo. Potente, capaz de transformar muito a energia, gerando uma nova. Denso por dentro e suave por fora, rápido dentro e lento fora. Na hora de fazer parece impossível, a gente acaba fragmentando o corpo em partes densas e partes suaves. Mas não é isso. É uma energia densa que flui por dentro do corpo e uma energia suave que se projeta para fora, ao espaço e aos outros.

E não existe este negócio de ir à exaustão para parar de pensar. Nem meditando é possível parar de pensar! O grande lance é pensar em movimento, em sensação, em energia. Transformar a energia do pensamento racional em energia de pensamento corpóreo. Percebi isto quando comecei a prestar muita atenção à forma e ao desenho dos meus movimentos – o que pode ser bastante interessante do ponto de vista coreográfico – mas perdi a percepção da sensação, da energia densa e suave. Voltei então para o aqui e agora: o pensamento-ação focado em resolver o paradoxo. Também não funciona exatamente assim. Focar a atenção tão especificamente num só ponto acaba por fragmentar o corpo novamente, bloqueia o fluxo livre e impede a integração do corpo. Escrevendo, agora, acho que naquele momento o meu pensamento também deveria estar denso e suave, tentando encontrar equilíbrio neste paradoxo.

Finalmente paramos os movimentos externos e voltamos a uma postura neutra. O Renato colocou uma música e nos disse para dançar, saltar, correr, girar, fazer tudo aquilo que tínhamos feito há 15min atrás, porém sem sair do lugar, sem mover o corpo. Apenas pelos olhos esta dança poderia fluir para fora e se projetar. Ali, visivelmente “parados” é que foi possível dançar plenamente. O vazio de movimentos, de ações, de matéria foi transformado em preenchimento de imagens, sensações, micro-movimentos e sentimentos. Eu fui tão livre!

Me imaginei dançando, imaginei o tipo de dança que quero fazer. É uma pintura sonora. Quero dançar como quem pinta. E o que eu visualizava eram estes movimentos, esta pintura. Ali eu fui livre, simplesmente dancei, contemplei minha própria dança. Mas eu estava parada! Este é o paradoxo. A energia passa por dentro de nós e é transformada. É preciso receber e doar. O corpo enquanto passagem. O vazio preenchido é um filtro de barro, um vaso. Ele está preenchido por milhares de poros, pequenos espaços vazios onde a água vai preencher e se acomodar.

Mas nós estamos o tempo inteiro fechando nossos poros ou fazendo-os trabalhar demais. No dia-a-dia somos obrigados a nos impor ou nos protegermos. Para dançar quero encontrar o equilíbrio, o estado de porosidade ideal, de permeabilidade dinâmica, de fluxo. Quero reajustar meu organismo. É por isso que os paradoxos são tão bem-vindos neste trabalho, eles vão dando a medida das coisas (ou a desmedida) e assim nós podemos nos ajustar. Hoje, o vazio preenchido foi um vazio de matéria, preenchido por energia. A energia é que deu vida, deu fluxo, deu movimento ao meu “não movimento”.

Esse dia de trabalho foi realmente muito intenso. Trabalhar com paradoxos e com intensões opostas traz grande potência de transformação e

redimensionamento do trabalho. Amplia os limites do que é conhecido e confortável para nós, alargando nossas fronteiras. Nesse relato, fica explícito um dos princípios fundamentais do treinamento do Lume: buscar além dos limites, projetar para fora. O trabalho corporal de oposições (denso/suave, rápido/lento) associado a uma integração e a uma articulação entre as partes do corpo, e a escolha em incluir o globo ocular, como mais uma parte movente – como as pernas e os braços – foi uma investigação que acrescentou complexidade às camadas de atenção. Neste relato, eu coloco uma dificuldade em relação à integração da consciência, do pensamento, com os movimentos, e descrevo a sensação de uma entidade fragmentada em diversas dimensões de corpo/mente que, muitas vezes, não atuam em comunhão. Sobre as dimensões da consciência, José Gil pondera:

Há que se considerar a consciência como um elemento paradoxal: sempre em estreita imbricação com o corpo, ela atravessa os estados de maior intimidade, mistura, osmose mesmo com o corpo; mas pode também dele afastar-se ao ponto de parecer entrar em ruptura, separar-se, abandoná-lo como se de um elemento estrangeiro se tratasse. (GIL, p. 02. Texto “Abrir o corpo”, publicado no livro Corpo, Arte e Clínica, organizado por Tania Mara Galli Fonseca e selda Engelman. Porto Alegre: Ed.UFRGS, 2004).

Desse modo, encontro, nas palavras de Gil, correspondências para essas questões de integração corpo/mente e para a tentativa de encontrar uma harmonia entre os estados paradoxais da consciência do corpo na dança, ao perceber que há “duas espécies de equilíbrio corporal: o puramente mecânico de um sistema físico; e outro que o movimento e a consciência introduzem no corpo. O movimento dançado nasce da colaboração destes dois equilíbrios” (GIL, 2004, p. 17). Portanto, o pensamento corpóreo, denso e suave, que eu chamei de “corpo pensamento”, emerge, neste relato, como mais uma camada da dimensão interna, que dialoga diretamente com as dimensões física, muscular, visível, sensorial.

O pensamento corpóreo, denso e suave, que eu descrevi como “corpo pensamento”, emerge nesse relato como uma camada da dimensão interna, que

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dialoga diretamente com as dimensões física, muscular, visível, sensorial. Ao final, tudo o que dança dentro projeta-se para fora. É possível variar os graus dessa projeção, sua intensidade, fazer pequenas escolhas estéticas, brincar com as formas e com a energia. Porém, o mais importante é que essas dimensões internas e externas conectem-se, que dialoguem no corpo o dentro e o fora, o cheio e o vazio, o movimento e a pausa. É nessa passagem, nos poros, no entre, que a dança vive. E entre mim e o outro, também, em jogo, em relação.

01 de março de 2015

Coletivo não é o oposto de individual. Singular é o coletivo + o individual Hoje foi um dia diferente. Desde o início, no aquecimento, fizemos as coisas juntos, como um coletivo. É interessante observar como este aquecimento isométrico do Renato, aparentemente duro e mecânico, é flexível também às diferentes necessidades de treinamento. Ele realmente aquece, gera calor, suor, circulação, respiração. Mas pode ser executado de diversas maneiras. Por ser tão simples e objetivo, guarda uma potência de exploração, é um aquecimento que tem espaços para serem preenchidos.

Depois fizemos o jogo da contaminação. Eu já fiz várias vezes este jogo com o grupo vão, e ele já não é mais surpresa pra mim. Todos começam juntos, com uma ação vocal e uma ação corporal. E, juntos, as ações vão se transformando. Observar o outro, sentir o outro, ser o outro e ser o mesmo. Ser o coletivo. E o coletivo como um corpo, um organismo, e neste organismo vivo, cada pessoa é mais um corpo e cada corpo mais um coletivo.

Ser coletivo é estar receptivo e perceptivo para observar, sentir o outro. Neste jogo nossa atenção é flutuante, não se foca em mim ou no outro, mas lança sua luz no estado que paira entre nós. É o estado que muda, antes mesmo de percebermos a mudança no movimento. O querer, o desejo, ganham uma dimensão completamente nova. Neste caso, os quereres individuais têm que ser superados, flexibilizados, transformados constantemente pois o querer do singular é continuar a ser coletivo.

É um exercício constante de despersonalização e de personalização. Apropriar-se e desapegar-se. Um fluxo ininterrupto que perpassa a todos nós. Como se nós fôssemos um só corpo, e cada pessoa um órgão ou sistema. O corpo – visto de fora – é um organismo uno, e só por dentro é que se percebe a sua separação em órgãos e sistemas. Dentro, estas partes fazem troca. A diferença é que num corpo com órgãos, no corpo biológico, estas partes têm formas e funções bem definidas – apesar de, por vezes, um órgão executar a função de outro. Mas no corpo do jogo, no corpo de contágio, as formas e as funções vão se transformando o tempo todo. O que deve permanecer, sem enrijecer, é o estado, a conexão, a troca. Mesmo nos momentos de vazio, de respiro. Não há hierarquia, nem isonomia, é uma multiplicidade em diálogo e atravessamento.

O diário desse dia representa muito claramente a potência do encontro com o outro e o estado de jogo em que há um equilíbrio entre atividade e receptividade. O foco da atenção, neste trabalho coletivo, está mais voltado para a relação, para os aspectos invisíveis que pairam entre os corpos, a partir dos quais é possível estabelecer uma conexão não-verbal para dançar e para criar juntos. O trabalho coletivo com jogos de relação revelou-se como uma estratégia complementar ao trabalho de aprimoramento técnico, em que costumamos focar nosso processo individual de aprendizagem. A partir desses procedimentos coletivos, é possível desenvolver a percepção de outros elementos além do próprio corpo, ampliando o potencial de conexão e de expressão do intérprete criador.

Tudo isto mostra que o movimento dançado se aprende: é necessário adaptar o corpo ao ritmo e aos imperativos da dança. Os músculos, os tendões, os órgãos devem tornar-se vias para o escoamento desimpedido da energia; o que, em termos de espaço, significa a imbricação estreita do espaço interno e do espaço externo, do interior do corpo que a energia investe, e do exterior onde se desdobram os gestos da dança. O espaço interior é coextensivo ao espaço exterior. (GIL, 2004, p. 50)

São as conexões entre dentro e fora, interior e exterior, que ficam explícitas nesses diários, e que se manifestam através desse jogo de fricção entre o eu e o outro, em que a relação com o coletivo abre canais para o desdobramento do corpo em outras dimensões possíveis. É por esse motivo que

o corpo tem de se abrir ao espaço, tem de se tornar de certo modo espaço; e o espaço exterior tem de adquirir uma textura semelhante à do corpo a fim de que os gestos fluam tão facilmente como o movimento se propaga através dos músculos (Ibidem, p. 50).

Dessa maneira, o estado interno de abertura e de disponibilidade para que o encontro, a troca e a conexão dentro e fora possam acontecer ganha, com as

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palavras de Gil, uma nova textura em relação ao espaço externo, como uma outra camada de percepção que se materializa no espaço do corpo do bailarino. Portanto,

a 'abertura' do corpo não é nem uma metonímia nem uma metáfora. Trata-se realmente do espaço interior que se revela ao reverter-se para o exterior, transformando este último em espaço do corpo (Ibidem, p.57).

2.1.4 Disciplina de Mímese e Dança com Ana Cristina Colla