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1 INTRODUÇÃO

5.3 FONTES

5.3.1 Fonte Fundamental

5.4.3.4 Juntas Eleitorais

As Juntas Eleitorais são órgãos colegiados de primeira instância da Justiça Eleitoral, mas que somente atuam nas fases da Apuração e Diplomação do processo eleitoral. É composta por um Juiz de Direito e por 2 (dois) ou 4 (quatro) cidadãos de notória idoneidade, de forma que sempre será presidida por aquele.

Aqui se verifica a possibilidade de cidadãos comuns integrarem provisoriamente um órgão do Poder Judiciário. Esta estruturação é justificada, dentre outros motivos, pela necessidade de munir a Justiça Eleitoral de recursos humanos de forma a viabilizar o adequado desenvolvimento das funções eleitorais. São úteis à celeridade e dinâmica das eleições.

O Código Eleitoral, em seu art. art. 36 §3º, traz um rol apenas exemplificativo de impedimentos (os que não estão em pleno gozo dos direitos políticos, os membros do MP, os filiados a partidos políticos), de forma que outras hipóteses impeditivas estão espaçadas na legislação eleitoral.

No que diz respeito às competências da Junta Eleitoral lhe cabe apurar as eleições realizadas nas Zonas Eleitorais sob a sua jurisdição, resolver as impugnações e demais incidentes verificados durante os trabalhos da contagem e da apuração; expedir os boletins de apuração e expedir diploma aos eleitos para cargos municipais (art. 40, do CE).

6 MANDATO ELETIVO

A essência do Mandato Eletivo está diretamente ligada à soberania popular, pois o povo exerce todo o poder “por meio de representantes eleitos”140 (art. 1º, parágrafo único, da CF/88). É esta locução que justifica o Princípio Representativo, que por sua vez lastreia a Representação Política e a própria Democracia Semidireta vigente no país.

Assim, a principal forma de exercício da soberania popular é feita de maneira representativa, ou seja, através de um processo eleitoral segundo o qual o povo escolhe representantes, que deverão defender os interesses daquele quando do exercício dos cargos eletivos. Logo, o Princípio Representativo traduz-se na relação entre povo e mandatário eleito, aonde o primeiro outorga ao segundo a sua representatividade provisória. Nesta relação, os interesses daquele devem corresponder às condutas deste, sob pena de se estabelecer a crise de legitimidade na representação.

Segundo Jorge Miranda141 “Só é representação política em sentido restrito e próprio a representação do povo, e do povo todo, fundada num acto de vontade (a eleição) e destinada a institucionalizar, com variável amplitude, a sua participação no poder”.

Dessa forma, o processo de representação política brasileiro principia com o titular do poder soberano: o povo. Em seguida, este habilita o corpo eleitoral, que por sua vez elege os representantes que ocuparão os cargos eletivos. Fávila Ribeiro142 explica esta representação detalhadamente afirmando que “(..) a representação política decorre de uma habilitação concedida pelo corpo eleitoral que é o órgão representativo primário do povo para que os eleitos a representem em sua própria unidade, e não a cada uma das circunscrições ou distritos eleitorais isoladamente.”

______________ 140

Op cit

141

MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional.Tomo VII. Estrutura Constitucional da Democracia. Portugal: Coimbra Editora, 2007, p. 27.

142

Assim sendo, o mandato eletivo decorre da soberania popular, pois é o instrumento que materializa a representatividade política do povo, titular do poder soberano.

6.1 CONCEITO

Incluído o Mandato Eletivo no contexto adequado cabe agora conceituá-lo para bem delimitar seus contornos e características. Isso é pertinente ao presente estudo na medida em que a Ação de Impugnação de Mandado Eletivo – AIME possui como um dos objetivos principais a cassação do Mandato de quem foi eleito beneficiado pelo abuso de poder, corrupção e fraude.

Nessa trilha, verifica-se na Doutrina constitucional uma referência ao mandato político representativo, segundo o qual afirma José Afonso da Silva143 ser“(...) político-representativo porque constitui uma situação jurídico-política com base na qual alguém, designado pro via eleitoral, desempenha uma função política na democracia representativa”

Por outro lado, apesar de especializada, na Doutrina eleitoral encontram-se poucos exemplos de definições expressas acerca do mandato eletivo. Mas, algumas elucidativas, merecem a referência. Para José Jairo Gomes144“Por mandato eletivo compreende-se o instituto que enfeixa o poder – ou conjunto de poderes – conferidos pelos “eleitores soberanos”, habilitando o mandatário a representá-los politicamente”. Para Erick Pereira145“O mandato representa a investidura em alguém escolhido, sendo esta conferida pela vontade popular para representar funções eletivas, segundo um processo eleitoral”. Por fim,

___________________________ 143

SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional. 27ª ed. Ver. atual. São Paulo: Malheiros Editores, 2006.

144

GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral.5ª Ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2010, p. 595. 145

PEREIRA, Erick Wilson. Direito eleitoral: interpretação e aplicação das normas-constitucionais-

Djalma Pinto146 esclarece que “O mandato de natureza política é aquele que credencia o mandatário ao exercício do poder, com liberdade absoluta para agir, buscando sempre o melhor para seu titular, o povo.”

Ademais, no Glossário Eleitoral Brasileiro do TSE147 encontra-se a seguinte definição:

O exercício das prerrogativas e o cumprimento das obrigações de determinados cargos por um período legalmente determinado. A habilitação para investidura e posse nele se efetiva pela vitória em eleições, conduzidas pela Justiça Eleitoral. Depois da vitória, a Justiça Eleitoral concede-lhe um diploma reconhecendo-lhe a legitimidade para a posse e o exercício das funções inerentes ao cargo disputado.

Na busca pela elaboração de um conceito próprio se considerou os referidos conceitos e algumas características marcantes do instituto, conforme demonstradas a seguir.