Pablo Juan Gr eco Eloi Ferr eira Filho Thomaz Francisco de Oliveira Junior
Capítu lo 19
Capítu lo 19
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Capítulo 19 Novembro • 2002
PROGRAMA DE TREINAMENTO:
LANÇAMENTO DO PIVÔ
N
esta posição, os lançamentos são feitos normalmente com invasão do espaço da área de 06 metros, seja pelos pivôs, com e sem queda, ou dos pontas quando infiltram nesse setor. Incluem-se nos lançamentos destas posições ações variadas e com alto nível de incerteza, com bolas de efeito (roscas, vaselinas, com o braço oculto, entre outras). É importante que o goleiro procure reduzir a área de visão do atacante, projetando-se próximo dele, no tempo certo para não levar um lançamento especial por cobertura, por exemplo. Muitos goleiros procu- ram executar defesas com salto, na forma de “X” ou na técnica de “side kick” (chute lateral) para as bolas centrais (pivôs) e com abertura das pernas nas pontas ou levantando uma perna na posição “Y”. De acordo com os dados do Mundial masculino de handebol de 1997, em Kuma- moto – Japão, 14% dos lançamentos realizados pelos jogadores foram da posição de 6 metros, dando um total de 521 gols (PRINA, D 1997). A tendência se manteve no Mundial 2001 da França.A seguir apresentaremos alguns exercícios que servem como sugestões de possíveis ativi- dades na orientação aos técnicos, treinadores e interessados com o handebol no geral.
Descrição
O goleiro adota a posição básica no centro do gol. Um jogador ficará na posição de pivô, rece- berá uma bola e lançará ao gol. O goleiro deverá realizar uma defesa explosiva. Particular- mente na posição do pivô têm sido utilizados muitos lançamen- tos com efeito (rosca, falso lança- mento, dois tempos). A defesa dessas bolas tem um valor duplo, pois, por um lado, aumenta a confiança do goleiro e, por
outro, deixa o atacante em situa- ção difícil. Para que o goleiro tenha maiores chances de defe-
sa, deve treinar o movimento de abertura das pernas ou dos braços ou ainda de ambos, com o intuito de reduzir o ângulo para o lançador.
Materiais
Bolas de handebol e quadra.
Variações
Modificar formas e tipos de lan- çamento (com queda, por exemplo).
Exercício 1
Descrição
O goleiro se posiciona no centro do gol. Haverá dois jogadores na defesa, num espaço delimitado, e um pivô no ataque, deslocan- do-se em forma de 8 (oito) entre 2 cones e colocalos a uma dis- tância de 5 metros cada. Dois atacantes estarão nas posições de armador esquerdo e direito. Os jogadores engajam até que os defensores saiam a marcar, ou se produza uma fixação. Na se-
qüência, o passe deverá ser feito para o pivô ou para o jogador que ficou livre. Este deverá
lançar, e o goleiro deverá defen- der. Observar a proximidade do atacante.
Materiais
Bolas de handebol e quadras.
Variações
! Limitar que só o pivô pode arremessar;
! O pivô só fará cortinas para os atacantes concluírem com finta e penetração.
Capítulo 19
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Novembro • 2002 DescriçãoO goleiro se posicionará no cen- tro do gol. Haverá um jogador na posição de central e um outro na posição de pivô. O central entrará com bola, fazendo a fixação e o pivô cruzará com o central, se deslocando para a posição do pivô. Este poderá lançar ou simu- lar o lançamento e devolver para o central. O goleiro deverá acom- panhar a movimentação e defen-
der a bola com uma saída explo- siva. O treinador, atrás do gol,
sinaliza para os atacantes qual será a escolha.
Materiais
Bolas de handebol e quadras.
Variações
! Os locais e setores da quadra;
! O número de execuções (po- dem ser sucessivas, havendo necessidade de um melhor controle do tempo).
Exercício 3
Descrição
O goleiro se posiciona no centro do gol. Os jogadores se colocam na posição do ponta esquerda, do armador esquerdo e do central (dividir o número de jogadores de acordo com as posições). O ponta deve passar para o armador esquerdo e “circular” até que a bola chegue no armador central. Este entrará para definir. Se o defensor sair a marcar ele deve passar para o ponta que pe- netrou/ circulou. Se o ponta corti- nar o defensor, o central deve usar a cortina, ou se o defensor ficar em seis metros, o central lançará.
O goleiro deverá acompanhar a movimentação e defender.
Materiais
Bolas de handebol e quadras.
Variações
Variar a posição que irá fazer a circulação (ora o armador es- querdo ora o armador central.
Exercício 4
Objetivo do trabalho é o treina- mento da técnica em relação à sua repetição de automatização em situações de stress representa- dos pela precisão de tempo na defesa de lançamentos de dife- rentes posições e diferentes tipos de lançamentos.
Descrição
Os jogadores com a bola se dis- tribuem na linha de 6 metros e são numerados, por exemplo, na sequencia da esquerda para a direita. À ordem do treinador os jogadores devem lançar a bola.
Variação
! Após uma ou duas passa- gens, os jogadores trocam de posição aleatoriamente, po- rém mantendo o seu número, o que obriga o goleiro a identificar o local do lança- mento.
! Goleiro adota diferentes po- sições de partida. Por exem- plo, de costas aos lançadores, o treinador, atrás do gol, de frente para ele, levanta o braço indicando o número. O goleiro deve girar e fazer a defesa.
Capítulo 19
219
Novembro • 2002 ObjetivosAplicação e automatização da técnica. Defesa de bolas de dife- rentes posições e diferentes tipos de lançamentos.
Descrição
O goleiro na posição básica no centro do gol. O treinador atrás do gol, levanta de forma alterna- da a mão esquerda ou a direita. Os jogadores da fileira dupla avançam quicando a bola simul- taneamente, e passe para os pivôs que entram e giram, mas só irá lançar aquele do mesmo lado que o treinador levantou a
mão. A distância entre as duas colunas de atacantes deverá ser aumentada gradativamente para assim melhorar a visão periférica do goleiro. Recomenda-se iniciar com as colunas posicionadas a
dois metros de distância entre si.
Variações
! As variações serão dadas pelo
tipo de lançamento, com ou sem salto, tipo de giro etc.
! O goleiro, de frente para o treinador, que terá um bola na sua mão. Quando ele quicá-la, o goleiro deverá girar e obser- var os atacantes que correrão em direção ao gol, sendo que deverá defender o lançamento de um dos atacantes. O sinal para os atacantes será o braço do treinador levantado com a bola na mão.
Exercício 6 A
Objetivos
Aplicação e automatização da téc- nica. Defesa de bolas de diferen- tes posições e diferentes tipos de lançamentos. Diferenciação entre passe ao pivô ou lançamento.
Descrição
O goleiro na posição básica no centro do gol. Os dois pontas em ataque deverão correr para a posição de pivô simultaneamente com o início da corrida dos dois armadores e procurarão se posi- cionar atrás do defensor ou do cone colocado previamente no setor ou na posição três de defe- sa. O treinador, atrás do gol, le- vanta de forma alternada a mão esquerda ou a direita. Os joga- dores da fileira dupla avançam quicando a bola simultaneamente, mas só irá lançar ou passar para o
pivô aquele do mesmo lado em que o treinador levantou a mão. Se colocar defensores, estes de- verão sair a marcar ou não o jogador armador. Quando o trei- nador levantar a mão, os atacantes deverão observar se defensor par sai a marcar, passe ao pivô que entrou da ponta. Se o defensor ficar na linha de 6 metros, lançarão em suspensão.
Variações
! As variações serão dadas pelo tipo de lançamento, com ou sem salto etc.
! O goleiro, de frente para o treinador, que terá uma bola na sua mão. Quando ele quicá-la o goleiro deverá girar e observar os atacantes que correrão em direção ao gol, sendo que deverá defender o lançamento de um dos ata- cantes. O sinal para os atacan- tes será o braço do treinador levantado com a bola na mão.
! O atacante deverá passar a bola para o pivô, que entra do lado contrário, ou seja, o armador direito passa a bola para o pivô que entra do lado esquerdo.
Concentração, dinâmica do mo- vimento, jogo posicional em con- junto com a defesa.
Descrição
O goleiro adota a posição básica na linha de quatro metros e de- verá estar concentrado nos jogadores posicionados na linha de 6 metros. Aqui se posicionam um defensor e um pivô. O pivô recebe um passe e gira rea- lizando a finta de lançamento, o
goleiro deverá partindo da posição básica realizar um movi- mento dinâmico e colocar seu
corpo para parar a bola jogada pelo pivô.
Variações
! O goleiro não sabe quem é o pivô, portanto, quando o jogador em ataque receber a bola, deverá dividir sua ação com o defensor, o pivô recebe, gira e finta o lançamento. O goleiro deverá colocar o corpo na bissetriz do ângulo formado pelo atacante e os dois postes.
Exercício 7 Exercício 6 B
Capítulo 19
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Novembro • 2002Concentração, dinâmica do mo- vimento, jogo posicional em con- junto com a defesa. Tomada de decisão em situação de stress.
Descrição
O goleiro adota a posição bási- ca no centro do gol olhando para este (de costas para os ata- cantes). Três jogadores se posi- cionam em um semi-círculo a um metro e meio aproximada- mente do gol. Um dos jogadores tem uma bola escon- dida na suas costas. Ao sinal do treinador o goleiro deverá girar
e, conforme a posição do ata- cante, reconhecer qual deles tem a bola em seu poder e encostar a mão nesta o mais rápido possível. Neste momen-
to, o pivô recebe o passe do treinador e lança a gol, procu- rando fazer com que o goleiro não defenda a bola.
Variações
! Pode-se colocar um jogador na posição de armador que optará por passar ou lançar a gol direto, no momento que o goleiro estiver em desloca- mento.
! O mesmo exercício, porém o treinador levantará o braço indicando passe ou lança- mento.
Concentração, dinâmica do mo- vimento, jogo posicional em con- junto com a defesa. Tomada de decisão em situação de stress.
Descrição
O goleiro adota a posição bási- ca no centro do gol. Numa metade da metade do campo, joga-se 3 X 3. O treinador com- bina com os atacantes quantos pontos valem os gols conver- tidos das diferentes posições (pivô 3, ponta 2, armado 1), o
goleiro deverá instruir seus defensores conforme estes va- lores e ver de que posição ele tem mais chances de êxito, de forma tal às defesas se concen-
trarem mais nas outras posições.
Variações
! A complexidade do trabalho poderá ser aumentado na me- dida em que o ataque tenha superioridade numérica.
! O treinador do lado do gol lançará uma segunda bola para que o goleiro receba, antes que ela caia no chão sem deixar de fazer a defesa de um provável lançamento do ataque.
Um exercício preparatório para defesa do goleiro em situações de lançamento de 6 metros pode ser realizado, combinando com o treinamento da coordenação. Assim, o goleiro realiza deslo- camento lateral em volta do banco sueco. Ao sinal visual do treinador, ele deverá pular com a técnica de defesa em “x” (tam- bém pode utilizar a técnica de “side kick”) por cima de uma banco sueco colocado na linha de 4 metros à frente do gol.
Exercício 8
Exercício 9
Capítulo 19
221
Novembro • 2002Concentração, dinâmica do movimento, jogo posicional em conjunto com a defesa.
Descrição
O goleiro adota a posição básica no centro do gol e um jogador, na defesa, na posição central. Os jogadores de ataque, em uma co- luna, correm para realizar o lança- mento a gol, sempre em diagonal, tratando de sair da posição do defensor (veja gráfico superior).
Variações
! Da mesma forma que o ante- rior, só que os defensores
procuram deslocar o atacante contra seu braço de lança- mento. O goleiro deverá “ler” o movimento do atacante e defender o lançamento deste.
! A mesma situação anterior, porém terão dois defensores
que trabalharão de forma alternada ou que realizarão a “duplagem”, saindo os dois a marcar simultaneamente. O atacante deverá fintar e chegar a linha de 6 metros para lançar.
Exercício 11
Objetivo do exercício é o treina- mento da percepção, bem como de posse segura da bola o mais rápido possível. Num segundo momento, o passe ao jogador de campo. Treinamento da concen- tração e tomada de decisão bem como aplicação em situações de stress de conceitos táticos previa- mente estabelecidos.
Descrição
O goleiro adota a posição básica no centro do gol. O treinador tem cinco bolas ao seu redor. Ele lança em série em diferentes ângulos no gol. O goleiro deve sempre defen-
der a bola parando-a e colocan- do-a sempre sobre controle.
Variações
! Pode-se aumentar a quanti- dade de bola fazendo séries mais longas.
! As bolas serão lançadas de forma rápida para chegar a ter até três bolas simultanea- mente dentro da área. O goleiro deve reagir con- forme as tarefas táticas pre- viamente estabelecidas: “ne- nhuma bola lançada de chu- veirinho poderá cair no chão. “Nenhuma bola po- derá sair da área sem que o goleiro entre em contato com ela. Quando o treinador lançar com sua mão não dominante, o goleiro não poderá tomar gol.
Exercício 12
Exercício 13
Concentração, dinâmica do movimento, jogo posicional em conjunto com a defesa. Tomada de decisão em situação de stress.
Descrição
O goleiro adota a posição básica no centro do gol, concentra-se no treinador que está colocado perto do ponto de 7 metros (vide desenho). Cinco bolas são colo- cadas dentro da linha de 6 me- tros. O goleiro tem a tarefa de pegar essas bolas e passá-las para o colega que se encontra a uma distância de aproximada- mente 10 metros. O treinador poderá, no momento que o goleiro abandona sua posição básica, lançar uma outra bola em
direção ao gol. O goleiro deverá defender primeiro esta bola para evitar o gol e logo correr para passar uma das bolas posi- cionadas na linha de 6 metros. Para cada passe correto do goleiro podem se outorgar pon- tos e, para cada passe errado, o goleiro deverá realizar uma tare- fa extra (flexão de braços, abdo- minal etc).
Variações
! A complexidade do trabalho
poderá ser aumentado, na medida em que o colega não esteja fixo em uma posição e sim em movimento.
! Para cada gol que o treinador conseguir, o goleiro deverá realizar uma tarefa extra.
!Pode-se colocar um pivô que receberá o passe do treinador e, no momento que o goleiro se deslocar, o pivô escolhe entre lançar ou passar de volta para o treinador. Neste caso, o goleiro corre para pegar uma das bolas que está na área e passá-la para o jogador de campo.