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Interseção entre Didática, Formação de Professores e Supervisão, na Estabilização do Foco do Estudo

Num segundo momento, a reflexão expande-se clarificando um elemento conceptual decisivo para a compreensão da problemática e para a orientação

3. Interseção entre Didática, Formação de Professores e Supervisão, na Estabilização do Foco do Estudo

No final do Capítulo II (2.2), dei conta do modo como a reflexão sobre colaboração e comunidades influenciou o alargamento do foco do presente estudo. Justificando a pertinência e legitimidade científica de manter a incidência preferencial na análise das relações entre investigação em Didática e práticas de E/A dos Profs., assumi o compromisso de conduzir o trabalho no sentido da compreensão de um quadro vasto de relações ente investigação colaborativa e desenvolvimento de Acds., Profs. e suas instituições profissionais. Situei ainda o desenvolvimento de Acds. e de Profs. por referência a um entendimento de Didática como área de atividade que se atualiza na investigação científica, na formação de alunos e de Profs. e na construção de um pensamento e de uma atuação com implicações para a definição e gestão de políticas sobre o campo.

De novo, após introduzir a formação contínua de Profs. como linha de exploração temática, impõe-se repensar os limites dos interesses que aqui me orientam. Por um lado, diversificam-se os intervenientes nas dinâmicas colaborativas em análise – as entidades formadoras são também instituições implicadas e a administração central é igualmente percebida como parceira. Por outro, confirma-se a interação entre Didática e Formação de Professores e a Supervisão, que ao longo deste capítulo vai marcando uma presença de abrangência progressiva, emerge como campo que partilha com os anteriores uma zona comum de interseção. Perspetiva-se, assim, uma relação que se estabelece num mesmo espaço conceptual e de intervenção, produzindo contributos relevantes para o desenvolvimento de três áreas autónomas mas convergentes e interdependentes. É este percurso de pensamento que permite, agora, completar a representação da Didática nas suas relações interdisciplinares (cf. Figura 5), revendo e atualizando a primeira tentativa nesse sentido apresentada no Capítulo I (1.2, Figura 1), ao acrescentar a Supervisão como área que se articula com a Didática e com a Formação de Professores numa interação privilegiada.

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Figura 5 – Didática – Relações Interdisciplinares

Não é viável conduzir neste estudo, naturalmente limitado a um calendário e a um único investigador, uma análise que possa abranger de forma equilibrada os apelos levantados pela equação da problemática. Impõe-se, por isso, fazer opções que clarifiquem e estabilizem o olhar da investigação. Deste modo, o desenvolvimento empírico manterá o foco inicial – a relação entre investigação em Didática e E/A nas escolas. Mas a análise abrir-se-á aos Profs. e Acds. envolvidos em equipas colaborativas e às suas instituições profissionais, nestas incluindo as entidades formadoras em formação contínua de Profs.. Ficar-se-á também atento a dados que permitam estabelecer articulações com o papel que aqui atribuo à administração política, sem que contudo se planifiquem instrumentos específicos de investigação com esse propósito. Finalmente, procurar-se-á compreender o desenvolvimento dos Acds. e dos Profs., com base numa conceção da natureza da sua atividade profissional e das dimensões que ela envolve. Marginalmente, identificar-se-ão indicadores de desenvolvimento da atuação dos Profs. no plano da gestão da escola, já que a sua profissionalidade também a

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comporta. Mas, sobretudo, buscar-se-ão manifestações de desenvolvimento em Didática, nas suas três vertentes de atualização. Porque a reflexão evidenciou a importância das práticas de supervisão no acompanhamento de percursos de colaboração em investigação/formação contínua de Profs.41, serão também objeto de atenção dados que, embora não intencionalmente provocados, possam sustentar um conhecimento mais aprofundado das relações que a Supervisão estabelece com a Formação de Professores e com a Didática, ao longo desses trajetos colaborativos.

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De realçar que, de acordo com Alarcão & Roldão (2008: 51), estudos sobre Supervisão em contexto de formação contínua são quase inexistentes.

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PARTE I, CAPÍTULO IV

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CAPÍTULO IV – AVALIAÇÃO DO IMPACTE DA INVESTIGAÇÃO EM DIDÁTICA: DA SUA PERTINÊNCIA À REALIZAÇÃO EMPÍRICA

Introdução

O pensamento que sustenta a realização deste estudo constrói-se a partir da convicção de que as relações de colaboração entre Profs. e Acds., designadamente, no quadro de projetos de investigação/formação, se constituem como fator de desenvolvimento da Didática bem como dos seus intervenientes diretos e indiretos – os Profs., os Acds., as suas instituições profissionais, a administração central – e das populações a quem os esforços no campo se dirigem – os alunos, as suas famílias, as comunidades mais restritas e a sociedade em geral. Assim, neste capítulo que encerra a Parte I, a reflexão incide sobre a necessidade de compreender e avaliar os efeitos gerados por dinâmicas desta natureza, explorando o último eixo teórico que compõe a problemática enquadradora.

Na primeira secção, situo este trabalho no âmbito dos estudos de impacte (ou de impacto), começando por estabelecer o raciocínio que, articulando interdisciplinarmente com a Ciência Ambiental, determinou a decisão sobre a terminologia mais adequada a adotar. De seguida, aprofundo o conceito de impacte da investigação em Didática, a partir do pensamento construído em Educação e, de novo, socorrendo-me da experiência na área ambiental e também em Medicina. Nessa sequência, discuto a pertinência de avaliar o impacte da investigação no campo disciplinar em que este estudo se inscreve, alertando para os perigos que podem advir de orientações menos consonantes com o propósito prioritário de desenvolvimento que, em meu entender, essa avaliação deve servir.

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A secção 2 focaliza-se sobre o processo empírico de avaliação do impacte, caracterizando a abordagem metodológica que melhor se ajusta à natureza complexa do objeto de estudo e propondo referentes conceptuais de suporte à definição de métodos e critérios.

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