• Nenhum resultado encontrado

A lei n° 11.343/06 e a prevenção

No documento Legislação e Políticas Antidrogas (páginas 108-115)

Atividades de aprendizagem

Aula 15 – Prevenção um dos eixos da Política Pública sobre

15.3 A lei n° 11.343/06 e a prevenção

Em seu artigo 18° a referida Lei traz: “Constituem atividades de prevenção do uso indevido de drogas, para efeito desta Lei, aquelas direcionadas para a

redução dos fatores de vulnerabilidade e risco e para a promoção e o fortale- cimento dos fatores de proteção”. O artigo 19° “As atividades de prevenção do uso indevido de drogas devem observar os seguintes princípios e diretri- zes”. Em seu inciso - X. “O estabelecimento de políticas de formação conti- nuada na área da prevenção do uso indevido de drogas para profissionais de educação nos três níveis de ensino”. Inciso XI – “a implantação de projetos pedagógicos de prevenção do uso indevido de drogas, nas instituições de ensino público e privado, alinhados às Diretrizes Curriculares Nacionais e aos conhecimentos relacionados a drogas”.

Mas, de concreto o que vem sendo feito nos ambientes escolares, para que cada vez mais jovens descubram o valor da educação formal, da importância da informação e o segredo de transformá-las em conhecimento.

15.4 A educação

Estamos então, em uma das áreas de atuação do poder público e eixo da política sobre drogas, que sem dúvidas, é a mais importante para o desenvol- vimento qualitativo de uma sociedade, a “Educação.” E o que tem ocorrido?

Passamos por inúmeras crises, uma delas é a crise no ensino, principalmente básico e fundamental e não só no ensino público e gratuito, as escolas pri- vadas também enfrentam problemas, segundo dados de pesquisa realizada pelo IBOPE - Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística, 64% dos jovens e adultos que chegaram à quarta série não conseguem ler e interpre- tar textos longos, outros 12% que estão na quarta série são completamente analfabetos, ou seja, 76% dos jovens que chegaram à quarta série do ensino fundamental o fizeram como analfabetos ou semi-analfabetos, os denomi- nados analfabetos funcionais, quando deveriam ter domínio para leitura e interpretação de textos.

O Brasil para conseguir incentivos externos, optou por seguir regras que visam à redução dos níveis de analfabetismo e o oferecimento de melhores condições de vida à população.

O problema é que, em vez de oferecer uma melhor educação, promover a reforma no processo de ensino e aprendizagem, investir recursos financeiros a fim de tornar o aprendizado mais fácil, proveitoso e prazeroso, quais as alternativas encontradas para o grave problema da evasão escolar e repetên-

cisa saber ensinar e os governos resolvem os seus problemas com os índices de analfabetismo e de evasão escolar.

Assim os problemas de indisciplina, desvios de conduta e atos infracionais, permeiam a vida escolar. As pesquisas do CEBID têm demonstrado que os jovens experimentam drogas lícitas e ilícitas, cada vez mais cedo. O que fa- remos?

Quando olhamos para o ensino superior, nas faculdades e universidades nos deparamos com um grave dilema, o que fazer com jovens que não foram adequadamente preparados? Como possibilitar a este jovem ingresso em um curso superior?

Cotas defendem alguns, se necessário for o estado pagará vagas em insti- tuições privadas.

Desde 1996 o Ministério da Educação - MEC vem realizando o Exame Na- cional de Cursos – Provão, com o objetivo de avaliar a qualidade do ensino superior no Brasil. Uma constatação, os jovens avaliados estão aquém do de- sejado, além de auferir que as instituições necessitam melhorar, houve tam- bém uma indicação clara de que o problema não esta localizado apenas nas faculdades, ao contrário, tinham raízes na má qualidade do ensino básico.

As instituições de ensino superior se transformaram em ilhas entre os esta- belecimentos que vendem bebidas alcoólicas, os trotes tem se configurado em momentos de catarse do desrespeito ao outro. O que faremos?

Não desconsidero aqui, o mérito da progressão continuada ou a política das cotas raciais ou econômicas, questiono o fato de que estas políticas foram adotadas como um fim, como se pelo simples fato de existirem, resolvessem o problema. E não como um meio uma maneira de se chegar a melhorar o ensino ou a vida das pessoas.

A Constituição brasileira consagrou o princípio da autonomia universitária plena. Mas o que significa, na realidade, esta autonomia?

Vejamos os fatos que aconteceram em outubro de 2011 na Universidade de São Paulo - USP, uma das mais conceituadas instituições de Ensino Superior – IES do país.

Após a morte de um estudante ocorrida no dia 18 de maio de 2011 na cidade universitária no Butantã, zona oeste de São Paulo, a reitoria da USP e o Comando Geral da Policia Militar de São Paulo – PMSP firmaram convênio que previa um aumento no efetivo que vinha atuando no campus.

Em um destes patrulhamentos a PM localizou três jovens fazendo uso ma- conha dentro das dependências da USP. Houve a prisão dos jovens o que desencadeou protestos que culminaram na ocupação do prédio da Adminis- tração da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas.

A reivindicação dos estudantes e funcionários da USP era que a Policia Militar fosse impedida de trabalhar na cidade universitária, que o convênio USP- -PMSP fosse revogado e proibida a entrada da Policia no campus em qual- quer circunstancia. A argumentação era a autonomia universitária.

Fica evidente a falta de entendimento de parte dos estudantes e funcioná- rios da USP, do que vem a ser autonomia universitária, e mais óbvia ainda, a constatação de que o assunto “drogas” não é matéria de ações dentro da USP, como manda a Lei.

Observemos os dados recentes divulgados pelo MEC quando realizou o Exa- me Nacional de Desempenho de Estudantes 2011, não esperava obter um resultado tão ruim. Foram avaliadas 2.176 Instituições de ensino Superior – IES, sendo 229 públicas e 1.947 privadas, entre universidades, centros uni- versitários e faculdades, destas 683 foram reprovadas, uma em cada quatro foi reprovada. Apenas 27 universidades e faculdades tiraram nota máxima, 16 públicas e 11 privadas.

O que vem sendo feito nas faculdades e universidades brasileiras para atender o disposto no Plano Nacional de Educação – PNE e Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE, que são políticas públicas setoriais da educação, imaginem então, o que dizer sobre a Política Nacional de Drogas que é intersetorial? O tenho ouvido muito são os argumentos da autonomia do não fazer.

Nesse contexto, não há culpados, somente vítimas das mudanças de costu- mes e valores, em especial no campo da educação, tornando a sala de aula um lugar entediante para o aluno e frustrante para o professor.

15.5 PROERD

Porém, ao avaliarmos as ações desenvolvidas em instituições de ensino, nos deparamos com o Programa Educacional de Resistência às Drogas e a Vio- lência – PROERD.

O Programa é considerado como um dos melhores em prevenção primária, tendo bons resultados comprovados por pesquisas em todos os países onde foi desenvolvido.

O PROERD teve inicio em 1982, na cidade de Los Angeles, EUA, uma parce- ria do Departamento de Polícia local e escolas.

No Brasil o programa foi introduzido no ano de 1992 na cidade do Rio de Janeiro, posteriormente estendendo-se para outros estados. O PROERD é desenvolvido nas Escolas de 1ª a 4ª Séries por Policiais Militares treinados e preparados para desenvolver o lúdico, e através de metodologia especial- mente voltada para crianças, o policial passa a mensagem de valorização à vida e à importância de manter-se longe das drogas.

Vale destacar que este programa é desenvolvido nas escolas, mas é realizado através de policiais militares. A maior ação de prevenção primaria, desenvol- vida nas escolas do país, é da área de segurança pública. Porém, ela é de- senvolvida por policiais militares voluntários. Para conhecermos melhor este singular programa na próxima aula traremos um convidado.

15.6 CAPE

Outra ação importante é desenvolvida pelo Centro Antitóxicos de Prevenção e Educação da Divisão Estadual de Narcóticos da Polícia Civil do Paraná/ SESP. O CAPE foi criado na estrutura organizacional da Delegacia Antitóxicos, com a finalidade de desenvolver ações no âmbito do atendimento, orientação, encaminhamento e acompanhamento aos usuários de substâncias que de- terminem dependência física ou psíquica. Ao CAPE compete todas as ativi- dades preventivas, tratamentos psicoterápicos e acompanhamento social, distribuição de materiais específicos no combate às drogas, recuperação de dependentes e orientação às suas famílias.

Visa oferecer ajuda aos familiares que necessitem de informações, esclareci- mentos a respeito do problema da do uso de drogas por parte de seus filhos, bem como a formação de agentes multiplicadores para o combate ao uso de entorpecentes.

Tem por atribuição o relacionamento com o público externo, visando desen- volver programas de prevenção ao uso indevido de substâncias entorpecen- tes e drogas afins e encaminhamento de dependentes.

O CAPE é formado por uma equipe composta por policiais civis e psicólogos. Além disso, conta com apoio de universidades do Paraná que mantêm um grupo de estagiários na área de Psicologia.

Mais uma ação de prevenção desenvolvida pela área de segurança pública, policiais civis orientando famílias. Estes também serão convidados a partici- par de uma de nossas aulas.

Resumo

Podemos observar que os desafios do eixo “prevenção” da política sobre drogas é ainda maior do que imaginávamos. Acredito que haja uma solu- ção, e esta solução se chama “Educação”. Uma verdade é inquestionável, se educarmos as crianças hoje, com certeza não precisaremos punir o homem amanhã. Já dizia Dom Bosco: "Se vocês querem acabar com a delinquência, comecem por retirar as crianças e os jovens das ruas e sarjetas".

Atividades de aprendizagem

• Entre em contato com uma escola da sua localidade e obtenha maio- res informações sobre as atividades que são desenvolvidas pelo PROERD. Existe próximo de onde você mora um museu da droga como o “Museu Professor Elias Abrahão”.

No documento Legislação e Políticas Antidrogas (páginas 108-115)