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4 O LEITOR E SUA ATUAÇÃO NO CONTEXTO DE SALA DE AULA

5 UM OLHAR ETNOGRÁFICO PARA OS EVENTOS E PRÁTICAS DE LETRAMENTO NO ENSINO MÉDIO

5.2 A JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DA ESCOLA

(...) quando você literariza qualquer coisa, a tendência é que ela não surta muito efeito, (PROF3)

A escola foi selecionada desde a construção do projeto de pesquisa, pois o espaço permitiu uma interação significativa, visto que os docentes não demonstraram nenhuma objeção acerca da inserção da pesquisadora no contexto de investigação. No processo de realização da pesquisa, a pesquisadora tentou duas escolas estaduais localizadas em São Carlos-SP - local onde cursava o doutorado, mas não houve uma boa aceitação pela direção de uma das escolas, esclarecendo que os professores estavam sobrecarregados de estagiários e outros projetos pedagógicos. A outra escola permitiu contato com os professores, ainda que muitos informassem não trabalhar com a leitura integral no Ensino Médio, mas somente com fragmentos textuais, pois não havia tempo suficiente para isso. Apenas a professora do 3º ano, nessa escola, achou pertinente a pesquisa, embora informasse seguir detalhadamente o que rege o livro didático e essa não proposta não condizia à temática da pesquisa. Essa negativa e questões pessoais fizeram com que o pesquisador retornasse à escola inicial, situada no interior da Bahia, e deparasse com uma aceitação maior, justificando a escolha da escola. Como a pesquisa primou para o ensino de literatura, foi escolhido o Ensino Médio. Isso não impossibilitou uma pesquisa no Ensino Fundamental, mas a construção da pesquisa norteou, desde o seu processo inicial, essas questões.

5.2.1 Perfil da escola

A escola possui, no momento da pesquisa, um grupo gestor composto de uma diretora e dois vice-diretores. O grupo docente era composto de trinta e seis professores atuantes, três professores em licença-prêmio e um professor em REDA (Regime Especial de Direito Administrativo); o corpo discente, no ano de 2018, contava com um mil cento e trinta e cinco estudantes; contava também com um

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coordenador pedagógico, quatro merendeiras, dois porteiros, uma bibliotecária, oito funcionários administrativos, nove funcionários de serviços gerais. O número de salas de aula em funcionamento era de vinte e oito, uma sala de professores, uma sala de coordenação, uma biblioteca, uma quadra esportiva, uma sala de grêmio estudantil, um auditório, uma mecanografia, uma copa, uma cozinha, uma portaria e dezesseis sanitários.

A modalidade de ensino nos turnos matutino e vespertino era o Ensino Médio Regular; no noturno a modalidade referente ao Ensino Profissionalizante. Os projetos desenvolvidos no decorrer do ano letivo e associados às disciplinas foram AVE (Artes Visuais Estudantis), FACE (Festival Anual da Canção Estudantil), TAL (Tempo de Arte Literária), DANCE, Ciência na escola, JERP (Jogos Estaduais da Rede Pública). Os espaços observados foram: as salas de aula e o auditório. As séries observadas foram o 1º, 2º e 3º anos do Ensino Médio, não priorizando uma ou outra, pois a leitura literária ocorreu nos três momentos mesmo de forma específica para cada época.

5.3 AMOSTRAGEM

Porque eu gosto muito de questionar também e aí quando parte da prática eu gosto dessa questão de chegar junto, de perguntar, de questionar, de dar oportunidade do aluno perguntar, é, principalmente. (PROF1)

A amostragem é necessária para fazer um recorte da totalidade do observado, não sendo necessária uma amplitude que dificultaria a coleta de dados. De acordo com o número excessivo de alunos das salas de aula, o uso da amostragem foi essencial para a justificativa de seleção dos educandos participantes. Gil (2012, p. 89) define a amostragem como um: “[...] subconjunto do universo ou da população, por meio do qual se estabelecem ou se estimam as características desse universo ou população.”

A proposição de Gil aponta que, diante da população imensa, é necessário selecionar uma porcentagem de pesquisados. O autor ainda reitera: “as pesquisas sociais abrangem um universo tão grande que se torna impossível considerá-los em sua totalidade. (...) nas pesquisas sociais é muito frequente trabalhar com uma amostra, ou seja, com uma pequena parte dos elementos que compõem o universo”.

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(GIL, 2012, p. 89). A escolha foi a “amostragem aleatória simples” considerada como básica: “atribuir a cada elemento da população um número único para depois selecionar alguns desses elementos de forma casual” (GIL, 2012, p. 91).

As aulas selecionadas foram as de literatura de acordo com o planejamento específico de cada professor. Na proposta de planejamento de ensino, os professores distribuíram os conteúdos separados entre produção textual, gramática e literatura, de acordo com o especificado nos PCNs. A leitura literária de romance estava inserida na parte conclusiva do conteúdo literário: no 1º ano, no final de uma das três unidades escolares, no 2º e 3º quiçá no final das unidades, embora seja no término de um dos conteúdos literários. Contos e poemas foram distribuídos durante a unidade de ensino.

A opção pelo turno: inicialmente era o matutino, em virtude de a pesquisadora acreditar que estaria tendo uma visão geral da pesquisa com turmas do mesmo nível. No início da pesquisa, ela deparou com a problemática da escola, que não possuía professores em todas as séries. O 3º ano estava com ausência de professor, e apenas no vespertino havia um professor que ministrava as aulas. Dessa forma, a pesquisa fixou-se no matutino (1º e 2º ano) vespertino (3º ano). Na fala de uma das docentes, a diversidade cultural dos alunos ocorreu nos dois turnos, sendo alunos de escolas públicas e privadas, das regiões circunvizinhas e do município da pesquisa. No turno noturno houve o funcionamento da modalidade profissional de ensino: Técnico em dança, Técnico em Multimídia, Técnico em Processos Fotográficos, que não caracterizam o estudo em questão.

A amostragem dos professores ocorreu de acordo com uma conversa e convite para que eles participassem da pesquisa. No momento introdutório algumas professoras estavam afastadas de licença-maternidade ou motivos de doença, deixando apenas um pequeno grupo para ser selecionado.

Destarte, o quantitativo de alunos de cada turma foi selecionado dez por cento por meio de um sorteio. Tendo em mãos as listas nominais de frequência, os nomes de alunos foram enumerados e, diante do depósito em um recipiente fechado, realizou-se um sorteio, extraindo a porcentagem prevista para a totalidade de cada turma.

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